'Diferenciado', Pereira usa história celeste no Tricolor para se recuperar

Com ajuda de Lugano, lateral-esquerdo se transforma no 16º uruguaio a defender o São Paulo e tenta recuperar espaço na seleção de seu país pouco antes da Copa

Por Carlos Augusto FerrariSão Paulo

Álvaro Pereira veste a camisa do São Paulo
(Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net)

 

Álvaro Pereira e São Paulo juntaram a fome com a vontade de comer. O lateral-esquerdo corre contra o tempo. Precisa de um grande desempenho em menos de seis meses para recuperar a vaga de titular na Celeste que disputará a Copa do Mundo. O Tricolor sonha com isso para enfim fixar um jogador na posição desde Júnior e reforçar o questionado time de 2014. Tudo amparado pelo histórico de uruguaios no Morumbi.

Pereira é o 16º jogador do país vizinho a ser contratado pelo São Paulo. O último deles havia sido Diego Lugano. O histórico é inspirador. O zagueiro, desconhecido no próprio país, virou ídolo tricolor nas conquistas da Libertadores e do Mundial de clubes de 2005 e, hoje, carrega a braçadeira de capitão celeste.

Lugano teve papel determinante no acordo. Foi ele quem avisou aos são-paulinos sobre a insatisfação de Pereira no Inter de Milão e do desejo dele em atuar regularmente para não correr riscos de ficar fora da lista de convocados do técnico Óscar Tabarez. Com os contatos feitos e as partes interessadas, o Inter de Milão não colocou obstáculos no empréstimo.

Titular na conquista da Copa América de 2011, Álvaro Pereira perdeu espaço recentemente no Uruguai. Ele chegou a ser titular em parte das eliminatórias, mas ficou sem a vaga os últimos jogos ao mesmo tempo em que não conseguia superar o japonês Nagatomo em Milão. Hoje, Cáceres e Fucile são os titulares.

 

Forlán, Lugano, Pedro Rocha e Darío Pereyra 

(ambos ao centro): história uruguaia no São Paulo 

 

As informações de Lugano são as melhores possíveis para Pereira. A história também. O São Paulo tem jogadores uruguaios em seus elencos desde os anos iniciais de sua fundação. O primeiro deles foi o meio-campista Emilio Armiñana, contratado do Penãrol Universitário, em 1930. Depois dele, vieram Vega, Gutierrez, Acosta, Squarza, Ramón, Urruzmendi... 

Os ídolos começaram a aparecer nos anos 70, com as chegadas do lateral-direito Pablo Forlán, tricampeão estadual, e do meia Pedro Rocha, bi paulista e uma vez nacional, um dos maiores jogadores da história do clube. O recorde de partidas de uruguaios com a camisa tricolor pertence a Darío Pereyra, com 453. Nesse período, levou quatro taças do Paulistão e duas do Brasileirão. 

São Paulo criou camisa para homenagear seus ídolos uruguaios (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)

 

A ligação do São Paulo com o Uruguai chegou ao departamento de marketing. Em 2012, o clube lançou uma camisa em homenagem aos jogadores do país que atuaram pelo Tricolor. O modelo em azul celeste tem faixas em vermelho, branco e preto na vertical. Ela já saiu de linha.

Ao que tudo indica, Pereira não terá dificuldades para cumprir sua missão de jogar frequentemente. Reinaldo, atual titular, faz apenas atuações mediadas e não empolga. Carleto e Clemente Rodríguez, as outras opções do elenco, não devem ter muitas chances.

O discurso de Muricy Ramalho indica isso. O treinador classificou o lateral como “diferenciado” e se animou com a possibilidade de escalá-lo em uma linha mais ofensiva, o que abriria a chance de adotar o esquema 3-5-2, base na conquista do tricampeonato brasileiro. Histórico favorável não faltará.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/sao-paulo/noticia/2014/01/diferenciado-pereira-usa-historia-celeste-no-tricolor-para-se-recuperar.html