Clube recém-criado dos Estados Unidos aposta em nomes consagrados para atrair patrocínios e planeja pré-temporada no Brasil e outros torneios no exterior
Las Vegas City: clube fundado em 2016 já conta com Ronaldinho para amistoso (Foto: Divulgação)
Ainda com pouco investimento e em busca de investidores, os primeiros passos serão na United Premier Soccer League (UPSL), de acordo com Márcio Granada, presidente do clube, liga corresponde à quarta divisão do futebol dos Estados Unidos. Para gerar impacto, o planejamento bem sucedido de ter Ronaldinho Gaúcho "por um dia" é a primeira cartada de Junior Coimbra, filho de Zico, como diretor de futebol da equipe.
- O motivo (de ter o Ronaldinho no amistoso) é simples: além de começarmos a formar uma equipe, o clube precisa atrair a atenção da mídia, do público em geral, principalmente da cidade de Las Vegas, e de investidores. Com o Ronaldinho Gaúcho conseguimos atingir três objetivos de uma só vez, então a presença dele nesse jogo deve render frutos.
A presença dele é apenas para esse amistoso. Claro que gostaríamos que ele ficasse, mas sabemos que é praticamente impossível a curto prazo. O clube ainda vai começar a disputar ligas menores, então somente após o Las Vegas City ter uma valorização grande nos próximos anos, participando das ligas principais dos EUA e com um crescimento grande em investimento, é que podemos pensar em nomes como ele. A longo prazo é algo que planejamos sim, com toda a certeza - destacou Junior em entrevista ao GloboEsporte.com.
Ronaldinho Gaúcho é nome certo no amistoso
contra o United (Foto: Levi Bianco/Brazil
Photo Press/Estadão Conteúdo)
Para Granada, o sonho de figurar entre as maiores equipes do país na MLS e encarar craques como Kaká, Pirlo, Drogba, Gerrard e Lampard ainda está distante, mas não muito. O prazo de cinco anos existe e para ser cumprido com êxito o clube intensifica a busca por investidores e um patrocinador máster.
- Claro que todo mundo quer entrar na MLS, mas isso exige um investimento muito alto, tem que ter um histórico. Hoje não temos estrutura para estar na MLS. Vamos devagar, mostrar que temos condições de fazer dar certo com as pessoas daqui de Nevada. Por isso temos que trazer treinador experiente do futebol brasileiro, para ensinar, passar essa experiência do que é o jogo profissional. O projeto é estarmos na MLS entre três e cinco anos. Daqui a cinco anos, podemos colocar jogadores do Las Vegas na seleção dos EUA, por que não? Aqui é tudo limitado, trabalhamos com “bullet” baixo.
Quanto mais nome tivermos, mais patrocinadores e possíveis investidores teremos, assim a gente consegue trabalhar com valores maiores. O “bullet” é baixo, é muita gente entrando em parceria, estamos dando a vitrine. A ideia é fazer esse barulho, todo esse trabalho, para poder atrair um patrocinador máster. Ainda não temos, estamos conversando com duas ou três grandes oportunidades, inclusive uma grande empresa brasileira está interessada em ser parceira. Se Deus quiser isso vai ser rápido.
Outro nome de peso pode estar presente no amistoso do dia 23 de abril, no Sam Boy, mas sem a camisa de Las Vegas City e Miami United. De acordo com o dirigente do clube, Zico foi convidado para dar o pontapé inicial e participar da coletiva de imprensa.
- Eu pedi para o Junior (Coimbra) fazer o convite ao pai dele, eu também
fiz. Ele está vendo o calendário, se tem espaço. Eu estou esperando que dê
certo, vou aguardar que ele venha dar o pontapé inicial do amistoso e ser
homenageado. O povo de Nevada é apaixonado por ele. Estou até brincando que não
vai ter espaço para essa entrevista coletiva depois. Adriano, Ronaldinho
Gaúcho, Zico, Assis... Vou ter que colocar uma 12 cadeiras (risos).
NOVO NOME E ESTRUTURA "NívelL EUROPA"
Estrutura do Las Vegas City
(Foto: Arquivo Pessoal)
- Mudamos para
Las Vegas City FC, registramos, temos todas as licenças, todos os
registros, tudo para poder crescer. Tem um complexo bonito, com 16
campos de
treinamento. É da cidade, mas a gente arrendou para fazer o trabalho.
Uma
estrutura fantástica, de time grande da Europa. Com todo respeito aos
clubes
brasileiros, é difícil encontrar algum clube no Brasil assim, tirando um
ou
dois. A gente quer formar jogadores, trabalhar o jogador americano. O
estádio é da cidade, eles jogam também futebol americano, tem outros
tipos de eventos e a gente reserva as datas dos jogos. Temos estádios
menores,
que a gente manda jogos do dia a dia. Existem três estádios: um é o Sam
Boy,
que é bem grande, onde vai ser o amistoso. Estamos vendo duas opções de
estádios
com universidades, com capacidade para oito, dez mil pessoas. Não
precisamos de
nada maior do que isso no momento.
A tabela da UPSL
ainda não foi divulgada, mas o início está previsto para maio.
Antes da
competição, o intuito é montar o elenco e preparar a equipe em
amistosos longe dos Estados Unidos. Como não podia ser diferente, o
Brasil está entre os destinos do Las Vegas City.
São mais de 16 campo no complexo em
Las Vegas, casa do Las Vegas City
(Foto: Arquivo Pessoal)
- Em 40 dias a gente começa a disputar a liga da Califórnia da UPSL.
Fomos convidados para disputar o Torneio de Nevada, com 12 equipes boas que
estão buscando entrar em uma liga. Nossa ideia é ir ao Brasil fazer uma
pré-temporada. Seria ter legal ter um jogador famoso para fazer esses
amistosos. Também temos dois convites, Tailândia e China, para disputar competições
em setembro - revelou Granada.
COMANDANTE ESPINOSA
Valdir Espinosa foi convidado para ser o treinador da equipe recém-criada e aceitou o desafio, colocado com um dos maiores da carreira pelo próprio. O nome do experiente comandante foi ideia de Junior Coimbra, logo aceita por Granada, que aposta no gaúcho com uma sequência no projeto.
- O Valdir (Espinosa) veio através do Junior Coimbra. Eu tinha pedido
alguns nomes, tinha opções, e quando foi passado o nome do Valdir a gente achou
interessante de imediato, pela história, nome, experiência, para poder agregar
esse conhecimento ao trabalho. Foi tudo positivo. Fizemos o convite para ele
conhecer, fazer parte de um projeto, ser parte disso com a gente. Ele gostou,
topou o desafio novo na carreira dele. Vamos precisar de um certo tempo para
disputar os grandes campeonatos, para ele vai ser um projeto.
Valdir Espinosa será o treinador
do Las Vegas City e comandará
R10 por um jogo (Foto: Sidnei
Batista/CA Metropolitano)
-
Vamos pensar se
vou escalar (risos). Primeiro que adoro o Ronaldinho, sou fã. Segundo, o
irmão dele... Fui treinador do Assis, conheci o Ronaldinho quando
aparecia no campo junto com Assis para treinar. Conheço desde esse
tempo. Tu acompanha a carreira dele e é brincadeira. O Ronaldinho é
noticia no mundo
inteiro, todo mundo quer o Ronaldinho, para um jogo, dois, três, um ano,
o cara
realmente é uma grande atração aonde for. Eu nem imaginei que depois
desse tempo todo de carreira que ainda treinaria o Ronaldinho. Nunca
imaginava, é
um grande presente, são poucos que vão dizer isso. Hoje vou correr na
praia, depois de ter jogado tênis, porque também estou querendo colocar o
uniforme e entrar em campo para jogar com esses caras (risos).
"HORA DA VIRADA"
Por telefone ao GloboEsporte.com, Márcio nega qualquer tipo de irregularidade no decorrer da competição e afirma que o erro foi confiar nas pessoas que colocou para trabalhar ao lado. Segundo ele, as acusações partiram de uma rivalidade pessoal de um dos fornecedores do evento.
- Eu acho que o meu grande erro na "Granada Cup" foi confiar no ser
humano e dividir tarefas entre pessoas não capacitadas, caso dos investidores que
nunca fizeram esse tipo de trabalho. A competição foi um sucesso, a vinda do Shakhtar (Donetsk) foi 100%,
cumprimos o contrato, eles foram embora super satisfeitos. Tudo que foi
combinado foi cumprido. Mas não teve só o Shakhtar, mas Goiás, Gama, Zalgiris,
da Lituânia... Tiveram jogos que não deram renda e um custo muito alto. No
final pagamos a premiação de 100 mil dólares para o Goiás, que foi campeão. Mas
um dos investidores tem uma briga pessoal comigo, quis de qualquer maneira me
prejudicar, me ameaçou várias vezes. Tenho uma empresa há 13 anos com o mesmo
nome, sou uma pessoa pública, claro que já tiver problemas na vida, pegaram
quatro em um universo de mais de 400 eventos. Toda grande empresa tem
problemas, mas isso não direito de me acusar, chamar de golpista, dizer que
sumi. Trabalhei com a minha família, outros investidores no projeto, delegado
fazendo segurança, tudo 100%, nunca entrei em nenhuma bilheteria.
- Me acusaram de usar uma carteirinha do Flamengo, nunca usei nada do
Flamengo. Sempre honrei todos os compromissos com o clube, desde a despedida do
Léo Moura ao jogo do Shakhtar, pagamos tudo com todos os comprovantes. Falaram
que usava o nome do Zico, o que não existe. Isso é um negócio, já tive vários
eventos e hoje está aí para provar, o filho dele – Junior Coimbra – está vindo
trabalhar comigo. Não tive o direito de falar, mas isso não é verdade, quiseram
me prejudicar. Estou blindado, sou um trabalhador, vim para os Estados Unidos
de maneira legal, consegui meu espaço, tenho empresa, sou presidente de um
clube. A prova de tudo isso é que estou voltando para o mercado, é a hora da
virada. Tinha motivos para desanimar, entrar em depressão, mas trabalhei e
estou mostrando no dia a dia que tenho condições. Se eu errei, terei que pagar,
mas não por me denegrirem, me colocarem para baixo
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