A CRÔNICA
por
Victor Canedo
A Alemanha desconstruiu em 120 minutos qualquer status de favorita
suprema ao título da Copa do Mundo. Sofreu além da conta, rendeu
calafrios à sua torcida num Beira-Rio em que foi visitante e precisou da
prorrogação para se classificar às quartas de final. A vitória por 2 a 1
sobre a Argélia, daquelas loucas e imprevisíveis, nasceu do pé esquerdo
de André Schürrle, numa letra tão desengonçada quanto o futebol
apresentado pelo time de Joachim Löw. Continuou com um chute de Mesut
Özil depois de o próprio titubear frente ao goleiro M'Bolhi, quase herói
da noite. E terminou com Djabou enchendo os argelinos de esperança,
mesmo que restasse menos de um minuio nos acréscimos.
Pesou contra a atuação abaixo da média dos germânicos principalmente a ausência do zagueiro Mats Hummels, gripado. O setor ofensivo, apesar de terminar com quase 30 finalizações, também mereceu críticas, especialmente nos três primeiros quartos do jogo. Restaram os aplausos de reconhecimento à Argélia – e o choro de Feghouli ainda no gramado. Classificada em segundo no Grupo H depois de vencer a Coreia do Sul no próprio Beira-Rio, a seleção africana ganhou o respeito e a torcida da maioria dos 43.063 presentes.
A Alemanha volta a campo na próxima sexta-feira. Fará um clássico
europeu contra a França, às 13h (de Brasília), no Maracanã, num dos
duelos mais aguardados do Mundial. Quem vencer enfrentará Brasil ou
Colômbia na semifinal do dia 8, no Mineirão. Eliminados, os argelinos
voltaram ao seu país nesta quarta-feira de cabeça erguida por quase
terem se consagrado como outra zebra no Brasil.
Argélia perto do gol
O relógio passava da casa dos 20 minutos. Joachim Löw virou-se para o próprio banco de reservas e resolveu colocar metade dos relacionados no aquecimento. Estava claro que não era um protocolo: a Alemanha, dominada pela Argélia, sentia o perigo no cangote. Foram alguns bons minutos de apreensão por parte dos germânicos. Os africanos, organizados defensivamente e diretos quando conseguiam recuperar alguma bola, criaram as melhores chances – abusaram da ausência do pilar da defesa no time de Joachim Löw, o gripado Hummels. Tiveram, inclusive, um gol corretamente anulado, marcado por Slimani de cabeça aos 16.
O camisa 13 argelino, melhor em campo na vitória sobre a Coreia do Sul e no empate com a Rússia, parecia incansável. Puxava a marcação, aguardava uma titubeada qualquer dos inconstantes Mertesacker e Boateng para agir, colocou Neuer para dar um carrinho salvador na intermediária... Ele tinha ainda a companhia de Feghouli, o craque do time, e Soudani, dono de bons passes. Faltou mesmo um gol que o trio de arbitragem brasileiro, comandado por Sandro Meira Ricci, não anulasse.
Alemanha demora, mas reage
A Alemanha, com pinta de toda-poderosa, praticamente não se movimentava, salvo um aguerrido Thomas Müller e outra rara exceção. Também não finalizava, consequência natural de um time que não poderia sequer culpar o calor tão citado na primeira fase no Nordeste. Fazia um frio de quase 10ºC no Beira-Rio, algo próximo do que os alemães estão acostumados. E a seleção europeia só foi reagir já no fim, quando Kroos percebeu que o espaço na intermediária permitia a finalização. Numa delas, M'Bolhi deu rebote, mas Götze não aproveitou.
Löw enxergou um time viciado, embolado e que facilitava a marcação dos
africanos. Pôs Schürrle, um ponta, no lugar de Götze. Melhorou ao ponto
de oferecer ao seu torcedor alguma esperança de bom futebol. Schürrle,
duas vezes, Höwedes e Lahm quase abriram o placar. A Argélia estava
reduzida aos contra-ataques e cruzamentos, mas uma ou outra troca de
passes foi o suficiente para arrancar gritos de "olé" das arquibancadas.
Ainda assim, conseguiu se sustentar – o ímpeto inicial dos alemães
diminuiu.
O jogo entrava num tom de marasmo. Mustafi se lesionou e ofereceu a oportunidade de Löw mudar o time. Entre Klose e Khedira, ele optou pelo conservadorismo. Lahm voltou à lateral, sua posição de origem, mas faltava o homem-gol para receber seus cruzamentos.
Lá e cá
A Argélia voltou a gostar da partida. Feghouli, Slimani e Soudani flertaram com o gol do heroísmo e transformaram o jogo num lá e cá empolgante. Müller, pela direita, fez linda jogada que terminou com cabeçada de Schweinsteiger para fora. O camisa 13 foi para a área no lance seguinte e obrigou M’Bolhi a operar um milagre. Em seguida, dominou na área e emendou de direita para fora.
O clima era de tensão – mas também de gargalhadas, quando Müller caiu
sozinho numa falta ensaiada de frente para área. Neuer, com saídas
precisas do gol, quase como um líbero, evitou o pior para a Alemanha.
Schweinsteiger, do outro lado, desperdiçou ótima oportunidade em
cabeçada. Era noite de prorrogação.
Argélia não resiste
Os aplausos ao apito final já indicavam um sentimento de dever cumprido por parte dos africanos. Torcedores de rostos pintados viraram-se para as câmeras tremulando suas bandeiras. O Beira-Rio estava feliz por poder assistir a mais 30 minutos e manter o sonho de ver outra zebra passear pelo Brasil.
Durou pouco mais de um minuto. Após a saída de bola, a Alemanha recuperou a posse rapidamente e em três toques Müller já invadia a área. O cruzamento saiu um pouco atrás do planejado, mas Schürrle, de letra, conseguiu desviar para as redes: 1 a 0 e enorme alívio para os europeus.
Mais leve, a Alemanha manteve o pique. Müller quase ampliou em finalização de fora da área. Khedira, lá atrás deu enorme susto ao furar a bola pós-escanteio – Mostefa aproveitou a sobra e concluiu para fora. No fim, um jogo para pegar fogo: Özil, aos 14 do segundo tempo, ampliou depois de hesitar frente ao goleiro. Djabou, nos acréscimos, aproveitou buraco na área para descontar. Mas não houve tempo para buscar o empate.
Pesou contra a atuação abaixo da média dos germânicos principalmente a ausência do zagueiro Mats Hummels, gripado. O setor ofensivo, apesar de terminar com quase 30 finalizações, também mereceu críticas, especialmente nos três primeiros quartos do jogo. Restaram os aplausos de reconhecimento à Argélia – e o choro de Feghouli ainda no gramado. Classificada em segundo no Grupo H depois de vencer a Coreia do Sul no próprio Beira-Rio, a seleção africana ganhou o respeito e a torcida da maioria dos 43.063 presentes.
Alemães comemoram o gol de Schürrle, que
abriu caminho para a classificação (Foto: EFE)
Argélia perto do gol
O relógio passava da casa dos 20 minutos. Joachim Löw virou-se para o próprio banco de reservas e resolveu colocar metade dos relacionados no aquecimento. Estava claro que não era um protocolo: a Alemanha, dominada pela Argélia, sentia o perigo no cangote. Foram alguns bons minutos de apreensão por parte dos germânicos. Os africanos, organizados defensivamente e diretos quando conseguiam recuperar alguma bola, criaram as melhores chances – abusaram da ausência do pilar da defesa no time de Joachim Löw, o gripado Hummels. Tiveram, inclusive, um gol corretamente anulado, marcado por Slimani de cabeça aos 16.
O camisa 13 argelino, melhor em campo na vitória sobre a Coreia do Sul e no empate com a Rússia, parecia incansável. Puxava a marcação, aguardava uma titubeada qualquer dos inconstantes Mertesacker e Boateng para agir, colocou Neuer para dar um carrinho salvador na intermediária... Ele tinha ainda a companhia de Feghouli, o craque do time, e Soudani, dono de bons passes. Faltou mesmo um gol que o trio de arbitragem brasileiro, comandado por Sandro Meira Ricci, não anulasse.
Alemanha demora, mas reage
A Alemanha, com pinta de toda-poderosa, praticamente não se movimentava, salvo um aguerrido Thomas Müller e outra rara exceção. Também não finalizava, consequência natural de um time que não poderia sequer culpar o calor tão citado na primeira fase no Nordeste. Fazia um frio de quase 10ºC no Beira-Rio, algo próximo do que os alemães estão acostumados. E a seleção europeia só foi reagir já no fim, quando Kroos percebeu que o espaço na intermediária permitia a finalização. Numa delas, M'Bolhi deu rebote, mas Götze não aproveitou.
M'Bolhi voa para evitar que a Alemanha abrisse
o placar. Goleiro teve grande atuação
(Foto: Reuters)
O jogo entrava num tom de marasmo. Mustafi se lesionou e ofereceu a oportunidade de Löw mudar o time. Entre Klose e Khedira, ele optou pelo conservadorismo. Lahm voltou à lateral, sua posição de origem, mas faltava o homem-gol para receber seus cruzamentos.
Lá e cá
A Argélia voltou a gostar da partida. Feghouli, Slimani e Soudani flertaram com o gol do heroísmo e transformaram o jogo num lá e cá empolgante. Müller, pela direita, fez linda jogada que terminou com cabeçada de Schweinsteiger para fora. O camisa 13 foi para a área no lance seguinte e obrigou M’Bolhi a operar um milagre. Em seguida, dominou na área e emendou de direita para fora.
Schürrle corre para o abraço depois de a sua
letra parar no fundo das redes (Foto: Reuters)
Argélia não resiste
Os aplausos ao apito final já indicavam um sentimento de dever cumprido por parte dos africanos. Torcedores de rostos pintados viraram-se para as câmeras tremulando suas bandeiras. O Beira-Rio estava feliz por poder assistir a mais 30 minutos e manter o sonho de ver outra zebra passear pelo Brasil.
Durou pouco mais de um minuto. Após a saída de bola, a Alemanha recuperou a posse rapidamente e em três toques Müller já invadia a área. O cruzamento saiu um pouco atrás do planejado, mas Schürrle, de letra, conseguiu desviar para as redes: 1 a 0 e enorme alívio para os europeus.
Mais leve, a Alemanha manteve o pique. Müller quase ampliou em finalização de fora da área. Khedira, lá atrás deu enorme susto ao furar a bola pós-escanteio – Mostefa aproveitou a sobra e concluiu para fora. No fim, um jogo para pegar fogo: Özil, aos 14 do segundo tempo, ampliou depois de hesitar frente ao goleiro. Djabou, nos acréscimos, aproveitou buraco na área para descontar. Mas não houve tempo para buscar o empate.
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