sábado, 15 de fevereiro de 2014

Gol anulado, brigas, tensão: em jogão, EUA derrubam a Rússia no hóquei

sochi 2014

Arbitragem anula gol russo a menos de cinco minutos do fim, decisão vai para o shootout, e T.J. Oshie garante a vitória americana acertando quatro cobranças

Por Leo VelascoDireto de Sochi, Rússia

A atmosfera amigável da chegada das torcidas ficou do lado de fora da Arena Bolshoi. Dentro do ginásio e, principalmente dentro do gelo, o clima não era nada amistoso. Pelo contrário. Jogadores de Rússia e Estados Unidos se estranharam diversas vezes em uma polêmica e aparentemente interminável partida de hóquei no gelo. Depois de três períodos, um gol russo anulado de forma polêmica, uma prorrogação e 16 cobranças no shootout (espécie de pênalti em movimento), os americanos ganharam a batalha deste sábado, decepcionando a torcida da casa e o presidente Vladimir Putin, um dos mais de 11 mil torcedores na arena.

GALERIA DE FOTOS: torcidas capricham no figurino para ver o clássico EUA x Rússia

O lance mais importante do confronto, porém, não foi protagonizado por ninguém que usava o uniforme branco da Rússia ou o azul escuro dos Estados Unidos. Eles estavam usando camisas listradas em preto e branco. Faltando menos de cinco minutos para o fim da partida, o russo Fedor Tyutin acertou um chute de longe, e o disco entrou na rede adversária, o que deixaria os donos da casa vencendo por 3 a 2. No entanto, os juízes Brad Meier, americano, e Marcus Vinnerborg, sueco, anularam o gol, alegando que a baliza estava fora do lugar.

Juiz ajeita a baliza depois de anular gol da Rússia

no terceiro período da partida (Foto: Getty Images)

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- Algumas pessoas disseram que o gol tinha se mexido. Eu não sei. Lamentamos que o gol não tenha sido validado, mas a decisão fica com os juízes. O que eu posso fazer em uma situação dessa? Se foi um erro do juiz, tem que haver alguém julgando a atuação dele. Eu acho que foi um erro do juiz, mas nosso papel é se preparar para o próximo jogo – afirmou o técnico russo Zinetula Bilyaletdinov.

A escalação de um árbitro americano foi bastante criticada por jornalistas russos, mas o treinador da seleção anfitriã preferiu minimizar a polêmica.

- Não somos nós que decidimos os juízes. Temos apenas que tomar as coisas como são. Seria melhor ter um juiz de um país neutro, mas não acho que isso iria me incomodar. Acho que o juiz foi bom e não prestei muita atenção a isso – destacou Bilyaletdinov.

Presidente russo Vladimir Putin acompanhou a partida de hóquei no gelo (Foto: AFP)

A decisão permitiu que um americano se consagrasse. Como o empate permaneceu nos últimos minutos do tempo regulamentar e também na prorrogação, a decisão foi para o shootout. Foi aí que T.J. Oshie, do St. Louis Blues, brilhou. Ele foi chamado seis vezes pelo técnico Dan Bylsma e marcou quatro vezes, inclusive o gol da vitória.

- Minha mão está formigando, meus pés estão formigando. Foi bem tenso lá. Nós sabíamos que ia precisar de 65 minutos e mais (para ganhar). Eu senti um pouco de pressão, mas aí o disco bate no seu taco e você começa a patina. É apenas você e o goleiro. Eu ficava olhando para trás para ver se mais alguém ia chutar, e disse para o pessoal nos últimos chutes “Estou ficando sem jogadas aqui”. Eu não conseguira fazer sem (o goleiro americano Jonathan) Quick fechando a porta lá – disse Oshie.

T.J. Oshie fez seis cobranças no shootout e

garantiu a vitória dos Estados Unidos

(Foto: Agência Getty Images)

Jogo tenso do início ao fim

A partida foi intensa do início ao fim. Russos e americanos fizeram um começo de jogo bastante aberto e veloz, com chances para as duas equipes. Fizeram também um duelo nervoso, com trombadas fortes e empurrões após alguns lances. As melhores oportunidades foram do time da casa, enquanto os Estados Unidos tentaram pressionar no fim do período, mas também pararam no goleiro adversário.

As duas seleções seguiram trocando boas oportunidades até que, com 9m15s do segundo período, o capitão russo Pavel Datsyuk apareceu livre na frente de Jonathan Quick e bateu na saída do goleiro, enlouquecendo o já barulhento ginásio. Uma punição de Alexander Radulov, porém, custou caro aos anfitriões, e Cam Fowler aproveitou a vantagem numérica para empatar o duelo a 3m26s do término da etapa.

Depois de 49m27s de jogo, a barulhenta torcida russa ficou em silêncio pela primeira vez. Em nova punição a Radulov, os americanos voltaram a aproveitar a vantagem numérica quando Patrick Kane acertou belo passe para Joe Pavelski colocar os Estados Unidos em vantagem. O time da casa pareceu atordoado com a virada, mas uma trombada forte e uma punição a Dustin Brown recolocaram a Rússia no jogo. Desta vez foram os anfitriões a aproveitarem a oportunidade, novamente com Pavel Datsyuk contando com corta-luz de Radulov.

Seleção dos Estados Unidos comemora a vitória

sobre a Rússia no shootout (Foto: Getty Images)

O lance mais polêmico da partida aconteceu faltando 4m40s para o término do terceiro período. Fedor Tyutin acertou uma pancada de longe, e o disco passou por Quick, entrando na rede americana. No entanto, depois de rever o lance em vídeo, a arbitragem anulou o lance alegando que a baliza estava fora de lugar. Com o empate mantido, o duelo acabou indo para a prorrogação com apenas uma grande chance de gol, de Patrick Kane, que parou na luva de Sergei Bobrovsky.

Depois de 65 minutos de jogo, ainda dava tempo para muito mais emoção. T.J. Oshie marcou na primeira cobrança de shootout, mas Evgeni Malkin e Pavel Datsyuk pela Rússia, e James van Riemsdyk e Joe Pavelski, pelos Estados Unidos, erraram as tentativas seguintes. Ilya Kovalchuk então apareceu para empatar a disputa. Nas cobranças alternadas, o técnico russo apostou no revezamento entre Kovalchuk (que errou dois e acertou um) e Datsyuk (que acertou um e errou outro). Os americanos insistiram em Oshie, que fez mais cinco cobranças, errando duas e acertando três, dando a vitória para os Estados Unidos.