SÃO PAULO
Técnico são-paulino explica opção pelo esquema com três zagueiros, nega ressentimento com Cuca e fala que o São Paulo, com reforços, pode ficar no grupo de cima do Brasileiro
Por Marcelo Hazan,
São Paulo
Uma vitória justa não só pela superioridade tática, mas pela dedicação
dos jogadores. Foi dessa maneira que o técnico do São Paulo, Rogério
Ceni, analisou a vitória de 2 a 0 sobre o Palmeiras,
na noite deste sábado, no Morumbi. Com o resultado, o Tricolor chegou
aos seis pontos, na terceira colocação do Campeonato Brasileiro ao fim
da primeira parte da terceira rodada.
– A vitória é dos atletas, não minha. Eles fizeram tudo o que foi
pedido. Enfrentar o Palmeiras atualmente e sair vitorioso é algo
relevante para todos. Temos que reconhecer que do outro lado pode
existir um elenco mais forte até mentalmente. Por isso, é preciso se
moldar ao adversário. Mas, volto a dizer, se não fosse a dedicação dos
atletas, não teria parte tática que fizesse diferença – afirmou o
comandante são-paulino.
Na entrevista coletiva, Ceni também explicou a opção pelo esquema com
três zagueiros, falou sobre o mau momento vivido pelo meia Cueva e
encheu a bola de dois dos seus comandados: Jucilei e Lucão, que se
destacaram na vitória no clássico.
Veja abaixo:
Vitória acrescenta muito para a sequência do trabalho?–
Temos de encarar o Brasileiro como se fossem 38 finais. Sempre falo que
o mais difícil é se manter no grupo da frente, junto com Palmeiras,
Santos, Atlético-MG e Flamengo, que são equipes que investiram muito ou
mantiveram o trabalho do ano passado. O Grêmio joga amanhã, tem jogo
difícil. Quem tem quatro pontos, ficará apenas um na nossa frente. Temos
chances de fazer uma boa campanha e conto com alguns reforços.
Time aprendeu a sofrer?–
Essa postura vai depender do adversário. Eu não tinha uma ideia exata
de como o Palmeiras jogaria. Tinha a convicção que o Michel jogaria na
lateral-esquerda, mas o Mayke não. Mas eles também não imaginavam o São
Paulo com três zagueiros hoje. Taticamente, foi um duelo muito
interessante. No estilo de jogo, soubemos sofrer. Temos que reconhecer
que do outro lado pode existir um elenco mais forte até mentalmente e
saber se moldar ao adversário. Mas se não fosse a dedicação dos atletas,
não teria parte tática que faria diferença.
Esquema com três zagueiros usado no clássico:–
Eu só trabalhei nessa semana de acordo com o que fiz na pré-temporada,
onde usei o 3-4-2-1 ou 3-4-3. Você monta de acordo com o que você
imagina da equipe adversária. Eles tinham um leque de opções. Quando
cheguei no estádio, pensei que eles poderiam colocar o Jean no meio.
Isso encaixou com o nosso time. Tinha certeza que o Felipe Melo não
jogaria como terceiro zagueiro, foi uma reação ao que montamos.
Conseguimos igualar na parte tática. Soubemos nos defender com pressão
média, pressão baixa. Trabalhamos atrás da linha da bola e tivemos
contra-ataque.
Jucilei merece Seleção? E a atuação de Lucão?–
É delicado falar do Tite porque as pessoas podem interpretar errado,
como aconteceu na segunda-feira. O Rodrigo Caio é um grande menino,
minha resposta foi honesta e sincera. Como primeiro volante, o Jucilei é
fantástico. Chegou acima do peso, colocamos aos poucos. Hoje é titular
da posição, dá estabilidade ao time, tem força física, força mental.
Seleção é critério do treinador dela. Já o Lucão eu sempre acreditei
nele. Ele é um jogador de muito potencial, o São Paulo não deve
desprezá-lo e pode render frutos financeiros no futuro. Ainda mais agora
com o Rodrigo especulado para sair. O Lucão é muito útil, assim como o
Militão.
Algum ressentimento com o técnico Cuca, com quem se desentendeu em 2004?–
Não tem nenhum ressentimento. Como treinador, ele é um ótimo construtor
de time. Eu também tomaria as dores de um membro da minha comissão. O
que acontece no vestiário fica no vestiário. Até por isso, fiz questão
de cumprimentar o Omar Feitosa hoje. No calor da partida, você toma
atitudes que, com calma, não tomaria. A gente aprende com todos os
treinadores, o que se fazer e o que não se deve fazer. Ele monta times
de trás para frente. Só tenho agradecimento a ele pela forma que me fez
enxergar o futebol quando trabalhamos juntos.
Atuação de Marcinho como ala:–
Eu fecho os treinos, mas já vinha treinando com o Marcinho nessa função
para quando precisássemos. Inicialmente, pensei três zagueiros com um
lateral de ofício. Quando o Cuca convocou todos os jogadores, imaginei
que o Michel poderia ganhar uma chance e aí o Marcinho poderia levar uma
vantagem. Era a maneira de não ter um time tão defensivo. Trabalhei na
maior parte do tempo no 3-5-2.
Atuação de Cueva:–
O Cueva está um pouco abaixo. Fez uma partida melhor contra o Avaí, mas
soube recompor no meio quando necessário. Quando senti que ele estava
cansado, coloquei o Thomaz.
Por que não escalou o Lugano mesmo com esquema de três zagueiros?–
Lugano está sempre bem fisicamente, está disposto a jogar. Elogio pelo
comportamento e pelo profissionalismo. Ajuda muito dentro e fora de
campo. Eu preciso tentar entender a partida. Iria enfrentar talvez o
time mais veloz do Campeonato Brasileiro, independente de quem jogasse.
Isso não é a principal característica do Lugano. O Maicon trabalhou a
parte física nos últimos dias. O Lugano é um grande amigo, um grande
parceiro e se comporta muito bem. Dou a braçadeira de capitão a ele
quando joga para que todos tenham a noção da importância dele para o São
Paulo.