Em entrevista a jornalistas pela internet, prefeito do Rio de Janeiro diz que a região não terá problema nas Olimpíadas, mas frisa que trabalho não ficará 100% pronto
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Eduardo Paes conversa com a imprensa na internet (Foto: Reprodução/Youtube)
Nesta quinta-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, foi entrevistado pela internet por quatro jornalistas. Com o tema Olimpíadas de 2016, ele falou, entre outros assuntos, sobre a poluição na Baía de Guanabara, uma das maiores preocupações. Segundo Paes, a completa despoluição da área não estará pronta em 2016 para as Olimpíadas – no dossiê de candidatura do Rio, o município prometia 80% do tratamento de esgoto do local e das lagoas da Zona Oeste prontas no ano dos Jogos.
Baía de Guanabara preocupa o prefeito
do Rio de Janeiro Eduardo Paes
(Foto: AP)
– Temos que aprofundar mais a questão do saneamento no Rio de Janeiro. Dependendo de onde você for na Baía de Guanabara em 2016, vai dar para tomar banho. Existem áreas mais degradadas. A do aeroporto, a da Maré, fundos de baía... Não vai dar para tomar banho. Mas nas Praias do Flamengo e de Botafogo, dependendo do dia, até se toma banho na Baía de Guanabara. O legal da matriz que divulgamos é que temos tabela para tudo, com as responsabilidades, mas serei cobrado pelo que está vinculado a mim. Não sei se a despoluição da Baía de Guanabara estará pronta até 2016 – disse Paes.
Ao mesmo tempo em que visualiza pontos em que haverá condições, o prefeito explica por que não pode prometer uma baía 100% despoluída para as Olimpíadas.
– Sou contra as UTRs (Unidades de Tratamento de Rios). É uma enganação colocar um filtro na boca do rio antes de ele chegar na lagoa. É fazer do rio um esgoto. No Rio de Janeiro, depois de 30 anos, um lixão como o Gramacho foi fechado. O problema da Baía de Guanabara, principalmente das áreas da regata (prova da Vela nas Olimpíadas), é mais lixo do que saneamento. A prefeitura assumiu a responsabilidade na Zona Oeste da cidade. Em vez de pagarmos para a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), entregaremos a uma empresa privada para que ela faça o serviço. A região toda precisa de 15 anos para ser entregue, mas a região das Olimpíadas terá seus serviços prontos em 2016. Uma pena termos um patrimônio desses numa situação ruim. Não me preocupa para os Jogos, mas sim para a cidade do Rio de Janeiro.
Além desse assunto, Paes também comentou a vinda de Gilbert Felli para resolver os problemas de cronograma e a polêmica construção do campo de golfe. O prefeito garantiu que não há atrasos nas obras do Parque Olímpico, mas que Deodoro aparece na cor roxa em sua planilha, tamanha a preocupação. E frisou em grande parte da entrevista que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro trarão um grande legado para a cidade.
Gilbert Felli será o homem do COI no
Brasil (Foto: Marcello Dias / Agência
Estado)
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Vinda de Gilbert Felli
"O italiano (Francesco Ricci Bitti) que falou em nome das federações queria um estádio de tênis de 20 mil lugares. Estamos fazendo de 10 mil, e disse a ele que o Rio de Janeiro não precisava disso. A obra dele está em dia e andando. O COI não fez uma crítica aos legados, a atraso de BRT, de drenagem, de obras no metrô. O Felli (Gilbert) fará o quê? Não faço ideia. Vou recebê-lo com tranquilidade. É extremamente decente, educado, correto e eficiente.
Acompanha as coisas, não solta palavras ao vento. Não vejo como intervenção, mas sim para cobrar, acompanhar e estar atento. Faço questão que exista. O diálogo é o melhor possível. Espero dar informações, fazemos isso com frequência. Vejo o COI como uma entidade séria, que nós fomos buscar, pedimos voto, fizemos campanha... Agora não dá para ficar de bravata achando que não seremos cobrados ou que não teremos de dar explicações."
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campo de golfe
Perspectiva do campo de golfe dos Jogos Olímpicos de 2016: antes e depois (Foto: Arte)
"E é uma ação inteligente. Em vez de gastarmos R$ 60 milhões da prefeitura para fazer um campo de golfe, seguimos o modelo do restante da Barra, com prédios mais baixos. Um dos grandes ativos das Olimpíadas aqui é isso. Em Londres foi tudo público. O IBC custou R$ 1 bilhão, todo com o dinheiro dos ingleses. A Vila dos Atletas foi toda com dinheiro público. A nossa é toda com investimento privado. São operações que não fecharíamos se não fossem viabilizados pelas Olimpíadas. Danos ambientais aconteceram antes na Barra. Agora não. O projeto foi aprovado pela câmara de vereadores. Ampliamos o Parque de Marapendi, na verdade. O (setor) privado sempre entra pensando num ganho futuro. Isso faz com que o governo desonere alguns de seus gastos, alguns que sequer são do governo, como construir arenas e estádios para Olimpíadas."
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atraso nas obras
"O COI tem suas planilhas em vermelho? Eu tenho as minhas internas também. Chamo de ponto de atenção. Na última reunião do COI, quando pintou Deodoro na tela, estava verde. Na minha está vermelho, roxo. É meu prazo mais apertado. São pontos de atenção, obras em execução, e todas elas estão acontecendo. A imprensa acompanha. A Transcarioca será no prazo, Transolímpica também. A linha 4 do metrô está no prazo. Minhas planilhas de gestão são diferentes. Nas minhas também estão vermelhas. São obras que exigem atenção. Posso garantir que na matriz de legado que apresentamos, todos estão em execução, no prazo, sendo feitos. Óbvio que o metrô da linha 4 terá que ficar em vermelho até a entrega. São desapropriações e outras questões dadas a complexidade da obra. São obras muito difíceis."
Prefeito garante que Parque Olímpico
não está atrasado (Foto:
Thierry Gozzer)
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marina da glória
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Vila autódromo
"Em um condomínio na Taquara, com casas que valem mais de R$ 1 milhão cada, pessoas foram retiradas. Entramos na Justiça, vencemos e depositamos o valor das casas. As pessoas saíram. Não dá para fazer mobilidade sem obra. No caminho de rato que é na Zona Oeste, só fazendo isso. Eu fujo de desapropriação, mas muitas vezes é inevitável. Cobram legado e mobilidade, mas não querem que mude nada na cidade? Tentam passar uma imagem de que estamos fazendo como na China? Mentira. Isso aqui não é a China. Se o poder público precisar fazer uma obra de interesse público, ele pode retirar a sua casa, desde que pagando o valor justo pelo lugar. Quem quiser ficar, desde que não esteja nas áreas de proteção ou de interesse público, pode ficar."
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comissão do coi para agilizar obras
"Em relação a gestão de projetos, o que posso dizer é que desde o dia que comecei a fazer as Olimpíadas já existem empresas que monitoram todos os prazos e nossas obras. Tudo do COI. Tenho um time na Empresa Olímpica Municipal para fazer a ponte com o Comitê organizador e as obras das Olimpíadas. Eles cobram isso de nós desde o início. Eles têm informações de tudo. Acompanham desde o início. A planilha deles é feita como? As informações são abertas. Não vejo essa contratação dos gestores como problema. Acho legal ter alguém de três em três meses aqui acompanhando."
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legado
Obras da Transcarioca
(Foto: Portal da Copa / Divulgação)
(Foto: Portal da Copa / Divulgação)
"Se Olimpíadas e Copa do Mundo forem entendidos só como evento esportivo, será uma falta de inteligência enorme. São possibilidades de transformação. São para trazer benefícios para a cidade e melhorar a vida das pessoas. A Transcarioca não está atrasada. Está adiantada. Do lote 1, que vai da Barra até a Penha, a previsão era começo de abril, e vamos entregar com um mês de atraso. A Transcarioca nem passa perto do Maracanã. Ela terá suas estações prontas. O Messi não vai andar na Transcarioca. É uma obra para a cidade, prometida há 50 anos. O legado das Olimpíadas é garantido. A maior parte dos gastos é com legado. Era para soltar morteiros. Se o valor final das Olimpíadas subir e tivermos esses investimentos para a cidade, melhor ainda. São obras que as Olimpíadas estão trazendo."
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Eleição e olimpíadas
"O Rio de Janeiro sempre fez isso. O 'bicho pegando' na cidade, mas tivemos uma semana de paz na Rio 92. Não quero isso assim. Quero sempre. Não posso reclamar também da falta de apoio federal. Recebemos muitos apoios. Financiamentos, recursos para fazer as obras. Agora, é óbvio que as Olimpíadas são importante para o governo federal, mas são mais ainda para o Rio de Janeiro. Quem assina o contrato é a prefeitura. Nessa boa relação, temos uma delegação de tarefas para a prefeitura. Podemos ter tido algumas demoras decisórias, mas dá tempo de corrigir. Quem pensa no país inteiro não pode ter o seu foco principal como as Olimpíadas. Talvez o processo decisório tenha se estendido demais, mas tenho contado com muito apoio para viabilizar tudo".
Obras no Engenhão para as Olimpíadas
de 2016 (Foto: Gustavo Rotstein)
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Estádio olímpico joão havelange
"Aqui no Brasil, político com 90% de aprovação é vaiado. Mas em 2016 vou carregar a bandeira olímpica e entregar ao prefeito de Tóquio. Sobre o nome do Estádio Olímpico João Havelange, é preciso perguntar para o César Maia, que deu o nome de João Havelange ao estádio, e ao Botafogo, clube que tem a concessão o estádio. Eu não saio mudando o nome das coisas que outros prefeitos fizeram. Não sou simpatizante do Médici (Emílio Garrastazu Médici, general e presidente do país na ditadura militar), mas acho que não tenho que mudar. Em algum momento foi dado. É uma decisão que compete ao concessionário, que é o Botafogo. Se dependesse de mim, não mudaria o nome de nada. Sinceramente, não me importa a opinião do Bach (Thomas, presidente do COI) nessa história. O que pesa da imagem do Brasil no exterior é se não fizermos as coisas no prazo, com planejamento. Tudo, menos o nome de um estádio. A minha preocupação com as Olimpíadas é a de quem quer entregar algo no prazo. Esse é o foco".
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Vila de mídia
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2014/04/eduardo-paes-nao-garante-baia-de-guanabara-despoluida-em-2016.html
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