Trancados em hotel, sem contato com família, juízes e bandeirinhas usam celular de repórter para ver escala da primeira rodada e vibram como crianças
Árbitros e assistentes assistem a palestras em São Paulo (Foto: Vinicius Rodrigues/FPF - Divulgação)
- Eles não veem família, não veem nada. É concentração total para que entrem focados na competição - disse Roberto Perassi, instrutor da arbitragem paulista desde 2003.
- A pré-temporada é conduzida sempre por um tema, com base no campeonato passado. Analisamos como foi em 2013 e apontamos o que merece ajuste. Neste ano, o tema norteador é controle de jogo. Quando o árbitro comete muitos equívocos, os jogadores reclamam e a arbitragem é questionada. Se ele fica próximo das ações, previne os conflitos e constrói um bom controle - completou.
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Pela manhã, o grupo treina simulações de jogadas nas quais
os próprios árbitros acabam fazendo a função dos jogadores. À tarde, as
atividades são focadas mais em posicionamento e trabalho em equipe. E o dia se
encerra na sala de aula, com palestras ou discussões sobre regras de jogo. Na
mais recente delas, analisaram a questão “bola na mão ou mão na bola”.Na tarde de quarta-feira, os 107 foram divididos em vários grupos. Uns treinavam a comunicação entre árbitros e assistentes em lances de escanteio e tiro de meta. Outros acertavam o posicionamento em campo durante o jogo. Tiveram aqueles que se atracavam no gramado enquanto o juiz deveria acabar com a confusão. Rolou até atividade com cartões amarelos e vermelhos.
- Aprender teoria é sempre bom, mas a prática nos dá vivência. Com essas simulações, a gente chega em um momento no qual visualiza várias situações para que nada nos surpreenda durante o campeonato - declarou o árbitro Guilherme Ceretta de Lima, que, em sua nona pré-temporada com a FPF, já não reclama do confinamento. Outro experiente que também aprova o período de reclusão é Émerson de Carvalho.
- Eu, particularmente, gosto. Viemos de dias de folga. Nas férias as pessoas acabam comendo mais, bebem, então é importante vir aqui para se recuperar e chegar no Paulista na melhor forma possível - opinou Carvalho, um dos três brasileiros selecionados para a Copa do Mundo de 2014.
Confinado, grupo treina em três períodos desde
domingo (Foto: Maria Clara Ciasca)
Sem contato com o mundo exterior
Enquanto no BBB os participantes da casa mais vigiada do Brasil são privados de notícias externas, os árbitros e assistentes também não devem mexer em celulares e tablets durante as atividades. Desta forma, o grupo precisou recorrer ao telefone da reportagem para matar a curiosidade sobre a escala da primeira rodada do Paulistão, divulgada pela federação na tarde de quarta.
A convocação de Cássio Luiz Zancopé para apitar o jogo entre Bragantino e São Paulo foi bastante festejada pelo próprio e pelos companheiros. Até quem caiu em jogo de menor expressão, como Oeste e Penapolense, vibrou. Os que não viram seus nomes na relação buscaram esconder o descontentamento.
O regime de concentração acaba nesta quinta-feira. Dois dias depois, no sábado, começa, então, a parte mais difícil para qualquer árbitro ou assistente. Os treinamentos anteriores ao campeonato visam melhorar o desempenho de todos e reduzir os equívocos durante as partidas, mas a arbitragem sabe que não escapará de críticas diante de qualquer deslize. A fim de minimizar a pressão, a federação conta com o psicólogo Gustavo Korte há 17 anos no projeto.
- Pressão é da profissão. Árbitro sofre pressão assim como um cirurgião, mas o erro faz parte.
Talvez, com a nova fórmula que deixou o campeonato mais curto, os times agora darão ainda mais valor aos pontos e isso pode deixar os jogos mais nervosos. Mas eles estão todos bem instruídos e tenho certeza de que farão um bom trabalho.
107 árbitros e assistentes realizam pré-
temporada para o Paulistão (Foto:
Maria Clara Ciasca)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/futebol/
campeonato-paulista/noticia/2014/01/
arbitros-do-paulista-tem-concentracao
-estilo-bbb-e-simulacao-de-confusao.html
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