Nova gestão mostra resultado de investigação feita na entidade para apurar possíveis ilegalidades com dinheiro gasto nos últimos anos; Renan diz: "Vamos atrás"
Renan apresenta resultado de auditoria realizada na CBV (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
- Saíram recursos de dentro da confederação que poderiam ser reinvestidos no voleibol. Mas, antes de tudo, precisamos ter a certeza de que houve realmente ilegalidade nesses contratos. Se aconteceram erros, nós vamos atrás dos nossos direitos. Isso é um compromisso nosso com toda a comunidade do voleibol. Vamos atrás para saber legalmente o que aconteceu. Se tiveram falhas, elas vão ter que ser reparadas. E terão que ter responsáveis por isso. Nós vamos fazer o possível judicialmente para resolver todas as questões que foram denunciadas e todas as outras que percebemos nesses quatro meses. Buscar responsabilizar quem estava à frente e, quem sabe, até buscar recursos que foram pagos indevidamente – avisou Renan.
A auditoria pedida pela CBV para revisão de todos os contratos de parcerias firmadas pela entidade com terceirizados começou há quase dois meses. A providência foi tomada depois de denúncias de pagamentos de comissões milionárias a empresas ligadas a dirigentes da confederação. Neste período, mais de 30 contratos feitos pela entidade foram investigados. O relatório com o resultado do levantamento foi entregue à nova gestão da CBV há dois dias.
Se tiveram falhas, elas vão ter que ser reparadas. E terão que ter responsáveis por isso"
Renan
- A gente fica bastante chateado, porque a gente cuida do voleibol como se fosse um filho. Não queremos que nada de mal aconteça com ele. Quando surgiram as denúncias, começamos a perceber que atletas, treinadores, ex-atletas e ex-treinadores estavam se sentindo traídos. Existe uma indignação, sim. É o sentimento de todos que vivem e construíram de alguma forma a história do voleibol. Então, nada mais justo do que fazer uma busca incessante e profunda dos fatos - reforçou Renan, que assumiu o cargo de diretor de marketing da CBV em janeiro deste ano.
Em uma reunião fechada da CBV na noite da última terça-feira, dirigentes da entidade apresentaram cada detalhe do relatório para os técnicos das seleções masculina e feminina, Bernardinho e José Roberto Guimarães. A nova gestão aproveitou para garantir que cada centavo que entrar na confederação a partir de agora será investido exclusivamente no vôlei.
A crise começou quando o canal ESPN veiculou uma série de reportagens revelando que a SMP, empresa do superintendente geral da CBV, Marcos Pina, tinha um contrato para gerir toda a verba de patrocínio que a entidade recebe do Banco do Brasil. Até o fim do contrato, a companhia receberia R$ 10 milhões. Após a acusação, Pina renunciou ao cargo. A auditoria confirmou a existência desse acordo.
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- Foram pagos para a SMP R$ 2,6 milhões até outubro. Em outubro, o sócio majoritário veio para ser o superintendente geral desta entidade. Foram suspensos os pagamentos e, após todas essas denúncias, entendeu-se que o melhor para o vôlei seria afastar o superintendente - explicou Renan.
Pouco depois, outra reportagem apontou que a empresa de Fábio André Azevedo, que foi dirigente da CBV e hoje atua na Federação Internacional de Vôlei (FIVB), também teria recebido comissão de R$ 10 milhões para intermediar as negociações do contrato com o Banco do Brasil. Ary Graça negou que a CBV tivesse pagado por qualquer intermediação.
- Algumas denúncias foram bastante direcionadas à “S4G". Essa empresa prestou serviços à confederação em vários eventos e foi feito um contrato, conforme denúncias, de R$ 10 milhões em cinco anos. A nossa auditoria verificou que esse contato realmente existe. A empresa recebeu R$ 2,9 milhões desses R$10, mas foi rescindido esse contrato dia 30 de julho de 2013.
O sócio da empresa, como todos sabem, trabalha na Federação Internacional de Vôlei. Agora esse e todos contratos estão nas mãos dos nossos advogados para ver a legalidade e imoralidade deles. Vamos avaliar tudo para não ter a mínima possibilidade de cometermos injustiças - reforçou o dirigente.
Uma nova denúncia surgiu nesta quarta-feira. Segundo matéria do site da ESPN, a CBV contratou o Escritório de Advocacia Valmar Paes, do pai do prefeito do Rio, Eduardo Paes, para a realização de "assessoria jurídica". Os gastos teriam subido 635% depois de 2011, passando de R$ 562 mil para R$ 4.130 milhões em 2012. O relatório feito pela auditoria, no entanto, revelou um outro valor, já quitado pela entidade.
- Ele é advogado da confederação desde 2001 e presta
serviços normalmente para a CBV. Ele é o principal responsável por fazer e
validar todos os contratos de patrocínio da confederação. Foi feito um contrato
com ele em 2011 de R$ 2 milhões. A CBV não deve mais nada a ele. Hoje saiu essa notícia, com
valores que fogem do meu conhecimento. Vou averiguar, mas o valor que tivemos
conhecimento pela auditoria é de R$ 1.887 milhão - reforçou o diretor de marketing.
Além
desses três contratos suspeitos, outros possíveis erros na
administração e gestão do ex-presidente Ary Graça foram notificados pela
auditoria. Renan garantiu que tudo será investigado detalhadamente.
-
Internamente, os próprios auditores perceberam uma
série de outros equívocos dentro da confederação. De inconformidade de datas,
prazos... E não são poucos. São vários. Várias observações foram colocadas
aqui (no relatório). Vamos averiguar todas elas, caso a caso.
ary graça se defende
Em
nota enviada, a assessoria de imprensa do ex-presidente da CBV e atual
presidente da FIVB, Ary Graça, informou que o dirigente "tomou
conhecimento do resultado da
auditoria realizada pela CBV e reitera a legalidade dos contratos
firmados durante sua gestão. O dirigente também acredita que as questões
ainda pendentes serão esclarecidas no âmbito administrativo da CBV".
De acordo com Neuri Barbieri, no entanto, a renúncia de Ary Graça do cargo que ocupava desde 1997 já estava decidida desde dezembro do ano passado e não teria nenhuma ligação com as denúncias que surgiram contra a CBV.
CBV assina contrato com FGV para melhorar gestão
Ricardo Simonsen, diretor da FGV, e Neuri barbieri,superintendente da CBV (Foto:AlexandreArruda/CBV)
Outra meta do projeto é melhorar a interação da CBV com as federações de todos os estados. A FGV terá como missão criar de forma participativa mecanismos de melhoria de gestão e de comunicação entre os órgãos estaduais e a entidade nacional.
- Nós não queremos mais dar notícia ruim. Queremos olhar para frente. A FGV vai nos ajudar a traçar esse futuro – disse Marco Túlio Teixeira, diretor técnico da CBV.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/05/auditoria-revela-contratos-suspeitos-e-cbv-promete-lutar-para-reparar-danos.html
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