sexta-feira, 11 de março de 2016

Adeus do "Rei" Emanuel emociona "Rainha" Walsh: "Maior que o esporte"


Humilde, lenda americana rasga elogios ao brasileiro, que vai dar adeus ao vôlei de praia aos 42 anos: "Ele é um presente e até me dá um arrepio de falar nisso"




Por
Rio de Janeiro






Dona de inúmeros títulos no vôlei de praia, eternizada em uma estátua feita pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e única tricampeã olímpica da história da modalidade, Kerri Walsh Jennings não parece ter noção do que representa. Na realidade, a simpática americana é tão humilde que, mesmo sendo chamada de "Rainha" pelos brasileiros, considera que há um outro atleta maior que ela própria e até mesmo que o esporte. Trata-se de Emanuel, que ganhou o apelido de "Rei" por conta de seus feitos, como mais de 150 títulos e três medalhas nos Jogos Olímpicos, sendo uma de ouro em Atenas 2004, e vai se aposentar quando encerrar sua participação no Grand Slam do Rio.

Walsh e Emanuel foram eternizados como estátuas pela FIVB (Foto: FIVB)
Walsh e Emanuel foram eternizados como 
estátuas pela FIVB (Foto: FIVB)


Walsh se emociona ao falar de seu ídolo. Diferentemente de Emanuel, que não conseguiu a classificação olímpica, a americana poderá tentar alcançar sua quarta medalha olímpica. Mas isso não importa. Para ela, o brasileiro é o maior de todos. Quando soube do anúncio oficial da aposentadoria do paranaense, feito por ele na semana passada, ela desabou. Seria o fim de uma era no esporte que tanto ama. Ela conta que pensou em escrever para o colega de vôlei de praia. Mas as palavras não vieram, tamanha a emoção.

- Ainda não falei com ele. Pensei em enviar uma mensagem, mas as palavras não vieram, porque ele é tão grande que chega a ser maior que o nosso esporte, por tudo que ele fez. Ele é um presente para nosso esporte e até me dá arrepios de falar nisso. Eu aprendi muito o vendo jogar e tudo que ele fez, levando junto sua família, sem se satisfazer nunca, mesmo com tudo que conquistou. Para mim, é um campeão muito faminto. E esse é o melhor tipo de campeão. Sei que ele não estará por perto mais, mas sempre vai afetar o jogo de uma forma positiva. Vou sentir falta dele. Emanuel é uma das primeiras lendas de quem ouvi falar e ele foi uma lenda desde que começou bem novinho. Ele tem sido maravilhoso por muito tempo e vai parar sendo maravilhoso - declarou a jogadora.


ricardo e emanuel, ricardo/emanuel, atenas, atenas 2004 (Foto: Divulgação)
Emanuel ao lado do parceiro Ricardo em 
Atenas 2004 (Foto: Divulgação)


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Questionada sobre o apelido de "Rainha" dado pelos brasileiros, Walsh se diz honrada, ainda mais que Emanuel é chamado de "Rei" no vôlei de praia.

- É uma honra. Geralmente, eu não gostaria desse apelido, mas quando venho aqui, eu amo isso, me faz querer ser melhor. Eu quero ser a "Rainha". Esse é o modo como os brasileiros me chamam e você são os melhores do mundo nisso, portanto, quero ser a "Rainha". E o fato de Emanuel ser apelidado de "Rei", ele merece demais esse apelido - complementou a jogadora.


vôlei de praia misty may treanor kerri walsh pequim (Foto: Agência Getty Images)
Walsh com sua ex-parceira Misty May após 
o ouro em Pequim 2008 
(Foto: Agência Getty Images)


DE VOLTA AO CIRCUITO MUNDIAL

O Grand Slam do Rio de Janeiro é o primeiro torneio de Walsh após se recuperar de uma cirurgia no ombro. O ano de 2015 foi um pouco complicado para a jogadora, que sofreu com lesões. Seus melhores resultados no Circuito Mundial foram um segundo lugar em Long Beach e um terceiro em Fuzhou. Mesmo assim, ela está na 22ª colocação no ranking olímpico da FIVB. As 17 melhores parcerias se classificam. A veterana de 37 anos ainda precisa superar Kessy/Day e Fendrick/Sweat nessa corrida para disputar as Olimpíadas de 2016, algo que ela mantém a confiança que irá acontecer.

- Meu ombro está ficando mais forte a cada dia. Estava doida para testar. Você sabe, competir é muito mais difícil que treinar. Tem o estresse, a adrenalina... No primeiro dia, meu ombro reagiu bem. Me senti muito bem no segundo também. Preciso continuar jogando de forma inteligente e usar todos os recursos possíveis no meu corpo. Espero que as americanas estejam um pouco preocupadas com meu retorno, que o mundo esteja (risos). Eu realmente amo o que faço e ano passado foi muito desafiador, tanto emocionalmente quanto fisicamente. Mas eu aprendi muito e sinto que tanto como atleta quanto como pessoa, porque tive que cavar fundo, acreditar na minha parceira, trabalhar minha confiança. Somos um time melhor por causa do ano passado.


Kerri Walsh com sua atual parceira, April Ross (Foto: FIVB)
Kerri Walsh com sua atual parceira, 
April Ross (Foto: FIVB)


Mãe de três crianças e casada com o também jogador Casey Jennings, Walsh ressalta que agora, com a continuidade que terá de dar no Circuito Mundial, as viagens vão aumentar. Com isso, ela ficará mais tempo longe dos filhos. Mas ela garante que o objetivo da quarta medalha olímpica é de todos em casa.

- Falo com meus filhos todos os dias, mando vídeos, escrevo mensagens. Eles são muito presentes. Não sei mais por quanto tempo vou jogar vôlei de praia, mas eu amo tanto meu esporte e, ao invés de ficar triste por minhas crianças não estarem aqui, escolho ser muito feliz por poder fazer isso. Eles são minha grande motivação, inspiração e torcem por mim. Nossa meta, como família, é ganhar uma medalha de ouro. Eu quero uma medalha e me sinto que os estou representando. Me sinto orgulhosa. Eu e meu marido somos parte de um time com eles. Eles não podem estar em todo lugar, mas onde eu for estão comigo - concluiu.


FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2016/03/adeus-do-rei-emanuel-emociona-rainha-walsh-maior-que-o-esporte.html

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