sexta-feira, 16 de maio de 2014

Médico brasuca no Atlético conta vida na Espanha e expectativa para "final"

Mineiro Gustavo Lucas atua há seis anos no clube e está confiante para ver time fechar com chave de ouro temporada histórica no Espanhol e na Liga dos Campeões


Por Juiz de Fora, MG


Gustavo Lucas Médico Juiz de Fora Atlético de Madrid (Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)Médico atua no time dos brasileiros Filipe Luis e Diego Costa (Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)

O Atlético de Madrid vive um momento histórico. Na mesma semana, o time tem a chance de conquistar dois títulos: o Campeonato Espanhol e a Liga dos Campeões. E no clube que alcançou resultados expressivos mesmo com o orçamento quatro vezes menor que os gigantes espanhóis Real Madrid e Barcelona, há um brasileiro que tem motivos de sobra para torcer pelos "colchoneros" e que não vai estar em campo: o médico mineiro Gustavo Lucas Passos de Souza, de 34 anos, responsável pelo Atlético B e demais equipes da base do clube. O GloboEsporte.com conversou com o profissional, natural de Juiz de Fora, que falou sobre a carreira, as experiências vividas na Espanha e a expectativa no Atlético para as decisões que se aproximam. Para ele, a temporada 2013/2014 é um marco na história do time, e o sentimento para o jogo decisivo deste sábado, às 13h, contra o Barcelona, fora de casa, é de confiança.

– Esse ano vai ficar marcado como aquele em que o time competiu de igual para igual com Barcelona e Real Madrid, mesmo com um orçamento para o futebol quatro vezes menor. É realmente um grande feito: semifinal da Copa do Rei, final da Liga dos Campeões e a um empate contra o Barça para ser campeão da Liga espanhola na última rodada. O ambiente no clube é de total confiança em poder ganhar os dois títulos, apesar da desconfiança da torcida com os últimos tropeços – contou.

Formado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Gustavo se dedica ao Atlético de Madrid há seis anos. Ele trabalha com jogadores com idades entre 10 e 23 anos, divididos em 11 times que, juntos, somam quase 300 atletas. A vocação para a medicina vem de berço. Neto e filho de médicos, o juiz-forano não teve dúvidas ao escolher a carreira. Antes de concluir a graduação, em 2005, fez um estágio de intercâmbio com um mês de duração em um hospital de Madri. No local, soube da existência da residência em Medicina do Esporte, e se preparou para a oportunidade. 

Gustavo Lucas Médico Juiz de Fora Atlético de Madrid (Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)Gustavo Lucas presta atendimento aos jogadores(Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)

– Sempre gostei de esportes e pratiquei vários deles, como natação, judô, futebol, tênis, mountain bike, corridas de rua e, agora, triatlo. Durante minha formação acadêmica, a cirurgia parecia ser minha área a seguir. Em 2004, quando estava em Madri para o estágio, começou o projeto Medicina Esportiva na Espanha. Me embasei e me preparei para vir para cá em 2007 depois de quase dois anos de formado e trabalhando com Medicina do Trabalho em Juiz de fora – lembrou Gustavo.

Menos de um ano após chegar a Madri, Gustavo foi aprovado na residência da Universidad Complutense de Madrid. Ainda no primeiro ano, veio o convite para trabalhar nas categorias de base do Atlético de Madrid. Atualmente, é responsável por todo o cuidado com a saúde dos atletas, da nutrição à prevenção de lesões, além de realizar exames os médicos na pré-temporada e em possíveis reforços. 


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– O médico esportivo tem a função de coordenar uma equipe multidisciplinar composta de fisioterapeuta, enfermeiro, nutricionista, massagista, podólogo, psicólogo, entre outros. Sempre contamos com a colaboração de médicos especialistas, como ortopedistas, cardiologistas, endocrinologistas etc. O atleta deve estar em perfeitas condições de saúde para poder render ao máximo dentro de campo. É nossa função fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que isso aconteça, sempre preservando a saúde do atleta – explicou.

Para Gustavo Lucas, poder carregar o nome do Brasil com o trabalho é uma grande satisfação, principalmente levando em conta o respeito que a medicina esportiva brasileira tem no exterior.

- Todos os professores que tive na minha formação na Espanha falavam muito bem da escola brasileira, inclusive alguns deles fizeram parte da formação na escola do professor Eduardo De Rose, do Rio Grande do Sul, que é médico do esporte, membro do comitê médico do Comitê Olímpico Internacional (COI) e uma das maiores autoridades mundiais de doping. Agora que a formação em medicina esportiva está regularizada no formato de residência médica, acredito que não perderemos em nada para a formação europeia, continuaremos formando profissionais de altíssimo nível - opinou.

Gustavo Lucas Atlético de Madrid Juiz de Fora (Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)
Gustavo Lucas atua no Atlético de 
Madrid há seis anos (Foto: Gustavo 
Lucas/Arquivo Pessoal)

Embora carregue a bandeira longe de casa, o médico garante que não tem dificuldades para matar a saudade do Brasil. Segundo Gustavo, a convivência com os atletas brasileiros é a melhor possível, e isso ajuda a driblar a distância da terra natal.

- É verdade que os brasileiros se juntam quando estão fora do país, em um time de futebol não é diferente. Sempre rola um almoço, um churrasco, uma música brasileira - disse.

brasil x espanha

Gustavo Lucas Médico Juiz de Fora Atlético de Madrid (Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)Gustavo e o zagueiro brasileiro Miranda(Foto: Gustavo Lucas/Arquivo Pessoal)

Privilegiado por acompanhar de perto outra cultura, Gustavo também vê diferenças no futebol da terra natal com o do atual lar. Mesmo sem ter trabalhado com o esporte no Brasil, ele disse que é fácil notar as características divergentes.

- Na Espanha, e na Europa em geral, o jogo é muito mais tático e de equipe, com velocidade no toque de bola e muita força física. No Brasil, ainda valorizam mais o talento individual do jogador e o jogo é bem mais lento - destacou.

Apesar das observações, quando questionado sobre a Copa do Mundo, o mineiro não esconde o coração brasileiro e garante: a torcida vai para o Brasil.

- A Espanha chega como favorita para a Copa, ao lado das outras grandes seleções, até porque é a atual campeã mundial e bicampeã europeia. Mas não se pode negar que os principais jogadores desse time não fizeram um bom final de temporada, que estiveram abaixo da média. Não sabemos se estavam medindo esforços para chegar bem na Copa ou se realmente não renderam o esperado, o que tem gerado dúvidas na cabeça do torcedor espanhol. Sem nenhuma dúvida, sou Brasil na Copa! Sou brasileiro e com muito orgulho! 
Mas, se o Brasil for eliminado antes da final e a Espanha chegar lá, torcerei por eles, é claro. Afinal, a quinta parte da minha vida foi vivida aqui. Tenho muito respeito, carinho e gratidão por essa terra - finalizou.


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