Emocionado por voltar ao país após defender o Palmeiras, Armero diz que geração "europeia" pode fazer diferença na seleção e planeja nova dança para a história
A Copa do Mundo será a oportunidade para um novo Armeration em solo brasileiro. O lateral-esquerdo é titular da seleção, mas o Mundial representa muito mais para o jogador e seu país. É a volta da Colômbia depois de 16 anos, já que ela não se classificou para as edições de 2002, 2006 e 2010. Pela primeira vez, a equipe será cabeça-de-chave. Ela está no grupo C, ao lado de Grécia, Costa do Marfim e Japão. No ranking da Fifa, é o melhor time sul-americano, na quarta posição, imediatamente à frente de Uruguai, Argentina e Brasil.
Na última vez em que os colombianos disputaram uma Copa, o time ainda era formado pelos ídolos antigos Rincón, Valderrama, Asprilla e companhia. Aquela geração atingiu o auge em 1994, mas em nenhum dos dois Mundiais conseguiu ir além da primeira fase. Armero vê uma diferença fundamental no atual time.
- Quase todos os jogadores estão nas ligas europeias, então jogam um futebol muito rápido, têm capacidade e mentalidade diferentes para chegarem ao Mundial como protagonistas.
Para o lateral, que atualmente defende o West Ham, da Inglaterra, mas ainda pertence ao Napoli, da Itália, é ainda mais especial. Ele morre de saudade do Brasil, mesmo tendo sofrido críticas em razão de oscilações no Palmeiras. Só tem elogios ao povo, ao clima e aos antigos companheiros, e sonha poder vestir a camisa de algum time local novamente. Na Copa, Armero passará por Belo Horizonte, Brasília e Cuiabá na primeira fase. E se fizer gol...
- Sempre trato de mostrar ao mundo que o futebol é alegria. É claro que, na Copa, se eu fizer um gol, terei muito espaço para bailar com meus companheiros.
Confira a íntegra da entrevista, concedida por telefone:
Armero durante amistoso da Colômbia contra a Tunísia: empate por 1 a 1, em março (Foto: AFP)
Sim, estou muito bem, graças a Deus. Aqui no West Ham, terminando a temporada. Faltam apenas duas partidas para, depois, pensar 100% na seleção colombiana, treinar e me preparar da melhor forma para o Mundial.
A Colômbia será cabeça-de-chave em razão de a Fifa ter valorizado seu ranking para definir as principais seleções. Isso aumenta as chances, aumenta a responsabilidade?
Para nós é um orgulho, estamos fazendo história ao sermos cabeça-de-chave. A Colômbia jamais havia ocupado esse posto e há 16 anos não ia ao Mundial. As expectativas são as maiores possíveis porque nosso povo quer que sejamos protagonistas no Mundial, que passemos de fase. Para isso, teremos de trabalhar forte.
Essa é a melhor seleção colombiana que você já viu?
(risos) Não sei se é a melhor, mas sei que temos grandes jogadores e é importante que quase todos jogam na Europa. Em diferentes ligas, mas ligas que praticam um futebol muito rápido, contundente. A seleção colombiana está jogando bem, com velocidade. Na verdade, a Colômbia sempre jogou um bom futebol, mas geração é muito mais rápida, tem fome de gol, então sabemos que teremos muita responsabilidade.
A diferença é a maturidade tática, então? Porque, como você disse, a seleção colombiana sempre agradou por seu estilo de jogo, mas não era tão disciplinada para vencer jogos, certo?
Todas as gerações são diferentes, pessoalmente, tenho um respeito grande pelos jogadores do passado. Mas, naquela época, só havia dois ou três jogando na Europa. Os demais jogavam no futebol colombiano e a diferença é grande. Dessa vez, estão todos na Europa, com uma capacidade muito grande e a mentalidade de quererem ir ao Mundial para avançarem fase a fase, e não apenas para marcarem presença.
A geração de 1994, com vários ídolos, teve uma participação frustrante. É possível superar?
Aquela foi a última geração que chegou ao Mundial, então são nossos ídolos, os respeitamos e nos lembramos sempre de pessoas que fizeram bem para a Colômbia. Nós servimos nosso país, eles são a inspiração para fazermos algo a mais do que eles fizeram.
Que diferença a presença do Falcao García, que ainda se recupera de lesão, faz à equipe?
Falcao é um jogador que já mostrou muita coisa boa, dá segurança ao nosso ataque. É um jogador que está muito bem, toda a Colômbia quer sua participação na Copa porque ele nos deu muito nas Eliminatórias. Deus queira que ele se recupere e possa estar no Mundial.
Você, que o conhece pessoalmente, acredita em sua recuperação?
Acredito em Deus, que tudo pode. Temos que ter muita fé e somos homens de fé. Falcao está trabalhando muito forte, fazendo sua parte. Deus permita que ele tenha essa oportunidade e possa jogar. O mais importante é que ele se recupere por sua saúde.
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Como avalia a chance da Colômbia diante das outras equipes do grupo: Grécia, Costa do Marfim e Japão?
Penso que todas as partidas serão muito difíceis. Nada vai ser fácil no Mundial, é a maior festa do futebol e todos querem continuar nela. Teremos que trabalhar duro e sabemos que vamos enfrentar grandes rivais. É um bom grupo, de seleções que já foram a Mundiais. Vamos precisar estar atentos e concentrados para vencermos cada jogo e, passo a passo, vermos até onde poderemos chegar.
O fato de a Copa ser disputada no Brasil a torna ainda mais especial para você, que jogou no Palmeiras?
Sim, para mim é muito importante porque joguei no Brasil, um país alegre, de muito futebol, que me deu a oportunidade de me exibir para o mundo. Será um Mundial muito bom, estaremos na América do Sul, então teremos muita gente. Muitos colombianos irão ver o Mundial, estarão mais perto, teremos mais calor humano de nossa gente. Isso será muito importante.
A
Colômbia não ia ao Mundial há 16 anos, então as expectativas são as
maiores. Nosso povo quer que a seleção vá para ser protagonista, não
apenas marcar presença
Armero
Sim, vivi momentos muito bonitos no Palmeiras. Sou grato pela oportunidade que o clube me deu de jogar no Brasil, que o número um em futebol na América do Sul. Tem jogado no Palmeiras é um orgulho para mim. Tenho recordações muito bonitas de companheiros que me deram as mãos, e com quem até hoje converso.
Então você mantém contato com seus antigos companheiros?
Deixei boas amizades e nos falamos, às vezes pelo Facebook, outras por mensagens. Quando vim para cá, perdi um pouco o contato, logicamente, mas sei que estão bem. São grandes pessoas que me querem muito bem, demonstraram isso quando eu estive no Palmeiras.
Do que mais você sente falta no Brasil?
Da paixão, das pessoas, da alegria que é única no Brasil. É um povo muito espontâneo. O futebol é muito bom, os torcedores. Penso que o Brasil não deve nada a grandes países europeus, eu gostaria de voltar a jogar lá.
A impressão é de que seu futebol melhorou depois que você foi para a Europa.
Acha que a experiência em culturas táticas diferentes te ajudou a se desenvolver?
Sim, na Itália o futebol é mais tático, mais defensivo. Sou um lateral que gosta muito de apoiar, fazer cruzamentos, acompanhar os atacantes. Quando encontrei essa parte mais tática, no Udinese e no Napoli, aprendi a marcar mais, ser mais defensivo. Foi muito útil para mim, me deu experiência.
Até hoje, muita gente ainda se lembra do Armeration, sua dança ao comemorar um gol na Vila Belmiro. Você também se lembra? Pensa em repeti-la na Copa?
(risos) Sim, sim... Eu me lembro desse gol do Palmeiras, era um momento difícil, nós fizemos o gol de empate. Éramos jovens, dançamos... Sempre trato de mostrar ao mundo que futebol é alegria, temos que desfrutar. Quando faço gols ou meus companheiros fazem, dançamos em todos os ritmos. É claro que se eu fizer um gol na Copa terei muito espaço para bailar com meus companheiros.
Pablo Armero se transformou num dos
pilares da equipe treinada pelo
argentino José Pekerman
(Foto: Reuters)
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