Em entrevista ao
blog do jornalista Rica Perrone, presidente do Bota fala também sobre
relação com a torcida, permanência de Seedorf em 2014 e uso do Engenhão
Por GLOBOESPORTE.COMRio de Janeiro
A
derrota para o Goiás no último fim de semana deixou a disputa pela vaga
para a Libertadores mais apertada, mas o presidente Maurício Assumpção
continua inabalável em sua confiança de que o time estará na competição
continental em 2014. O planejamento para a próxima temporada já começou,
mas o dirigente sabe que nada pode ser fechado antes desta pendência
ser resolvida.
Maurício
revelou uma promessa dos jogadores, de não deixarem a classificação
escapar, mas mostrou que a ansiedade pela vaga não abalou seu bom humor.
E garantiu: um eventual fracasso não será perdoado facilmente.
-
Não vamos ficar fora da Libertadores. De jeito nenhum. Os jogadores me
prometeram que vão entrar na Libertadores. Se eles ficarem fora, estão
mortos. Mato um por um - disse, seguido de uma gargalhada, em entrevista ao blog do jornalista Rica Perrone.
Maurício Assumpção não duvida da classificação do Botafogo
à Libertadores (Foto: Fábio Castro / Agif)
A
torcida merece um capítulo à parte para o presidente alvinegro. A
pressão existe, sobretudo diante de decepções recentes no que diz
respeito à perseguição por uma vaga na Libertadores.
Recentemente, um
cartaz no Maracanã deixou clara a opinião das arquibancadas: é
obrigação.
Maurício vê com bons olhos o alto grau de exigência, mas não
considera ideal a relação dela com os jogadores. A baixa frequência
incomoda, principalmente com o que avalia como um bom desempenho do time
nos últimos anos.
Se eu tivesse que ter um sonho como presidente,
seria ter essa união entre torcida e jogadores
de uma forma plena."
Maurício Assumpção
- Faremos uma reunião com uma agência de
publicidade para fazer um estudo sobre o comportamento do nosso
torcedor, para entendermos um pouco mais. Estamos chegando bem em todas
as competições. Os jogadores não conseguem entender, porque vêm de
outros clubes e não conhecem a cultura do Botafogo. Eles me perguntam:
"O que mais precisamos fazer? (para que a torcida compareça)". Já
fizemos diversas ações de marketing do time com a torcida. Aí vem uma
derrota e parece que tudo aqui vai por água abaixo. A torcida tem um
papel fundamental. E se eu tivesse que ter um sonho como presidente,
seria ter essa união entre torcida e jogadores de uma forma plena.
O
Engenhão é outra preocupação do presidente alvinegro. Fechado até o fim
do próximo ano para resolver problemas de estrutura, o estádio gera
prejuízo. Menor atualmente, já que o clube não paga mais a taxa de
manutenção à Prefeitura, mas o fechamento emperrou alguns projetos e fez
com que o Botafogo precisasse entrar em acordo com o consórcio do
Maracanã para mandar seus jogos. Ainda assim, Maurício garante que não
abrirá mão do estádio e espera por dias rentáveis mesmo com a reabertura
do Maracanã.
-
O Engenhão é um bom negócio mesmo com o Maracanã aberto. Não há a menor
chance de o Botafogo abrir mão. Dependendo do que o Maracanã vai fazer,
com a obrigação de mínimo de número de jogos, eles vão perder muitos
eventos paralelos ao futebol. Estamos fazendo ajustes, através dos quais
o Botafogo será ressarcido de todo o prejuízo causado pela interdição
do estádio. Isso acontecerá aos poucos e de forma que o Botafogo não
será prejudicado. O Botafogo parou de pagar a manutenção, não é mais
nossa responsabilidade.
A postura de Maurício foi muito
criticada por alvinegros na época da interdição do Engenhão. Torcedores
cobraram uma atitude mais combativa. O presidente, no entanto, apela
para a estratégia para justificar seus atos.
Presidente fala do relacionamento com o prefeito Eduardo Paes (Foto: Edgard Maciel de Sá)
- Dizem que eu
não brigo com o prefeito porque vou ser candidato a deputado. Isso não
vai acontecer. Eu me filiei a um partido porque o Governador, o vice e o
Prefeito são desse partido. Achei que não houvesse nada demais. Falam
que uso o Botafogo como trampolim. Mas o tempo vai dizer quais foram as
providências que tomamos. Dentro em breve vocês vão ficar sabendo de uma
novidade que é muito por conta dessa negociação que o Botafogo está
fazendo (pelo fechamento do Engenhão).
No Maracanã, o Botafogo
joga suas últimas fichas neste Brasileiro em busca da vaga na
Libertadores. Muito do planejamento para o ano que vem depende da
classificação na competição continental, incluindo o papel de Seedorf.
O contrato do holandês é até junho de 2014, e o presidente espera que ele seja cumprido até o final.
As
notícias sobre problemas de relacionamento no vestiário protagonizadas
pelo jeito meio durão do meia foram rechaçadas pelo presidente
alvinegro, que deu uma nova perspectiva sobre o papel do experiente
jogador para o ambiente interno do departamento de futebol.
Seedorf fica até julho de 2014. Pelo Botafogo ele não sai. A não ser que
ele tenha algum outro projeto.
De idiota e burro ele não tem nada. Ele
vai avaliar o ano dele, as possibilidades para o próximo
ano, e avaliar o
que vai fazer.
Maurício Assumpção
-
Seedorf fica até julho de 2014. Pelo Botafogo ele não sai. A não ser
que ele tenha algum outro projeto. De idiota e burro ele não tem nada.
Ele vai avaliar o ano dele, as possibilidades para o próximo ano, e
avaliar o que vai fazer. Se o Seedorf tem problema de relacionamento com
o elenco, queria trazer mais cinco Seedorfs. Ele chacoalhou lideranças
no Botafogo que não sabiam o seu papel de líderes da equipe. Para se
chegar a esse processo é normal que aconteçam chacoalhadas. E que bom
que aconteceu isso.
O holandês foi um reforço que teve impacto
imediato, e o presidente admite que precisaria encontrar outro
profissional com perfil parecido caso perdesse o jogador. Contratar, no
entanto, nunca é fácil, principalmente pelo orçamento limitado. E o
dirigente revela nomes de alguns jogadores que o Alvinegro perdeu para
concorrentes por falta de dinheiro.
- O Thiago Ribeiro estava
certo para vir, o Dagoberto também. Não vieram por causa da grana.
O
Ronaldinho era um sonho para o time de 2010. Se estivesse conosco, tenho
certeza de que ele teria ido para a Copa. Falei isso para o Assis
(irmão e empresário de R10).
Maurício Assumpção se aproxima do
seu último ano de mandato. Pelo estatuto do clube, não pode se
candidatar a nova reeleição e garante que não pretende disputar outra
vez o cargo no futuro.
Como pontos positivos, comemora a reestruturação
das finanças do clube e das categorias de base. O saneamento econômico é
comemorado como uma conquista, algo como o título carioca de 2010,
considerado por ele o momento mais feliz de sua passagem pela
presidência. A cavadinha de Loco Abreu na disputa de pênaltis quase
rendeu um ataque cardíaco, mas a contratação do uruguaio é outro ponto
considerado um sucesso.
- Ganhamos com a cavadinha do Loco
Abreu, pude comemorar com meu filho e com meu pai. Foi bacana. Lembro de
chegar para o André (Silva, ex-vice de futebol) e falar: "Esse fdp está
maluco?". O André me respondeu: "Não sei, mas a bola entrou". E ele
repetiu isso na Copa. Não é loucura... é sangue frio. A gente não
contratou como ídolo - ele se fez ídolo. Quando soube que ele só jogava
com a 13, chamamos o Zagallo. E foi uma loucura com torcida querendo
invadir a apresentação. Tomamos um impacto com o que aconteceu. E
pensamos: "Esse cara dá liga". Um dos produtos que mais vende na nossa
loja é a camisa celeste alvinegra".
Depois de sofrer com o
quase rebaixamento em 2009, Maurício se orgulha dos avanços que enxerga
em General Severiano. E espera que a evolução possa seguir nos próximos
anos.
- Muita coisa foi feita por essa direção que tem que
continuar. Em três ou quatro anos o Botafogo deve estar em uma outra
realidade financeira, em outro patamar.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2013/11/assumpcao-brinca-sobre-libertadores-se-ficarem-fora-mato-um-por-um.html