Treinador não escolhe palavras na hora de cobrar o grupo campeão mundial, confessa que o estilo de trabalho sempre foi assim, mas também sabe ser generoso
O recado era de que se fosse para ficar com a prata, que nem entrassem em quadra, pois ela já estava ali. O discurso funcionou, motivou as brasileiras e de acordo com as próprias atletas ajudou o Brasil a bater a Sérvia por 22 a 20, diante de 20 mil sérvios. Triunfo que valeu o primeiro título mundial da história do handebol brasileiro. Dois anos depois, o técnico dinamarquês segue de olho na parte técnica e tática do grupo, mas também sente a necessidade de seguir trabalhando o motivacional do Brasil com seus "truques" no vestiário, cobranças exacerbadas dentro de quadras e até palavrões se forem precisos, como já fez diante da Coreia do Sul, Congo e também da Alemanha pela primeira fase do Mundial.
- Me vejo como um motivador. Isso é importantíssimo. Independentemente do que o atleta faz. Precisa ter alguém para motivar na hora. Ainda mais no handebol, com o esporte tão nivelado, quem entra mais pilhado, mais motivado, pode fazer a diferença. Por isso, dou muita importância nesse sentido. Eu não duvido um segundo disso - garante Morten.
Apesar de não "afinar", Morten também sabe
dar carinho para as jogadoras (Foto: Wander
Roberto/Photo&Grafia)
Para o técnico, a receita para esse Mundial passa por deixar para trás o título de 2013. Foi assim contra a Coreia do Sul, quando o Brasil conseguiu buscar o empate em 24 a 24 após estar perdendo até o segundo final e é isso que ele vem tentando passar para as jogadoras nas preleções e nas conversas sobre a competição. Sem tirar o mérito do que foi conquistado, Morten acredita que a vitória de 2013 deve ficar no passado, e só lá.
- Se vou pensar na França, no time masculino deles, são campeões europeus, mundiais e olímpicos. E nós? Nós ganhamos uma final. Ok. E a Noruega? Campeã olímpica, mundial e europeu? Vou pensar no que foi feito? Acabou. Tenho que pensar para frente. Fizemos muita coisa, mas não adianta ficar olhando para trás. Temos que olhar para frente. Essa tem que ser a mensagem. A preparação para o Mundial vem sendo apresentada várias vezes durante o ano, mas quando chega na hora H, no primeiro dia do Mundial, é uma situação diferente - diz o treinador.
Morten Soubak, técnico da seleção brasileira de handebol (Foto: Wander Roberto/Photo&Grafia)
- Eu penso que é importante. Mas também, é um passo do meu estilo, minha característica. Você também precisa saber que as linhas são claras, em quais direções estamos isso. Isso precisa ser claro para todas. Estamos juntos desde 2009, um bom tempo. O grupo também está criando a sua própria característica. Quem vem entrando, como as mais novas, vão fazer parte disso. O grupo tem a responsabilidade e cresce com isso. O dinamarquês tem esse sangue quente. É coisa minha, tenho que admitir (risos) - brinca Morten.
As meninas estão acostumadas e não reclamam. A ponta Célia diz que o grupo já sabe como é o estilo de Morten e não liga para os palavrões ou as broncas levadas.
- Isso é coisa de técnico. Ele sempre quer o nosso melhor. Vai buscar nossa excelência. No alto rendimento é cobrança o tempo todo. Estamos acostumadas. Pode ser que possamos olhar por outro lado, na brincadeira, quando ele fica bravo. Mas em um jogo difícil, sabemos que ele está muito bravo. Sabemos diferenciar de um jogo para o outro - garante a ponta Célia.
Nesta quarta-feira o Brasil folga. O Grupo C não terá jogos. A seleção volta à quadra na quinta-feira, às 13h (de Brasília), contra a Argentina, rival tradicional. Depois, a seleção pega na sexta-feira a França, às 15h15, fechando a primeira fase. O SporTV tr
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/handebol/noticia/2015/12/palavroes-sorrisos-e-carinho-o-jeitao-dinamarques-de-morten-motivador.html
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