Após bicampeonato mundial no Morumbi e fim de carreira no Majestoso, ex-xerife diz que é impossível torcer para apenas um clube na semifinal
Quando era jogador, Ronaldão não alisava. Pergunte a quem quiser:
torcedores que o viram em campo, adversários – como o búlgaro Stoichkov,
que sofreu com ele na final do Mundial de 1992 – e até ex-companheiros
de time. Profissional sério, centrado e de físico avantajado, o antigo
xerife mantém a postura dos tempos de atleta, mesmo que não exerça a
função há 11 anos. Mas se o assunto é semifinal da Copa Sul-Americana
entre São Paulo e Ponte Preta, que começam a decidir nesta quarta-feira
uma vaga na grande decisão, o ex-zagueiro arruma uma forma de fugir da
dividida. Coisa que não faria se ainda estivesse em campo, no Morumbi ou
no Moisés Lucarelli.
– Eu sentiria uma lesão para não jogar (risos). Não dá para falar. O
São Paulo, pela história, é o principal favorito, mas a Ponte não pode
ser descartada. Minha família é de são-paulinos, mas sou residente em
Campinas, sou ponte-pretano, meu filho também. É um jogo em que você
fica neutro. Que vença o melhor. Minha história não pode pesar. Sentiria
uma lesão grave e estaria fora dos dois times (risos) – brincou o
paulistano, hoje com 48 anos e longe do futebol desde o ano passado. Ele
trabalha atualmente com a divulgação de marcas de empresas brasileiras
na Arábia Saudita.
A identificação de Ronaldão com os dois semifinalistas brasileiros é gigante. Apesar de ter atuado com outras seis camisas (Rio Preto, Shimizu-JAP, Flamengo, Santos e Coritiba, além da seleção brasileira), o ex-zagueiro é sempre lembrado pelo que fez no São Paulo e na Ponte Preta. Especialmente no Morumbi, sua casa por oito anos.
Contratado para ser lateral-esquerdo, Ronaldão virou zagueiro nas mãos
do técnico Cilinho no fim dos anos 1980. Provou que o treinador estava
certo. Já sob o comando de Telê Santana, ganhou tudo que podia com a
camisa são-paulina: dois Mundiais, duas Libertadores, dois Brasileiros,
quatro Paulistas e duas Recopas Sul-Americanas. Tanto sucesso lhe
garantiu espaço na Seleção campeã do mundo em 1994, nos Estados Unidos. O
xerife só deixou o clube tricolor por uma proposta financeiramente
vantajosa do mercado japonês.
– Os Mundiais sempre ficaram marcados para mim porque tinha aquele papo que não iríamos vencer nenhum. E ganhamos todos – lembrou o ex-jogador, ao falar dos triunfos sobre Barcelona, em 1992, e Milan, em 1993.
Depois de rodar por outros clubes, Ronaldão aceitou a proposta para
liderar a Ponte Preta no último – e talvez maior – desafio da carreira.
Missão dada e cumprida com louvor. De 1998 a 2002, o defensor foi
capitão num dos melhores momentos da história da Macaca. Ajudou o clube a
avançar duas vezes à fase final do Campeonato Brasileiro, a disputar
uma semifinal de Paulista e de Copa do Brasil e continuar na elite
nacional. Colaborou tanto que, ao se aposentar, virou gerente do futebol
ponte-pretano, cargo que ocupou até 2005.
– Todos os meus companheiros foram para times grandes depois. Fábio Luciano e Daniel foram campeões do mundo no Corinthians, o Fabinho venceu a Libertadores com o Internacional, o Washington chegou à Seleção, o Mineiro fez o gol do título mundial do São Paulo. Quando se monta elenco de qualidade, é possível competir de igual para igual com os grandes.
O sucesso que tricolores e ponte-pretanos tiveram com Ronaldão em seus
elencos não se repetiu este ano. O São Paulo foi eliminado no primeiro
mata-mata da Libertadores, caiu para o Corinthians no Paulista e na
Recopa e brigou várias rodadas para sair da zona de rebaixamento do
Brasileiro. A Ponte também caiu diante do Corinthians no estadual e,
apesar da boa campanha na Sul-Americana, dificilmente evitará a queda
para a Série B do Brasileiro.
– São duas histórias praticamente iguais. O Brasileiro para o São Paulo foi muito desgastante. Tomou um susto muito grande, valorizou demais o elenco que tinha. Sentiram de perto o que é lutar contra o rebaixamento. Isso vai ser levado para a próxima temporada. A Ponte teve o mesmo erro. Frequentou muito a zona de queda, lutou bastante, mas infelizmente não vai conseguir sair. Acharam que tinham uma equipe forte para disputar o Brasileiro. Mas a equipe tem demonstrado muitos altos e baixos. Ela conseguiu uma vitória muito boa contra o Vasco e perdeu de 3 a 0 para o Vitória – comentou.
Com momentos bons e ruins em 2013, São Paulo e Ponte Preta precisam se
apoiar naquilo que têm de melhor. O ex-zagueiro cita os destaques:
Rildo, Adrianinho e William de um lado, Rogério Ceni, Ganso e Luis
Fabiano do outro. O artilheiro tricolor, aliás, é a principal aposta de
Ronaldão. Com passado no Majestoso e em baixa no Morumbi, o camisa 9 tem
tudo para fazer a diferença nos dois jogos na opinião do ex-zagueiro.
– Ele sempre brilha quando chega nesse momento. E está na hora de ele voltar a brilhar. Infelizmente o adversário é o time que o lançou, mas são coisas do futebol. Às vezes, é o momento que ele encontra motivação para dar volta por cima. Talvez essa seja a hora de acontecer. Acho que o São Paulo tem grandes possibilidades de passar, mas é bom abrir o olho. A Ponte tem surpreendido muita gente na Sul-Americana. Futebol não tem lógica.
Ansioso pelo confronto, Ronaldão sequer verá o primeiro duelo, nesta quarta-feira, no Morumbi. O ex-zagueiro tem viagem marcada com a família para Nova York e pretende procurar o resultado da partida bem mais tarde, depois de andar muito pela maior cidade dos Estados Unidos. Para ele, até isso ajudará na imparcialidade.
– Vou passear bastante e à noite vejo o que aconteceu na internet. É até um refúgio. Depois fica fácil escolher para quem torcer no segundo jogo. Tem uma equipe que usa a razão, que está acostumada com torneios internacionais, que é o São Paulo, e outra que vai com o coração, a vontade, que é a Ponte Preta. A primeira partida vai decidir muita coisa – disse o ex-zagueiro, sem entrar em dividida. Esse é um novo Ronaldão, com velhas paixões.
Ex-zagueiro reside em Campinas, mas não admite
torcida por nenhum lado da semi (Foto:
Murilo Borges)
A identificação de Ronaldão com os dois semifinalistas brasileiros é gigante. Apesar de ter atuado com outras seis camisas (Rio Preto, Shimizu-JAP, Flamengo, Santos e Coritiba, além da seleção brasileira), o ex-zagueiro é sempre lembrado pelo que fez no São Paulo e na Ponte Preta. Especialmente no Morumbi, sua casa por oito anos.
– Os Mundiais sempre ficaram marcados para mim porque tinha aquele papo que não iríamos vencer nenhum. E ganhamos todos – lembrou o ex-jogador, ao falar dos triunfos sobre Barcelona, em 1992, e Milan, em 1993.
Ronaldão treina no Morumbi: xerife da defesa de
Telê Santana no Tricolor (Foto: Célio JR / Agência
Estado)
– Todos os meus companheiros foram para times grandes depois. Fábio Luciano e Daniel foram campeões do mundo no Corinthians, o Fabinho venceu a Libertadores com o Internacional, o Washington chegou à Seleção, o Mineiro fez o gol do título mundial do São Paulo. Quando se monta elenco de qualidade, é possível competir de igual para igual com os grandes.
Na Ponte, xerife ajudou a liderar equipe jovem e
conquistou bons resultados (Foto: Reprodução /
EPTV)
– São duas histórias praticamente iguais. O Brasileiro para o São Paulo foi muito desgastante. Tomou um susto muito grande, valorizou demais o elenco que tinha. Sentiram de perto o que é lutar contra o rebaixamento. Isso vai ser levado para a próxima temporada. A Ponte teve o mesmo erro. Frequentou muito a zona de queda, lutou bastante, mas infelizmente não vai conseguir sair. Acharam que tinham uma equipe forte para disputar o Brasileiro. Mas a equipe tem demonstrado muitos altos e baixos. Ela conseguiu uma vitória muito boa contra o Vasco e perdeu de 3 a 0 para o Vitória – comentou.
Luis Fabiano contra a Ponte: revelação quer tirar
primeiro clube do páreo (Foto: Marcos Ribolli)
primeiro clube do páreo (Foto: Marcos Ribolli)
– Ele sempre brilha quando chega nesse momento. E está na hora de ele voltar a brilhar. Infelizmente o adversário é o time que o lançou, mas são coisas do futebol. Às vezes, é o momento que ele encontra motivação para dar volta por cima. Talvez essa seja a hora de acontecer. Acho que o São Paulo tem grandes possibilidades de passar, mas é bom abrir o olho. A Ponte tem surpreendido muita gente na Sul-Americana. Futebol não tem lógica.
Ansioso pelo confronto, Ronaldão sequer verá o primeiro duelo, nesta quarta-feira, no Morumbi. O ex-zagueiro tem viagem marcada com a família para Nova York e pretende procurar o resultado da partida bem mais tarde, depois de andar muito pela maior cidade dos Estados Unidos. Para ele, até isso ajudará na imparcialidade.
– Vou passear bastante e à noite vejo o que aconteceu na internet. É até um refúgio. Depois fica fácil escolher para quem torcer no segundo jogo. Tem uma equipe que usa a razão, que está acostumada com torneios internacionais, que é o São Paulo, e outra que vai com o coração, a vontade, que é a Ponte Preta. A primeira partida vai decidir muita coisa – disse o ex-zagueiro, sem entrar em dividida. Esse é um novo Ronaldão, com velhas paixões.
Passado vencedor do São Paulo, que Ronaldão ajudou
a escrever, pode ser útil na semi (Foto: Divulgação)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/campinas-e-regiao/noticia/2013/11/lembra-dele-dividido-entre-ponte-e-sp-ronaldao-aposta-em-luis-fabiano.html
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