País aproveita crescimento econômico para desenvolver futebol no país e sonha com volta à Copa do Mundo, além de chance de organizar torneio e até conquistar título
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O crescimento repentino do futebol na China está caminhando de mãos dadas com a evolução da economia do país. Quando assumiu o posto de secretário-geral do Partido Comunista chinês, em novembro de 2012, Xi Jinping, um admirador confesso do jogo, estabeleceu três metas para a nação se tornar uma potência do esporte mais popular do planeta: o primeiro passo é levar a seleção de volta para a Copa do Mundo depois da única participação, em 2002, o segundo, organizar um Mundial, e o objetivo final é vencer a competição. A edição 2015 da liga nacional, que começa neste sábado, comprova que tanto o governo quanto as grandes companhias, estatais ou privadas, não estão poupando esforços. O investimento na contratação de jogadores para a temporada que se inicia foi de 108 milhões de euros (R$ 357 milhões) - em 2014 foram gastos 70 milhões de euros (R$ 232 milhões).
Ricardo Goulart é a contratação mais cara da
história do futebol chinês (Foto: Agência EFE)
Os valores impressionantes fazem do Campeonato Chinês a segunda liga que mais investiu em contratações no mundo, perdendo apenas para o poderoso Campeonato Inglês, que há algumas semanas fechou um acordo bilionário de direitos de transmissão de TV, e onde os clubes gastaram 161 milhões de euros (R$ 533 milhões) em jogadores, de acordo com dados divulgados pelo site alemão "Transfermarkt".
Os próprios jogadores já começam a observar o avanço do futebol chinês. Em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com, o atacante Aloísio, ex-São Paulo, um dos destaques do Shandong Luneng, analisa o crescimento do esporte no país, mas afirma que a liga ainda não está no patamar de outros tradicionais campeonatos.
Investindo do jeito que está, acho que estará perto das outras ligas em um futuro próximo.
Aloísio, sobre liga chinesa
Dos 64 jogadores estrangeiros no campeonato deste ano, 47 chegaram ao país para esta temporada, sendo 22 do Brasil, o maior exportador, com mais de 34% do contingente. Entre os atletas chineses, 62 foram negociados entre as 16 equipes da liga. O Guangzhou Evergrande fez os maiores investimentos. O meia Ricardo Goulart deixou o Cruzeiro por 15 milhões de euros (R$ 50 milhões), tornando-se a aquisição mais cara da história do país. O atacante Alan, ex-Fluminense, foi contratado por 11 milhões de euros (R$ 36 milhões) ao Salzburg, da Áustria. O Shandong Luneng foi atrás do camisa 9 da seleção brasileiro e tirou Diego Tardelli do Atlético-MG por 5,5 milhões de euros (R$ 18 milhões).
O Guangzhou tem o Grupo Evergrande, a segunda maior empresa do ramo imobiliário da China, como dono da maior parte das ações. Hui Ka Yan, o mandatário da companhia, possui uma fortuna avaliada em US$ 6,3 bilhões (R$ 19 bilhões) segundo dados noticiados pela revista "Forbes" em janeiro deste ano. A empresa também investe dinheiro em um projeto ambicioso classificado pelo site da organização de "a maior escola de futebol do mundo", a Evergrande Internacional Football School. O projeto tem cerca de 2,5 mil alunos, dezenas de campos e professores escolhidos em uma parceria com o Real Madrid.
Estrutura da Evergrande International Football
School impressiona (Foto: Getty Images)
O futebol chinês era considerado amador até o início do novo milênio, quando empresas locais começaram a ter controle sobre os clubes. Em 2015, todas as 16 equipes da primeira divisão pertencem a grandes companhias ou a subsidiárias regionais das principais corporações da China. O período de ascensão do profissionalismo no futebol coincide com o crescimento econômico do país iniciado no fim da década de 70. De um regime fechado e controlado exclusivamente pelo governo, o gigante asiático se abriu gradativamente ao comércio internacional. As mudanças os transformaram na segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, e a que mais cresceu em quase 30 anos.
velhos conhecidos
Urso, Tardelli, Aloísio e Montillo comemoram
a conquista da Supercopa no mês passado
(Foto: Instagram)
O Shandong Luneng é o atual campeão da Copa da China e da Supercopa chinesa. A comissão técnica, que tem Cuca como treinador, é formada quase que exclusivamente por brasileiros. Vágner Love deixou a equipe, mas Diego Tardelli se juntou a Aloísio, ex-São Paulo, Montillo, ex-Cruzeiro e Santos, e Júnior Urso, ex-Coritiba.
Conca, ex-Fluminense, voltou ao país para defender o Shanghai SIPG, e Barcos, ex-Grêmio e Palmeiras, se transferiu para o Tianjin Teda. Marcelo Moreno, ex-Cruzeiro e Grêmio, é a estrela do Changchun Yatai. Zé Love, ex-Santos e Coritiba, ganhou a camisa 10 do Shanghai Shenxin. Com tantos nomes famosos, o futebol chinês terá a chance de mostrar, na temporada que se inicia, que os investimentos não estão sendo feitos em vão.
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A equipe do Gaungzhou é forte, a gente vê pelos jogadores
deles, com jogadores chineses muito bons, assim como o nosso time, com
atletas da
seleção chinesa. Chegaram reforços, são brasileiros de muita qualidade.
Na
minha opinião, eles e o Shangai SIPG, do Conca, começam na frente. Não
sei
todos pelos chineses, mas pelos estrangeiros eles largam na frente. Ano
passado
a liga já tinha crescido, mas neste, com todos os reforços das equipes,
melhorou
bastante. Vai ser mais disputada, com grande jogadores - destacou
Aloísio, que ganhou concorrentes fortes na briga pela artilharia.
A
abertura do Campeonato Chinês tem Conca em campo. Às 4h30 (de Brasília)
deste sábado, o Shangai SIPG entra em campo em casa contra o Jiangsu
Guoxin-Sainty. No mesmo horário, o Hangzhou, do ex-cruzeirense Anselmo
Ramon, recebe o Guangzhou R&F.
* Estagiário
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