Melhores da posição em seus últimos
torneios disputados, Rogério, de 1,66m, e Laís, seis centímetros mais
alta, sonham repetir feitos de Serginho e Fabi
Por Marcello Pires
Rio de Janeiro
Até o fim da década de 90 a maioria dos baixinhos não tinha vez em
esportes como basquete e vôlei. Se na modalidade da bola laranja a
situação pouco mudou com o passar do tempo, a não ser para fenômenos
como Spud Webb, Muggsy Bogues e Nate Robinson, que apesar de medirem, em
média, pouco mais de 1,60m, conseguiram fazer sucesso na NBA, o esporte
que mais deu títulos ao Brasil nos últimos dez anos sofreu uma
transformação com o surgimento do líbero. Adotada em 1997, a mudança
beneficiou principalmente o Brasil, muito por conta de craques como
Serginho e Fabi. Considerados quase que, por unanimidade, os melhores do
mundo, os campeões olímpicos ainda serviram como fonte de inspiração
para futuras gerações, que, aos poucos, vêm repetindo seus feitos e já
começam a escrever suas histórias.
No
alto de seus 1,66m, Rogério foi eleito o melhor do Mundial infanto, em
julho, no México, e já sonha em seguir os passos do ídolo Serginho na
seleção brasileira adulta (Foto: Arquivo pessoal)
Rogério Batista é o principal exemplo dessa evolução. Aos 18 anos, o
paranaense de Maringá, de apenas 1,66m, foi eleito o melhor do mundo no
Campeonato Mundial infanto, no começo de julho, no México. Menos de um
mês depois, ele mal teve tempo de descansar e já se prepara para repetir
o feito na competição juvenil, entre agosto e setembro, na Turquia.
A expectativa sobre ele é tão grande, que durante um período de treinos
da seleção principal o jogador chegou a ser convidado por Serginho para
bater uma bola com ele e o ex-capitão da seleção Giba (confira no vídeo
abaixo). Incrédulo, o camisa 4 das seleções infanto e juvenil quase
perdeu a fala, mas fez bonito ao lado do ídolo.
- Eu sempre fui líbero, desde quando comecei a jogar em 2009, aos 14
anos. O Serginho já era meu ídolo e uma referência para qualquer menino
que sonhava em jogar nessa posição. Quando ele me chamou para defender
com ele e o Giba durante um treino da seleção principal, em 2011, eu
demorei a acreditar que ele realmente estava falando comigo, mas aceitei
na hora. A emoção foi tanta que minhas pernas ficaram tremendo por
muito tempo (risos). Ele é o cara, não tem ninguém igual. O melhor de
todos os tempos. Nos falamos muito pouco, mas ele já me deu dicas
importantes e está sempre curtindo minhas fotos nas redes sociais -
elogiou a promessa, que está perto de fechar com o novo time de Maringá e
sonha disputar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
- Esse é meu objetivo, mas sei que a concorrência será muito grande.
Temos ótimos líberos no país, mas vou continuar trabalhando para chegar
lá com chances. Mas primeiro quero disputar a Superliga e realizar o
sonho de enfrentar o Serginho. Existe a possibilidade de acertar com o
novo time do Ricardinho e disputar a próxima Superliga.
Sucesso também entre as mulheres
O jogador do Amavôlei Maringá não é o único que tem brilhado com a
camisa do Brasil. Seis centímetros mais alta que o amigo, com 1,72m,
Laís Vasques foi escolhida a melhor líbero da Copa Pan-Americana da
Guatemala e espera repetir a trajetória de Rogério durante o Mundial
infanto feminino, na Tailândia.
- Não sei se vou conseguir repetir o feito do Rogério. Ele joga demais e
certamente será o novo Serginho. Temos um time forte e se conquistar o
título do Mundial na Tailândia já estará de bom tamanho. Se o prêmio de
MVP vier melhor ainda - afirmou Laís.
Aos 17 anos, Laís foi eleita a melhor líbero da Copa Pan-Americana na Guatemala (Foto: Arquivo pessoal)
Fã das jogadoras da seleção Fabi e Camila Brait, a líbero do Vasco teve
um começo de carreira um pouco diferente do amigo. Com 1,72m, Laís deu
seus primeiros passos nas categorias pré-mirim e mirim como
ponteira-passadora e só resolveu mudar de posição quando percebeu que
estava encolhendo ao lado das companheiras de time.
- Como eu joguei vôlei de praia, sempre fui muito habilidosa e isso
sempre me ajudou a ter um passe bom. Como eu fui ficando pequena ao
longo dos anos, decidi me tornar líbero no infantil. Como jogava no
Tijuca, e a Fabi treinava muito lá com o time do Rio de Janeiro, ela
acabou sendo uma referência muito grande para mim. Mas também gosto da
Camila Brait - explicou Laís, que apesar da enorme procura pela posição
de líbero não acredita que os baixinhos estejam ameaçados.
- O Rogério é a maior prova viva de que os baixinhos ainda terão vida
longa no vôlei. A procura pela posição e a estatura dos líberos estão
crescendo, mas os baixinhos sempre terão espaço por serem os mais
habilidosos - completou a líbero de 17 anos, que também está negociando
com alguns clubes para disputar a próxima Superliga.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/08/na-carona-dos-idolos-nova-geracao-de-liberos-brilha-com-camisa-da-selecao.html