terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Dias de sol: gringas do Osasco põem boa fase à prova contra São Bernardo

Sanja Malagurski e Caterina Bosetti superam pressão inicial, se firmam e mostram talento em meio às estrelas da equipe, campeã da Copa Brasil e invicta na Superliga

Por Osasco, SP
O jeito de menina condiz com a idade, mas não com a altura. Em 1,93m, a sérvia Sanja Malagurski tem um aspecto quase desengonçado fora das quadras, com a simpatia de um sorriso frequente. Em meio a dias de sol, encara a saudade de casa com o olhar encantado pelo que vê ao redor.

O olhar tímido condiz com as mudanças, mas não com a expectativa. A italiana Caterina Bosetti tem 20 anos e leva, ao lado do nome, o título de uma das maiores promessas do vôlei de seu país. O português quase nulo e o inglês pouco fluente são superados pela vontade de fugir de sua zona de conforto.

Mosaico - Sanja e Caterina Gringas Osasco (Foto: Reprodução/Instagram e Facebook) 
(Foto: Reprodução/Instagram
 e Facebook)

As duas chegaram ao Brasil praticamente juntas, a poucos meses do fim de 2013. Havia o nervosismo, claro. Ao saírem da Europa rumo à América do Sul, Sanja e Caterina pouco conheciam sobre a futura casa. Havia, também, a pressão. Logo nas primeiras entrevistas, as perguntas eram sempre as mesmas. Contratadas pelo Osasco para a nova temporada, as gringas aterrissavam no município da Grande São Paulo com a missão de substituírem duas das principais ponteiras do país: Jaqueline e Fernanda Garay. Hoje, tempos depois, as duas são parte fundamental da única equipe invicta da Superliga. Nesta terça-feira, depois da conquista da Copa Brasil, elas voltam à quadra em busca da 15ª vitória na competição, diante do São Bernardo, às 19h30m, no ginásio Adib Moyses Dib, em São Bernardo do Campo.

Ao aceitarem a proposta do Osasco, Sanja e Caterina queriam evoluir. Em um discurso quase idêntico, falam do prazer de jogar ao lado de estrelas como Sheilla, Thaisa e as outras meninas do time. Mas ressaltam também a experiência de viver em um país tão diferente dos seus. À espera de dias ensolarados, aproveitam as folgas para conhecer praias, parques e as maravilhas naturais do país.

- Eu fui a Copacabana, foi maravilhoso. Ainda não consegui visitar as praias de São Paulo, mas espero visitar na próxima folga que tivermos. Eu gostei muito do parque do Ibirapuera. É um parque muito grande, muito bonito, com muitas pessoas. É um dos lugares que eu realmente gosto no Brasil. Eu fico feliz de poder mandar fotos numa temperatura de mais de 30°C. É a minha primeira vez aqui, eu nunca tinha vindo aqui. Não tinha nenhuma expectativa. Minha primeira impressão é a de que eu cheguei aqui muito feliz. E era o que importava para mim. Se você não está feliz, se tem medo ou algo do tipo, não é legal - disse Sanja.

Caterina Osasco vôlei (Foto: João Pires/FotoJump/Divulgação)Mesmo mais tímida, Caterina mostra vibração em quadra (Foto: João Pires/FotoJump/Divulgação)
 
- Ainda não faço muita coisa. Eu vejo muito TV, mas só porque tenho um canal italiano. Saio para jantar com as meninas da equipe, saio para nadar. Conheci a praia no fim do ano, no Guarujá. Na Itália, era muito frio. E eu queria pegar um “bronze” (risos) – brincou Caterina, um pouco mais tímida devido às dificuldades com o idioma.

No Osasco, a adaptação foi rápida. Bem recebidas pelas outras meninas, Sanja e Caterina logo se juntaram ao grupo nas atividades fora das quadras. As duas costumam ir a passeios pela cidade com as companheiras, além de almoços e jantares nos dias de treino. E o bom clima na equipe foi essencial para que o sorriso no rosto fosse algo constante na rotina das gringas.

- As meninas me receberam muito bem. As pessoas são muito abertas e eu gosto disso. Na Itália, quando você é estrangeira, não é como aqui, as pessoas são mais distantes. Por isso eu gosto de estar aqui – disse Caterina.

Mesmo em tão pouco tempo, as duas já somam os títulos do Campeonato Paulista e da Copa Brasil. Na Superliga, as jogadoras têm se destacado com frequência em meio às outras estrelas do time. Ter nomes como Sheilla e Thaisa ao lado, elas dizem, tem sido importante.

- Nós temos algumas jogadoras na seleção, o que mostra que temos uma das melhores equipes do Brasil. Para mim, antes de tudo, é uma grande honra. Vestir a mesma camisa que Thaisa, Sheilla, Adenízia, Camila, Fabíola, é um grande sucesso na minha carreira. É um grande desafio porque eu tenho de me pôr à prova o tempo inteiro. Todos na torcida estão de olho no time. Foi uma grande e agradável surpresa ver que todas essas jogadoras são boas também como pessoas. E isso é muito importante. É um grande desafio, com muita pressão, mas é algo muito bom – afirmou Sanja, que virou queridinha da torcida, com seu nome gritado com frequência.

Caterina Sanja Osasco vôlei (Foto: João Pires/FotoJump/Divulgação) 
Observadas por Camila Brait, gringas tentam 
defesa durante partida (Foto: João Pires/
FotoJump/Divulgação)

A sérvia acredita que a missão de substituir Jaqueline (que deixou as quadras temporariamente para ser mãe) e Fernanda Garay (atualmente no vôlei japonês) já ficou para trás. Para ela, as duas estrangeiras precisam fazer a equipe crescer de forma completa.

Sanja Osasco vôlei (Foto: João Pires/FotoJump/Divulgação)Sanja virou a queridinha da torcida de Osasco nos jogos (Foto: João Pires/FotoJump/Divulgação)
 
 
- Muitas pessoas me disseram isso. Mas eu acho que é impossível substituir jogadoras como Jaqueline e Fernanda Garay, campeãs olímpicas. Eu não posso me comparar a elas, sou mais nova que elas. Mas pode ter certeza que se há alguém que queira se tornar como elas sou eu.  Para mim, eu sabia que vinha para um lugar que tem as melhores ponteiras na recepção e no ataque. Eu vou dar o meu melhor e espero que seja suficiente para todo o time jogar bem, não somente eu. 

Sanja está há sete anos fora da casa dos pais. Desses, atuou apenas dois na Sérvia. Caterina, por outro lado, aceitou a proposta do Osasco justamente para poder crescer fora da Itália. Vinda de uma família quase toda ligada ao esporte, a ponteira quis fugir das facilidades.

- Foi uma decisão difícil. Na Itália, eu estava há 21 anos na mesma cidade, no mesmo clube. Era muito fácil para mim. As pessoas me conheciam, eu amava o lugar. Mas eu queria algo diferente. 

Eu queria ser uma jogadora melhor. E estar ao lado de Thaisa, Sheilla e outras jogadoras vai me fazer ser essa jogadora melhor. Isso é muito importante para mim. 

São Bernardo tenta a reação
Nesta terça, as duas terão a missão de guiar o Osasco contra o São Bernardo. A equipe do ABCPaulista, em décimo lugar na tabela, tenta reagir na competição, depois de alguns resultados ruins no início do ano.

- Procuramos nessa semana melhorar o que não havíamos feito bem nestes primeiros jogos (do ano). Tivemos dificuldades nessa relação defesa e bloqueio e foi uma das coisas que focamos nesses treinos. Temos que procurar resgatar o que fizemos de bom naquele momento (no fim do primeiro turno), temos que trazer daqueles jogos o que fizemos de bom. Nossa equipe quer muito fazer a diferença como no primeiro turno e nos preparamos bem essa semana para isso – afirmou a veterana ponteira Soninha.

confira os outros jogos da rodada
19h - Sesi x Rio do Sul
20h - Maranhão x Rio de Janeiro
20h30m - Araraquara x Brasília
21h - São Caetano x Campinas



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/01/dias-de-sol-gringas-do-osasco-poem-boa-fase-prova-contra-sao-bernardo.html

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