Mesmo longe de apresentar um bom futebol, o Flamengo conseguiu o que era
mais importante no atual momento: venceu o Sport por 1 a 0 na tarde
deste domingo, no Maracanã, e deixou a lanterna do Brasileirão. O
técnico Vanderlei Luxemburgo reconheceu que, no aspecto técnico, o time
ainda deixa a desejar, mas destacou a atuação coletiva durante toda a
partida o que, para ele, foi o que proporcionou a oportunidade de
decidir nos minutos finais (assista aos melhores momentos no vídeo acima).
O próximo desafio é contra o Coritiba, domingo, em Curitiba. Um
confronto direto contra o rebaixamento. A expectativa é de mais tempo
com um jogo abaixo do nível desejado, mas com a mesma intensidade na
luta pela bola. O Flamengo tem 13 pontos, um a mais do que seu próximo
rival.
- Não temos uma equipe pronta, se estivesse pronta não estaria na
situação em que está. Avançamos. Jogamos contra o quinto colocado, muito
bem treinado, estruturado, preparado para o contragolpe. Atacamos e
eles tiveram uma chance no primeiro tempo e outra no segundo. Quando
arrisquei mais, não tiveram o contra-ataque. Virtude não foi a parte
técnica, que ainda está deficiente, mas se manter como time os 90
minutos. Mereceu o resultado. Um jogo difícil. Quem atuar contra o Sport
jogando para cima deixando espaço vai tomar contragolpe. Estão de
parabéns e agora é continuar. Mais uma semana pela frente e ver se
conseguimos uma pontuação melhor - disse Luxemburgo.
Consciente da dificuldade, dos erros de passe e das poucas
finalizações, o treinador acredita que conseguirá melhorar a situação
depois que deixar a zona de rebaixamento e trabalhar com mais
tranquilidade. Por enquanto, aposta na relação com a torcida para, mesmo
com um jogo feio, conquistar as vitórias que precisa.
- Ganhamos de 1 a 0 e está bom - afirmou o treinador.
Confira a íntegra da entrevista de Vanderlei Luxemburgo:
Defesa
- Cáceres jogou com um pouco de dor, mas é paraguaio,
sente dor mas vai para o pau, não tem esse negócio de dor. Futebol é assim.
Se tiver qualquer dorzinha e sair fica complicado. Mas não é questão da
defesa, é da equipe, do posicionamento, de não dar espaço para jogar.
Consegue ir à frente e não deixar espaço. Estamos conseguindo colocar
essa característica de um time que joga em conjunto.
Ambiente- Estamos evoluindo, mas não chegamos a lugar algum. O
importante é o equilíbrio de trabalho lá dentro. Quem vai lá e
acompanha sabe que fora do nosso ambiente é um comentário, mas
lá dentro é outra coisa. A situação incomoda, mas trabalhamos com
seriedade para sair dela e criando um ambiente bom de trabalho. Sem isso
não consegue render.
Torcida- Ela vai junto com o time. Fiquei muito assim quando
voltamos de Chapecó e um único idiota, um babaca criou uma confusão e
foi noticiado como torcida do Flamengo. Torcida é isso aí. Quando eles
não estiverem satisfeitos vão lá protestar. Estão caminhando com a
gente. Convoco nosso torcedor a comparecer ao próximo jogo, tanto o da
região de Curitiba quanto daqui do Rio. E na volta aqui contra o
Atlético-MG também. Essa comunicação vai ser importante até o fim.
Eduardo da Silva- Fez gol e está preparado né? O futebol
funciona assim, mas ele está voltando ao Brasil depois de 16 anos. Nosso
treinamento é diferente, ele está se adaptando aos nossos jogadores.
Não está pronto ainda. Vão cobrar, mas vai demorar um pouco mais.
João Paulo - Falei para ele na frente do grupo que estava
tendo uma oportunidade que nenhum jogador no Brasil teve. De ser o único
lateral-esquerdo do Flamengo, em um clube de massa, com a saída do
André Santos. Ele precisa de confiança, tem potencial para evoluir, bate
bem na bola e chuta forte, mas o momento inibe. Tem que aproveitar e
fazer coisas boas.
Baixo nível- É, mas ganhamos de 1 a 0 e está muito bom.
Alívio- A vitória traz alívio,
deixa o ambiente mais tranquilo. A vitória relaxa. Falei para ele
tomarem um vinhozinho, namorar um pouco e curtir os filhos antes de
voltar na terça-feira para mais uma semana de trabalho e um jogo
decisivo.
Evolução- Contra a Chapecoense e nesse jogo com o Sport
mostramos uma característica de equipe. Jogo não se resolve sozinho.
Mesmo que não sejamos os melhores, outros se complicam. O Fluminense não
venceu o Coritiba que está lá perto da gente. Essa evolução vai
acontecer. Na parte técnica ainda deixa a desejar, mas como equipe está
caminhando bem.
Com
estilo rubro-negro, Vanderlei Luxemburgo
orienta o time. Técnico
acredita em subida de
produção do time, mas destaca que situação
ainda
incomoda (Foto: André Durão)
Canteros- Ele tem muita qualidade técnica. Esse debate não é
de uma entrevista, é muito maior sobre a montagem de uma equipe. O
futebol brasileiro está muito preso a volantes, camisa. Há equipes que
jogam um futebol fantástico sem volantes, outras jogam com volantes. O
futebol brasileiro não vive um grande momento de jogadores técnicos.
Canteros tem um passe muito bom e ficou mais confortável quando passou
para o lado direito no segundo tempo. Viu o jogo mais claro e teve
liberdade com o Cáceres por trás".
Sofrimento por gols- Se saísse meio já estava bom. Nesse
momento, não estamos preocupados em marcar quatro gols. Se estivesse
fazendo isso, eu não teria vindo para cá nem o Flamengo estaria na
situação em que está. Vamos caminhar sofrendo.
Substituições- Coloquei o Eduardo no lugar do Paulinho porque
gosta daquele lado direito mesmo sendo canhoto. É uma característica do
futebol europeu. O Robben joga assim. Troquei o Alecsandro pelo Arthur,
que eu já conhecia lá do futebol paranaense, por ser voluntarioso e se
mexer bem para receber lançamentos. Ganhamos jogadores. Vamos trabalhar
assim, definindo algumas situações para os 24 jogos que restam.
Treino de finalizações- Não foi por causa do treinamento que
saiu o gol. Na hora em que o Everton pegou a bola fiquei me sacudindo
todo para o João passar porque tinha espaço. Não dava para jogar por
dentro e tinha que chegar ao fundo. Na única vez em que conseguimos o
gol saiu, pegando um atacante de frente. Vamos continuar treinando para
melhorar.
Crescimento- Quero tirar da confusão primeiro e passar ela
para outro clube. Quando isso acontecer, o rendimento técnico vai
aparecer. Há jogadores jovens aqui que não se firmaram e ficam com
receio de ter a bola. Ela queima, machuca. Depois, fica mais confortável
e o futebol vai aflorar e melhorar. Por enquanto, vamos sofrer com jogo
feio.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2014/08/luxa-reconhece-deficiencia-tecnica-mas-exalta-aplicacao-do-time-na-vitoria.html