Simon Jenkins, do 'Guardian', pede que excluam futebol e esportes de elite, questiona arenas meticulosas e diz que Olimpíadas viraram festivais de mega-estruturas
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Diante dos atrasos e obras ainda não iniciadas das
Olimpíadas de 2016, a menos de dois anos para a competição, o jornalista Simon
Jenkins, do jornal inglês "The Guardian", sugeriu que o Rio de
Janeiro proponha ao Comitê Olímpico Internacional Jogos austeros, como os de
Londres 1948, realizados nos duros anos do pós-Segunda Guerra Mundial.
- Eles poderiam abandonar Deodoro, programada para eventos como rugby, canoagem slalom e moutain bike. Poderiam cancelar esportes de elite do COI, como tênis, vela, golfe e hipismo, assim como um absurdo segundo torneio de futebol apenas dois anos depois da Copa do Mundo. Poderiam talhar arenas e estádios na capacidade que eles podem oferecer atualmente e contar aos oficiais dourados do COI, patrocinadores e VIPs que não haverá apartamentos luxuosos, limusines e pistas exclusivas, apenas camping na praia de Copacabana – escreveu Jenkins em sua coluna no jornal.
Projeto de Deodoro: jornalista inglês
sugere que complexo olímpico seja
deixado de lado (Foto: Reprodução )
O inglês critica os luxos e extravagâncias dos membros do COI, mesmo após escândalos de corrupção. Diz que as Olimpíadas de hoje em dia não são festivais de esporte, mas de mega-estruturas. E que a entidade exige especificações meticulosas de cada local de competição, com mais esportes a cada edição, todos disputando seu espaço na televisão.
- Acredito que o Rio ainda tem tempo de mostrar a coragem que faltou em Londres, em 2005. Londres alardeou que faria os "Jogos do Povo", um divertido festival urbano de baixo custo. Mas capitulou diante da grandiosidade do COI, construindo um novo estádio em vez de usar o de Wembley, e aumentou os custos de 4 para 13 bilhões de libras.
Ecobarco na Baia de Guanabara: pouca esperança de despoluir as águas a
empo dos Jogos de 2016 (Foto: AP)
No entanto, ele acredita ser possível gerar impacto semelhante ao dos Jogos de Barcelona 1992 e Londres 2012, que deixaram uma sensação boa entre a população. Para isso, segundo o inglês, bastam algumas medalhas dos atletas brasileiros, cerimônias de abertura e encerramento extravagantes e uma boa relação com a torcida. Mesmo se os custos forem impactantes, como em Atenas 2004, “os vendedores do COI” declaram um "retorno em glória, reputação e turismo".
Centro de Tênis do Parque Olímpico:
proposta de jornalista inglês exclui
esportes de elite (Foto: Divulgação)
Simon Jenkins diz que o legado dos Jogos do Rio podem ser decepcionantes. Ele elogia o processo de revitalização do Porto Maravilha, mas lembra que a Baía de Guanabara continua poluída e mais de 170 mil pessoas foram desapropriadas para abrir espaço para as obras, segundo o Comitê Popular Rio Copa e Olimpíada. O inglês cita o abandono virtual do programa de habitação Morar Carioca, fala do moderado sucesso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), mas ressalta a ausência de políticas de infraestrutura nas favelas.
- O Rio poderia convidar o mundo para os estádios e arenas construídas no Pan de 2007. A cidade do carnaval poderia oferecer um carnaval de esporte, provando que cidades pobres organizam mega-eventos tão bem quanto as ricas. Em vez de ser abusado por atrasos e incompetência, esta magnífica cidade poderia exibir sua coragem e ousadia.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2014/04/jornalista-ingles-propoe-jogos-do-rio-austeros-abandonem-deodoro.html
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