Seleção japonesa, que contou com brasileiros naturalizados nas quatro Copas que disputou até hoje, pega a Austrália às 7h30m desta terça-feira
Brasileiros naturalizados não têm espaço no time
do técnico italiano Zaccheroni (Foto: Osny Arashiro)
do técnico italiano Zaccheroni (Foto: Osny Arashiro)
O Japão disputou até hoje quatro Copas. E em todas teve sangue verde-amarelo na equipe: Wagner Lopes (França-1998), Alessandro Santos (Coreia do Sul/Japão-2002 e Alemanha-2006) e Túlio Tanaka (África do Sul-2010), além de Zico como treinador em 2006. Agora com o técnico italiano Alberto Zaccheroni, o futebol do Japão parece ter cortado o cordão umbilical com o Brasil, e a nova safra busca sua autonomia dentro das quatro linhas.
- Com essa evolução do futebol japonês, e também o trabalho de base, não houve tanta necessidade de brasileiros irem para lá ajudar no desenvolvimento. Hoje o Japão tem uma seleção com muitos jogadores que atuam na Europa, esse intercâmbio também leva um aprendizado muito grande para a equipe - analisou Zico.
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O Japão, que sabe exportar produtos tecnológicos de ponta, passou
também a vender para o exterior jogadores "made in Japan". A maioria dos
convocados que disputa as elimiatórias asiáticas joga em clubes
europeus, como Shinji Kagawa (Manchester United - Inglaterra), Hiroshi
Kiyotake (Nuremberg - Alemanha) e Yuto Nagamoto (Inter de Milão -
Itália). Há ainda um "holandês": Hafunaa Maiku. O nome soa estranho aos
ouvidos ocidentais, mas é assim que os japoneses chamam Mike Havenaar,
atacante da seleção desde as categorias de base e que durante as
eliminatórias ganhou uma chance na equipe principal e não decepcionou.Com 1m94 de altura, este “flying dutchman” nasceu em Hiroshima e é filho do ex-goleiro Dido Havenaar, que defendeu o Nagoya Grampus e Jubilo Iwata na década de 90. A família obteve a cidadania japonesa em 1994, mas Mike atualmente defende o SBV Vitesse, da Holanda.
A seleção de Zaccheroni lidera o Grupo B com 13 pontos, contra sete da Jordânia, seis de Austrália e Omã e cinco do Iraque. Os dois primeiros e segundos colocados das duas chaves se classificam para 2014. Os terceiros farão um mata-mata para decidir quem fará repescagem contra o quinto da América do Sul. Vale lembrar ainda que o Japão será o rival do Brasil na abertura da Copa das Confederações, dia 15 de junho, em Brasília.
Filho de holandeses, Havenaar joga na seleção japonesa desde as divisões de base (Foto: agência AP)
Técnico do São Bernardo, Wagner Lopes jogou
a Copa de 1998 pelo Japão (Foto: Divulgação)
a Copa de 1998 pelo Japão (Foto: Divulgação)
- Alex Santos e o Túlio Tanaka (naturalizados) não atravessam bons momentos no campeonato. Se você analisar, só no Campeonato Alemão temos 17 jogadores japoneses e muitos outros na Europa em alto nível. Esse avanço faz com que o time não precise de brasileiros. O momento é diferente. Acho que evoluíram muito, mas precisam ainda da autoconfiança. No dia que eles acreditarem, serão melhores ainda. O japonês até os 18 anos tecnicamente é melhor que o brasileiro. Passe, conclusão e chute...
Para Wagner Lopes, o japonês sempre reconheceu a grande influência do Brasil no futebol do país:
- No Brasil, a gente se valoriza pouco. Os treinadores que mais fazem sucesso no Japão são brasileiros. Acho que o toque de bola vem da escola brasileira. Uma das palavras que mais se ouve hoje por lá é "malixia". Eles querem ter a ginga do brasileiro.
- Atualmente, muitos jogadores japoneses atuam na Alemanha, Inglaterra, Itália, porém, em torneios importantes como a Copa das Confederações ou Copa do Mundo, o Japão não reúne muita experiência e por isso, nunca passou das oitavas de final. O Japão não tem um grande finalizador como o Neymar ou Ronaldinho Gaucho. Ainda acho difícil o Japão chegar nas quartas de final da Copa do Mundo. Temos Honda e Kagawa, mas eles são meia-atacantes e precisamos de um finalizador.
Em 1995, quando a seleção brasileira fez um amistoso em Tóquio e venceu o Japão por 5 a 1, perguntaram ao técnico Zagallo qual o melhor jogador japonês da seleção local. O Velho Lobo respondeu:
- O melhor jogador japonês é o brasileiro Ruy Ramos, quando ele estava com a bola, o jogo ganhava um brilho diferente.
Ruy Ramos segue no Japão, abriu uma churrascaria e organiza shows de pagode (Foto: Osny Arashiro)
Quando Zico chegou ao País do Futebol Nascente no início dos anos 90, o Kashima Antlers estava na Segunda Divisão, o gramado era de terrão, os jogadores se alimentavam de fast food. O Galinho chamou o time no vestiário e disse que aos 40 anos corria mais do que eles, na faixa dos 20. Para serem jogadores de verdade, teriam que ganhar massa muscular e adotar dieta alimentar. Zico hoje tem duas estátuas na cidade de Kashima e é chamado no Japão de "Kamisama", o Deus do Futebol.
Dunga também deu sua parcela de contribuição. Ele gesticulava, gritava com colegas desatentos. Os japoneses descobriram que futebol também se ganha no grito. Houve um período no qual brasileiro fazia falta ao futebol japonês, mesmo com as diferenças culturais. Hoje os japoneses se sentem mais compatíveis ao estilo europeu, porque vão atuar na Europa. O brasão da Federação de Futebol do Japão é a figura de um corvo – apesar de “espécime” diferente, durante muitos anos harmonizou com o futebol canarinho.
Chamado de 'Deus do Futebol' no Japão, Zico tem estátua no Kashima Antlers (Foto: AFP)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/eliminatorias-asia/noticia/2013/06/sem-brasileiros-japao-joga-por-empate-para-garantir-vaga-em-2014.html
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