Boullier fala de
Hulkenberg, admite crise financeira, mas garante que nome será escolhido
por méritos. Dirigente também comenta saída de Raikkonen
Por GLOBOESPORTE.COM
Enstone, Inglaterra
Eric Boullier, chefe da Lotus (Foto: Getty Images)
Sem poder contar em 2014 com Kimi Raikkonen, que acertou com a Ferrari, a Lotus não tem pressa para achar um substituto. Entretanto, não esconde que Felipe Massa – que perderá a vaga para o finlandês no time de Maranello – e Nico Hulkenberg,
da Sauber, estão na mira. Em entrevista ao site oficial da Fórmula 1, o
chefe do time Eric Boullier voltou a analisar esses dois nomes,
destacando bastante a experiência do brasileiro, que pode ser importante
em uma temporada com grandes mudanças de regulamento:
- Ambos são muito velozes. Felipe está mais no fim da carreira do que
no início. Ele quase foi campeão (em 2008) – foi campeão por meia volta!
Ele tem muita experiência, o que é muito valioso. Já Hulkenberg é bem
cotado no paddock. A questão é se gostaríamos de ser conservadores e
trabalhar com um piloto experiente – especialmente com os novos motores e
sistemas de energia do próximo ano – ou se apostaremos em um jovem? –
ponderou.
Perguntado o quão valioso seria ter um piloto que já venceu corridas,
como no caso de Felipe, que possui 11 vitórias no currículo, Boullier
seguiu:
- É verdade que você tem um nível diferente de confiança quando você é
um cara que já venceu corridas. Isso está na lista de prós de Felipe –
admitiu.
Dirigente falou de Massa e Hulkenberg, concorrentes por uma vaga na Lotus (Foto: Editoria de Arte)
Questionado se os problemas financeiros enfrentados podem fazer a Lotus
optar por um piloto em razão de patrocinadores, o dirigente rebateu na
hora:
- Terá efeito zero em nossa decisão. Quero escolher um piloto por mérito, não por dinheiro – garantiu.
Boullier, sobre Kimi: 'Situação era parecida ano passado e tudo foi resolvido'
E foi justamente a questão financeira que fez Raikkonen optar por
deixar o time. Recentemente, o finlandês admitiu que salários e
bonificações atrasados pesaram em sua decisão. Não escondendo o incômodo
com o fato de o assunto ter se tornado público, Boullier explicou a
situação:
- Bem, agora é de conhecimento público que atrasamos em pagá-lo e ele
ficou chateado. Ao gerenciar o fluxo de caixa (não falo de dinheiro em
si ou orçamento, que são garantidos pela Genii), é um problema quando
você tem custos fixos e quer manter o desenvolvimento. Você tem que
decidir onde gastar o dinheiro. Nossos fornecedores e pessoas-chave que
desenvolvem o carro foram nossa prioridade, talvez Kimi não fosse. Mas
ele estava em uma situação semelhante no ano passado nesse mesmo período
e tudo foi resolvido. Ele será pago.
Para Boullier, segurança financeira fez Raikkonen optar por Ferrari (Foto: AFP)
Ele admitiu a decepção com a saída do piloto, mas garante que a equipe não ficará abalada.
- Foi decepcionante, mas não amargo. Temos que lidar com os fatos. Não
podemos viver de expectativas. Adoraríamos manter Kimi e seguir a
história legal que construímos nos últimos dois anos, mas temos que
lidar com a realidade. A combinação Kimi e Lotus como marca encaixava
perfeitamente (tanto dentro quanto fora da pista). Kimi é uma
personalidade, um personagem. Ele tem carisma e é veloz aos domingos.
Mas nosso plano não é de um ano, temos que olhar para os próximos cinco
anos. Então sua saída não é tão crucial - minimizou.
Boullier também especulou os motivos para Kimi acertar com a Ferrari,
equipe que deixou no fim de 2009 pela porta dos fundos para abrir espaço
para Fernando Alonso, seu futuro companheiro em 2014.
- Minha aposta é que ele queria mais segurança, sim, mas também há
elementos de vingança. Mostraram a porta a ele no passado e agora o
chamam. Mas isso é apenas suposição. É melhor perguntar para ele.
'Joga pedra' na Genii...
O dirigente tratou também de dizer que a crise que o time passa é menor
do que aparenta e aproveitou para alfinetar a Genii, grupo financeiro
que controla a equipe:
- Veja em algumas outras equipes: na RBR e na Mercedes, essas
companhias patrocinam os times. A Genii tem uma estratégia diferente:
eles emprestam o dinheiro. É parte da estratégia que parceiros se juntem
à equipe para que a Genii recupere seus investimentos. Então, 70% da
dívida da Lotus vem da Genii. Amanhã, eles podem escrever dizendo que o
dinheiro é um patrocínio, e aí então nossa dívida será drasticamente
reduzida. Nossa dívida é similar a da maior parte das equipes. Se a
Mercedes, por exemplo, disser que o dinheiro investido em Brackley é
somente um empréstimo, então sua dívida com o time será muito maior que a
nossa – explicou.
Eric Boullier e Gerard Lopez, o co-fundador da Genii e dono da equipe Lotus (Foto: Getty Images)
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