Após
superioridade rubro-negra, Dorival muda perfil no intervalo com Willie e
André, time cresce, mas técnico reequilibra ações ao tirar Jhon Cley
Por Raphael Roque
Rio de Janeiro
O 1 a 1 entre Flamengo e Vasco no Mané Garrincha teve na dupla face do
time de Dorival Júnior seu ponto de equilíbrio. O esquema retraído e
tímido do primeiro tempo, que favoreceu o domínio rubro-negro, deu lugar
a uma formação mais arejada após o intervalo - e justamente no momento
em que o treinador sacou Juninho, o jogador que costuma ditar o ritmo de
sua equipe. Seguiu em campo, no entanto, uma peça emergente e cada vez
mais importante: Pedro Ken. Com Willie e André, o time cresceu e até
poderia ter virado. No fim, em um jogo de baixo nível técnico e muitos
erros, foram exatamente as falhas individuais de Cris e João Paulo que
selaram o destino das duas equipes.
O
Vasco ficou muito retraído no primeiro tempo, com poucas opções para
sair para o ataque em velocidade. Na etapa final, com Willie e André,
adiantou a marcação e encurralou o rival (Foto: Editoria de Arte)
O posicionamento no primeiro tempo deixou o Vasco em situação
complicada. O Flamengo se colocou mais à frente, com até cinco homens na
marcação no campo de ataque, o que permitiu que retardasse a saída de
bola do rival (veja exemplos no vídeo ao lado). Do
outro lado, quando não tinha a bola, o Vasco voltava até a linha do
meio-campo, com Marlone e Jhon Cley na ajuda aos laterais, e Juninho e
Edmílson no primeiro combate. Na saída vascaína, com o Reizinho mais
avançado, ficavam poucas opções para esticar o contra-ataque quando ele
recebia a bola. Assim, o time emperrou.
No segundo tempo, com Willie e André nos lugares de Edmílson e Juninho,
Dorival mudou o esquema tático e adiantou seu time, que passou a ter um
atacante de velocidade ao lado de uma referência na área adversária. A
presença no campo de ataque aumentou, e o Vasco encurralou o adversário.
Jhon Cley, que teve um primeiro tempo apagado, cresceu na etapa final e
formou boa dupla com Marlone. Este último começou a jogada que originou
o gol vascaíno (veja a diferença do primeiro para o segundo tempo no vídeo acima).
O Rubro-Negro tinha muitas dificuldades de criar lances de perigo por
causa dos muitos erros de passe (foram 36 em todo o jogo, mesmo número
do Vasco). As bolas esticadas, em ligação direta, passaram a ser a
vávulva de escape, embora sem muito sucesso. Com a conhecida capacidade
de Juninho nas bolas paradas, o time da Colina tentava surpreender nas
cobranças de falta, mas o camisa 8 não estava em um dia inspirado (veja exemplos ao lado).
Flamengo
com seu esquema com pelo menos quatro jogadores marcando no campo de
ataque. Para rebater estratégia de Dorival, Jayme fez linha com Gabriel,
Elias e Luiz Antonio (Foto: Editoria de Arte)
Jayme de Almeida tentou igualar as forças no meio-campo com as entradas
de Luiz Antonio e Gabriel nos lugares dos já desgastados Carlos Eduardo
e André Santos, sem resultado. O Flamengo só voltou a ter sua presença
notada no clássico quando, inexplicavelmente, Dorival sacou Jhon Cley
para a entrada de Wendel, recuando novamente seu time, que era melhor no
jogo. As ações se equilibraram, e o empate permaneceu.
Duelo dos meninos
Dorival Júnior vem aproveitando jovens promessas vascaínas e encontrou
uma boa forma de explorar o potencial de Jhon Cley e Malone no segundo
tempo. Mais solta, a dupla se aproximou de Willie e Andre e criou boas
situações. John Cley errou apenas um passe no jogo, e os dois
contabilizaram, juntos, quatro roubadas de bola. No Flamengo, ao
contrário, continua a saga em busca de um lugar para nomes como Gabriel e
Rafinha no time. O primeiro ficou apenas 19 minutos em campo e pouco
participou. Teve, ao menos, a chance de finalizar uma vez ao gol, em
situação melhor do que Rafinha, que entrou já nos minutos finais e quase
não foi notado.
Falhas individuais decidem o jogo
A partida sofreu com o baixo nível técnico e os muitos erros. Decisões
erradas por parte dos jogadores, falhas de posicionamento e muitos erros
de passe prejudicaram a fluência do clássico. Nada mais emblemático do
que o jogo ter sido decidido em dois erros individuais. No gol do
Flamengo, Cris perde o tempo de bola ao tentar o corte, Paulinho recebe e
encontra Hernane livre na área. Jomar bobeou outras duas vezes, uma em
cada tempo. Na primeira, quando ainda estava 0 a 0, permitiu que Hernane
quase fizesse o gol. Na etapa final, foi ele próprio que por pouco não
marca contra (veja os lances no vídeo).
No gol vascaíno, é o lateral-esquerdo João Paulo quem não consegue
afastar o perigo, e Willie aproveita para empatar. Outras falhas
poderiam ter gerado gols para o Vasco. No segundo tempo foram duas
saídas de bola equivocadas do Flamengo, ambas pelo lado direito, uma com
Paulinho, outra com Léo Moura, que geraram roubadas de bola por parte
do rival (veja os lances no vídeo). Pequenos detalhes que poderiam ter mudado o rumo da partida.
Os patinhos feios
Pedro Ken foi, por meses, perseguido pela torcida. Vaiado, teve a
barração pedida em diversas oportunidades. Dorival Júnior persistiu com o
volante no time, até que encontrou a posição ideal para utilizá-lo.
Mais recuado, o jogador vem ganhando destaque no Vasco, como um dos
responsáveis diretos pelos momentos de mais equilíbrio do time. O
jogador não errou um dos 23 passes que tentou, roubou três bolas e ainda
apareceu na frente para finalizar uma vez. Do outro lado também há uma
insistência do técnico Jayme de Almeida. Amaral chegou de mansinho, sob
desconfiança dos torcedores, mas vem se estabelecendo no time titular.
Com um futebol mais baseado na força (às vezes em exagero: foram cinco
faltas no clássico, com uma roubada de bola e um desarme), o jogador é o
cão de guarda do treinador rubro-negro.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2013/10/dupla-face-do-vasco-da-o-tom-do-equilibrado-classico-com-o-flamengo.html
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