Apesar de estádio passar em teste na estreia, bares ficam sem produtos no intervalo. Rivalidade entre brasileiros e argentinos quase termina em brigas na arquibancada
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O Maracanã recebeu um mar azul de argentinos e uma multidão de brasileiros apegados à Bósnia desde criancinhas. E, na análise geral do GloboEsporte.com, o grande palco esteve bem preparado para a missão no duelo deste domingo, pelo Grupo F da Copa do Mundo. A Argentina venceu a Bósnia por 2 a 1, e os quase 75 mil torcedores saíram do estádio com poucas reclamações. A comida ter acabado ainda no intervalo foi o principal ponto negativo, seguido pelas longas filas nos bares. Mas banheiros limpos e bom atendimento dos voluntários foram elogiados pelos torcedores. Outro ponto que chamou a atenção foi a rivalidade entre "hermanos" e brasileiros: enquanto os donos da casa se divertiam torcendo pelos europeus, alguns grupos de argentinos se irritaram com as provocações e houve relatos de discussões nas arquibancadas.
- Troquei de lugar com uma garotinha, de aproximadamente 12 anos, que estava aos prantos com a camisa do Brasil, ao lado do pai e da mãe, assustada com os xingamentos. Ainda xingaram minha esposa... Quase briguei no estádio, o segurança veio. Uma coisa insuportável, inacreditável - disse o torcedor Rafael Santos, após a partida.
dos brasileiros. Alguns torcedores passaram do ponto e
levaram a rivalidade muito a sério. Torcedores relataram que houve princípio de confusão em alguns setores e que os seguranças tiveram que retirar pessoas de seus assentos para evitar brigas.
No intervalo, o GloboEsporte.com flagrou um brasileiro discutindo com um argentino e tentando fazer com que os voluntários tirassem o rapaz do estádio, alegando que ele seria integrante dos "barra bravas" (grupo de torcedores argentinos envolvido com violência nos estádios). Depois de muitas ofensas, o brasileiro não conseguiu expulsar o "hermano", que se afastou e sumiu pela multidão. Outros brasileiros desaprovaram a confusão e vaiaram. Um terceiro argentino, com uma cruz, tentava abafar o clima ruim com um pedido de paz para as pessoas.
Outro torcedor, Guilherme Lapagesse, contou que foi acompanhado da esposa, do pai e seus três filhos (as crianças com camisa do Boca Juniors). Após o encanto inicial com a festa argentina, a experiência quase virou um pesadelo:
- Meu pai resolveu comemorar o gol da Bósnia e foi repreendido por um grupo de argentinos à nossa frente. Tive que me meter, lembrar-lhes de que estavam no Brasil e que deviam respeito a todos nós e, em especial, aos cabelos brancos do meu pai. A discussão foi áspera, terminei aos palavrões. Tipo de situação que você até imagina quando vai assistir Flamengo x Vasco mas que, definitivamente, não estava nos planos para um jogo de Copa. As camisas do Boca estão aposentadas. A simpatia pelos argentinos virou torcida contra.
Brasileiros e argentinos dividem a
arquibancada: brincadeira virou coisa
séria (Foto: André Durão)
O comandante do Grupamento Especial de Policiamento em estádios, tenente-coronel João Fiorentini, informou o registro de dez ocorrências no Jecrim (Juizado Especial Criminal), entre tentativas de invasão ao estádio, desentendimentos entre torcedores e um caso de racismo. Sobre este último, no entanto, o tenente-coronel não soube informar mais detalhes.
Um torcedor flagrou a tentativa de invasão no Setor D e divulgou o vídeo pela internet. Nas imagens, dezenas de argentinos pulam o muro e abrem um portão para entrarem no estádio sem ingresso. Porém, de acordo com o Comitê Organizador Local (COL), somente nove foram detidos pelos seguranças.
Policiais fazem a segurança no entorno
do estádio (Foto: Felippe Costa)
A chegada dos torcedores ocorreu de forma tranquila durante quase todo o período antes do jogo. A tropa de choque fez a segurança no entorno. Bombeiros também monitoravam o perímetro. Torcedores começaram a chegar em maior número a partir de 14h. Para quem deixou para ir ao estádio pouco antes da partida, o acesso ao Maracanã ficou mais difícil por causa de uma manifestação, que gerou tumulto e vandalismo na Avenida 28 de Setembro, em Vila Isabel, perto do entorno. O efeito do spray de pimenta usado para conter os manifestantes chegou a ser sentido em uma das rampas de acesso ao Maracanã. Muitos torcedores reclamaram de ardência nos olhos e na garganta.
Longas filas no Maracanã: comida acabar
no intervalo foi o principal ponto negativo
(Foto: Felippe Costa)
Longas filas se formaram pouco antes da abertura dos portões, às 16h. Mas a entrada no estádio foi feita sem grandes problemas. Todos os torcedores encontraram banheiros limpos, sempre com funcionários, mas as mulheres enfrentaram filas grandes. Algumas perderam momentos do jogo por causa da demora, que chegou a ser de 20 minutos em alguns pontos. Os homens não tiveram problemas com filas, mas alguns preferiram usar o banheiro de deficientes e foram advertidos por voluntários.
As filas dos bares também dominaram os corredores antes da partida e no intervalo. Muitas pessoas precisaram ter paciência para comprar bebidas e lanches. Antes do jogo, a espera até o caixa era de dez minutos em média. No fim do primeiro tempo, cresceu para 20 minutos. Os lanches acabaram antes do início do segundo tempo, restando apenas aos torcedores as opções de bebidas e chocolates.
Voluntário orienta torcedores fora do
Maracanã (Foto: Felippe Costa)
Os voluntários foram um ponto positivo importante. Muito atenciosos com os torcedores, indicavam entradas e lugares corretos para os assentos. Alguns escorregavam no inglês, mas ainda assim conseguiam se comunicar com os turistas estrangeiros. As boas-vindas eram anunciadas em inglês, espanhol e português por um voluntário em uma das entradas do estádio. Com um megafone, ele convidava os torcedores para o jogo, sempre lembrando que o Maracanã será o local da grande final da Copa. Um voluntário que estava posicionado na rampa da Uerj, na saída do metrô, arrancou gargalhadas dos torcedores ao brincar com os bósnios. "Você é da Bósnia? É o décimo que aparece aqui. E você também é? Então é o décimo primeiro. Vocês são poucos, isso aqui está tomado de argentinos. Quem é argentino aí?", gritava ele, já um pouco sem voz às 16h, mas bastante empolgado. E recebia resposta dos hermanos, em grande número.
Ao fim da partida, a saída do estádio foi simples e rápida, sem tumulto. Mais voluntários orientavam os caminhos para o metrô e para as ruas no entorno do Maracanã. Outra grande festa da Copa estava encerrada. E o estádio precisa de alguns ajustes para os próximos jogos, principalmente na questão da alimentação, mas passou na primeira prova
Torcida argentina chega ao Maracanã
pelo acesso do metrô antes do duelo
(Foto: Felippe Costa)
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