sexta-feira, 16 de maio de 2014

Brasil Afora: barco e moto ajudam Princesa a rodar 16.600km em viagens

Atual campeão amazonense encara viagens noturnas ("descontraídas", garante técnico) pelos rios e com torcedores guiando as motos pelas estradas


Por Manaus

Princesa do Solimões  (Foto: Ozy Araújo/Portal do Ozy)
Elenco do Princesa festeja vitória 
dentro de barco, no caminho de 
volta para Manacapuru (Foto: 
Ozy Araújo/Portal do Ozy)

A 84 km de Manaus, capital do Amazonas, está o município de Manacapuru. 
Com cerca de 90 mil habitantes, a cidade tem uma paixão: o Princesa do Solimões. Campeão amazonense de 2013 e finalista da atual edição, o Tubarão é o time do estado em maior evidência no cenário nacional. Nessa quinta-feira enfrentou o Santos na Vila Belmiro, pela Copa do Brasil. Foi eliminado de sua primeira participação ao perder por 4 a 2 e somou quilometragem ao histórico da equipe, acostumada a ir para os jogos de barco, moto, ônibus ou avião.

Princesa do Solimões (Foto: GloboEsporte.com)Time viajou por municípios do estado durante o Campeonato Amazonens (Foto: GloboEsporte.com)

Somente neste primeiro semestre, por disputar três competições simultaneamente, o time viajou o suficiente para ir ao Japão. Foram cerca de 16.600km rodados, pelo Amazonas e o resto do país, contra menos de 16 mil para chegar à terra do sol nascente partindo de Manaus. Até agora, foram quatro municípios do interior do Amazonas, três estados (Amapá, Pará e São Paulo) e o Distrito Federal. Para rodar tudo isso, o Tubarão foge do padrão primeira divisão e se aventura pelo interior de forma inusitada. Esqueça os meios de transporte comuns.

Barco? Não, voadeira. Para chegar a Manaquiri (a 54 km de Manaus), por exemplo, o Princesa usa essa embarcação (ilustrada na foto acima) movida a motor, com estrutura de casco e alumínio, bastante comum na Amazônia. Você pensa: “Que dureza”. “Não, que barato”, rebate o técnico Marquinhos Piter, que brinca com o meio de transporte e diz que a viagem é muito mais alegre e divertida.

- É uma viagem muito boa, muito descontraída. O município de Manacapuru, junto com o de Manaquiri, fez essa parceria, e lá a gente é bem recebido. 
Dessa vez a gente fez um jogo contra o Penarol lá e conseguiu a classificação (para a final do segundo turno estadual). Na volta era só alegria, só felicidade. A gente pega a lancha e é uma viagem descontraída, boa, tranquila. O povo lá do Manaquiri recebe a gente muito bem - contou Piter, que comandou a equipe no título inédito do Amazonense em 2013.

Princesa do Solimões  (Foto: Ozy Araújo/Portal do Ozy)
Time atravessa o Rio Solimões para ir 
e voltar de Manaquiri (Foto: Ozy 
Araújo/Portal do Ozy)

Mais saudoso, o diretor de futebol Raphael Maddy lembra a trajetória do Princesa em outros tempos. Há três anos, o Governo concluiu a Ponte Rio Negro, que liga Manaus a Iranduba e Manacapuru. Antes disso, foram 23 anos de viagens semanais de balsa para as partidas do Barezão. Em todos esses anos, o Tubarão não conquistou um título estadual sequer.

Princesa do Solimões  (Foto: Ozy Araújo/Portal do Ozy)Maddy (laranja) lembra trajetória de 23 anos usando balsa para viajar (Foto: Ozy Araújo/Portal do Ozy)

- O Princesa viveu 23 anos atravessando o rio para jogar. Foram 23 anos! Em todos os fins de semana pegávamos a balsa para poder jogar, porque ainda não tínhamos a ponte que atravessa o Rio Negro e liga a Manaus. Todos esses anos na história profissional do clube foram assim, andando de balsa para chegar ao seu destino de jogo. É uma jornada inesquecível, que faz parte da nossa história - relembrou Maddy.

Segundo apuração do GloboEsporte.com, alguns atletas do elenco têm pavor dos passeios noturnos. No entanto, ninguém se acusou...
pelas ruas de manacapuru

Se o time sofre pelas águas do rio, os torcedores princesianos sofrem indo atrás. Em dias de jogo, Manacapuru avermelha, e a festa na Cidade da Ciranda vira a noite. Ônibus? Quando está em casa, o elenco usa uma espécie de moto-carroceria em algumas ocasiões, sempre com torcedores na direção. E o técnico tem lá suas regalias: possui seu motorista de moto particular. E o sorriso no rosto é com o gosto de quem viaja de primeira classe. Quando precisa, entretanto, o time usa métodos convencionais para viajar. 


Princesa do Solimões (Foto: Ozy Araújo/Portal do Ozy)
Time e Marquinhos (na moto) se diver-
tem em passeios pelos municípios do 
interior (Foto: Ozy Araújo
/Portal do Ozy)

- Está no nosso sangue essa intensidade, a paixão. Somos de município, cidade de interior. Quando vamos para outro município, estamos na irmandade, num local onde sabemos que as pessoas são muito parecidas conosco, com o nosso convívio e nossa vida no interior. É assim mesmo, e somos felizes com isso. É identidade - justificou o diretor de futebol, que integra a lista dos torcedores mais apaixonados.

Quem visita Manacapuru, não importa para qual time torça, é contagiado pela paixão ao Princesa. A overdose é tanta, que a cada esquina encontra-se uma bandeira. Ou uma parede vermelha. Crianças, idosos, motoqueiros... Todo mundo veste a camisa e faz da cidade inteira um caldeirão. 

Princesa do Solimões - torcida (Foto: GloboEsporte.com)
Manacapuru é Princesa do Solimões em 
dias de jogo (Foto: GloboEsporte.com)

No improviso, na descontração, com uma identidade admirável, e uma cidade inteira como torcida, o time apresenta crescimento contínuo no cenário local e e começa a aparecer em competições nacionais. Campeão do primeiro turno do estadual de 2014, o Princesa disputa nos dias 18 e 24


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/am/noticia/2014/05/brasil-afora-barco-e-moto-ajudam-princesa-rodar-16600km-em-viagens.html

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