sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

CBV expõe "confisco" de verba que quitaria prêmios de atletas; FIVB nega

Pagamento de US$ 700 mil a atletas e comissões técnica seria feito em dezembro


Por
Rio deJaneiro

 
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Atletas e comissões técnicas das seleções masculina e feminina deixarão de receber um total de US$ 700 mil (mais de R$ 1,8 milhão) neste final de ano. Pelo menos é o que a afirma a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). De acordo com o superintendente-geral da entidade, Neuri Barbieri, a quantia faz parte de um montante de US$ 1 milhão (R$ 2,64 milhões) retido pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) como garantia financeira para a realização das finais da Liga Mundial 2015 no Brasil – competição que a CBV abriu mão de organizar na última semana, em mais um capítulo da crise política entre as duas entidades.

Segundo a CBV, é de praxe que as premiações referentes à Liga Mundial e ao Grand Prix sejam pagas às seleções em dezembro de cada ano. Neuri afirma que a CBV teria em torno de US$ 1,2 milhão em créditos com a FIVB, mas que, quando solicitou a quantia, em novembro, a federação internacional bloqueou US$ 1 milhão alegando que o valor serviria como pagamento pelo direito do Brasil organizar as finais da Liga.

- Essa retenção era a título de taxa para fazermos a Liga. Essa retenção é um dos motivos para essa crise. Nós não concordamos com essa atitude e também com as punições (a Bernardinho e outros três jogadores). A FIVB queria o pagamento deste valor, mas nunca concordei e conversei algumas vezes com o presidente. Se realmente tivéssemos que pagar, que fosse na hora do evento, não antes. Não concordamos com a forma que eles fizeram esse confisco – disse o superintendente, por telefone.

Ricardo Simonsen – Diretor Técnico FGV e Neuri Barbieri – Superintendente Geral da CBV (Foto: Alexandre Arruda/CBV)Neuri Barbieri alega que FIVB retém dinheiro da CBV: US$ 1,2 milhão (Foto: Alexandre Arruda/CBV)


Através de nota oficial, a FIVB negou as informações divulgadas pela CBV, alegando ter documentos que comprovem que a confederação brasileira estava ciente e concordava com as estas medidas.

- Não iremos conduzir este debate por meio da mídia, mas temos todas as provas necessárias para atestar que a FIVB não está retendo o dinheiro do prêmio e que as ações foram tomadas a pedido e com a aprovação da CBV. Estes documentos serão apresentados quando oficialmente solicitados. A FIVB espera sinceramente que não seja necessário chegar a esse ponto e que a CBV se retrate desta acusação totalmente infundada – diz o comunicado.

Na última sexta-feira, dia 12, um dia após a Controladoria-Geral da União divulgar um relatório sobre a existência de irregularidades em 13 contratos da CBV, a FIVB anunciou sanções ao técnico Bernardinho e aos jogadores Murilo, Bruninho e Mário Junior sob alegação de indisciplina em partida contra a Polônia no campeonato Mundial, em setembro. A FIVB alega que a demora de três meses na divulgação das penas se deveu unicamente ao tempo de duração do processo no painel disciplinar.

A CBV, no entanto, viu a punição como uma represália e anunciou que não receberia mais as finais da Liga Mundial 2015. Horas depois, a federação internacional afirmou por meio de nota que a confederação poderia sofrer três tipos de consequências: multa de aproximadamente R$ 114 mil a R$ 285 mil, suspensão do Brasil por até um ano das competições internacionais e proibição de organizar competições internacionais por até quatro anos.

Antiga Stephane e Bernardinho, Brasil X Polônia - Mundial de vôlei (Foto: Divulgação / FIVB)
Antiga Stephane, técnico da Polônia, e 
Bernardinho, em duelo válido pelo 
Mundial de 2014 (Foto: 
Divulgação / FIVB)


Neuri garante, no entanto, que a CBV não assinou qualquer contrato com a FIVB para que o Brasil recebesse as finais da Liga Mundial e que as duas entidades estavam ainda em fase de negociação sobre o evento, que serviria como teste para as instalações do vôlei para os Jogos Olímpicos de 2016.

- A decisão da CBV está mantida, e não aceitamos sanção nenhuma, até porque não houve nenhuma assinatura de contrato com a FIVB. Independentemente do problema entre técnico e jogadores, já estávamos numa negociação difícil em termos financeiros. Quando a CBV se dispôs a sediar a competição, não havia valores estabelecidos. (...) Não vemos nenhuma chance da FIVB, de maneira legal, nos punir. Não acataremos nenhuma forma de punição.

A cúpula da CBV está reunida em Saquarema, cidade onde fica a sede do Centro de Desenvolvimento de Voleibol, para deliberar questões relativas à crise enfrentada pela entidade. Na última quinta-feira, após a divulgação da auditoria da CGU, o Banco do Brasil suspendeu os pagamentos de patrocínios. A parceria já dura 23 anos e era responsável, de acordo com o atual contrato, por repassar R$ 60 milhões anuais à CBV.



FONTE:
http://glo.bo/1wLfObe

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