Depois de dominar os gramados e as quadras de futsal do país, o
projeto Estrelas do Futuro agora terá unidade também na praia, voltada
para o Beach Soccer. Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, será o
primeiro bairro a receber aula exclusiva da modalidade. No último
sábado, a escola foi inaugurada oficialmente em grande estilo: jogo
festivo com a participação de atletas da seleção brasileira de Beach
Soccer, como Sidney e Bueno, e a presença dos mascotes Biriba e Biruta.
Os alunos já matriculados na escola jogaram contra a unidade do Estrelas
do Futuro da Tijuca e contra um time convidado. O Diretor de Marketing
Marcelo Guimarães representou o Conselho Diretor e realizou a entrega
simbólica da bandeira do clube ao franqueado Felipe Arantes.
O evento também contou com a participação de Fernando Pitt, fera do
freestyle conhecido mundialmente. Pitt fez uma pequena exibição para a
garotada, com piruetas, altinhas e cambalhotas, sempre com a bola
dominada. Os alunos ficaram boquiabertos. O freestyler convidou alguns
alunos e ensinou algumas técnicas da arte.
Antes de os atletas da seleção brasileira atuarem, um momento especial e
exclusivo para os alunos do Estrelas do Futuro: autógrafos e fotos com
os ídolos. Bueno e Sidney, solícitos, atenderam os garotos e ainda
contaram um pouco do dia a dia de um atleta profissional.Após o jogo
profissional, houve sorteio de brindes para alunos e familiares.
Foi assim o pontapé inicial que iniciou os trabalhos em Ipanema, na
extensão de areia entre as ruas Maria Quitéria e Joana Angélica. Seja
aluno você também! Mais informações no e-mail ipanema@estrelasdofuturobotafogo.com.br ou no telefone (21) 9947-3339.
A escalação do Botafogo sem Herrera na partida contra o
Figueirense, no último sábado, pode ter causado estranhamento em alguns.
Entretanto, o próprio atacante concedeu entrevista coletiva nesta
terça-feira para explicar a conversa que teve com Caio Júnior e o porquê
de ter ficado fora.
"Encarei com naturalidade. Tive uma conversa com Caio Júnior em relação à
minha posição, manifestei que não estava me sentindo muito bem. Todo
mundo fala em 4-4-2, na verdade são três meias e um atacante, Loco
Abreu. Não estava me sentindo bem nem rendendo o que posso para a equipe
e individualmente. Ele sabe que sou atacante de origem e não é muito
minha função acompanhar lateral, estava me sentindo prejudicado, pois me
sinto bem lá na frente, encostando no Loco Abreu. Dei essa opinião, ele
tentou me substituir com outro volante, lamentavelmente não deu certo.
Se o Botafogo tivesse ganho, não estariam falando que fiquei fora",
argumenta.
Entretanto, à base de conversas e reflexões, o atacante fez uma ressalva
importante. Herrera se põe à disposição para jogar na posição pedida
pelo técnico pensando no título brasileiro com o Botafogo.
"Conversei novamente com Caio hoje, ele me passou as opiniões dele e eu
as minhas. Chegamos até aqui dessa forma, há comprometimento e queremos
que o Botafogo alcance seus objetivos. Vou jogar nessa posição que não é
a que me melhor me sinto, mas estou ajudando e é bom para a equipe",
reitera.
Herrera garante que o Botafogo brigará até o final pelo título
brasileiro e pede reação já no clássico deste domingo, contra o Vasco,
no Stadium Rio. Para o atacante, a confiança da torcida pode ser um
trunfo importante.
"Desde o momento que cheguei, me senti muito bem em relação à torcida,
sempre me apoiou e me dediquei ao máximo. Só tenho palavras de carinho.
Mas penso também pelos companheiros, não estou sozinho. Quando vaiam um
companheiro, também me sinto mal, pois é ele que vai me ajudar", lembra
Herrera.
"O apoio da torcida é importante para nós. Mas, se não acreditar, temos
que acreditar. Estamos confiantes de que vamos lutar e conseguir. Faz
muito tempo que o Botafogo não está nas primeiras posições, acho que a
torcida deveria apoiar até o final", acrescenta.
Carlos Alberto Torres acredita que
postulantes ao caneco do Brasileirão 2011 estão mais preocupados com
vaga na Taça Libertadores
Por Fred GomesRio de Janeiro
Durante a sétima edição do Jantar Bola Pra Frente, oferecido pelo
técnico Jorginho, do Figueirense, na segunda-feira, Carlos Alberto
Torres, capitão do tricampeonato mundial do Brasil em 1970, no México,
mostrou-se decepcionado com o Botafogo nesta reta final do Brasileiro,
principalmente após a derrota para o time do anfitrião do evento.
Questionado sobre quem será o campeão, o Capita evitou um prognóstico,
mas tratou de reduzir as chances do Glorioso.
- Parece que só querem pensar em Libertadores e ninguém quer ganhar.
Não tem como dar um chute. Estou torcendo pelo Botafogo, mas está
difícil. Depois dessa derrota (para o Figueirense, por 1 a 0, no
sábado), parece que não querem ganhar - analisou.
Torres soma quatro passagens pelo Botafogo, três como treinador e uma como jogador.
Carlos
Alberto Torres, entre Jorginho e Júlio César, algozes do seu Botafogo
no sábado. À direita de Jorginho, o ex-zagueiro Torres, filho do Capita
(Foto: Fred Gomes / Globoesporte.com)
Gigante da Colina quer eliminar o
Universitario, alcançar a primeira semifinal de Sul-Americana na
história e deixar desconfiança de lado
Por GLOBOESPORTE.COMRio de Janeiro
No Campeonato Brasileiro, o Vasco deu uma travada na excelente campanha
que vinha fazendo ao longo da temporada. Nos últimos dois jogos, o time
conseguiu um empate e uma derrota. Os resultados abalaram um pouco a
confiança dos jogadores. Nesta quarta-feira, pela Copa Sul-Americana, o
Vasco vai buscar contra o Universitario, às 21h50m (de Brasília), a
primeira classificação para a semifinal na história da competição com um
objetivo claro na cabeça: retomar a motivação para as últimas rodadas
do Brasileiro
Para se classificar na Sul-Americana, o Vasco precisa de uma vitória
por três ou mais gols. O time peruano pode perder por um gol de
diferença ou dois, desde que faça ao menos um, para avançar à semifinal
da competição. Caso o Vasco vença por 2 a 0, nesta quarta, a decisão da
vaga irá para os pênaltis. No Brasileiro, o Vasco é o segundo colocado
com 58 pontos, mesmo número do líder Corinthians, que tem uma vitória a
mais.
Apesar de garantirem que o contexto é completamente diferente, a
inspiração para conseguir a missão vem justamente da fase anterior da
mesma Copa Sul-Americana. Contra o Aurora, o Vasco também precisava
reverter um resultado adverso e conseguiu uma goleada histórica por 8 a 3
em São Januário. Na ocasião, assim como na noite desta quarta, o time
escalado contou com titulares e reservas.
Mas o Universitario promete não amolecer. Em crise financeira e penando
no campeonato local, o clube peruano vê na Sul-Americana uma salvação
para a temporada. O clube vai contar com força máxima na partida desta
quarta.
O GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances da partida, em Tempo Real, com vídeos. A Rede Globo transmite o duelo. Vasco: diferentemente
do esperado, o técnico Cristóvão Borges vai escalar força máxima em
busca da classificação. O treinador mudou de opinião ao perceber que
todos os jogadores já estavam recuperados da última partida pelo
Brasileiro, a derrota para o Santos. Com isso, o time deve entrar em
campo com: Fernando Prass, Fagner, Dedé, Renato Silva e Marcio Careca;
Nilton, Fellipe Bastos (Allan), Juninho Pernambucano e Diego Souza; Eder
Luis e Alecsandro (Elton). Universitario: o técnico José “Chemo” del Solar faz
mistério em duas posições. A primeira é no meio-campo entre Flores e
Ampuero. A segunda vai depender da escolha do sistema tático. Se for no
3-6-1, o mais provável, o volante Miguel Ángel Torres sai jogando, se
optar pelo 4-4-2, joga o atacante Ruidíaz. Com isso, a provável formação
do Universitario terá: Llontop; Mendoza, Galván, Galliquio e Rabanal;
Rainer Torres, Gonzáles, Vitti, Miguel Ángel Torres (Ruidíaz) e Ampuero
(Flores); Fano. Vasco: Felipe e Romulo não estão inscritos na competição e, por isso, não enfrentam o Universitario. Universitario: o time peruano vem completo para esta
partida frente ao Vasco da Gama. O atacante Johan Fano foi liberado para
jogar depois de superar uma dor no tendão direito.
O paraguaio Carlos Amarilla será o responsável pela arbitragem da partida.
Vasco: após
uma atuação abaixo do esperado diante do Santos, Juninho Pernambucano
volta a jogar como titular na Copa Sul-Americana e vai liderar o time
com sua experiência em busca de uma difícil classificação. Será que o
Reizinho vai cumprir as expectativas? Universitario: com apenas três gols sofridos em cinco
partidas, a equipe peruana conta com a força do sistema defensivo para
sair de São Januário com a classificação. Capitão, Galván, de 38 anos, é
o destaque. O zagueiro foi campeão brasileiro pelo Santos em 2002 e
também teve passagens por Atlético-MG e Paysandu. Cristóvão Borges, técnico do Vasco:"Vai
ser um jogo duro, difícil... Assim como diante do Aurora, vamos sair
atrás do placar e isso é um fator grande de dificuldade. O Universitario
tem um contra-ataque muito bom e isso torna o jogo mais perigoso porque
vamos ter de nos expor. Mas estou confiante em uma grande atuação". Rainer Torres, volante do Universitario: “Nossos
problemas não vão estar em campo quando a bola rolar. Vamos jogar
honrando essa camisa e mostrar que somos guerreiros e que merecemos
levar a classificação de volta para Lima”.
* O Vasco disputou oito partidas em casa na história da Copa
Sul-americana. Nesses oito jogos como mandante, a equipe obteve seis
vitórias, um empate e uma derrota.
* Já o Universitário disputou seis partidas como visitante na história
da Sul-americana, obtendo uma vitória, dois empates e 3 derrotas.
* O Universitário jamais perdeu por mais de um gol de diferença na história da Copa Sul-americana.
Na última quarta-feira, o Vasco foi ao Estádio Nacional de Lima e
perdeu o jogo de ida das quartas de final da Sul-Americana para o
Universitário: 2 a 0. Ruidíaz, de pênalti, e Fano marcaram os gols do
time peruano. O Vasco entrou em campo com apenas três titulares:
Fernando Prass, Fagner e Diego Souza.
Profissional do GLOBOESPORTE.COM trabalha por meio período na obra do Corinthians e conta todos os detalhes. Tiago Leifert participa
Por Leandro CanônicoSão Paulo
Trabalhar na cobertura de uma Copa do Mundo é considerado por muitos o
ápice da carreira de um jornalista esportivo. Realizei este sonho em
2010, na África do Sul. Participar da construção de um estádio que vai
ser a sede da abertura de um Mundial no seu país, no entanto, é algo
inusitado. Raro. Uma experiência ímpar e gratificante que ficará marcada
para sempre em minha memória.
Na última sexta-feira, 4 de novembro, troquei o bloco de papel, a
caneta, o gravador, o computador e o ar-condicionado da redação pelas
ferramentas, capacetes, botas e roupas de operário. Minha missão era
trabalhar por meio período na obra do estádio do Corinthians, em
Itaquera, Zona Leste de São Paulo. A jornada foi de poucas horas, mas
senti o quão cansativo é esse digníssimo trabalho.
A minha imersão no mundo dos operários foi total. E começou cedo, bem
cedo. Às 4h30m o despertador tocou, anunciando que o dia seria atípico –
poucas vezes, nos meus 30 anos de vida, acordei tão cedo. Às 5h15m,
acompanhado do vídeorrepórter Cássio Barco, deixei meu apartamento, no
bairro de Mirandópolis, Zona Sul da capital paulista, a caminho da
estação Praça da Árvore do Metrô.
Da minha casa até lá são dez minutos de caminhada. E de lá até a
estação Corinthians-Itaquera mais 20 estações, com uma baldeação na Sé,
para pegar o trem que leva até a Zona Leste. A viagem toda de Metrô
levou 55 minutos. Dei a sorte de pegar o contrafluxo, porque aqueles que
saem da Zona Leste para o Centro sofrem diariamente com o excesso de
gente nos vagões. É impressionante.
Enquanto eu e Cássio fazíamos esse trajeto, o vídeorrepórter Renato
Cury encontrava José Alves da Silva, 53 anos, em sua casa, no bairro de
Artur Alvim, na Zona Leste paulistana. Zé Pretinho, como é conhecido na
obra do Corinthians, seria o meu instrutor no “Dia de Operário”.
Encontrei esse simpático baiano na catraca da estação
Corinthians-Itaquera. Logo de cara gostei do bom humor dele.
O trajeto de Zé Pretinho foi bem mais curto do que o meu (de Artur
Alvim a Itaquera, ele viaja apenas uma estação), mas o seu dia de
trabalho seria bem mais longo. Enquanto eu ficaria na obra das 7h às
12h, o operário faria o expediente das 7h às 18h. Pesado. Na caminhada
de dez minutos até o terreno do Corinthians, fomos conversando sobre
como seria o meu dia. Estava claro que não seria fácil.
Por volta das 6h30m, no refeitório da obra, eu, Zé Pretinho e outras
dezenas de operários tomamos café da manhã. Na minha bandeja, um pão com
queijo e presunto, um pedaço de bolo de fubá, uma banana e um copo de
suco de laranja. Valeu a pena ter me alimentado bem antes de iniciar o
trabalho. Retomei recentemente os exercícios físicos e sabia que meu
corpo sentiria fraqueza.
Operários 'tietam' Tiago Leifert
Terminada a primeira refeição do dia, eu e Zé Pretinho fomos nos vestir
adequadamente para a missão. Calça, blusa de manga comprida, óculos,
protetores auriculares, luvas, botas, capacete e protetor solar compõem o
“kit operário”. Nesse momento, o apresentador do Globo Esporte de São
Paulo, Tiago Leifert, se juntou a nós. Muitos pararam para pedir
autógrafos e fotos com ele.
Assim como eu, Tiago não está nada acostumado a uma rotina pesada como
essa. Mas estava igualmente disposto a curtir intensamente a missão que
nos foi dada. Às 7h partimos eu, Tiago e Zé Pretinho para a preleção dos
chefes da obra. É algo muito parecido com o que acontece no futebol. O
mestre Pará é quem inicia, falando para os mais de 500 operários (no
total são 675, divididos em três turnos) presentes como foi o dia
anterior. Ele carrega uma bola do Corinthians, autografada pelos
funcionários, como o sinal de quem tem a palavra
Pará termina e passa a bola para o engenheiro Frederico, que fala sobre
a missão do dia e passa as principais metas. Na sequência falam o
técnico em segurança e a responsável pela ginástica laboral dos
operários. Achei que fosse pedir para parar já ali mesmo. Em clima de
brincadeira, a garota passa uma sequência complicada de exercícios para
um quase sedentário como eu. Polichinelo, alongamentos, corrida...
Ao meu lado, um operário percebe minha dificuldade e me orienta a fazer
com calma, sem pressa. O mesmo acontece com Tiago Leifert. Enquanto
isso, Zé Pretinho se diverte, prevendo que eu estaria morto ao fim da
minha jornada. Terminada essa brincadeira (muito séria para mim), começa
um momento religioso: todos rezam o “Pai Nosso” e desejam um bom dia,
com segurança.
Acompanhados por todos aqueles de capacete azul (cor do grupo dos
armadores), eu e Tiago Leifert, operários por um dia, fomos ao nosso
primeiro desafio: ajudar na amarração dos ferros da estrutura de uns dos
blocos de sustentação da arquibancada oeste do estádio do Corinthians.
Zé Pretinho, então, me passa uma turquesa, ferramenta que entorta e
corta arames.
Incomodado, eu tirei meus protetores auriculares nesse momento. Mas
rapidamente um técnico de segurança exigiu, corretamente, que eu os
recolocasse. O barulho em todos os cantos da obra é intenso, e a
exposição aos sons pode fazer muito mal aos ouvidos. Devidamente
protegido, eu recebo as instruções de Zé Pretinho. Com alguns metros de
arame nas mãos, o escuto atentamente.
Operários trabalham na amarração dos ferros
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
A estrutura de ferro de um bloco de concreto tem de ficar bem firme.
Por isso é necessário que não haja nenhuma folga entre uma barra e
outra. Meu trabalho, portanto, era enrolar um pedaço de arame nos pontos
com folga, dobrar com a turquesa até ficar bem firme e cortar. Fiz isso
umas 20 vezes seguidas, e as mãos começaram a doer. Zé Pretinho
percebeu e me avaliou como regular na missão.
Não desanimei. Parti para o passo seguinte sem baixar a cabeça e
pedindo que Zé Pretinho não deixasse de me orientar. Fomos, então, ao
local onde são montadas as estruturas de ferro para os blocos. Lá, o
trabalho é mais pesado. Com os projetos espalhados na bancada, os
armadores pegam as barras de ferro e cortam (ou dobram) nos tamanhos
corretos. Cada bloco tem 3,5 toneladas do material.
E não é que ganhei até elogio?!
Nessa fase não pode errar. Qualquer centímetro a mais ou a menos pode
interferir no produto final. Primeiro, eu e Tiago observamos os
operários fazendo. E cada peça pronta era levada por nós ao caminhão.
Depois de umas dez peças carregadas, recebo meu primeiro elogio. O
colega que estava na caçamba do caminhão me chama e pergunta se eu já
trabalhei em obra. Para mim, foi elogio.
Já com os braços pesados de tanto carregar ferro, nós somos chamados a
colocar as barras na máquina para corte. É uma das fases mais
complicadas, porque você tem de puxar uma só peça do meio de um monte
deles. E elas são bem pesadas. O curioso é que a máquina corta uma
grossa peça de ferro como se você partisse um pão com as mãos.
Impressionante. Mais interessante ainda é o tranco que a máquina dá no
ferro. Somos convocados a sentir e realmente parece um soco.
Vendo a minha dedicação, Zé Pretinho diz, enfim, que estou indo bem.
Partimos em seguida para uma aula prática de nós com arame. O nó simples
foi fácil, o rabo de macaco também, mas o X... não consegui fazer
nenhum. Mesmo assim, meu amigo operário diz que sou inteligente e que
pego rápido o serviço. Poderia ser contratado, né, Zé!? E olha que ainda
não tinha chegado a hora do caranguejo.
O caranguejo é uma peça de ferro, com medidas milimétricas, que fica na
base da estrutura de ferro. As maiores são feitas em máquinas
especiais, e as menores, na mão. Foi esse que fiz. Com um giz e uma
trena marco os centímetros e faço um dos mais perfeitos caranguejos da
obra do Corinthians (as palavras foram de um colega). Tiago não vai tão
bem nessa fase e também me elogia.
Pedi pra parar!
Terminada essa etapa, fomos para algo ainda mais pesado: assentar o
solo. Com uma máquina barulhenta, pesada e difícil de controlar, eu
passo apenas cinco minutos nessa tarefa e peço para parar. Os braços
doíam. Quando desligo a máquina, outro colega explica que no dia a dia é
proibido ficar mais de uma hora nessa função. É necessário (e
fundamental) um tempo de descanso.
Já são mais de 11h, e o meu expediente está perto do fim. Mas ainda
tenho uma última missão. Em um dos canteiros está sendo construída uma
fábrica para a confecção de concreto na própria obra. Eu e Tiago, então,
somos convidados a assentar dois tijolos. Percebo que esse trabalho é
uma arte. Requer muito esmero e uma noção muito apurada de espaço.
Consigo colocar a peça. Torta, mas consigo.
Zé Pretinho, que acompanhou todos os meus passos na obra do estádio do
Corinthians, apenas ri de longe. E tira sarro, porque eu disse que minha
intenção era perder alguns quilos naquela manhã (sim, estou pelo menos
15 acima do peso ideal). Foi depois disso que veio um dos momentos mais
esperados: recebo das mãos do meu amigo Zé o “vale almoço”. Que bom!
Apresentador Tiago Leifert também colocou a mão
na massa (Foto:Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Deixamos nossos capacetes pendurados fora do refeitório, tiramos as
luvas, lavamos as mãos e iniciamos uma ótima refeição. Além do copo de
suco, coloco na minha bandeja dois pratos, um com salada e outro com
feijão, farofa e linguiça. É bonito ver os operários almoçando juntos.
Eles são muito unidos. Depois, alguns optam por conversar, outros por
descansar e alguns pelo dominó e o baralho.
Eu, no caso, optei por fazer uma reflexão do meu dia. E cheguei à
conclusão de que foi bem cansativo, mas gigantescamente gratificante. Em
poucas horas como operário deu para sentir o orgulho de cada um
daqueles trabalhadores, sejam eles corintianos, palmeirenses,
são-paulinos ou santistas, em serem responsáveis por uma obra de Copa do
Mundo. A união e a dedicação deles são comoventes.
Voltei pra casa satisfeito com o cumprimento da missão e emocionado por
ter convivido com o incrível Zé Pretinho, a quem espero encontrar
outras vezes em Itaquera. Afinal, muitas pautas por lá serão realizadas
até 2014. E fica aqui uma sugestão ao Corinthians: deem ingressos para
todos os operários assistirem ao jogo de inauguração do seu tão sonhado
estádio antes da Copa. Eles merecem e ficarão muito felizes.
Obrigado a todos que participaram comigo e com o Tiago Leifert desse
“Dia de Operário”. Certamente essa experiência ímpar não sairá da minha
memória.
Sem receber salários há cinco meses e
tendo abandonado campeonato local, jogadores veem na Sul-Americana a
saída mais rápida da crise
Por Fábio LemeRio de Janeiro
Jogadores no desembarque do Universitario
(Foto: Fábio Leme / Globoesporte.com)
Com mais de três horas de atraso, a delegação do Universitario
desembarcou no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na noite desta
terça-feira, a exatas 24 horas da partida contra o Vasco, pelo confronto
de volta das quartas de final da Copa Sul-Americana.
Passando por momentos difíceis na atual temporada, os jogadores, que já
chegam a cinco meses sem receber seus salários, querem chegar às
semifinais da competição e contam com a promessa da diretoria de que a
quantia ganha pelo clube devido ao avanço de fase será rateada dentro do
elenco. A situação é tão crítica que no campeonato peruano, o
Universitario se encontra próximo a zona de rebaixamento por um protesto
de não assinar as súmulas, logo, mesmo vencendo as partidas, os pontos
não são conquistados.
Um dos atletas mais importantes do time, Rainer Torres garantiu que
todos os problemas extracampo serão esquecidos no momento em que a bola
rolar e que a Copa Sul-Americana é questão de honra para os peruanos.
- Nossos problemas não vão estar em campo quando a bola rolar. Vamos
jogar honrando essa camisa e mostrar que somos guerreiros e que
merecemos levar a classificação de volta para Lima – declarou o volante.
Rainer Torres dá entrevista na chegada ao Rio
(Foto: Fábio Leme / Globoesporte.com)
O argentino Pablo Vitti diz entender que os primeiros minutos de jogo
deverão ser administrados pelo Universitario-PER, já que a pressão
imposta pelo time vascaíno e pela torcida deverá ser grande.
- Estamos ansiosos para esta difícil partida, mas estamos confiantes.
Temos que ter um pouco de cautela, tranquilidade, pois haverá pressão do
Vasco e de sua torcida – descreveu o meia.
O jogador aproveitou para ratificar o que já havia dito a um veículo
peruano ao longo da semana. Vitti acusou alguns jogadores vascaínos de
terem dito que em São Januário o placar seria revertido sem
dificuldades.
- Eles falaram isso, pois têm a confiança que atuando dentro de sua
casa vão conseguir um bom resultado, mas nós também temos esta
confiança. Vamos ver o que acontece – completou.
O técnico do time José “Chemo” del Solar, que não quis conceder
entrevista. Ele faz mistério em duas posições. A primeira é no meio de
campo, entre Flores, que está sendo observado pelo Corinthians, segundo a
imprensa peruana, e Ampuero. A segunda vai depender da escolha do
sistema tático. Se for no 3-6-1, Miguel Ángel Torres sai jogando, se
optar pelo 4-4-2, joga Ruidíaz. A provável formação do Universitário
terá: Llontop; Mendoza, Galván, Galliquio e Rabanal; Rainer Torres,
Gonzáles, Vitti, Miguel Ángel Torres(Ruidíaz) e Ampuero (Flores); Fano.
Para se classificar, o Universitario-PER pode até perder por um gol de
diferença. Caso faça um gol em Fernando Prass, poderá até perder por
dois gols. Em caso de 2 a 0 para o Vasco, a decisão será nos pênaltis.
Torcedores do Universitário recebem o time no Rio
Torcedores do Universitario no desembarque do
time (Foto: Fábio Leme / Globoesporte.com)
O Universitario-PER não estará totalmente longe da sua torcida durante a
partida em São Januário. Na chegada da delegação, dois torcedores
estavam presentes e deram todo o apoio aos jogadores, além de outros que
vieram no avião fretado.
Jairo Zavala, que vive no Rio de Janeiro, conversou com a reportagem do
GLOBOESPORTE.COM e demonstrou confiança na classificação.
- Ganharemos por 2 a 0. Temos um grande goleiro, que já defendeu até
pênalti do Rogério Ceni, e dois jovens muito bons na frente, o Ruidiaz e
o Polo. Não sei se serão titulares, mas devem entrar no segundo tempo –
declarou Jairo esbanjando otimismo.
Além de torcedor do Universitario, Joan Orosco, que vive no Rio ao lado
da mulher brasileira, que conheceu na internet, admitiu uma outra
paixão: o Fluminense. Há sete anos na Cidade Maravilhosa, Joan garante
que acompanha o Tricolor dia a dia e que vai estar presente, sábado, no
Engenhão para ajudar o time das Laranjeiras na tentativa de tomar a
ponta da tabela do Corinthians.
- Sou tão Tricolor quanto Universitario. Passe a gostar do time por
causa da minha mulher que me apresentou o Flu como o mais charmoso do
Brasil. Gostei. Hoje sou torcedor mesmo e sábado estarei no Engenhão –
explicou.
Rei relembra histórias do passado, diz
que nunca usou remédio para ereção e afirma que está aberto para as
chances nos relacionamentos amorosos
Por Julyana TravagliaSão Paulo
Pelé levou com bom humor as perguntas mais
complicadas (Foto: Ag. Estado)
Pelé parou de jogar há mais de 30 anos. Mas o fato de estar afastado da
bola há tanto tempo não quer dizer que as suas raras coletivas de
imprensa não sejam concorridas, ou que suas opiniões não sejam
repercutidas. Muito mesmo que ele, aos 71 anos, seja poupado de
perguntas embaraçosas.
Durante entrevista para o lançamento do livro “Primeiro tempo”, sobre
histórias da sua carreira quando jogador, o ex-atleta não fugiu aos
questionamentos básicos sobre Neymar
e o Santos, Seleção Brasileira e Copa do Mundo. Mas teve também de
lidar com algumas perguntas mais capciosas sobre seu passado, uso de
remédios, problemas de ereção ou brincadeiras sobre o seu pé, que foi
apontado pela apresentadora Xuxa, durante uma entrevista com o atacante
Neymar, como a parte mais feia do corpo do Rei.
- Eu estava viajando quando soube desse comentário. Se ela se lembra do meu pé, que é feio, imagine do resto! Pelé e o sexo“Vocês sabem que o lançamento do
Viagra foi feito por mim aqui no Brasil e depois para o resto do mundo.
Eu não usei e já falei isso. Esse era um remédio para o coração que teve
resultado inesperado na ereção. Depois teve uma avalanche de uso, e meu
comercial dizia que você não precisava usar se tivesse cabeça boa. Essa
foi a minha mensagem. O que estava assustando aos médicos na época é
que os garotos não saiam mais sem isso na carteira. Mas eles fizeram uma
enquete sobre o cara mais bonito do mundo, por isso acabaram me
escolhendo (risos).” Pelé e a solteirice“A minha vida é um livro
aberto. Até o ano passado eu estava casado com a Assíria. Hoje ela mora
com meus dois filhos, Joshua e Celeste, em Orlando. Meu primeiro
casamento foi com a Rose, e tive três filhos (Jeniffer, Kelly e Edinho).
Também tive a Flávia, minha filha gaúcha. Entre uma briga e outra, teve
a fase da Xuxa, que foi mais uma amizade colorida. Agora eu não tenho
compromisso sério. O dia em que tiver, não vai ser fácil esconder. Eu
sou um homem de Três Corações, então estou com eles abertos para as
oportunidades.” ‘Pelé’ e o travesti“Ganhamos um torneio em Paris, e
deram um coquetel para o Santos. Estava naquela época de travestis, e
nesse coquetel tinha um bonito, que parecia uma menina. O Dorval começou
a dançar com ela, aí avisaram. O Zito chamou o Dorval e disse 'Se manda
que é travesti'. E o Dorval disse 'P... Ainda bem que eu falei que era o
Pelé (risos)'.” Pelé e o apelido Pelé“Eu nunca quis ser Pelé. Meu
nome é Edson por causa do inventor Thomas Edison. E eu tinha orgulho
disso. Mas quando cheguei em Bauru começaram a me chamar de Pelé, e
briguei com todo mundo. Na classe, me chamaram de Pelé, e briguei de
novo. Cheguei a ficar dois dias suspenso. Eu detestava e hoje adoro
(risos). Desde criança que isso acontece. Eu amo o Pelé agora. É
referência, é fácil de pronunciar.” Quem é maior: Pelé ou Kid Bengala (ator pornô)“Vou responder o que minha mãe diria: ‘O grande Pelé’.”
Clube gaúcho pretende anunciar o jogador
nesta quarta-feira. Segundo rádio, atacante realiza exames médicos,
nesta quarta-feira, no Olímpico
Por Eduardo Cecconi e Diego RibeiroPorto Alegre e São Paulo
Nesta noite de terça-feira a diretoria do Grêmio recebeu do Palmeiras a
boa notícia: a proposta pela contratação de Kleber foi aceita. O
acerto, entretanto, não será anunciado enquanto não houver a assinatura
do contrato.
O Grêmio vai adquirir os 50% dos direitos do jogador que até hoje
pertenciam ao Palmeiras. A outra metade segue vinculada ao Cruzeiro, que
permanecerá com a mesma fatia. Os valores não foram revelados. O
Palmeiras pagou, no ano passado, € 3 milhões (cerca de R$ 7,2 milhões,
em valores atuais) por 50% dos direitos do atacante. A primeira oferta
do Grêmio, recusada pelo Verdão na semana passada, foi de € 2 milhões
(algo em torno de R$ 4,8 milhões). O Verdão queria mais que o dobro: €
4,5 milhões (R$ 10,8 milhões). Passados alguns dias, porém, as
diretorias dos dois clubes chegaram a um valor de consenso.
Kleber deixa o Palmeiras e vai defender o Grêmio em 2012 (Foto: Piervi Fonseca / Agência Estado)
Paulo Pelaipe, diretor-executivo do Grêmio, está na Argentina onde
negocia a renovação do empréstimo do meia Escudero com o Boca Juniors.
Em Porto Alegre, quem finalizará a negociação com o Palmeiras é o
presidente Paulo Odone.
O anúncio oficial do acerto depende da assinatura do contrato. Segundo
informações da Rádio Gaúcha, ainda não confirmadas pelo Grêmio, Kleber
realiza exames médicos, nesta quarta, no Olímpico.
Por telefone, Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol do Palmeiras, deu o negócio como "quase certo".
- A proposta está dentro do que queremos. Mas ainda precisamos acertar
algumas coisas antes de consumar o negócio. Havia outros interessados,
mas o Grêmio, desde o início, foi quem manifestou maior interesse. Por
isso, a prioridade era negociar com o Grêmio - disse Frizzo.
Irreconhecíveis nos dois primeiros sets,
brasileiras saem da iminente derrota para sua quarta, e mais
emocionanete, vitória na competição
Por GLOBOESPORTE.COMToyama, Japão
Depois de perder os dois primeiros sets, a seleção brasileira feminina
de vôlei mostrou poder de reação e, no tie-break, derrotou a Sérvia por 3
a 2 (21/25, 21/25, 25/18, 25/19 e 15/12), nesta quarta-feira, em
Toyama, conhecendo sua quarta vitória na Copa do Mundo que está sendo
disputada no Japão. O time nacional, que já cumpriu cinco compromissos
em 11 possíveis, ocupa provisoriamente a quarta posição, uma aquém do
trio que garantirá antecipadamente vaga para os Jogo de Londres, em
2012.
O próximo compromisso do Brasil será sexta-feira contra a China, em
Sapporo, novamente às 4 horas (horário de Brasília), com transmissão da
Globo e do Sportv. IItália, Estados Unidos (que jogam nesta quarta
contra Alemanha) e China estão à frente das brasileiras.
Com virada espetacular, as meninas brasileiras superaram a Sérvia em Toyama (Foto: FIVB / Divulgação)
A equipe brasileira começou com Fabíola como levantadora em lugar de
Dani Lins, repetindo a formação que encerrou a partida contra a Coreia.
Pouco agressivo em seus ataques, porém, o Brasil não iniciou bem o
combate, vendo o predomínio da jovem seleção sérvia, que chegou a abrir
12/7 e depois 19/13, sem dar chances ao bloqueio brasileiro.
Das atacantes, somente Paula Pequeno mostrava jogo e virava para o time
nacional, enquanto Mari e Sheilla apresentavam desempenho abaixo do
esperado. Apesar de uma tênue reação das brasileiras, o quadro europeu
fechou a primeira parcial em 25/21.
O segundo set foi marcado pelo equilíbrio inicial e pelo crescimento da
seleção comandada por José Roberto Guimarães, que passou à frente do
marcador fazendo 12/8 e parecia respirar na partida. No entanto, mais
uma vez, a seleção “apagou” em quadra e, errando muito nos passes,
permitiu a recuperação do time adversário que fez 17/15, 22/16 e matou
novamente em 25/21.
Com 2 a 0 contra, o Brasil entrou para o terceiro set sem outra
alternativa, que não fosse a vitória. Mais ligadas, as meninas
brasileiras logo conseguiram 4/0 e depois 9/5, indicando novas
perspectivas para a equipe nacional. A recepção brasileira, entretanto,
voltou a falhar, e o duelo, a ficar equilibrado, em 11/9 para a seleção.
Foi então que, já com Sassá em quadra, o quadro nacional acertou o
passe e retomou as rédeas, finalizando em 25/18 após ponto de Fabiana.
Reconhecendo a eficiência de sua experiente jogadora, José Roberto
manteve Sassá em quadra para a quarta parcial, saindo a apagada Mari. A
partida, agora, era parelha, com as equipes se alternando na liderança
do marcador. Depois de novo descontrole, que permitiu vantagem às
rivais, o Brasil reagiu e passou à frente novamente, fazendo 18/15 e
fechou em 25/19, empatando o jogo e levando a decisão para o tie-break.
O set decisivo foi o mais emocionante. Sempre com a agressividade de
Paula Pequeno, muito bem acionada por Fabíola (que cumpriu ótima
performance), as meninas mostraram equilíbrio até então não visto na
partida e, com atuação decisiva de Thaíssa na rede, venceram por 15/12,
definindo a dramática vitória.
O time do Brasil começou a partida com Fabiana, Fabíola, Paula Pequeno,
Thaissa, Mari, Sheila e a líbero Fabi. Entraram no decorrer Dani Lins,
Tandara, Sassá, Dani Lins, Camila Brait.
Confira outros jogos desta quarta-feira:
China 3 x 0 Argentina (25/10, 25/18 e 25/23)
Coreia 3 x 0 Quênia (25/21, 25/15 e 25/14)
Itália 3 x 0 Argélia (25/14, 25/14 e 25/15)
Musa curte a capital da Tailândia e já pensa na pré-temporada de 2012
Por GLOBOESPORTE.COMBangcoc
Após machucar o tornozelo esquerdo no WTA de Tóquio, em setembro, Maria
Sharapova decidiu aproveitar suas férias em Bangcoc, capital da
Tailândia. A musa russa compartilhou com fãs, em sua página no Facebook,
os momentos de descanso no tempo de folga, mas já avisou que está de
olho na pré-temporada do ano que vem.
Maria Sharapova e a arquitetura histórica na cidade de Bangcoc (Foto: Arquivo Pessoal)
A lesão no tornozelo esquerdo fez Sharapova abandonar a partida contra
a tcheca Petra Kvitova, no WTA de Tóquio. Há duas semanas, disputou
dois jogos no WTA Championship, desistiu do torneio e fechou a temporada
em quarto lugar no ranking.
A tenista de 24 anos foi conferir os detalhes arquitetônicos do Grand
Place e de um complexo de edifícios em Bangcoc, pontos históricos da
cidade tailandesa.
Conhecido por sua irreverência e pelos gols, é claro, Zé Carlos, o Zé
do Gol, embarcou em uma aventura no segundo semestre de 2010. Buscou um
mercado pouco usual para os brasileiros, o futebol boliviano. Assinou
pelo clube mais tradicional do país, o Bolívar. Lá, "Zé del Gol" foi
campeão e marcou 22 gols em 39 partidas. Mas revela que sua família
sofreu com a altitude de La Paz (3.660m acima do nível do mar). Só não
mastigou folha de coca.
- Não foi muito fácil para os meus filhos, o Guigui (4 anos) e o Lucas
(9) sofreram no início, mas depois de 20 dias começaram a ir para a
escola e passaram a se adaptar. Todo mundo ficava tonto, minha sogra
ficava tonta. Você sente um formigamento no corpo, mas até que minha
adaptação foi rápida. Foram dez meses, contando o Apertura e o Clausura.
Disputamos 42 jogos e só fiquei fora de três. Fiz 22 gols, fomos
campeões bolivianos (Torneo Adecuación de 2011) e nos classificamos para
a Libertadores. Um certo atrito com um treinador argentino me fez
voltar - explicou o jogador, de volta ao Brasil depois de junho.
Zé Carlos ganhou até caricatura depois de sagrar-secampeão boliviano (Foto: Arquivo Pessoal)
Outra crítica feita por Zé é em relação à desorganização local. A única
coisa a ser comemorada por ele era o baixo custo para fazer longos
deslocamentos de táxi. Brincando, ele fala que é possível conhecer a
Bolívia com apenas R$ 15.
- O trânsito era muito maluco, não tem sinal, não existe sinalização
nenhuma. Agora, era tudo muito barato. A moeda local é muito defasada em
relação ao real. Com R$ 15, você consegue rodar a Bolívia inteira de
táxi. E os taxistas ficam mastigando folhas de coca (risos). Às vezes é
para melhorar a circulação deles, mas servia como um comprimido para
ficarem elétricos.
Rubro-negro ou botafoguense?
Formado na base do Botafogo e com uma passagem pelo Flamengo, Zé sempre
revelou que seu coração é dividido em relação aos arquirrivais. Pelo
Rubro-Negro, o amor vem de berço e tem uma lembrança marcante: a
conquista da Libertadores, em 1981. Pelo Glorioso, o carinho e o
respeito nasceram a partir do reconhecimento, de amizades e em razão da
projeção que ganhou dentro do clube.
- Tenho um respeito muito grande pelo Botafogo. Saí da categoria de
base, fui criado em Marechal Hermes. Esse respeito não vai faltar nunca.
O Flamengo é desde pequeno... Lembro da final contra o Cobreloa, me
marcou muito. Meu pai saiu pelas ruas da minha cidade, no interior da
Bahia (Ipirá, a 202 km de Salvador). Joguei um ano e meio no Flamengo e
até hoje as pessoas me conhecem como jogador do Flamengo. Mas o respeito
pelo Botafogo talvez seja até maior do que pelo Flamengo. O clube me
projetou no cenário brasileiro, e passei sete anos na base. Meus
melhores amigos foram feitos no Botafogo, como Sérgio Manoel, Túlio,
Gottardo e Wilson Goiano.
Em defesa de Deivid
Embora coloque o Bota acima do Flamengo no quesito respeito, Zé, ao
falar dos constantes pedidos que diz receber para que volte a vestir
vermelho e preto profissionalmente, dá seus pitacos sobre o atual
momento do atacante rubro-negro Deivid.
- Até hoje as pessoas me pedem para eu voltar para o Flamengo, dizendo
que os atacantes de lá não fazem gols. Acho que o Deivid está deitando
nos outros times agora. Ele é um artilheiro - disse Zé, defendendo o
camisa 9 do seu clube de infância.
Zé Carlos em ação pelo Bolívar em partida contra o Unión Española (Foto: EFE)
Mais Bolívia
Novamente citando a altitude, o atacante aponta o Campeonato Boliviano como um dos mais complicados que jogou.
- Para mim, foi o campeonato mais difícil de todos em que atuei fora. E
olha que joguei em Coreia, Chipre, Portugal... A Bolívia não tem esse
futebol todo, mas a altitude é muito complicada. Jogávamos em La Paz com
uma altitude de 4.200m. Depois, íamos para Cochabamba, no nível do mar.
Era subir para Potosí, a 4.800m, e descer para Santa Cruz de La Sierra.
A cabeça parecia que ia estourar e sentia uma dor de cabeça
impressionante. O nosso corpo pesava, e o aparelho digestivo demorava
muito para trabalhar. Devo ter ido umas 40 vezes para a câmara
hiperbárica para me habituar, ficava por uma hora tentando oxigenar o
corpo. Foi muito difícil.
Zé ainda revela uma curiosidade que contraria a fama de a Seleção
Brasileira ser querida em todos os cantos do planeta. Segundo ele, por
lá a torcida é sempre contra o Brasil.
- Percebi muito uma coisa que não esperava. Pensava que a rivalidade
era só com a Argentina, porque o futebol deles é compatível com o nosso,
mas também há uma certa bronca do Brasil. Pelo menos não estou na
Argentina, parece que eles têm uma dor de cotovelo do Brasil, e não é
para menos. A Argentina vive manipulando todos esses países. Brasileiro
vai para jogar e mostrar nosso futebol, mas sofre. Escutava piadas nos
jogos da Seleção, não torcem para o Brasil. Brasil x EUA, eles são EUA.
Torcem para a França, não dão o braço a torcer.
Zé Carlos jogou o Brasileiro de Showbol, em setembro, pelo Botafogo (Foto: Divulgação/Ricardo Cassiano)
Mais dois anos de carreira e brincadeira com o gol mil de Túlio
De volta ao Brasil no segundo semestre de 2011, Zé participou do
Brasileiro de Showbol e não mostra pressa para conseguir um clube.
- Vão pagar para eu jogar? Eu me garanto. Mesmo com 36 anos, não vou
querer ficar no banco, quero brigar por vaga. Já me procuraram, mas
quero algo legal. Não quero me meter em furadas. Acredito que até o fim
de dezembro tudo estará resolvido, mas tenho de esperar terminar a
temporada - esclareceu.
Questionado sobre quanto tempo ainda tem de futebol, o experiente
atleta fala em mais dois anos, estourando três, e provoca o
ex-companheiro Túlio, hoje no Bonsucesso.
- Minha programação é para mais uns dois ou três aninhos de futebol.
Estou com 36, e para chegar aos 40 tem de ser muito Túlio Maravilha
(risos). Não tenho contra como ele, mas alguns gols eu fiz para ser
chamado de Zé do Gol. Essa corrida do Túlio atrás do gol mil é política
pura (risos), mas ele é um cara gente boa. Fomos campeões brasileiros e
do Rio-São Paulo pelo Botafogo. Ainda jogamos juntos no Juventude -
brincou.