Após perder o pai e trabalhar na rua vendendo bolinho de goiaba, atleta ganha nova perspectiva de vida. Hoje, treina, dá aulas e ajuda a mãe, deficiente visual
José Vicente de Souza poderia ter sido apenas mais um jovem sem
perspectivas de futuro se o judô não tivesse cruzado o seu caminho.
Campeão individual pela categoria meio leve (-60kg) e medalhista de
prata por equipes nas Olimpíadas Escolares, em Cuiabá (MT), o aluno da
escola Almirante Barroso surge como uma das promessas do esporte
brasileiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Mas antes do sucesso no
torneio estudantil, o judoca passou por momentos difíceis e se tornou um
exemplo de superação. Natural de Osasco (SP), o menino viveu na cidade
até os sete anos de idade, quando o pai morreu. José mudou-se para a
casa dos avós, em Guaratinga, na Bahia, e sofreu uma drástica mudança de
vida. Ele abandonou os estudos por um ano e foi trabalhar nas ruas
vendendo sonho e bolinho de goiaba, chegando até a passar fome em alguns
momentos.
- Eu era muito novo na época em que o meu pai faleceu, não lembro bem o
que aconteceu. Como ele era dono de uma oficina mecânica, eu tinha uma
boa condição de vida, estudava em colégio particular, tinha tudo o que
queria. Quando fui morar com os meus avós, larguei a escola e ficava
trabalhando o dia inteiro, passava até fome... Era uma vida bem simples.
Minha mãe, que era doméstica, morava em Vitória com o meu padrasto,
ex-pedreiro e agora carpinteiro. Um dia, ela veio me buscar e tudo
mudou. Voltei a estudar, comecei a lutar judô e a minha vida voltou a
ter sentido - contou o jovem de 17 anos.
Sem pensar duas vezes, José fez as malas e foi viver com a mãe e o padrasto no município de Serra (ES). Há seis anos, iniciou no judô através do projeto "Lar Semente de Amor", onde realizava uma série de atividades, como música, dança, informática e capoeira. A iniciativa envolvia 150 crianças, no Balneário de Carapebus, mas, devido à evasão dos alunos, apenas José seguiu no programa, que tinha uma parceria com a Associação de Judô Yamate. A associação oferece transporte, alimentação e patrocínio nas viagens para que o jovem possa se dedicar, integralmente, ao esporte. Além dos treinos na academia, o atleta também dá aulas de judô para crianças, de quatro a 11 anos.
Há alguns anos, a mãe perdeu a visão devido a uma toxoplasmose,
agravada pela diabetes, e o jovem precisou assumir as funções da casa.
José a leva ao médico, a acompanha na hora de pagar as contas no banco e
ainda ajuda nas despesas com o salário que ganha da associação. A
rotina é intensa. O dia começa às 5h30 com os afazeres de casa e as
aulas de judô, à tarde, ele estuda e malha e, por fim, treina, à noite. A
vontade de lutar era tanta que José até trocou de escola para ficar
mais perto da academia.
- Estudava no colégio Zumbi dos Palmares, mas perdia muito tempo no ônibus, resolvi mudar para aproveitar melhor os treinamentos. Meu sonho é pegar a faixa preta e conquistar uma medalha em um Mundial ou, quem sabe, nas Olimpíadas - finalizou.
Após receber a medalha de Sarah Menezes, José Vicente dá recado no pódio (Foto: Heuler Andrey/AGIF/COB)
Sem pensar duas vezes, José fez as malas e foi viver com a mãe e o padrasto no município de Serra (ES). Há seis anos, iniciou no judô através do projeto "Lar Semente de Amor", onde realizava uma série de atividades, como música, dança, informática e capoeira. A iniciativa envolvia 150 crianças, no Balneário de Carapebus, mas, devido à evasão dos alunos, apenas José seguiu no programa, que tinha uma parceria com a Associação de Judô Yamate. A associação oferece transporte, alimentação e patrocínio nas viagens para que o jovem possa se dedicar, integralmente, ao esporte. Além dos treinos na academia, o atleta também dá aulas de judô para crianças, de quatro a 11 anos.
Meu sonho é pegar a faixa preta e conquistar uma medalha em um Mundial ou nas Olimpíadas"
José Vicente
- Estudava no colégio Zumbi dos Palmares, mas perdia muito tempo no ônibus, resolvi mudar para aproveitar melhor os treinamentos. Meu sonho é pegar a faixa preta e conquistar uma medalha em um Mundial ou, quem sabe, nas Olimpíadas - finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário