quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Um ano após Londres, Arthur Zanetti se firma como Rei das Argolas

Com segurança financeira, campeão olímpico é exceção em crise da ginástica brasileira, constrói soberania em sua prova e é copiado por rivais

Por Marcos Guerra São Paulo


header 1 ano após Londres (Foto: arte esporte)
O pequeno passo lateral na saída das argolas não diminuiu a certeza. Arthur Zanetti comemorava ser o primeiro medalhista olímpico da ginástica brasileira antes mesmo de receber sua nota. A festa discreta virou um turbilhão de euforia com a confirmação: o brasileiro tornava-se campeão olímpico. A cena marcante nos Jogos de Londres, há um ano, virou rotina: repetiu-se em Stuttgart, Tóquio, Doha, Anadia, Kazan. O ginasta fez a conquista pesar a seu favor. Firmou-se como o Rei das Argolas, assumindo o posto do chinês Yibing Chen, e agora é ele o atleta é analisado pelos rivais orientais, que tentam copiar seus movimentos precisos. Zanetti se tornou referência.

- Ser filmado pelo chinês me surpreendeu, porque sempre foram eles a referência. Nós que os filmávamos. É um sinal de que a ginástica brasileira está crescendo. Ser essa referência foi algo que simplesmente aconteceu, apenas fiz a minha parte. É muito bom isso - disse o ginasta.

Mosaico Arthur Zanetti Londres 2012 (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com) 
Zanetti: Soberania nas argolas, ciúmes da namorada e xodó por cadela (Foto: Editoria de Arte)
 
O título de Rei das Argolas não é algo que Arthur persegue, mas a soberania na prova cada vez mais está em suas mãos. A receita para isso? Muito suor. Zanetti manteve o dia a dia de esforço e dedicação no tablado de São Caetano do Sul. Ao menos nos treinos, a única coisa que mudou depois de Londres foi a inclusão de um novo elemento, que pode ser batizado de Zanetti. Com um forte trabalho psicológico para afastar a pressão de ser o atual campeão olímpico, o ginasta colecionou ouros, só perdeu uma competição internacional - foi prata na Copa do Mundo de Ostrava, no ano passado - e ainda manteve sua nota perto dos 15,900 pontos da final londrina.
- Sempre fico bem tranquilo nas competições, porque nunca entro com a cobrança de ter um bom resultado. Faço minha parte. Esqueço que é uma competição. Encaro como um treino, e o resultado vem. Agora muita gente quer tirar fotos comigo nas competições, falam que um dia vão ser iguais a mim. Dou um incentivo. Sei que agora sou ídolo.

Zanetti percebeu que seu status junto aos fãs brasileiros havia mudado ainda em Londres. O primeiro impacto foi o grande interesse da mídia durante as Olimpíadas. Na chegada ao Brasil, não fosse pelos seguranças, o ginasta não conseguiria sair do aeroporto. Depois de uma carreata em São Caetano, Arthur pensava que as coisas iriam se acalmar. Estava enganado. O ginasta é parado na universidade onde cursa educação física e até no trânsito por fãs. Quando o assédio é feminino, a namorada Juliana Gatto fica muito enciumada, mas entende a nova posição de Arthur como estrela da ginástica.

A exceção na ginástica
Como principal nome da ginástica brasileira, Zanetti viu seu suporte financeiro crescer. Os antigos patrocínios da Caixa e da Sadia foram revisados com um bônus em reconhecimento pela conquista olímpica. Ele ainda firmou uma nova parceria com a Furnas por peças publicitárias. Esses apoios compensam o atraso nos salários de seu clube, o SERC de São Caetano do Sul. Em um período de crise na ginástica, em que outras estrelas nacionais como Jade Barbosa, Diego e Daniele Hypolito ficaram sem clube e, por um tempo, sem lugar para treinar, Arthur conseguiu certa segurança financeira.

Arthur Zanetti, em Sao Caetano do Sul (Foto: Osvaldo F/Contrapé) 
Arthur Zanetti teve um reconhecimento financeiro por sua conquista (Foto: Osvaldo F/Contrapé)
 
- Sou uma exceção, porque tenho um clube, tenho meu dinheiro. Não tenho o que reclamar em comparação aos outros ginastas brasileiros. Dá para viver até que bem com o que ganho. Sempre temos de pensar no depois da ginástica. Tento juntar bastante, fazer investimento a longo prazo para quando me aposentar.

Arthur Zanetti não comprou carro novo depois do ouro e continua morando com seus pais. A única nova aquisição foi uma cadela da raça Bull Terrier. Com dez meses, Ivi é o xodó do ginasta e de toda sua família. Foi a única grande mudança na vida pessoal do campeão olímpico.
- Sou um pai meio ausente. Quem tiver disponível na casa ajuda a cuidar da Ivi. Agora que estou de férias, levo ela para passear mais.

Com sua cadela, Zanetti está feliz. A única decepção do ginasta no período foi ter de lidar com as condições modestas dos aparelhos de seu clube. Ele esperava que a situação mudasse da água para o vinho depois do ouro olímpico. No entanto, só depois de considerar trocar de país se sua estrutura não melhorasse, o São Caetano do Sul ganhou o reforço de aparelhos enviados pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Zanetti já colocou ponto final na história. O ginasta mira outro ouro para fazer companhia à medalha olímpica, guardada sob proteção máxima num cofre de banco. Arthur quer dar sequência a sua trajetória dourada e faturar o inédito título mundial das argolas na Antuérpia, na Bélgica, entre 30 de setembro e 6 de outubro. Mais um passo rumo ao Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

info elemento zanetti (Foto: arte esporte)
 
FONTE;

http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2013/08/um-ano-apos-londres-arthur-zanetti-se-firma-como-rei-das-argolas.html

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