A CRÔNICA
por
Alexandre Lozetti
O que São Paulo e Rio de Janeiro têm de melhor? O charme, a economia,
as praias, os shoppings, a natureza, a arquitetura, as mulheres, o
carnaval, o Corinthians e o Botafogo. Sim, o Timão é o melhor paulista. O
Fogão é o melhor carioca. Ambos receberam as faixas de campeões
estaduais antes de estrearem no Campeonato Brasileiro. Uma comemoração
em data e hora perfeitas, sábado à noite, mas vestidos para trabalharem
novamente no Pacaembu. E entre a malemolência carioca com tempero
holandês, e a seriedade paulista, o empate de 1 a 1 foi justíssimo.
Clarence Seedorf, nascido no Suriname, naturalizado holandês, e já no coração de parte da Cidade Maravilhosa, foi fundamental. Não só pela assistência. Ele imprimiu seu ritmo ao jogo. Inteligente no posicionamento, nos passes, sábio ao escolher a hora de driblar, fez a equipe jogar. E ainda teve o valioso auxílio do artilheiro Rafael Marques, em outra grande atuação.
- No segundo tempo o Corinthians foi melhor, e no primeiro tempo fomos melhores. Podíamos ter feito mais um gol, mas o resultado no final foi justo. Claro, olhando o primeiro tempo, se tivéssemos chutado melhor certas oportunidades... Mas foi uma demonstração de um grupo que quer e que pode - afirmou Seedorf.
O holandês foi um penetra indesejado na festa de aniversário dos 52 anos de Tite, gaúcho que também já conquistou a terra da garoa, e que tem sempre em Paulinho o seu convidado de honra. De poucos sorrisos, mas invejável eficiência, o volante consegue achar os atalhos para chegar ao gol. Dessa vez foi de cabeça.
- Numa bola parada conseguimos empatar. É claro que o objetivo é conquistar os três pontos, principalmente em casa, mas erramos muito, em especial na primeira etapa, e depois precisamos correr atrás - afirmou Paulinho, que negou estar de saída. - Não, muito pelo contrário.
O público foi de 29.295 pagantes e a renda, de R$ 940.359,00. As duas equipes voltam a campo pelo Brasileirão na próxima quarta-feira, com mando invertido. O Botafogo vai receber o Santos em Volta Redonda, às 19h30m. Já o Timão terá de viajar para enfrentar o Goiás, às 22h, no Serra Dourada.
Seedorf: um chute bizarro, um passe magistral
O frio muito mais habitual aos paulistas gelou o início de jogo. O Botafogo parecia no ritmo de Zeca Pagodinho, cadenciado, suave, enquanto o Corinthians, aos poucos, entrou num hip hop local: intenso, acuou o visitante em seu campo de defesa e trocou passes, algo que parecia impossível ao time comandado por Seedorf, em campo, e Oswaldo de Oliveira, do banco. O holandês, aliás, deu um chute bizarro, quase no Tobogã do Pacaembu. Uma malandragem tipicamente carioca de quem fez toda torcida imaginar que ele não estava naqueles dias. Mal sabiam o que estava por vir...
Edenilson, Ralf e Romarinho arriscaram, mas Jefferson, com uma segurança de se fazer inveja às duas capitais, parecia defender chutes de crianças. Abusado, Fábio Santos tentava invadir a praia do rival, mas deixou uma Linha Amarela, ou uma Avenida Paulista, às costas. Por ali, Seedorf, aquele do chute bizarro, colocou a bola com maestria na área, e Rafael Marques teve habilidade de sobra para completar o cruzamento: 1 a 0.
O Timão parecia descompassado, como um paulistano de terno que se solta nos sambas da Lapa. Errava passes fáceis, reposições do goleiro, e até cobranças de faltas ensaiadas. A boa chance veio dos pés do uruguaio Lodeiro. O botafoguense, meio perdido entre as capitais brasileiras, deu um presente para Emerson, que arrancou e bateu bem. Jefferson foi melhor ainda. Das envolventes triangulações entre Seedorf, Rafael Marques, Lodeiro e Lucas, poderiam ter saído mais dois gols. A vitória por 1 a 0 foi de bom tamanho para os dois times.
Paulinho: animador e salvador
Douglas e Alexandre Pato nos lugares de Danilo e Guerrero. O campeão paulista lembra as grandes empresas da cidade: organizada, séria, cheia de bons executivos para girarem os negócios do Timão. Mas, dessa vez, não giraram. Mudaram as peças, não o ritmo do time.
E por falar em ritmo... Não era samba, não era funk. Seedorf criou ritmo próprio no segundo tempo. “Encostado” no lado esquerdo, pertinho de Oswaldo de Oliveira. Pretendido para ser técnico do Milan, ele formou quase uma comissão técnica. Foram três passes geniais. O primeiro, após linda jogada de Rafael Marques, para Lucas. Os outros dois para o centroavante. Nenhum resultou em gol. Cássio defendeu uma, outra foi para fora, e a zaga do Timão salvou na terceira.
Mas do outro lado havia um jogador de Seleção. Um chute de Paulinho, com a braçadeira de capitão e ainda sob a expectativa de ter feito seu último jogo pelo Timão, já que se apresenta à Felipão na terça-feira e é alvo frequente do futebol europeu, bastou para a torcida se animar novamente. Mesmo desconfiadas, as arquibancadas voltaram a gritar.
Vitinho, talvez inspirado no futevôlei, foi meio de ombro na bola. Bateu em seu braço. Lance bobo, na intermediária, que resultou na cobrança de Douglas e cabeçada de Paulinho. Quantos cariocas já não sofreram com a cabeça de Paulinho... No ângulo! Sem chance para Jefferson, companheiro de seleção brasileira. Negócios à parte, como bem sabem os paulistanos.
Empate justo e bom para mostrar aos 29.295 pagantes dos primeiros embalos de sábado à noite deste Brasileirão que São Paulo e Rio de Janeiro tem seus encantos, e estão bem representados. Grandes duelos virão pela frente.
Clarence Seedorf, nascido no Suriname, naturalizado holandês, e já no coração de parte da Cidade Maravilhosa, foi fundamental. Não só pela assistência. Ele imprimiu seu ritmo ao jogo. Inteligente no posicionamento, nos passes, sábio ao escolher a hora de driblar, fez a equipe jogar. E ainda teve o valioso auxílio do artilheiro Rafael Marques, em outra grande atuação.
- No segundo tempo o Corinthians foi melhor, e no primeiro tempo fomos melhores. Podíamos ter feito mais um gol, mas o resultado no final foi justo. Claro, olhando o primeiro tempo, se tivéssemos chutado melhor certas oportunidades... Mas foi uma demonstração de um grupo que quer e que pode - afirmou Seedorf.
O holandês foi um penetra indesejado na festa de aniversário dos 52 anos de Tite, gaúcho que também já conquistou a terra da garoa, e que tem sempre em Paulinho o seu convidado de honra. De poucos sorrisos, mas invejável eficiência, o volante consegue achar os atalhos para chegar ao gol. Dessa vez foi de cabeça.
- Numa bola parada conseguimos empatar. É claro que o objetivo é conquistar os três pontos, principalmente em casa, mas erramos muito, em especial na primeira etapa, e depois precisamos correr atrás - afirmou Paulinho, que negou estar de saída. - Não, muito pelo contrário.
O público foi de 29.295 pagantes e a renda, de R$ 940.359,00. As duas equipes voltam a campo pelo Brasileirão na próxima quarta-feira, com mando invertido. O Botafogo vai receber o Santos em Volta Redonda, às 19h30m. Já o Timão terá de viajar para enfrentar o Goiás, às 22h, no Serra Dourada.
Fábio Santos e Fellype Gabriel disputam pelo alto (Foto: Marcio Fernan / Ag. Estado)
O frio muito mais habitual aos paulistas gelou o início de jogo. O Botafogo parecia no ritmo de Zeca Pagodinho, cadenciado, suave, enquanto o Corinthians, aos poucos, entrou num hip hop local: intenso, acuou o visitante em seu campo de defesa e trocou passes, algo que parecia impossível ao time comandado por Seedorf, em campo, e Oswaldo de Oliveira, do banco. O holandês, aliás, deu um chute bizarro, quase no Tobogã do Pacaembu. Uma malandragem tipicamente carioca de quem fez toda torcida imaginar que ele não estava naqueles dias. Mal sabiam o que estava por vir...
Edenilson, Ralf e Romarinho arriscaram, mas Jefferson, com uma segurança de se fazer inveja às duas capitais, parecia defender chutes de crianças. Abusado, Fábio Santos tentava invadir a praia do rival, mas deixou uma Linha Amarela, ou uma Avenida Paulista, às costas. Por ali, Seedorf, aquele do chute bizarro, colocou a bola com maestria na área, e Rafael Marques teve habilidade de sobra para completar o cruzamento: 1 a 0.
O Timão parecia descompassado, como um paulistano de terno que se solta nos sambas da Lapa. Errava passes fáceis, reposições do goleiro, e até cobranças de faltas ensaiadas. A boa chance veio dos pés do uruguaio Lodeiro. O botafoguense, meio perdido entre as capitais brasileiras, deu um presente para Emerson, que arrancou e bateu bem. Jefferson foi melhor ainda. Das envolventes triangulações entre Seedorf, Rafael Marques, Lodeiro e Lucas, poderiam ter saído mais dois gols. A vitória por 1 a 0 foi de bom tamanho para os dois times.
Rafael Marques comemora o gol do Botafogo contra o Corinthians (Foto: Mauro Horita / Ag. Estado)
Douglas e Alexandre Pato nos lugares de Danilo e Guerrero. O campeão paulista lembra as grandes empresas da cidade: organizada, séria, cheia de bons executivos para girarem os negócios do Timão. Mas, dessa vez, não giraram. Mudaram as peças, não o ritmo do time.
E por falar em ritmo... Não era samba, não era funk. Seedorf criou ritmo próprio no segundo tempo. “Encostado” no lado esquerdo, pertinho de Oswaldo de Oliveira. Pretendido para ser técnico do Milan, ele formou quase uma comissão técnica. Foram três passes geniais. O primeiro, após linda jogada de Rafael Marques, para Lucas. Os outros dois para o centroavante. Nenhum resultou em gol. Cássio defendeu uma, outra foi para fora, e a zaga do Timão salvou na terceira.
Mas do outro lado havia um jogador de Seleção. Um chute de Paulinho, com a braçadeira de capitão e ainda sob a expectativa de ter feito seu último jogo pelo Timão, já que se apresenta à Felipão na terça-feira e é alvo frequente do futebol europeu, bastou para a torcida se animar novamente. Mesmo desconfiadas, as arquibancadas voltaram a gritar.
Vitinho, talvez inspirado no futevôlei, foi meio de ombro na bola. Bateu em seu braço. Lance bobo, na intermediária, que resultou na cobrança de Douglas e cabeçada de Paulinho. Quantos cariocas já não sofreram com a cabeça de Paulinho... No ângulo! Sem chance para Jefferson, companheiro de seleção brasileira. Negócios à parte, como bem sabem os paulistanos.
Empate justo e bom para mostrar aos 29.295 pagantes dos primeiros embalos de sábado à noite deste Brasileirão que São Paulo e Rio de Janeiro tem seus encantos, e estão bem representados. Grandes duelos virão pela frente.
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