Técnico lamenta tristeza com rebaixamento do Vasco no Campeonato Brasileiro
Por Raphael Zarko
Curitiba
Jorginho se emocionou. Em entrevista coletiva após o empate por 0 a 0 com o Coritiba, na tarde deste domingo
(veja os melhores momentos no vídeo clicando no LINK da FONTE abaixo no final da matéria), que decretou o terceiro rebaixamento do Vasco para a Série B do
Campeonato Brasileiro - foi a terceira queda do clube nos últimos oito
anos -, o técnico não segurou as lágrimas ao comentar a situação
pós-queda. O comandante, que assumiu o time no returno e somou 28 pontos
- mais que o dobro dos 13 do primeiro turno -, comparou a tristeza à
perda de um familiar, lamentou a reação ter começado tarde e já projetou
o futuro em São Januário.
- Boa noite. Quero agradecer a Deus por não ter perdido esperança, se
entregado. Dado saúde para suportar tanta pressão, tanta desconfiança, a
gente tinha condições de reverter isso.
Sentimento como se tivesse
perdido alguém na família, dor muito grande. Queria pedir desculpas ao
torcedor do Vasco da Gama, que nos apoiou em todo momento. Se existe
algo que foi positivo, além da entrega dos jogadores em todos momentos,
foi acreditar no trabalho que viemos a desenvolver a partir do jogo do
segundo turno. Se chegamos onde chegamos, com possibilidade de ficar na
Primeira Divisão na ultima rodada, tem a ver com o torcedor e fez com
que recebêssemos algo a mais. Fica a tristeza de não conseguir objetivo maior, mas a vida continua.
São experiências que nos fazem melhores profissionais. O caráter foi
muito lapidado nesse período. Falei com todos, falei isso: demos nosso
melhor, vamos sair de cabeça erguida. Infelizmente, não foi suficiente
para que fugir do rebaixamento. Mas nossa vida profissional continua,
vamos procurar fazer o melhor. Alguns partirão, outros ficarão. Os
que ficarem, darão o melhor para que o Vasco volte. É o lugar que merece
estar. É a realidade, temos que encarar.
(veja a íntegra da coletiva do treinador em vídeo, clicando no LINK da FONTE abaixo no final da matéria ). )
Jorginho
não segurou as lágrimas ao lembrar de tudo o que passou nesses quase
quatro meses em São Januário, com direito a noites de insônia. O
técnico, porém, garantiu que tudo foi feito da melhor forma possível e
que não mudaria nada se pudesse voltar atrás. Mas reclamou da perda de
pontos em confrontos diretos e de um pênalti sofrido por Nenê neste
domingo.
- Não tenha duvida que procuramos fazer tudo dentro das possibilidades.
Algumas noites consegui dormir, muitas não (pausa e choro). Entreguei minha
vida. Tudo que eu tinha de conhecimento no futebol, tudo que eu acumulei
de experiência nos clubes que passei, como atleta e como jogador. Não
faria nada diferente, demos nosso melhor, os jogadores fizeram o melhor.
Agradeci muito. Acredito que o olhar quer dizer muita coisa. Via no
olhar a entrega, a confiança no trabalho. Por isso, não tinha como fazer
diferente. No decorrer do segundo turno foi confuso, difícil... Debaixo
de tanta pressão, conseguimos resultados maravilhosos a partir do
quinto jogo. Mas, infelizmente, não foi suficiente. Não adianta lamentar
alguns pontos perdidos diretamente, em confronto direto. Mas
realmente foi assim. Segundo turno muito confuso em termos de
arbitragem. Não foi a principal coisa, mas foi pênalti. O Wilson, que
jogou comigo, disse que foi pênalti. O que é a tristeza. Não tenha
dúvida que merecia algo diferente. Por hombridade. Essa torcida
apaixonada que não alcançou o objetivo que tanto merecia.
Jorginho reclamou de um pênalti em Nenê no
jogo (Foto: Foto: GERALDO BUBNIAK/
AGB/ESTADÃO CONTEÚDO)
O
Vasco caiu pela terceira vez em sua história para a Série B, todas as
quedas aconteceram nos últimos oito anos e foram com o time na 18ª
posição. O primeiro rebaixamento foi em 2008, quando o clube perdeu na
rodada final para o Vitória por 2 a 0 em São Januário e terminou com 40
pontos. O segundo ocorreu em 2013, após goleada sofrida por 5 a 1 para o
Atlético-PR na Arena Joinville e ficou com 44 pontos. Agora, a degola
acabou decretada com 41 pontos após o empate por 0 a 0 no Couto Pereira.
Confira outros temas da entrevista coletiva do treinador:
SENTIMENTO
O
sentimento que fica é de como se tivesse perdido alguém na família. Dor
muito grande. Queria pedir desculpas ao torcedor do Vasco que nos
apoiou em todo momento. Se existe algo que foi positivo, além da entrega
dos jogadores, foi que eles acreditaram no trabalho que viemos
desenvolver a partir do segundo turno. Se chegamos aonde chegamos, com
possibilidade de sair da zona. Fica a tristeza de não conseguir o
objetivo, mas a vida continua. São experiências que nos fazem melhores
profissionais, que lapida o caráter. Falei isso com todos, demos nosso
melhor, temos que sair de cabeça erguida. Infelizmente não foi o
suficiente para que fugíssemos do rebaixamento.
Alguns partirão,
outros chegarão e os que ficarem darão o melhor para que o Vasco volte
para o lugar que merece estar. Não poderia de forma nenhuma ficar mais
de 180 dias no Z-4, não merecia isso. Merecia sucesso dentro da
competição, mas é a realidade e temos que encarar.
EMOÇÃO DO TREINADOR
Não
tenha dúvida que procuramos fazer tudo dentro das possibilidades.
Fiquei noites sem conseguir dormir, entreguei minha vida (neste momento,
o treinador para de falar e embarga a voz, bem emocionado), tudo que eu
tinha de conhecimento no futebol, tudo que eu acumulei de experiência
nos clubes que passei, como atleta e como treinador. Não faria nada
diferente, demos nosso melhor.
Não adianta lamentar alguns
pontos perdidos diretamente, mas realmente foi assim. Segundo turno
muito confuso em termos de arbitragem, não quero dizer que foi a
principal coisa. Mas hoje teve pênalti. Wilson (goleiro do Coritiba),
que jogou comigo, me disse que foi pênalti. Agradeci muito aos
jogadores. Acredito que o olhar quer dizer muita coisa. Via no olhar a
entrega, a confiança no trabalho, por isso não tinha como fazer
diferente. No decorrer do segundo turno foi confuso, difícil debaixo de
tanta pressão e conseguimos resultados maravilhosos a partir do quinto
jogo. Mas infelizmente não deu
FICA?
Não
pensei sobre essa situação. A gente em nenhum momento teve conversa em
relação a isso. A tristeza é tão grande que não dá nem para pensar. A
gente tem que digerir bem isso e conversar com calma sobre tudo que está
por vir.
CONFIANÇA NA VIRADA
Vasco já
passou por situações como essas e vai se reerguer novamente. Aconteceu
com outros grandes, como o Vasco, que é a terceira vez. Difícil definir,
foi ao longo do percurso. Criamos um ambiente apesar de termos 43
jogadores. Hoje, quando Riascos saiu, saiu chateado, queria ganhar. Mas
pensei em não perder equilíbrio. Se levássemos o gol tudo ia por água
abaixo de vez. Queríamos manter a força ofensiva, com desejo de
conquistar. Mas a defasagem de pontuação do primeiro turno foi muito
grande, trouxe sobrecarga grande. Mas quero dizer: faço parte dessa
equipe, desse resultado, me sinto completamente responsável por tudo.
CONTROLE E APOIO
Cheguei
de volta ao Vasco numa data marcante, no meu aniversário. Tinha sido
treinador do Flamengo em 2013 e ia enfrentar justamente o Flamengo na
Copa do Brasil. Nessa hora tem que buscar forças de onde pensa que não
tem. Foi realmente trabalho árduo. Cresci como treinador, homem,
amigo... É difícil, às vezes quer explodir, tem que se conter, ter
equilíbrio necessário. Até o fim pensei que seria possível, chegamos
perto de tirar o vasco dessa situação. Isso aumenta o respeito, o
carinho por uma equipe que me deu essa resposta e uma diretoria que me
deu apoio. Nos momentos mais difíceis ele disse que continuava
acreditando. 'Você está no caminho certo, acredito em vocês'.
FUTURO DO CLUBE
O
clube tem força, se reestruturando para justamente desempenhar papel
bonito dentro de campo. Acredito sinceramente que vai se reerguer no
próximo ano. Tenho pouco tempo de volta para detectar mais, não
trabalhei com a diretoria passada, mas o importante é que tem condições
de se reerguer
APOIO DA TORCIDA
Chega a
ser algo que nos constrange acompanhar tudo aquilo, no estádio, a
temperatura do contato com eles. Não teve um que não veio passar
incentivo, com respeito, sem cobrança. Todos são completamente
apaixonados pelo clube
É um clube que tem uma torcida
extremamente grande em todo o Brasil e com certeza essa torcida vai
contribuir muito para a volta do Vasco em 2017. Foi um orgulho muito
grande ter participado disso, apesar de não ter conquistado a
permanência
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/vasco/noticia/2015/12/jorginho-chora-e-pede-desculpas-torcida-do-vasco-dor-muito-grande.html