Contratada para completar o grupo, central de 22 anos se torna fundamental no time de Bernardinho e é uma das três indicadas ao prêmio de revelação da Superliga
Ao aceitar o convite do técnico Bernardinho para voltar ao Rio de
Janeiro, a jovem central Ana Carolina da Silva esperava ter mais
oportunidades para jogar do que na sua primeira passagem pelo time
carioca, na temporada 2011/2012, quando praticamente não saiu do banco
de reservas. Carol só não poderia imaginar que com a lesão da campeã
olímpica Valeskinha, sua carreira fosse dar um salto tão alto em tão
pouco tempo. De jogadora contratada para completar o grupo a titular
absoluta, a mineira de apenas 22 anos agarrou a chance com a
personalidade de uma veterana, terminou a fase de classificação como
segunda melhor bloqueadora da Superliga - com 30,51% de aproveitamento -
e, de quebra, é um das três indicadas para a disputa do prêmio de
revelação da competição.
- Não esperava que fosse
ter uma temporada tão boa assim. Eu penso
muito passo a passo e tento não ficar desejando muito as coisas para não
ficar tão
ansiosa. Mas tudo aconteceu de uma maneira muito boa e sem muita
cobrança, pois infelizmente a Valeskinha se machucou. Entrei para suprir
a
ausência dela e as coisas foram acontecendo aos poucos. O
Bernardo e as meninas estavam sempre conversando comigo e acho que meu
jogo fluiu - afirmou Carol, fã do campeão olímpico em Atenas (2004),
Gustavo Endres.
Segunda
melhor bloqueadora da Super-
liga, Carol é uma das três candidatas
ao
prêmio de revelação da competição
(Foto: Divulgação/Unilever Vôlei)
A
cereja do bolo de uma temporada quase perfeita pode vir neste domingo,
quando o Rio de Janeiro lutará por seu nono título nacional diante do
Sesi-SP, às 10h, no Maracanãzinho. Decisiva nas semifinais contra o
Campinas, Carol anotou nada menos que 12 dos seus 27 pontos nos dois
confrontos em bloqueios. Com o sorriso típico de uma adolescente
estampado no rosto, mas a firmeza nas palavras de quem sabe o que quer, a
central é direta ao explicar o segredo do seu sucesso no fundamento.
-
Desde as categorias de base o fundamento que se encaixaria melhor no
meu jogo é o bloqueio. Gosto muito de bloquear, e o Bernardinho e sua
comissão técnica treinam muito esse fundamento. Tanto com as outras
jogadoras,
como individualmente. Acho que o sucesso vem daí, muito treino e gostar
de fazer - explicou a central de 1,82m.
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Sem muitas oportunidades nas seleções de base, Carol sabe que a concorrência no grupo do técnico José Roberto Guimarães é enorme e uma vaga no Mundial da Itália é improvável. Afinal, suas rivais no momento são as campeãs olímpicas Fabiana, Thaísa, Walewska e Adenízia, além de sua companheira de time Juciely, uma das últimas jogadoras cortadas pelo ex-comandante do Campinas do grupo que foi aos Jogos Olímpicos de Londres.
Se por acaso a convocação não vier, Carol
promete não se abalar. Como toda boa mineira, ela prefere comer pelas
beiradas e esperar a hora certa de agarrar a oportunidade na seleção
principal. No momento, seu pensamento está voltado apenas para o Sesi-SP
e para a decisão de domingo.
- Na opinião de todo
mundo, o Osasco tinha o melhor elenco,
praticamente uma seleção brasileira. O time de maior investimento e
cotado para estar na final. Mas o vôlei é assim, e cada história é
diferente. As pessoas gostam de julgar da maneira delas que um
determinado time vai
chegar, que aquele outro não... E desta vez o nosso estava no grupo dos
que não chegariam. Acho que faltou mais respeito pelo trabalho de anos
que é realizado aqui. Querendo
ou não, a gente vai escutando, mas aqui tudo é muito tranquilo e nós
adquirimos essa
tranquilidade para saber lidar com essas opiniões.
Carol
comemora um dos pontos da
vitória por 3 a 0 sobre o Campinas,
em São
Paulo, pelas semifinais da
Superliga (Foto: Divulgação/
Unilever Vôlei)
Para a central, as rivais deste domingo vêm com o moral em alta depois de surpreender nas semifinais.
-
O Sesi-SP tirou o Osasco da decisão após nove temporadas seguidas e
está de parabéns. Tem jogadores
como a Fabizona, a Dani Lins e todo um elenco que lutou muito depois de
um primeiro
turno muito ruim. Acho que isso mexeu com os brios delas e elas
conseguiram dar a volta por cima e
conquistaram uma vaga na final por méritos próprios e não pelos erros do
Osasco. Elas estão muito confiantes e vivem um momento maravilhoso, mas
estamos treinando forte
para neutralizar o jogo delas e temos a vantagem de jogar em casa. Muda
muito o fato de a final ser disputada em um jogo único. A emoção e tudo
que você treinou estão ali naquele momento, mas não podemos deixar essa
tensão atrapalhar - afirmou.
A rotina de Carol, no
entanto, não se resume apenas aos treinos do técnico Bernardinho. Quando
não sai para jantar ou ir ao cinema com a levantadora Roberta ou a
ponteira Gabi, jogadoras com quem divide um apartamento no Rio de
Janeiro, a torcedora fanática do Atlético-MG divide seu tempo entre os
jogos do Galo e as aulas online de administração de empresas.
-
Curso a faculdade de administração online. Foi a maneira que encontrei
de conseguir fazer o ensino superior.
Quando não estou nos treinos e nos jogos, tento conciliar. Mas também
gosto de acompanhar outros esportes, como futebol, basquete, handebol,
ginástica....Sou Galo doido e sofro para caramba (risos) - admitiu a
mineira de Belo Horizonte.
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