Roger Federer volta aos Grand Slams no 1º da temporada: Aberto da Austrália (Foto: Getty Images)
Da lesão à cirurgia no joelho esquerdo,
Roger Federer
passou por um longo processo de recuperação. Perdeu Roland Garros,
Masters, e desistiu de competir na Olimpíada do Rio. Vencedor de 17
Grand Slams, o suíço de 35 anos se afastou das quadras por seis meses,
desde a campanha de Wimbledon.
Apesar do ônus, a pausa também trouxe o
bônus de voltar às quadras com as energias renovadas. Nos primeiros dias
do ano, disputou o torneio de exibição da Copa Hopman, em Perth, um
treino de luxo para o Aberto da Austrália, provando estar pronto para o
retorno em um Grand Slam. Teve smash à la Pete Sampras, jogadas
plásticas e de efeito como a SABR ("sneak attack by Roger", um
bate-pronto de devolução com alto grau de dificuldade), ataques
surpresas e na rede, dentre outros.
Apesar do talento de
sobra, a idade avançada em um esporte de alto rendimento e do grau de
exigência como o tênis, com um calendário cheio do início ao fim do ano,
faz o suíço deixar no ar a possibilidade de vencer outros Slams. Talvez
por isso o tempo afastado tenha sido tão bom.
- Só depende de
nós nos reinventarmos, bolarmos um plano. Andy mostrou um pouco isto,
aumentando as esperanças de mais jogadores de saberem que tem uma chance
real de ganharem Slam. Eu ainda acredito. O tempo dirá se será possível
ou não - analisou Federer, em uma entrevista ao site oficial do Grand
Slam da Oceania, na qual apontou o líder do ranking Andy Murray e
Djokovic, vice-líder, como os favoritos ao título em Melbourne.
PERÍODO SABÁTICO"FORÇADO" PARA RENOVAR A ALMA
Federer
busca o pentacampeonato no Aberto da Austrália, em Melbourne, após os
títulos de 2004, 2006, 2007 e 2010. O maior vencedor de todos os tempos
do torneio é o sérvio Novak Djokovic, com seis conquistas (2008, 2011,
2012, 2013, 2015 e 2016). O primeiro Grand Slam da temporada terá início
no dia 15 de janeiro.
- Não me pareceu tão cansativo (o
período afastado das quadras), ou tão longo, ou tão difícil atravessar
esse processo. Às vezes, eu até gostava. Mas, na medida que a temporada
seguia, eu sentia muito a falta do tênis. Estou animado para o meu
retorno - disse Federer em uma entrevista ao site oficial do torneio.
Antes
de viajar à Austrália, o tenista fechou a último bloco de treinos em
Dubai. Em Perth, representou a Suíça ao lado da parceira Belinda Bencic e
só parou diante da França de Richard Gasquet e Kristina Mladenovic.
Apesar da eliminação, que lhe tirou chance de disputar a final, o suíço
mostrou que recuperou a forma física. Os franceses levaram o
bicampeonato na Copa Hopman ao vencerem os americanos Jack Sock e Coco
Vandeweghe nas duplas mistas.
Federer usou a Copa Hopman, em Perth, como
treino de luxo para o Aberto da Austrália
(Foto: Divulgação/Hopman Cup)
Embora
estivesse fora de combate, Federer considera o saldo da temporada pela
metade como algo positivo. Graças ao período sabático, ainda que
forçado, ele teve o descanso merecido para o corpo, a mente e a alma.
Fez tudo o que poderia para recuperar a forma e o ritmo ideais.
-
Pareceu ser a coisa certa. Foi o momento perfeito para dar um tempo,
para o meu corpo e o meu jogo. Foi maravilhoso poder passar mais tempo
de qualidade com as crianças - com mais energia, sem ter de me
preocupar: "Cuidado, eu tenho um jogo amanhã" - contou Federer, que tem
duas filhas, gêmeas.
TEMPORADA PELA METADE E LESÃO INESPERADA
Em
sua última aparição na temporada de 2016, o suíço caiu diante do
canadense Milos Raonic nas semifinais em Wimbledon, na Inglaterra,
perdendo a chance de brigar pelo oitavo caneco no All England Club. O
jogo de cinco sets e quase três horas e meia, o então sétimo do ranking
desbancou o ex-número um por 6/3, 6/7(3), 4/6, 7/5 e 6/3.
A lesão veio depois, de uma forma totalmente inesperada: um
mal jeito ao se levantar da cama
para dar banho nos filhos. Na coletiva do Masters 1000 de Miami, ele
revelou que estava com dificuldades em sentir a perna, e os médicos
proibiram-no de entrar em quadra. As dores no joelho tornaram-se
insuportáveis e obrigaram Federer a passar por um procedimento cirúrgico
delicado: uma artroscopia no joelho para reparar o rompimento do
menisco.
Federer nunca havia abdicado de um Grand
Slam até a lesão que o deixou 6 meses fora
de combate (Foto: Agência AP)
O
tenista da Basileia nunca havia abdicado de um Grand Slam sequer desde
2001, quando a carreira como profissional ainda engatinhava. Além do
Roland Garros e dos Jogos Olímpicos, o suíço também desistiu do US Open e
dos eventos do fim da temporada do circuito da ATP. Sabia que o corpo
precisava de tempo para uma recuperação completa.
- Eu
acredito que isto pode trazer um grande benefício para o futuro da minha
carreira no tênis. Eu me sinto rejuvenescido, trouxe um refresco.
Mentalmente, eu precisava descansar, talvez mais do que pensava - e
talvez o meu corpo também tenha precisado mais do que imaginava. Uma
coisa boa foi o fato de eu não ter feito a cirurgia logo depois de
Wimbledon. Eu acredito que isto foi crucial, não ter precisado de duas
cirurgias em um mesmo ano - analisou.
FOCO NA REABILITAÇÃO: "FIZ TUDO POSSIVEL"
Gosto
de pensar grande. Espero que o esforço seja recompensado. Pelo menos,
agora eu sei uma coisa: se o joelho não estiver nada bom, não terei
nenhum arrependimento. Eu sinto que eu fiz tudo possível para deixar meu
corpo em forma"
Roger Federer
O
foco na reabilitação surtiu efeito. Até novembro, os treinos foram
concentrados na academia, com um trabalho de fortalecimento muscular.
Ocasionalmente, arriscava alguns saques para não perder a força de uma
de suas principais armas.
- O objetivo era estar totalmente
recuperado no fim de novembro, início de dezembro. Por um lado, pareceu
um longo período, mas, nós sabíamos que era necessário. Gosto de pensar
grande. E espero que o esforço seja recompensado. Pelo menos, uma coisa
eu sei agora: se o joelho não estiver nada bom, não terei nenhum
arrependimento. Eu sinto que fiz tudo possível neste ano para deixar meu
corpo em forma.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/2017/01/confiante-federer-volta-aos-grand-slams-apos-6-meses-ainda-acredito.html