sábado, 10 de janeiro de 2015

Com dois potiguares na elite mundial, RN se consolida como celeiro do surfe

Jadson André e Ítalo Ferreira participam em 2015 do WCT e querem confirmar boa safra do esporte no estado, que é repleta de jovens promessas, como Mateus Sena


Por
Natal
 

Dos sete surfistas que vão representar o Brasil no Circuito Mundial em 2015, dois são potiguares. Jadson André, natural de Natal, é quase um veterano e está no circuito há seis anos. 

 Ítalo Ferreira, local de Baía Formosa, conquistou a vaga em 2014 e reforça o time brasileiro este ano. Com estas conquistas, o Rio Grande do Norte vem se consolidando como um celeiro do surfe. O estado tem representantes na elite desde 1995, quando Aldemir Calunga começou a "dropar" as ondas pelo mundo. Depois, vieram Danilo Costa, Marcelo Nunes e Joca Júnior, que mantiveram a presença potiguar na elite. O segredo para isso? O clima tropical e quase 400 quilômetros de litoral com ondas durante todo o ano.

Jadson André, Mateus Sena e Italo Ferreira - surfistas potiguares - Rio Grande do Norte (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
Jadson André, Mateus Sena e Ítalo Ferreira: 
trio que se destaca no surfe brasileiro 
(Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)

O surgimento de novos surfistas no cenário norte-rio-grandense revela a importância do esporte para o país. Entre as promessas, Mateus Sena, de apenas 12 anos, é o atual campeão potiguar sub-14, além de ter conquistado o bicampeonato potiguar sub-12 e o tricampeonato paraibano sub-12. Em 2015, o jovem surfista disputará os circuitos Potiguar e Paraibano sub-14, além do Campeonato Nordestino e o Brasileiro e a etapa do Rip Curl Gron Session, em Santa Catarina.


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Para buscar reconhecimento, muitos surfistas saem cedo de casa e iniciam o desgastante, mas recompensador, processo de viagens e de treinos em outros estados e até países. Jadson e Ítalo são dois exemplos que a persistência deu certo. Os dois fizeram a primeira viagem, como surfistas, para fora do Rio Grande do Norte aos 13 anos. As escolhas feitas no passado são colhidas em um presente com felicidades, e com um futuro cheio de esperança.

- É inevitável sair de Natal. Chega uma hora que o surfe não evolui mais nessas ondas e aí tem que ir embora para treinar em ondas melhores e maiores - disse Jadson, que foi vice-campeão mundial Pro Junior duas vezes, até conseguir uma vaga no WCT.

De mais longe, em Baía Formosa, Ítalo Ferreira acompanhava a correria dos amigos potiguares surfando em tampas de isopor. Aos 12 anos, assinou o primeiro contrato com uma empresa de material esportivo, depois de uma competição realizada na praia de Ponta Negra, e nunca mais saiu da crista da onda.

- Para ser um surfista, no nosso caso profissional, é preciso ter um patrocínio para poder viajar e disputar as competições, porque tudo é muito caro no circuito. Graças a Deus, não é o meu caso e o Jadson, porque conseguimos um patrocínio desde muito cedo, e levanto as mãos e agradeço todos os dias. Em Baía Formosa, a molecada é muito boa e tem muitos talentos que ainda precisam ser descobertos - revelou.


Planos para 2015

A dupla potiguar terá muito trabalho em 2015. A concorrência de outros brasileiros, entre eles o atual campeão mundial do WCT, Gabriel Medina, e a dura disputa contra os vários estrangeiros, como o americano Kelly Slater, onze vezes campeão mundial, e o australiano Mick Fanning, tricampeão mundial. No entanto, os dois ainda curtem um merecido período de férias e, ao lado dos familiares, aproveitam para descansar e pôr o papo em dia. No ano passado, Jadson saiu de Natal no mês de maio e só retornou à capital potiguar em dezembro.

Jadson André e Italo Ferreira - surfistas potiguares - Rio Grande do Norte (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
Jadson André e Ítalo Ferreira vão disputar a 
elite do Circuito Mundial em 2015 
(Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)


- Esse ano, eu vou ficar um tempinho a mais em Natal. Nesse começo do ano eu vou curtir um pouquinho mais minha família, meus amigos, já que o principal foco agora é voltar ao ritmo na parte física, porque quando chegar na competição, não vai ter "mais boquinha" e vai ser apertado - planejou.

Para fazer bonito na estreia no WCT, Ítalo pretende apressar um pouco a preparação e deve viajar a São Paulo no final de janeiro. Lá, deve realizar um trabalho físico mais intenso, antes de embarcar para a Austrália, onde será realizada a primeira etapa do circuito mundial.

- Fico em Baía (Formosa) até o final de janeiro. Depois, sigo para São Paulo para treinar a parte física e no início de fevereiro já viajo para a Austrália, para ficar um pouquinho de tempo lá e me adaptar as ondas, além  de poder testar as pranchas e os novos equipamentos - comentou.

Futuro do surfe
O Rio Grande do Norte é o estado que mais conquista títulos regionais em categorias infantis. Jovens surfistas como Mateus Sena, que disputa na categoria Iniciante, para atletas com idade até 14 anos, as ondas e a prancha podem ser comparadas a uma bola. No período escolar, o surfista concilia os estudos com os treinos, na praia de Ponta Negra, na zona Sul de Natal. 
Nas férias, os horários são liberados e o garoto, praticamente, passa o dia inteiro na praia. Sena afirma que se espelha nos "brothers" Jadson e Ítalo e acredita que pode alcançar o mesmo patamar que os dois surfistas potiguares.

Jadson André e Mateus Sena - surfistas potiguares - Rio Grande do Norte (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
Mateus Sena (esq.) e Jadson André são 'crias' 
das ondas da praia de Ponta Negra (Foto: 
Jocaff Souza/GloboEsporte.com)


- É irado ter eles lá nas ondas ao meu lado. Eles são referência para mim, é um incentivo a mais, um estímulo. Faz o sonho de chegar na elite mundial ficar mais próximo para mim também porque eles mostraram que é possível. É muito bom ter o privilégio de estar na mesma equipe que eles e, futuramente, fazer viagens com eles. Acho que vai ser muito legal para a minha evolução no surfe. Mas eles passam muitas dicas para mim, ma sempre rola uma brincadeira nas conversas - disse Mateus.

Criado em Ponta Negra, assim como Mateus, Jadson André mostra orgulho do garoto e rasga elogios a Mateus, a quem chama de "prodígio". O surfista recorda que enfrentou muitas dificuldades no início da carreira, mas acredita que as novas gerações podem ter mais oportunidades no esporte.

- Falando do Mateus (Sena), ele é muito novo, mas vem fazendo tudo certo. Treinando, buscando evoluir e talento ele tem de sobra. Ele é um prodígio. No surf, se você não tiver talento, você não vai chegar a lugar algum. É difícil afirmar que ele vai chegar porque tem muito caminho pela frente, mas ele tá evoluindo muito e tem potencial pra isso. Tem muita gente boa aqui, mas ele é diferenciado. Se ele continuar fazendo as coisas direitinho, ele pode ser o próximo nordestino e, potiguar, a representar a turma no WCT e espero que daqui há uns seis ou sete anos, quando ele chegar à elite, eu e o Ítalo ainda possamos estar também, com título mundiais - brincou.


Italo Ferreira, surfista potiguar (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
De Baía Formosa para o mundo: Ítalo Ferreira 
disputa o WCT pela primeira vez (Foto: 
Jocaff Souza/GloboEsporte.com)


Aos 20 anos, Ítalo considera Mateus Sena o "irmãozinho" dos outros surfistas e conta que os mais experientes sabem respeitar um atleta quando ele demonstra ter talento.

- O Mateus é o irmãozinho da galera. Ele é muito talentoso, e apesar de bem jovem, sabe que tem suas responsabilidades, dentro e fora da água. Ele está no caminho certo e acredito é um nome que vai brilhar futuramente. Basta continuar trabalhando firme, assim como nós, que somos um pouquinho mais experientes. Sempre precisamos ter um foco na vida, e vejo que ele tem essa determinação - declarou.


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FONTE:
http://glo.bo/14FeziZ

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