segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Jaqueline Anastácio volta ao Brasil e deixa cidade russa que sofreu ataque

handebol 

 

Atleta da seleção e ex-jogadora do Dínamo de Volgogrado é repatriada pela Metodista para temporada 2014. Medo de atentados terroristas contribuiu para retorno ao país

Por Rio de Janeiro

Jaqueline Anastácio jogadora de handebol (Foto: Divulgação / Facebook Oficial)Jaqueline Anastácio jogadora de handebol (Foto: Divulgação / Facebook Oficial)
 
O título no Mundial de Handebol, realizado em dezembro do ano passado na Sérvia, deu ao Brasil uma maior visibilidade no esporte, e muitas das jogadoras que atuam no exterior expressaram a vontade de retornar ao país. Um dos principais nomes da seleção brasileira, Jaqueline Anastácio, não participou da competição que coroou as brasileiras por conta de uma lesão, mas, assim como suas companheiras, também tinha o sonho de voltar para perto da família e dos amigos. Desejo esse que será realizado em 2014, após assinar por um ano com a Metodista, um dos clubes mais representativos na modalidade no país. Atuando na Rússia e com contrato com o Dínamo de Volgogrado até junho deste ano, a atleta se viu em uma situação difícil quando a cidade russa sofreu ataques terroristas, exatamente a duas quadras de onde ela morava, fatos que também contribuíram para o retorno.

- Eu tive uma lesão no começo do ano passado, me recuperei e voltei a competir pelo Dínamo de Volgogrado. Mas na terceira rodada da Liga Russa eu acabei sofrendo uma outra lesão devido ao ritmo muito pesado de treinos e competições. Olhando pelo lado no meu corpo, não tinha como continuar na intensidade que eu estava ou acabaria me prejudicando. Com isso, tomei a decisão de voltar a jogar no Brasil, conversei com os dirigentes do meu time (Dínamo) e eles me liberaram para voltar ao meu país, mas ainda permaneço com eles até junho desse ano. Eu joguei na Metodista entre os anos de 2006 e 2010 e sempre disse que se voltasse para o Brasil defenderia novamente a camisa do clube. Eles acabaram fazendo uma proposta que supria todas as minhas necessidades e assinei um contrato para a temporada de 2014. 


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Apesar do retorno ao Brasil, Jaqueline afirma que as condições oferecidas paras os atletas de handebol no país ainda são muito limitadas e que falta incentivo para o esporte, que é hoje o mais praticado nas escolas. Após a temporada com a Metodista, a atleta pretende retornar ao exterior. 

- A minha intenção é retornar para a Rússia com o fim do meu contrato no Brasil. Vou aproveitar essa oportunidade e dar o melhor de mim, mas ainda quero ganhar mais experiência jogando no exterior. Todas as meninas da seleção têm muita vontade de voltar ao país, ficarem próximas de suas famílias e amigos, mas infelizmente a realidade lá fora ainda é melhor do que aqui no Brasil, tanto financeiramente como no nível em que o esporte é praticado. Se as coisas melhorassem por aqui, seria mais fácil para nós. 

Jaqueline Anastácio jogadora de handebol (Foto: Divulgação / Facebook Oficial) 
Jaqueline Anastácio atuando pelo Dínamo de 
Volgogrado (Foto: Divulgação / Facebook Oficial)

Jaqueline deixou o Brasil em 2010 e teve passagens por equipes da Hungria e Noruega. Foi em 2013 que ela desembarcou na Rússia, exatamente em Volgogrado. Recentemente a atleta passou por uma situação difícil, quando a cidade russa sofreu com dois atentados terroristas que mataram mais de 30 pessoas.


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- No primeiro atentado que teve a um ônibus eu estava treinando, e as meninas do meu time viram tudo pela TV e ficaram desesperadas. Consequentemente eu fiquei também porque nunca tinha passado por uma situação dessas. O atentado ocorreu a duas quadras da minha casa, e isso me gerou um clima de insegurança. A tensão é muito grande. No outro eu já estava no Brasil e fiquei em choque. Sinceramente, fiquei muito preocupada e achei que foi um ótimo momento para retornar ao meu país. 

Pela primeira vez na história, a seleção brasileira foi campeã mundial. Desde 1995, com a Coreia do Sul, uma equipe fora da Europa não conquistava a competição. O ouro no peito coroou um projeto iniciado há quatro anos pela Confederação Brasileira de Handebol, com a contratação do técnico dinamarquês Morten Soubak. Com as Olimpíadas do Rio, em 2016, na mira, o feito credenciou o Brasil ao posto de candidato real a uma inédita medalha olímpica e valorizou a modalidade.

- Depois do título mundial, houve uma mudança clara. Hoje temos mais patrocinadores e cada vez mais pessoas apreciando o handebol. Com visibilidade que geramos na mídia, acabou que trouxemos mais pessoas para o esporte. Sabemos que a tradição esportiva no Brasil é voltada para outras modalidades, mas acredito em um crescimento grande para handebol no próximos anos.

Animada com a volta ao Brasil, Jaqueline afirma que pretende se recuperar totalmente, ajudar a nova equipe e a seleção brasileira na busca por novos títulos.

- Aqui na Metodista eu pretendo contribuir com a equipe e ganhar todos os campeonatos, além de poder jogar perto das pessoas que eu gosto e que vão torcer por mim. Já na seleção brasileira, quero retornar bem depois do ano que eu perdi por causa das minhas lesões e ter a oportunidade 
de mostrar o meu trabalho.
 
 

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