Com 'mais de um bilhão' na torcida, Guangzhou quer virar o Manchester United da Ásia, mas tem que levar título mais importante do continente: final é neste sábado
O empate em 2 a 2 na Coreia do Sul, pelo jogo de ida, deu uma importante vantagem ao time comandado por Marcello Lippi, campeão mundial à frente da Itália em 2006. Afinal, o Guangzhou pode empatar em casa por 0 a 0 ou 1 a 1 para ficar com o título inédito - um novo 2 a 2 leva a disputa para a prorrogação e, em seguida, pênaltis. Caso contrário, só a vitória servirá para o time chinês levantar o caneco e, de quebra, garantir a vaga no Mundial de Clubes, em dezembro, ao lado de Atlético-MG e Bayern de Munique.
Liderado pela categoria de Conca e pelos gols de Elkeson,
Guangzhou pode levar o caneco com empate (Foto: Sina.com)
Como virar o Manchester United da Ásia
Muriqui é o maior artilheiro da Champions da Ásia, com 13 gols (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
O primeiro passo para este projeto de tornar-se uma referência continental foi dado com a chegada do empresário Xu Jiayin à presidência da equipe em 2010, ainda na segunda divisão. Dono da construtora Evergrande, ele é um dos homens mais ricos da China e logo abriu os cofres. De cara, contratou astros do futebol local, chamou o coreano Lee Jang-Soo para comandar a equipe e buscou no Atlético-MG o atacante Muriqui. O projeto já estava bem definido.
- O Guangzhou está investindo desde 2010. Apesar do pouco tempo, está evoluindo muito bem. O objetivo do dono era ganhar esse título (Champions) em cinco anos. É o título que nos resta para coroar o trabalho. Acho que é um grande passo para se tornar essa referência no continente. Como eu falei, precisamos de mais. Há outros times no Japão e na Coreia. Na China, já somos referência. Agora, com esse título, damos um passo para se tornar referência no continente - disse Muriqui, de 24 anos, que, em duas participações na Champions, fez 13 gols e se tornou o maior artilheiro da história do torneio.
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Garantido o acesso à elite, o Guangzhou decidiu ir fundo no
projeto de se tornar o Manchester United da Ásia, apelido que ganhou
recentemente do jornal inglês "The Guardian". Tal como o rival dos
Diabos Vermelhos, o Manchester City, o clube chinês abriu os cofres para
investir em jogadores consagrados. Conca, por exemplo, se transferiu em 2011
para ganhar um dos maiores salários do mundo do futebol na China. Só que teve
mais.- Eles estão se reforçando muito dentro de campo. Inclusive, fazendo contratos longos com os jogadores. Fora de campo, eles dão condições de trabalho. Não é só contratar o jogador e colocar para jogar. Por exemplo, temos dois CT’s: um em Guangzhou mesmo e outro a uma hora e meia da cidade, que é onde fizemos parte da pré-temporada - completou Muriqui.
O fator Marcelo Lippi
Além de investir em estrutura e montar uma equipe estrelada por sul-americanos com os principais nomes do futebol local, faltava algo. O coreano Lee Jang-Soo, que vinha arrumando problemas logo com Conca, o astro maior da companhia, foi mandado para a rua no ano passado e, em seu lugar, entrou Marcelo Lippi.
- Aqui tem esse trabalho de transformar o clube em uma referência. Começou trazendo um grande treinador. Um grande clube precisa de um grande treinador. Ele (Lippi) faz todo esse trabalho, e estamos falando de uma equipe muito bem estruturada. Eu acredito que daqui a alguns anos o Guangzhou vai chegar nesse objetivo. Ele (Xu Jiayin) quer torná-lo o maior time da Ásia. Já está perto disso, inclusive - disse o atacante Elkeson, que deixou o Botafogo no início do ano para tentar a sorte na China.
Marcello Lippi diz que título pelo Guangzhou tem o mesmo
peso da Champions League com o Juventus (Foto: AP)
- Não há diferença entre este título e qualquer outro. Pode ser uma grande satisfação. Se eu tivesse que diferenciar, a única seria a Copa do Mundo de 2006, porque é a mais difícil de se atingir. Estou muito satisfeito com a carreira que tive até agora. No entanto, uma carreira nem sempre é repleta de sucesso, e, ao mesmo tempo, tive muitas decepções também - disse, em entrevista aos jornalistas locais nesta sexta-feira, o treinador italiano, que recebe o nada modesto salário de € 10 milhões (R$ 31 milhões) por ano, 64 vezes mais que seu rival de sábado, Choi Yong-Soo.
'Encomendado por Lippi', Elkeson é o artilheiro da equipe chinesa nesta temporada (Foto: AP)
- Ele acompanha gente de todos os lugares. Na época, tinha um olheiro com o filho dele que gostou muito de mim. Fico feliz por ter o respaldo de um grande treinador assim. Ele gosta muito do jogador brasileiro. Mas acompanha atletas do mundo inteiro. Eles estão sempre observando jogadores do Brasil - completou Elkeson.
o apoio da maior torcida do mundo
- O torcedor aqui é muito fanático. Desde que cheguei ao Guangzhou, o menor público foi de 30 mil torcedores. O futebol está crescendo aqui. E não são apenas os jogos do Guangzhou. São todos os times, em outras cidades também - completou Elkeson.
Elkeson elogia torcida do Guangzhou: menor público
foi de 30 mil torcedores(Foto: Reprodução/Sina.com)
Mas nada de torcida arco-íris na terra do tênis de mesa. Ao que parece, o vermelho do Guangzhou vai representar também a mesma cor pela China. Segundo o "The Guardian", uma pesquisa no Weibo, rede social chinesa equivalente ao Twitter, mostrou que 94% da população chinesa, de um país com 1,36 bilhão de habitantes, torcerá para Conca e seus companheiros.
- O país vai parar neste dia. Representa o crescimento do futebol no país, e vemos a movimentação do torcedor. Tive conhecimento pelo meu tradutor que os chineses montaram um vídeo nos desejando boa sorte. Inclusive, torcedores de outras cidades e outras equipes. Com certeza, será o jogo do ano aqui - completou Elkeson.
O apoio pode ter uma justificativa diante da falta de conquistas no futebol do país mais populoso do mundo. Afinal, até hoje a única participação chinesa em uma Copa do Mundo, em 2002, se resumiu a três derrotas, sem um gol marcado nos jogos. Os adversários foram Costa Rica (2 a 0), Brasil (4 a 0) e Turquia (3 a 0).
Na Champions asiática, o panorama não é muito mais animador. Apenas uma equipe do país levou o caneco para casa: o Liaoning Whowin, em 1989/90, quando a competição ainda levava o nome de Campeonato Asiático de Clubes. Para motivar a equipe, Lippi usou as palavras de outro campeão.
Molina na partida do Seoul (Foto: AFP)
A Coreia do Sul, do outro lado da moeda, é a nação mais tradicional no torneio, com dez conquistas - o Japão aparece em seguida com cinco. Inclusive, o maior vencedor, o tricampeão Pohang Steelers, é justamente coreano. Já o Seoul, que conta com o colombiano Molina, ex-Santos, não foi além de um vice em 2001/02.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2013/11/time-de-conca-na-china-tenta-romper-fronteiras-do-oriente-rumo-ao-mundial.html
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