Delfim Peixoto, vice-presidente
da CBF (Foto: Igor Rodrigues)
O
vice-presidente mais velho da CBF, Delfim Peixoto, primeiro na sucessão
de Marco Polo del Nero no caso de renúncia ou impedimento de ocupar a
presidência, já que José Maria Marin está preso na Suíça e banido
temporariamente do futebol, disparou contra os seus pares na entidade.
Falou em tentativa de golpe para mudar o estatuto no sentido de tirá-lo
do primeiro lugar na sucessão presidencial. De acordo com Peixoto, houve
uma reunião secreta para tentar concretizar essa iniciativa que,
contudo, não foi adiante na assembleia geral realizada nesta
quinta-feira na sede da entidade. O cartola afirmou que, mesmo que o
tema fosse à votação, teria 17 dos 27 votos de federações a seu favor.
Apesar
de deixar claro não ter a vontade de se tornar o presidente da entidade
máxima do futebol brasileiro, o vice-presidente da região sul afirmou
estar preparado para o cargo. Del Nero sofre pressão por renúncia e
chegou a ser questionado sobre essa possibilidade em sabatina na
Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados, mas assegurou que não
deixará o cargo. Peixoto mostrou revolta com a tentativa de mudança no
modelo de sucessão da CBF:- Eles quiseram, não sei como, naquela
famosa reunião que fizeram, que não fui convidado, mudar para que os
vices se reunissem e indicassem quem iria assumir, não seria mais pela
idade. Está na cara que eu estava fora, lógico. Não tenho papas na
língua. Nessa reunião que propositadamente não fui convidado eles
montaram essa mudança de os quatro se reunirem e iriam escolher quem
seria o presidente. Seria o Fernando Sarney, o Gustavo Feijó ou o Marcus
Vicente. Participaram da reunião, se tramaram não sei, mas
participaram. E tiveram outros colegas que também estavam no meio. Nunca
imaginei, nunca pensei, nunca quis, nunca argumentei e nunca tive o
desejo de ser presidente da CBF, meu compromisso é com o meu estado. Fui
duas vezes o deputado mais votado de Santa Catarina – afirmou Peixoto.
Confira a íntegra da entrevista de Delfim Peixoto:Assembleia Geral-
A assembleia ocorreu normalmente, até foi uma das assembleias, nesses
anos todos, mais movimentadas, com muito questionamento. Não houve
atritos, mas houve questionamento. Decidiu-se muita coisa pontuais para
melhora do funcionamento da casa, modernização. Foi decidido, aprovado,
vai ser adotado pelas federações também, um mandato com somente uma
reeleição. Teve um problema na mudança do colégio eleitoral, que estava
sendo muito falado. Não se decidiu nada, porque houveram pontos
divergentes. Vai ser nomeada uma comissão para estudar essa possível
mudança.
Permanência na CBF e nome de Marin na sede-
Continuo, fui eleito para isso. Eu falei claramente que não gostei da
tirada do nome do Marin da sede, porque eu, na assembleia, indiquei e
ela, por unanimidade aprovou. Achei que só a assembleia poderia mudar, é
o maior poder. Mas a alegação é por questão de segurança. Se o Marin
for absolvido coloca o nome outra vez, uma coisa com a letrinha. Se eu
sou o homenageado não aceito mais botar o nome de jeito nenhum. Como
advogado tenho que fazer entender aqueles que não sabem que você só pode
ser chamado de criminoso, quer o crime de homicídio, estupro,
corrupção, seja qual for, depois de uma sentença divulgada.
Relação com Marin-
O Marin não tem sentença, está sendo investigado. Não vou dizer que não
sou amigo dele pois o conheço há 40 anos, fomos deputados, ele por São
Paulo e eu por Santa Catarina, mas não é por isso que não vou ficar
malhando. Na minha carreira de criminalista defendi muita gente que era
chamado de criminoso e ficou provado depois que ele era inocente e
absolvido, mas depois isso fica para o resto da vida, não sai. Agora, se
ficar provado o Marin vou ter uma decepção, mas não é por isso que vou
dizer que não fui amigo dele. Amanhã qualquer um de nós pode fazer um
mal feito e vamos ter que responder.
Reeleição-
A lei não pode vir para prejudicar, não retroage para prejudicar.
Dentro desse critério da legislação aprovaram que ele foi eleito no
estatuto que diz que tem quatro anos. O estatuto que vem vai dizer que é
um mandato e uma reeleição, então ele poderá ter um mandato e uma
reeleição, a partir de 2019 quando termina o mandato. Lá no Congresso
estão aprovando a mesma coisa, o governador ou prefeito que está no
primeiro mandato foi eleito dentro de uma regra, e a regra do jogo não
se muda depois de começar. Já está decidido lá em cima, ficou aprovado, e
quem está no primeiro mandato poderá concorrer a outro mandato e uma
reeleição.
Critérios de sucessão- O mais
velho é o Marin, ele está suspenso, preso na Suíça. Hoje ,na atual
situação, na linha sucessória sou eu. Se ele voltar, volta a ser o
primeiro na sucessão. Mas eles quiseram, não sei como, naquela famosa
reunião que fizeram, que não fui convidado, foi debatido entre os outros
vices, que queriam mudar para que os vices se reunissem e indicassem
quem iria assumir, não seria mais pela idade. Tá na cara que eu estava
fora, lógico.
"Golpe"
- Disse desde o
começo que era golpe. Eu fui para cadeia com 23 anos porque lutei contra
um golpe como estudante. Fui torturado, porque briguei contra um golpe.
Quando o Ricardo (Teixeira) renunciou eu levantei a tese que era um
golpe querer mudar. Não estava defendendo o Marin, mas o artigo do
estatuto. Fomos vencedores, o Marin assumiu. Valeu ali, agora aqui não
vale?
Mentores do "golpe"
- Não quero
praticar injustiça, mas teve um grupo. Vou abrir o jogo. Não tenho papas
na língua. Nessa reunião que propositadamente não fui convidado eles
montaram essa mudança de os quatro se reunirem e iriam escolher quem
seria o presidente. Seria o Sarney, o Feijó ou o Marcos. Participaram da
reunião, se tramaram não sei, mas participaram. E tiveram outros
colegas que também estavam no meio. Nunca imaginei, nunca pensei, nunca
quis, nunca argumentei e nunca tive o desejo de ser presidente da CBF,
meu compromisso é com o meu estado. Fui duas vezes o deputado mais
votado de Santa Catarina.
Possibilidade de assumir presidência-
Lógico que estou preparado para ser presidente da CBF, de escola de
samba, inclusive da presidência da república. Se o Lula foi presidente,
porque não posso ser? O negócio foi até ontem. Sou macaco velho, sou
político. Vim ontem, trabalhei, sei fazer política, tenho amigos, fechei
com 17 (presidentes de federação). Tinha um grupo de quatro reunidos
aqui e comunicaram que a direção de que se fosse para voto eu ganharia.
Eu não, o estatuto ganharia. Resolveram não botar para não ficar feio.
FONTE:
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