Fila longa na entrada do Bellini, preços caros na lanchonete e torcida em pé contrastam com segurança eficiente e bom planejamento do metrô
Foi um domingo como há tempos o carioca não tinha. Em um dia ensolarado
e de muito calor, apesar de estarmos quase no inverno, o torcedor do
Rio de Janeiro reencontrou o Maracanã, fechado há quase três anos. Com
uma reforma orçada em mais de R$ 1 bilhão, o estádio passou no teste do
quesito beleza e, em geral, as pessoas saíram felizes com o que viram lá
dentro, apesar do empate da Seleção em 2 a 2 com a Inglaterra.
O Comitê Organizador Local (COL) considerou o teste como o melhor de
todos antes da Copa das Confederações, o que não esconde vários tipos de
problemas em uma arena que receberá o torneio da Fifa dentro de 13
dias.
Filas longas, lanches caros e o trânsito foram exemplos negativos
citados por pessoas que compareceram ao palco das finais da Copa das
Confederações e da Copa do Mundo. Mas, apesar de alguns problemas, o
novo Maracanã acabou aprovado pelo torcedor. As dificuldades encontradas
não são muito diferentes dos transtornos que aconteceram nas
inaugurações das cinco demais arenas do torneio que começará no dia 15.
O principal problema talvez seja o pouco tempo para corrigi-los, uma vez que o estádio carioca receberá Itália x México no dia 16. No total, foram 16 áreas testadas pelo COL no domingo. A prefeitura também usou o jogo para implantar o esquema de trânsito que será usado no torneio, o que incluiu o fechamento de 12 ruas nos arredores.
O GLOBOESPORTE.COM circulou pela região do Maracanã desde a madrugada de domingo até a saída dos torcedores no fim do amistoso, ouviu depoimentos de pessoas que estavam na partida e listou os pontos fortes e fracos do último teste do estádio antes da Copa das Confederações.
Metrô funciona bem; entrada do Bellini sofre com longas filas
Apesar de ser domingo, o Rio de Janeiro teve um dia de trânsito problemático por conta das interdições nas principais vias próximas ao Maracanã (moradores dos bairros ao redor reclamaram do engarrafamento causado pelo fechamento das principais vias de acesso). A melhor opção para os torcedores foi o metrô, elogiado pela maioria das pessoas que o escolheram como meio de transporte.
A abertura dos portões do estádio para a torcida estava marcada para
13h, mas houve atraso de 15 minutos. Nada que tirasse o humor dos
primeiros a chegar. No início, as filas estavam bem organizadas e
voluntários do governo do estado orientavam os torcedores, com direito a
alto-falante. Antes das catracas foram instaladas lonas com detectores
de metal e máquinas de raio-x para revistar os torcedores.
Os problemas começaram a aparecer cerca de uma hora antes do início do amistoso, principalmente na entrada do Portão D, localizada atrás da estátua do Bellini. Por falta de organização dos voluntários, duas filas acabaram sendo formadas para o mesmo setor. Pessoas reclamaram que chegaram a ficar 40 minutos esperando até chegar nas catracas. Faltando 20 para a bola rolar no gramado, a fila chegava ao Maracanãzinho. Para evitar um tumulto ainda maior, uma vez que os torcedores já estavam nervosos, a organização passou a ser menos rigorosa com os detectores de metal e a entrada foi agilizada. Cinco minutos antes do apito inicial, somente torcedores atrasados e sem ingressos circulavam do lado de fora do estádio. O gerente operacional do COL, Thiago Paes, admitiu um problema técnico na catraca e a ordem para facilitar a entrada:
- Quando tivemos o problema na catraca, na rampa D, fizemos uma abertura dos ingressos de forma manual, abortamos a eletrônica. Isso deu uma vazão. Estava acontecendo o problema, mas a comunicação foi rápida.
Thiago passou a partida dentro do centro de controle do Maracanã, uma sala com acesso a todas as câmeras localizadas no complexo. De lá, ao lado de representantes da Polícia Militar, o gerente do COL conseguia ver os problemas e buscar a solução em conjunto com os responsáveis por cada área.
A saída dos cerca de 66 mil presentes ocorreu sem tumultos. Alguns idosos reclamaram da falta de corrimão nas rampas e houve também algumas quedas na escada do Bellini, mas ninguém se machucou gravemente. O planejamento de usar o metrô como principal meio de transporte foi aprovado pelo COL e pelo vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão:
- Funciona, é no mundo inteiro assim. Estive nas Olimpíadas de Londres e
andei 35 minutos para chegar em Wembley. Aqui, é muito menos.
Sem obras no entorno; deficientes físicos ficam sem ingressos
A promessa da prefeitura do Rio foi cumprida e não houve trabalho de operários ao redor do estádio no domingo. Durante a semana passada, cerca de 1.500 funcionários trabalhavam no entorno, em três turnos. Apesar de o aspecto estar melhor que nos últimos dias, ainda falta muito acabamento nas calçadas.
O secretário de Transportes, Carlos Osório, chegou cedo ao Maracanã e
comandou parte da operação perto da estátua do Bellini. Segundo ele, as
obras voltarão nesta segunda para que o entorno esteja pronto na Copa
das Confederações. Por causa dos entulhos, a Justiça do Rio chegou a
suspender o amistoso, mas laudos da Polícia Militar garantindo a
segurança da torcida acabaram permitindo a realização do jogo.
Deficientes físicos ouvidos pelo GLOBOESPORTE.COM também encontraram problemas de acesso ao estádio. Muitos ficaram sem ingressos para o amistoso, apesar de terem direito a gratuidade. A cota específica de entradas terminou no início da tarde. Houve mais procura do que oferta. Restaram apenas entradas para a área de cadeirantes, mas em um espaço restrito, já que portadores de outras deficiências não podem ficar ali. Os torcedores, com carteirinhas em mãos, reclamaram que no antigo Maracanã era mais fácil entrar.
Parte dos assentos numerados não é respeitada
Dentro do estádio, nem todos os assentos numerados foram respeitados. Muitas pessoas que entraram próximo ao início do jogo foram surpreendidas com outras em suas cadeiras, muitas delas sujas (veja no vídeo abaixo). Em alguns setores, até mesmo os voluntários admitiram que era impossível controlar a questão da numeração das cadeiras.
- Estamos sentados fora dos nossos lugares porque encontramos outras pessoas lá. Mas quando chegamos disseram que hoje seria permitido sentar em qualquer lugar, por isso pegamos outras cadeiras vazias. Só que ficamos longe dos amigos que vieram com a gente - disse Luiz Fernando Muller, que veio de Vitória, com a família, para acompanhar o jogo.
Segundo o tenente-coronel João Fiorentini, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios da Polícia Militar (Gepe), nenhuma ocorrência grave foi registrada no interior do Maracanã. Os únicos problemas foram exatamente com torcedores sentados em lugares destinados a outras pessoas.
- A integração foi positiva, não tivemos nenhuma ocorrência. Só com pessoas que sentaram em lugares errados, sem intenção, e a questão foi resolvida sem problemas.
Alguns proprietários de cadeiras cativas também não conseguiram entrar, já que compareceram apenas no domingo para tentar retirar os ingressos. A Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj) informou que as entradas foram distribuídas somente até às 15h do último sábado. No entanto, mais de quatro mil donos de perpétuas acompanharam o jogo.
Assento quebra e machuca torcedora
O GLOBOESPORTE.COM também flagrou um incidente que acabou prejudicando uma torcedora na arquibancada (asssita no vídeo acima). Uma cadeira cedeu e machucou a estudante de arquitetura Thaísa Lima durante o empate entre Brasil e Inglaterra.
- Estava sentada e, do nada, a cadeira despencou e machucou até as minhas costas... Parece que está faltando uma porca. É um absurdo – disse Thaísa.
O público presente no estádio chegou a 66 mil pessoas, com 57.280 pagantes. As partes mais vazias do estádio eram as últimas fileiras superiores, principalmente atrás dos gols. Segundo Thiago Paes, estes setores eram destinados a ingressos de gratuidade, que não foram totalmente retirados.
Segurança funciona
Se teve uma área que funcionou bem na reinauguração oficial do Maracanã, foi a área de segurança. Poucos incidentes foram registrados. Segundo o tenente-coronel João Fiorentini, os problemas aconteceram apenas fora do estádio: 15 flanelinhas (guardadores ilegais de carro) e dez cambistas foram presos.
A reportagem flagrou a ação dos cambistas na saída das estações do metrô de São Cristóvão e do Maracanã. O preço médio pedido pelos ingressos era de R$ 300 e os turistas estrangeiros eram o principal “alvo” dos vendedores informais.
Desde a manhã de domingo, helicópteros sobrevoavam a região do estádio.
A Polícia Federal chegou a fazer uma vistoria no interior do Maracanã,
com direito a cão farejador para detectar explosivos no vestiário da
Seleção e em outras dependências.
De acordo com o comandante do Gepe, 300 oficiais trabalharam na parte interna do Maracanã, que também contava com seguranças particulares contratados pelo COL, além de 690 na área externa.
Cigarro no estádio, torcedores em pé e sentados no encosto da cadeira
No evento que serviu como teste para a Copa das Confederações ficou claro que o torcedor brasileiro ainda carrega os maus hábitos de driblar normas e proibições. A reportagem do GLOBOESPORTE.COM flagrou torcedores fumando nas cadeiras espalhadas pelas arquibancadas. A Fifa proíbe fumo no interior dos estádios durante a competição. Alguns voluntários pediram para fumantes apagarem seus cigarros. Placas de proibido fumar também estão espalhadas pelo estádio.
Além disso, foi possível ver dezenas de torcedores acompanhando o
amistoso em pé, o que também não é permitido pela entidade. Outros
sentaram no encosto da cadeira. Alguns voluntários pediam educadamente
para que utilizassem o assento de forma correta, mas nem todos
atenderam.
Cachorro-quente a R$ 8
As lanchonetes chamaram a atenção pelo preço dos lanches: um cachorro-quente era vendido por R$ 8, enquanto uma garrafa de refrigerante saía por R$ 7. O saco de pipoca chegou a R$ 10.
Questionado se os valores serão mantidos na Copa das Confederações, o CEO (diretor-executivo) do COL, Ricardo Trade, disse que não tem como confirmar pois isso depende da Fifa.
No intervalo, as filas para comprar nas lanchonetes irritaram alguns torcedores, como o policial civil Lucas Silva:
- Está uma vergonha. Até no antigo Maracanã era melhor. Eu fiquei cerca de 20 minutos para conseguir comprar um lanche. Está tudo muito desorganizado, um absurdo.
Banheiros sem papel; setor de imprensa funciona
Os novos banheiros são muito melhores que os antigos, com mais conforto para os torcedores e limpeza aparente. Porém, alguns estavam sem papel higiênico e o papel disponível para enxugar a mão estava largado sobre as pias.
A coleta do lixo nos corredores deixou a desejar. Muitas lixeiras ficaram entulhadas e acabaram transbordando.
Na área de imprensa, quase nenhum deslize. A sala destinada ao trabalho dos jornalistas é ampla e deu conta do número de profissionais presentes, com conexão livre para a internet, assim como a tribuna na arquibancada.
Ingleses aprovam
Acostumados à arenas de primeiro mundo, os ingleses ficaram encantados com o Maracanã. Muitos deles estiveram neste domingo pela primeira vez no estádio, aprovaram o que viram e prometeram retornar no próximo ano, para a Copa do Mundo.
- O Maracanã está fantástico. É aminha primeira vez aqui e com certeza
voltarei para a Copa do Mundo. Está tudo muito bonito e não encontrei
problemas para chegar ao estádio. Fui bem orientado, todos foram muito
simpáticos conosco. Não dá para comparar com Wembley, já que Wembley foi
todo demolido e começou do zero. Mas posso dizer que a atmosfera do
Maracanã é diferente. Essa vibração é sem igual – disse Marcus Grey,
morador de Londres, que veio ao Brasil para acompanhar a partida e
conhecer o Rio de Janeiro.
De modo geral, o Maracanã deixou boa impressão em quem esteve no estádio. Depois de muitas dúvidas por causa do atraso nas obras (a previsão inicial de conclusão era dezembro de 2012) e pelo cancelamento do evento-teste de maio (o único jogo foi entre amigos de Ronaldo e Bebeto, no dia 27 de maio, com cerca de 25 mil presentes), o COL acredita que o estádio está praticamente pronto para a Copa das Confederações.
- Depois de testar vários estádios, voltamos a cabeça para a Copa das Confederações. Foi o melhor teste, não tenho duvida disso. Onde podemos testar mais coisas, deu tudo certo. Há detalhes, é claro, testes servem pra isso, e temos que ajustar algumas coisas. Mas foi o melhor teste de todos – concluiu Ricardo Trade.
*Participaram desta cobertura: Cíntia Barlem, Janir Junior, Marcelo Baltar, Richard Souza, Thiago Dias e Thiago Correia
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/maracana-deixa-boa-impressao-em-teste-mas-tem-problemas-corrigir.html
O Maracanã após Brasil x Inglaterra: estádio novo, mas ainda com problemas (Foto: Thiago Correia)
O principal problema talvez seja o pouco tempo para corrigi-los, uma vez que o estádio carioca receberá Itália x México no dia 16. No total, foram 16 áreas testadas pelo COL no domingo. A prefeitura também usou o jogo para implantar o esquema de trânsito que será usado no torneio, o que incluiu o fechamento de 12 ruas nos arredores.
O GLOBOESPORTE.COM circulou pela região do Maracanã desde a madrugada de domingo até a saída dos torcedores no fim do amistoso, ouviu depoimentos de pessoas que estavam na partida e listou os pontos fortes e fracos do último teste do estádio antes da Copa das Confederações.
Metrô funciona bem; entrada do Bellini sofre com longas filas
Apesar de ser domingo, o Rio de Janeiro teve um dia de trânsito problemático por conta das interdições nas principais vias próximas ao Maracanã (moradores dos bairros ao redor reclamaram do engarrafamento causado pelo fechamento das principais vias de acesso). A melhor opção para os torcedores foi o metrô, elogiado pela maioria das pessoas que o escolheram como meio de transporte.
Serviços testados pelo COL no Maracanã |
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Limpeza e resíduos |
Serviço ao espectador |
Catering (contratação e coordenação de serviços de alimentação de jogadores e árbitros nos vestiários) |
Competições (gramado, gandulas, treinamentos, protocolo de entrada em capo, vestiários, aeroporto) |
Tecnologia (atividades de áudio, vídeo e telecomunicações) |
Protocolo (recepcionistas) |
Operação de imprensa |
Transportes |
Voluntários |
Credenciamento |
Broadcast (estrutura de televisão) |
Logística |
Segurança |
Serviços médicos |
Hospitalidade |
Marketing |
Os problemas começaram a aparecer cerca de uma hora antes do início do amistoso, principalmente na entrada do Portão D, localizada atrás da estátua do Bellini. Por falta de organização dos voluntários, duas filas acabaram sendo formadas para o mesmo setor. Pessoas reclamaram que chegaram a ficar 40 minutos esperando até chegar nas catracas. Faltando 20 para a bola rolar no gramado, a fila chegava ao Maracanãzinho. Para evitar um tumulto ainda maior, uma vez que os torcedores já estavam nervosos, a organização passou a ser menos rigorosa com os detectores de metal e a entrada foi agilizada. Cinco minutos antes do apito inicial, somente torcedores atrasados e sem ingressos circulavam do lado de fora do estádio. O gerente operacional do COL, Thiago Paes, admitiu um problema técnico na catraca e a ordem para facilitar a entrada:
- Quando tivemos o problema na catraca, na rampa D, fizemos uma abertura dos ingressos de forma manual, abortamos a eletrônica. Isso deu uma vazão. Estava acontecendo o problema, mas a comunicação foi rápida.
Thiago passou a partida dentro do centro de controle do Maracanã, uma sala com acesso a todas as câmeras localizadas no complexo. De lá, ao lado de representantes da Polícia Militar, o gerente do COL conseguia ver os problemas e buscar a solução em conjunto com os responsáveis por cada área.
A saída dos cerca de 66 mil presentes ocorreu sem tumultos. Alguns idosos reclamaram da falta de corrimão nas rampas e houve também algumas quedas na escada do Bellini, mas ninguém se machucou gravemente. O planejamento de usar o metrô como principal meio de transporte foi aprovado pelo COL e pelo vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão:
Torcedores encontratam algumas dificuldades para ingressar pela entrada do Bellini (Foto: Marcelo Baltar)
Sem obras no entorno; deficientes físicos ficam sem ingressos
A promessa da prefeitura do Rio foi cumprida e não houve trabalho de operários ao redor do estádio no domingo. Durante a semana passada, cerca de 1.500 funcionários trabalhavam no entorno, em três turnos. Apesar de o aspecto estar melhor que nos últimos dias, ainda falta muito acabamento nas calçadas.
Entorno do Maracanã não tinha obras, mas ainda faltam alguns acabamentos (Foto: Marcelo Baltar)
Deficientes físicos ouvidos pelo GLOBOESPORTE.COM também encontraram problemas de acesso ao estádio. Muitos ficaram sem ingressos para o amistoso, apesar de terem direito a gratuidade. A cota específica de entradas terminou no início da tarde. Houve mais procura do que oferta. Restaram apenas entradas para a área de cadeirantes, mas em um espaço restrito, já que portadores de outras deficiências não podem ficar ali. Os torcedores, com carteirinhas em mãos, reclamaram que no antigo Maracanã era mais fácil entrar.
Área para cadeirantes: portadores de outras deficiências não puderam ficar no local (Foto: Marcelo Baltar)
Dentro do estádio, nem todos os assentos numerados foram respeitados. Muitas pessoas que entraram próximo ao início do jogo foram surpreendidas com outras em suas cadeiras, muitas delas sujas (veja no vídeo abaixo). Em alguns setores, até mesmo os voluntários admitiram que era impossível controlar a questão da numeração das cadeiras.
- Estamos sentados fora dos nossos lugares porque encontramos outras pessoas lá. Mas quando chegamos disseram que hoje seria permitido sentar em qualquer lugar, por isso pegamos outras cadeiras vazias. Só que ficamos longe dos amigos que vieram com a gente - disse Luiz Fernando Muller, que veio de Vitória, com a família, para acompanhar o jogo.
Segundo o tenente-coronel João Fiorentini, comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios da Polícia Militar (Gepe), nenhuma ocorrência grave foi registrada no interior do Maracanã. Os únicos problemas foram exatamente com torcedores sentados em lugares destinados a outras pessoas.
- A integração foi positiva, não tivemos nenhuma ocorrência. Só com pessoas que sentaram em lugares errados, sem intenção, e a questão foi resolvida sem problemas.
Alguns proprietários de cadeiras cativas também não conseguiram entrar, já que compareceram apenas no domingo para tentar retirar os ingressos. A Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj) informou que as entradas foram distribuídas somente até às 15h do último sábado. No entanto, mais de quatro mil donos de perpétuas acompanharam o jogo.
Assento quebra e machuca torcedora
O GLOBOESPORTE.COM também flagrou um incidente que acabou prejudicando uma torcedora na arquibancada (asssita no vídeo acima). Uma cadeira cedeu e machucou a estudante de arquitetura Thaísa Lima durante o empate entre Brasil e Inglaterra.
- Estava sentada e, do nada, a cadeira despencou e machucou até as minhas costas... Parece que está faltando uma porca. É um absurdo – disse Thaísa.
O público presente no estádio chegou a 66 mil pessoas, com 57.280 pagantes. As partes mais vazias do estádio eram as últimas fileiras superiores, principalmente atrás dos gols. Segundo Thiago Paes, estes setores eram destinados a ingressos de gratuidade, que não foram totalmente retirados.
A torcedora Thaisa Lima exibe cadeira quebrada (Foto: Marcelo Baltar)
Se teve uma área que funcionou bem na reinauguração oficial do Maracanã, foi a área de segurança. Poucos incidentes foram registrados. Segundo o tenente-coronel João Fiorentini, os problemas aconteceram apenas fora do estádio: 15 flanelinhas (guardadores ilegais de carro) e dez cambistas foram presos.
A reportagem flagrou a ação dos cambistas na saída das estações do metrô de São Cristóvão e do Maracanã. O preço médio pedido pelos ingressos era de R$ 300 e os turistas estrangeiros eram o principal “alvo” dos vendedores informais.
Seguranças contratados pelo COL deram conta do recado (Foto: Marcelo Baltar)
De acordo com o comandante do Gepe, 300 oficiais trabalharam na parte interna do Maracanã, que também contava com seguranças particulares contratados pelo COL, além de 690 na área externa.
Cigarro no estádio, torcedores em pé e sentados no encosto da cadeira
No evento que serviu como teste para a Copa das Confederações ficou claro que o torcedor brasileiro ainda carrega os maus hábitos de driblar normas e proibições. A reportagem do GLOBOESPORTE.COM flagrou torcedores fumando nas cadeiras espalhadas pelas arquibancadas. A Fifa proíbe fumo no interior dos estádios durante a competição. Alguns voluntários pediram para fumantes apagarem seus cigarros. Placas de proibido fumar também estão espalhadas pelo estádio.
Em alguns locais do estádio, foi possível ver acúmulo de lixo (Foto: Thiago Correia)
Cachorro-quente a R$ 8
As lanchonetes chamaram a atenção pelo preço dos lanches: um cachorro-quente era vendido por R$ 8, enquanto uma garrafa de refrigerante saía por R$ 7. O saco de pipoca chegou a R$ 10.
Questionado se os valores serão mantidos na Copa das Confederações, o CEO (diretor-executivo) do COL, Ricardo Trade, disse que não tem como confirmar pois isso depende da Fifa.
Torcedores desaprovaram as novas lanchonetes do Maracanã (Foto: Marcelo Baltar)
- Está uma vergonha. Até no antigo Maracanã era melhor. Eu fiquei cerca de 20 minutos para conseguir comprar um lanche. Está tudo muito desorganizado, um absurdo.
Banheiros sem papel; setor de imprensa funciona
Os novos banheiros são muito melhores que os antigos, com mais conforto para os torcedores e limpeza aparente. Porém, alguns estavam sem papel higiênico e o papel disponível para enxugar a mão estava largado sobre as pias.
O banheiro feminino teve uma longa fila em alguns períodos da partida (Foto: Marcelo Baltar)
Na área de imprensa, quase nenhum deslize. A sala destinada ao trabalho dos jornalistas é ampla e deu conta do número de profissionais presentes, com conexão livre para a internet, assim como a tribuna na arquibancada.
Ingleses aprovam
Acostumados à arenas de primeiro mundo, os ingleses ficaram encantados com o Maracanã. Muitos deles estiveram neste domingo pela primeira vez no estádio, aprovaram o que viram e prometeram retornar no próximo ano, para a Copa do Mundo.
Voluntários ajudaram na orientações aos torcedores
(Foto: Marcelo Baltar)
(Foto: Marcelo Baltar)
De modo geral, o Maracanã deixou boa impressão em quem esteve no estádio. Depois de muitas dúvidas por causa do atraso nas obras (a previsão inicial de conclusão era dezembro de 2012) e pelo cancelamento do evento-teste de maio (o único jogo foi entre amigos de Ronaldo e Bebeto, no dia 27 de maio, com cerca de 25 mil presentes), o COL acredita que o estádio está praticamente pronto para a Copa das Confederações.
- Depois de testar vários estádios, voltamos a cabeça para a Copa das Confederações. Foi o melhor teste, não tenho duvida disso. Onde podemos testar mais coisas, deu tudo certo. Há detalhes, é claro, testes servem pra isso, e temos que ajustar algumas coisas. Mas foi o melhor teste de todos – concluiu Ricardo Trade.
*Participaram desta cobertura: Cíntia Barlem, Janir Junior, Marcelo Baltar, Richard Souza, Thiago Dias e Thiago Correia
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/maracana-deixa-boa-impressao-em-teste-mas-tem-problemas-corrigir.html
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