Atacante revela sondagens, diz que fica no Fluminense, não traça metas para o novo ano e resume caso Héverton: 'É um alívio, mas não apaga o que a gente não fez'
Rafael Sobis em sua casa no Rio: 57 jogos e 17 gols em 2013 (Foto: Edgard Maciel de Sá)
- É um alívio (permanecer na Série A), mas não apaga o que a gente não fez em campo. Temos a consciência de que o time é bom. Todos sabem disso, mas foi um ano muito ruim. Tivemos é sorte com essa situação toda. Temos que ver como lição, aprendizado. Precisamos saber que teremos que jogar muito para reverter essa situação do ano passado. Mas podem ter certeza de que voltaremos muito mais fortes - disse o jogador em entrevista ao GloboEsporte.com.
Já quase tão carioca quanto gaúcho, Rafael Sobis fincou raízes de vez no Rio de Janeiro recentemente. Depois de muito procurar e passar os últimos dois anos e meio morando de aluguel, o atacante comprou uma casa para morar com a esposa Michele e os filhos Rafael e Nicholas. Prova de que sair do Fluminense nunca passou pela sua cabeça, mesmo que não tenham faltado sondagens no fim de 2013.
Nessa entrevista no quintal de sua casa nova, Sobis fez um balanço da última temporada, o sentimento após a última rodada, contou como acompanhou de longe o caso Héverton, lembrou do dia que foi alvo de torcedoresno aeroporto, reclamou do pouco tempo para a realização da pré-temporada (ele é um dos integrantes do movimento Bon Senso FC) e previu um clima hostil para o Fluminense em 2014.
- Vai ser um obstáculo a mais, pode ter certeza. As pessoas não entendem o que aconteceu. Esse fato de perder pontos, de escalar um jogador irregular... E é muito mais fácil xingar do que elogiar - afirmou o atacante, que já voltou a treinar há cerca de 15 dias com um personal trainer.
Confira os tópicos da entrevista abaixo:
2013
- Quando começou o ano ninguém
imaginava que meu ano seria tão bom. Nem eu mesmo. Foi ótimo para mim, mas bem
difícil para o clube. Passamos muitas dificuldades a partir de setembro. Foi só
sofrimento e angústia pelos resultados, pela pressão... E o fim foi aquele.
Acabamos com vitória, mas foi um ano bem complicado para nós.
Rebaixamento
- Se você for colocar no papel os jogos que não merecíamos
perder, foram muitos. Mas o futebol hoje é detalhe, não tem desculpa. Não
existe time bom ou time ruim. Tem de jogar. O papel não adianta nada. Aquele
fim foi meio que aquele negócio: tentamos, mas não deu. Foram três, quatro
meses lutando. Todos se dedicando, abdicando de viver com a própria família, de
sair na rua, de buscar o filho na escola no pensamento de salvar o clube.
Infelizmente naquele momento não foi possível. É a hora onde baixa toda a
pressão e a gente vê que não tem mais outro jogo para tentar. Quando ainda
tinha mais partidas a esperança ajudava, quando acaba literalmente o corpo se
entrega e cada um sofre da sua maneira.
Propostas
- Desde antes do fim do Brasileiro eu já queria renovar. Criei
uma identidade aqui, gosto muito do clube, a família está adaptada... Foi um
ano bom para mim, que eu aumentei minha identificação com o clube. Em nenhum
momento pensei em sair. Muitos times me procuraram, mas eu nem queria saber.
Preferi não me meter. Deixei para meu empresário resolver. Eu queria apenas
descansar do ano estressante. Buscava uma casa para comprar no Rio desde que
cheguei e agora consegui. É uma cidade muito boa de se viver. Sou um cara
caseiro, levou tempo para achar o lugar ideal. Não é agora que vou embora
(risos).
Renovação
- Tenho um ano e meio de contrato ainda, mas passa rápido. A
minha intenção é ficar e renovar. Mas não procurei muito me envolver com
futebol nas férias. Agora vamos poder conversar.
Caso Héverton
- No começo eu achava que era mentira. Ninguém imagina isso. O
campeonato já tinha acabado. Infelizmente para a Portuguesa aconteceu esse
erro. Para nós, felizmente. Teve o primeiro julgamento, e nem criei muita
expectativa. Nem quis ver pela TV. Muita gente me perguntava, e eu respondia:
"Deixa isso para lá". E agora é uma realidade, estamos na Série A. É uma vida
nova. A virada contra o Bahia nos salvou. Isso nos leva a crer que é sempre
preciso acreditar até o fim. Acreditamos até quando não dava. Eu não falei com
nenhum jogador sobre o assunto. Fugi completamente do futebol nas férias.
Acompanhava às vezes pela televisão. Nossa profissão é muito estressante, por
isso eu fico longe. Recusei até os convites para as peladas de fim de ano.
Sentimento
- É um alívio, mas não apaga o que a gente não fez em campo. Temos a
consciência de que o time é bom. Todos sabem disso, mas foi um ano muito
ruim.
Tivemos é sorte com essa situação toda. Temos que ver como lição,
aprendizado.
Precisamos saber que teremos que jogar muito para inverter essa situação
do ano passado. Mas podem ter certeza de que voltaremos muito mais
fortes.
Sobis foi hostilizado por torcedores no fim
de 2013 em um aeroporto do Rio, mas
minimizou o fato (Foto: Edgard Sá)
Hostilidade no aeroporto
Não foi nada de absurdo. Eu estava simplesmente embarcando
para viajar e alguns torcedores de uma fila grande que falaram "vai pagar
a Segunda", "olha a Série B", mas nada demais. Nada diferente
dos xingamentos que a gente enfrenta em todos os jogos fora de casa.
Clima hostil das torcidas rivais
Vai ser um obstáculo a mais, pode ter certeza. As pessoas não
entendem o que aconteceu. Esse fato de perder pontos, de escalar um jogador
irregular... E é muito mais fácil xingar do que elogiar. Isso é normal. Vai
aumentar um pouco. No fundo, eu peço que os rivais coloquem a mão na
consciência porque os torcedores do Fluminense e os jogadores do clube não têm
culpa de nada. Que não aconteça mais o que eu li e vi na televisão sobre
hostilidades a torcedores nas ruas.
2014
A expectativa é sempre a melhor. Já era assim depois do
título brasileiro de 2012 e será novamente. Sempre queremos melhorar e buscar a
perfeição. Conca e Renato já conhecem muito bem o clube e têm qualidades em
suas funções. Espero que eles nos ajudem. Sofremos muito no ano passado e
qualquer ajuda já será muito boa.
Conca
Só escuto coisas boas. Deixou uma marca grande aqui, foi um
cara importante. Pelo que vimos está jogando em alto nível. Conca já conhece o
clube e a chance de ele nos ajudar é grande. É um jogador de muita qualidade.
Eu não crio expectativas. Eu nunca poderia imaginar, por
exemplo, que daria tantos passes para gol em 2013. Não sei se no começo do ano
passado eu imaginava que faria tantos gols... Por isso deixo as coisas
acontecerem. São muitos jogadores querendo atuar, são lesões que acontecem. Por
isso é difícil o cara fazer planos. Vamos deixar acontecer e trabalhar para que
seja da melhor forma possível.
Pré-temporada
Nós jogadores somos mandados, temos que cumprir. Mas ao
mesmo tempo eu posso avisar que teremos consequências diante de um tempo tão
curto de preparação. Esperamos que não aconteça o mesmo do ano passado, com
muitos jogadores lesionados. O nível caiu demais em certo momento do campeonato
por causa da sequência de jogos... Isso é culpa da preparação. Se tivéssemos um
mês de pré-temporada, tudo seria diferente. A chance de os jogadores aguentarem
o ano todo seria maior.
Lesões
Fico surpreso com o fato de quase não ter sofrido lesões no
Fluminense. Mas por outro lado eu me preparo muito para isso. Sempre chego uma
hora, uma hora e meia antes do treino e faço o que tem de ser feito. Conheço o
meu corpo e já sofri muito com dores. Meu limiar para dor também é muito alto.
Eu aguento um nível alto de dor e consigo jogar mesmo assim. Pode até ser que
eu esteja lesionado, mas consigo jogar. Trabalho muito para evitar os
problemas. Como já sofri muito com elas, aprendi a conhecer bem o meu corpo.
Isso me deixa feliz. Já são mais de dois anos no clube. Em 2013 eu joguei quase
60 jogos no ano (foram 57). Isso é loucura. Poucos jogadores conseguem. Fico
muito feliz por conseguir essa marca.
Preparação
Na verdade as férias duram duas semanas. Depois já temos que
começar a trabalhar a parte física. Quanto melhor chegar para a pré-temporada,
menos você sofre. Queira ou não queria, chegando bem você já pode ficar um
passo a frente daquele que não se preparou nas férias. Mas eu já por natureza sempre
fui assim. Já estou me preparando há uns 15 dias, na academia e na praia. É bom
suar. Sou inquieto. Para não ser chato dentro de casa eu corro um pouco. FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2014/01/sobis-preve-clima-hostil-em-2014-mas-avisa-voltaremos-muito-mais-fortes.html
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