Cornelius 'Neil' Horan, que invadiu maratona em Atenas 2004 e impediu ouro brasileiro, estará na prova deste domingo. Mas afirma ter aprendido a lição
- Os brasileiros me odeiam, né? É, eu imaginava... - diz, com um leve sorriso no rosto.
Horan com livro de sua vida em mãos: pedido de desculpas (João Gabriel / GLOBOESPORTE.COM)
- Soube que ele tem boas chances, né? Tem que tomar cuidado com os africanos. Mas vou estar lá, torcendo. Vou ficar bem perto e, quando ele passar, vou gritar "vai, Marílson". Mas acho que ele não vai me ouvir...
Horan invade a pista durante passagem de
Vanderlei na maratona (Foto: AFP)
Vanderlei na maratona (Foto: AFP)
O número de confusões, porém, é grande. Horan já tentou passar suas mensagens em todo o tipo de eventos, mas sempre teve uma queda pelos esportivos. Diz que a atmosfera favorece seu manifesto sem que seja muito incomodado pela polícia.
- Imagina eu fazer isso em um discurso do Primeiro Ministro. Imagina tentar invadir um evento com a Rainha. Não dá. Os eventos esportivos são mais tranquilos, a segurança não é tão grande.
Horan não tem uma condição financeira das mais confortáveis. Sobrevive com o dinheiro que ganha em suas apresentações nas praças londrinas, fazendo seu manifesto e apresentando a dança irlandesa ao público. Por conta dela, foi convidado para participar do "Britain´s Got Talent", programa de calouros inglês, mas sem muito sucesso. Dividia a apertada casa de dois andares em Nunhead, a 45 minutos do centro de Londres, com Della McManus, também irlandesa e dona do imóvel. Ela, no entanto, morreu aos 92 anos há um pouco mais de um mês, deixando a casa livre para Horan. Os vizinhos, porém, não gostaram muito.
Cornelius tenta mostrar ao mundo que Jesus Cristo está para voltar (João Gabriel / GLOBOESPORTE.COM)
Mas Horan parece também não se sentir bem no local e já ensaia uma mudança de cidade.
- Acho que não fico mais muito tempo aqui...
Horan nasceu no condado de Kerry, na Irlanda. Foi ordenado padre aos 26 anos, mas nunca foi bem visto entre os católicos. Publicou um livro com suas profecias e acabou expulso da Igreja. Passou a dar suas mensagens em eventos, mas ganhou notoriedade ao invadir a pista do GP de Silverstone em 2003. Mas, quando fechou a porta de sua casa, pegou três trens até o aeroporto e embarcou para a Grécia naquele sábado, 28 de agosto de 2004, não imaginava que seria capa de todos os jornais dois dias depois.
- Eu penso no Vanderlei todos os dias. Há uma tristeza muito grande no meu coração por ter atrapalhado a corrida dele. Eu continuo vendo aquelas imagens e fica uma dor muito grande. Eu nunca pensei em segurá-lo ou empurrá-lo, Deus é testemunha disso. Mas as coisas saíram do controle. Quando fechei a porta de casa, não imaginei que seria o centro das atenções do mundo todo um dia depois. Eu nunca vou esquecer o rosto do Vanderlei naquele dia, o pânico que ele sentiu. Mas ele precisa entender que Deus quis assim. Ele não vai levar medalha quando o Novo Reino for construído.
A história do padre virou livro em 2010, pelas mãos do jornalista irlandês Aidan O'Connor. Com o título de "Dancing Priest" ("Padre Dançarino", em tradução livre), a publicação conta com um capítulo inteiro sobre o episódio com Vanderlei. Mas, para formalizar seu pedido de desculpas, Horan prevê uma ida ao Brasil em 2016, na época dos Jogos do Rio de Janeiro.
- Quero dançar para vocês no Brasil. Quero dançar com as crianças de rua, levar alegria para todas elas. Eu sei que o Brasil é um país muito sofrido, assim como a Irlanda, mas com motivos diferentes. Quem sabe o Vanderlei não dança comigo em 2016?
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/ex-padre-pede-perdao-vanderlei-diz-torcer-por-marilson-e-planeja-ida-ao-rio.html
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