domingo, 12 de dezembro de 2010

Tricampeões do mundo em 1970 divergem sobre Brasileirão-2010

Alguns o consideraram de bom nível técnico e outros, com altos e baixos, mas PC Caju critica atual 'futebol de guerreiros'. "Cadê chapéu e caneta?"

Por Márcio Mará Rio de Janeiro
Palavra de quem sabe. Pode-se concordar ou não, mas é bom sempre respeitar a opinião daqueles que jogaram em um dos maiores times do planeta. A Seleção Brasileira tricampeã do mundo em 1970 é saudada até hoje como sinônimo de futebol arte. As cenas de TV ou de cinema comprovam para quem não viu. Na última segunda-feira, no Prêmio Craque Brasileirão, ao receberem a homenagem da CBF e do governo brasileiro, que criou aposentadoria para os eternos ídolos, os eternos canarinhos opinaram sobre o nível técnico da principal competição do país.
Estamos na fase de brucutus, jogadores guerreiros"
Paulo Cézar Caju
Se alguns gostaram do rendimento das equipes, houve quem visse altos e baixos ou detestasse o campeonato. O ex-goleiro Félix preferiu celebrar a conquista do Fluminense. Campeão em 1970 do Robertão (Taça de Prata), título que o clube tenta reconhecer como Brasileiro, elogiou inclusive os três goleiros que a equipe de Muricy usou no campeonato - Ricardo Berna, Fernando Henrique e Rafael. Mas, ao contrário do Papel - como o paredão tricolor era conhecido -, Paulo Cézar Caju, que desfilou seu talento nos gramados em vários grandes clubes, inclusive na Máquina Tricolor bicampeã carioca de 1975-76, disparou a metralhadora giratória.
- Achei o campeonato horroroso, com futebol medíocre. Virou esporte de quem tem mais de dois metros de altura. Estamos numa fase de brucutus, jogadores guerreiros. A maioria das partidas teve mais de 100 passes errados. Vê se eles sabem dar um chapéu, uma caneta...Os dois maiores jogadores do Brasil nunca vingaram na Argentina, o Conca e o Montillo... Pô, eu vi Gérson, Rivelino, Didi e tantos outros meias fora de série, criativos. O único cara cerebral aqui é o Paulo Henrique Ganso - disse o ex-ponta-esquerda e meia, bicampeão carioca (1967-68) e campeão da Taça Brasil (1968) no Botafogo, campeão carioca no Flamengo (1972) e mundial interclubes no Grêmio (1983).
Felix, paulo cesar caju, ado festa craque brasileirãoPara Paulo Cézar Caju (C), que brinca com Ado (D), Brasileiro mostrou futebol medíocre. Félix  (E) ainda comemora título brasileiro conquistado pelo Fluminense (Foto: Divulgação / CBF)
Visivelmente irritado com a organização do evento, enquanto aguardava, à esquerda das escadas principais do Teatro Municipal, o momento de entrar com os demais tricampeões para assistir ao evento - "Estamos aqui largados suando neste calor enquanto gente que nunca chutou uma bola está lá no ar-refrigerado" -, PC Caju ganhou o coro do amigo Jairzinho. Companheiro nos tempos de Botafogo e Seleção Brasileiro, o Furacão não ficou satisfeito com o Brasileirão.
- O nível técnico foi baixo. Vi apenas três jogadores se sobressaírem... O Conca, o Montillo e o Neymar - disse o goeador do Brasil no México, campeão da Taça Brasil (1968) e bicampeão carioca pelo Botafogo (1967-68) e campeão da Libertadores pelo Cruzeiro (1976).
Carlos Alberto Torres, o capitão do tri, também não ficou empolgado com a competição.
- Achei média. O Fluminense mereceu o título. Isso foi indiscutível. Mas o campeonato não foi como tivemos antes. No ano passado, a arrancada do Flamengo deu mais emoção. Agora, o primeiro colocado terminou com 70 pontos, um número baixo se compararmos com o do Cruzeiro, em 2003, que chegou aos 100 - disse, esquecendo-se de que, na época, a competição era maior, com 24 clubes, o que dava 46 jogos por equipe, em vez dos atuais 38.
Conca fez a diferença. Achei o campeonato bonito, e a torcida se comportou bem"
Brito
O capitão do tri destacou Conca e o conjunto do Fluminense na campanha do título, para ele, bom para o futebol carioca, com dois campeões seguidos. Mesma opinião de Edu, ex-ponta-esquerda do Santos, que encantava o futebol brasileiro com seus dribles e também viu a competição atual com bons e maus momentos..
- O Flu foi campeão brasileiro porque foi o mais regular. Mas chegou a dar mole. Só que os outros também deram...
Grande xerife da zaga no futebol brasileiro nos anos 60 e 70, o ex-zagueiro Brito, que brilhou no Vasco, Flamengo e Botafogo, também se derreteu pelo craque argentino campeão pelo Tricolor carioca.
- Conca fez a diferença realmente e caiu no gosto da torcida. Isso mostra que a rixa entre Brasil e Argentina é só ali no campo, na hora em que a bola rola. Gostei de o Fluminense ter sido campeão, é bom aqui para o Rio. E achei o campeonato bonito, os torcedores se comportaram muito bem.
Reserva de Tostão na Seleção de Zagallo, Roberto Miranda, que junto com Jairzinho e Paulo Cézar foi bicampeão carioca e levou a Taça Brasil pelo Botafogo, teve opinião diferente dos ex-parceiros de ataque ao analisar o Brasileirão.
- Foi um bom campeonato, e gostei muito do Flu, especialmente do Ricardo Berna e do Conca, que acho com stilo bem parecido com o do Messi - disse o ex-atacante, que vê em Kléber, do Palmeiras, o mesmo jeito guerreiro com que brigava na área com os zagueiros. - Para atacante não tem bola perdida - disse o botafoguense, fã do uruguaio Loco Abreu.

Guga vence Agassi na reedição de histórico duelo

Brasileiro superou americano em dia de festa no Maracanãzinho

Guga se estica para devolver bola de Agassi (Foto: Gilvan de Souza) Guga se estica para devolver bola de Agassi durante o jogo (Crédito: Gilvan de Souza)
Felipe Mendes
Publicada em 11/12/2010 às 22:05
Rio de Janeiro
O jogo era uma festa. E o americano Andre Agassi não seria o estraga-prazeres na comemoração dos dez anos do título de Gustavo Kuerten na Masters Cup de Lisboa, em 2000. Na ocasião, Guga venceu Agassi na final e assumiu a liderança do ranking da ATP. Neste sábado, diante de um Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, bem cheio, o americano executou algumas boas jogadas, mas acabou derrotado por Guga por 2 sets a 0, parciais de 7-5 e 7-6 (7-5).

Mas se Guga venceu o duelo na quadra, Agassi superou o brasileiro na disputa de aces. Com 13, o americano irá doar R$ 13 mil para o Criança Esperança. Já Guga, que fez sete, doará R$ 7 mil. Caberá à empresa Geo Eventos, organizadora do Tênis Espetacular, doar R$ 20 mil para o Instituto Guga Kuerten.

Já no Desafio das Playlists, em que o público escolhia as músicas favoritas dos dois ex-tenistas para tocar nos intervalos, deu empate: 6 a 6.

O jogo em si foi um duelo equilibrado. No primeiro set, os dois jogadores não conseguiam quebrar o saque um do outro. Guga até teve uma oportunidade quando vencia por 5 a 4, mas desperdiçou. O brasileiro só obteve a quebra para vencer o set em 7 a 5.

No segundo set, a partida seguiu equilibrada. Então, não era de se esperar que a disputa fosse parar no tie break. Guga abriu 4 a 2 e depois 6 a 3. Com 6 a 5, o brasileiro pediu o apoio da torcida e foi prontamente atendido. Resultado: fez 7 a 5 e venceu o segundo set por 7 a 6.

Após a partida, muitas homenagens em quadra. Agassi declarou que, quando enfrentava Guga, era mais velho e mais experiente. E que agora é somente mais velho. Visivelmente emocionado, principalmente depois de assistir a um vídeo com os principais momentos de sua carreira, Guga agradeceu o apoio da torcida ao longo dos anos.

Para finalizar a noite, incentivado pelo mestre de cerimônias Luciano Huck, Guga subiu no palco e, ao lado do cantor Roberto Frejat, cantou "Pro dia nascer feliz", música do Barão Vermelho.