Em evento-teste neste sábado, com 10 mil torcedores, estádio tem pontos positivos e agrada torcedores. No entanto, comunicação e entorno preocupam
Entre
uma foto e outra, elogios. Com câmeras e celulares em mãos, os 10 mil
sócios do Inter, que ganharam o direito de acompanhar o primeiro jogo no
remodelado Beira-Rio fechado para obras há 447 dias, deliciaram-se novo
estádio: “Bah, que coisa linda!”, exclamou uma torcedora. “Está com
cheirinho de novo”, elogiou um jovem. “Muito melhor do que a Arena (do
Grêmio)”, compararam vários colorados, que pouco ligaram para o fato de o
local ainda não estar totalmente concluído.
Estádio Beira-Rio é apresentado aos torcedores
depois de obras para a Copa (Foto: Wesley
Santos/Agência PressDigital)
A
partida deste sábado, contra o Caxias, pelo Campeonato Gaúcho, ainda
não foi um evento-teste da Fifa. Mesmo assim, membros da entidade e do
Comitê Local Organizador (COL) da Copa estiveram no Beira-Rio como
convidados e observadores. Optaram, porém, por não avaliar publicamente.
Apenas 10 mil sócios e 250 torcedores do clube da serra gaúcha puderam
acompanhar a partida. O primeiro evento-teste oficial, com a capacidade
total do estádio, ocorre em 6 de abril, em amistoso contra o Peñarol. Na
véspera, o Beira-Rio terá uma festa de reabertura.
Confusão no acesso
Primeiro
estádio de clube pronto para a Copa do Mundo – os outros dois (Arena da
Baixada e Arena Corinthians) ainda estão em obras -, o Beira-Rio teve
uma peculiaridade em relação às demais aberturas das outras sete arenas
já concluídas para o Mundial: as cobranças dos torcedores foram menores,
uma vez que os colorados se sentiram em casa, um pouco donos daquele
espaço. Os inúmeros elogios e a festa com a vitória por 4 a 0 sobre o
Caxias, no entanto, não apagaram os vários problemas que precisam ser
ajustados há menos de quatro meses da Copa. O principal deles, o acesso
ao estádio.
Logo cedo, quando os portões foram
abertos, por volta das 17h30, duas horas antes de a bola rolar, os
sócios ingressavam com tranquilidade no estádio. No entanto, com a
proximidade do apito inicial, milhares de pessoas se aglomeraram do lado
de fora, uma vez que o acesso era lento.
Alguns torcedores decidiram
furar a fila, o que gerou muito confusão e reclamação. Com poucos
orientadores do lado de fora do Beira-Rio, o tumulto foi inevitável.
Faltava informação. O controle passou a ser menos rígido, muitos
entraram correndo no complexo, mas, apesar da irritação dos sócios, não
houve relatos de consequências mais graves.
A
falta de orientação do lado de fora contrastou com o grande número de
jovens orientadores dentro do estádio. Por todos os lados, era possível
observar funcionários solícitos a ajudar. Um deficiente visual, por
exemplo, foi escoltado a todo momento por uma jovem designada para
ajuda-lo. Uma senhora, em uma cadeira de rodas, também teve fácil acesso
ao Beira-Rio e ficou localizada na primeira fileira, próxima ao campo,
no local especial para deficientes.
O Inter,
inclusive, pareceu bastante preocupado em agradar seus torcedores.
Formulários foram distribuídos antes da partida para que os sócios
avaliassem vários quesitos do novo estádio.
Apesar de
o estádio ter recebido apenas 10 mil torcedores, as grandes filas nos
banheiros no intervalo da partida foram inevitáveis. No geral, no
entanto, os toaletes ficaram relativamente limpos durante o jogo, apesar
de alguns mictórios terem sido interditados ainda no primeiro tempo da
partida. No banheiro na área de imprensa, não havia luz.
As
lanchonetes, por outro lado, funcionaram quase que perfeitamente. Mesmo
no intervalo da partida, quando as filas eram bem maiores, os
torcedores não demoravam muito a conseguir comprar um lanche, devido ao
grande número de funcionários, que atendiam com agilidade. As
reclamações ficaram por conta dos preços salgados. A água, assim como
uma lata de refrigerante, custou R$ 5,00. O salgadinho foi vendido por
R$ 7,00, já a pipoca (doce ou salgada) por R$ 10,00.
Cambista age livremente
A
reportagem do GloboEsporte.com também flagrou um cambista agindo em
frente ao Beira-Rio. De acordo com o homem, que se identificou como
Carlos, ele é integrante da torcida “Camisa 12”, e as entradas foram
cortesia disponibilizados à organizada pela diretoria do Inter. O
cambista pedia R$ 400 por bilhete.
Também teve
torcedor que, mesmo não sendo sócio, conseguiu entrar no Beira-Rio neste
sábado. O folclórico personagem “Gaúcho do Beira-Rio” chegou cedo ao
estádio sem ingresso. Mesmo não sendo associado, ele conseguiu entrar.
- Meu santo é forte. Me colocaram para dentro – disse o torcedor, visivelmente emocionado com o Beira-Rio.
Telefonia, internet e telão ficam devendo
Alguns
pontos certamente vão precisar de muita evolução para a Copa do Mundo. A
questão da comunicação é um deles. A internet 3G, quando funcionou, foi
muito lenta. O mesmo aconteceu com os sinais de telefone, inexistente
em vários pontos do estádio.
Os telões não funcionaram devidamente no
Beira-Rio (Foto: Marcelo Baltar)
Os
dois modernos telões de LED de 86m² também não funcionaram bem. Eles
não foram utilizados durante a partida. Já o sistema de som se mostrou
eficiente e potente.
Após a partida, o
vice-presidente do Inter, Marcelo Medeiros, reconheceu que muita coisa
ainda precisa ser aprimorada no estádio. No entanto, o dirigente afirmou
que o Beira-Rio já está pronto para receber outros jogos e reiterou o
pedido de liberação ao Ministério Público.
- Hoje foi
um evento-teste. Muitas coisas precisam ser aprimoradas. Tenho certeza
que a segurança do Beira-Rio é muito melhor do que em lugares que temos
competindo. Vocês de devem estar impactados com as mudanças Beira-Rio.
Esperamos que os órgãos públicos se sensibilizem e deixem a comunidade
colorada jogar na sua casa. E nós queremos jogar no Beira-Rio – disse
Marcelo Medeiros.
Entorno ainda é canteiro de obras
Outro
ponto preocupante é o entorno do estádio. O local, que passa por obras
para a Copa do Mundo, ainda aparenta estar longe de ser concluído.
Pistas interditadas, buracos nas ruas e materiais de construção, como
madeiras, estão espalhados pelas proximidades. Há também muita terra
que, em dia de chuva, pode transformar o local em um lamaçal.
O entorno do Beira-Rio ainda é um canteiro de
obras (Foto: Marcelo Baltar)
As
obras no entorno, inclusive, podem ocasionar consequências graves. Na
última sexta-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente colorado,
Giovanni Luigi, disse que existe o risco de o Beira-Rio ficar fora da
Copa, já que o clube não tem condições de arcar com os gastos das
estruturas temporárias (áreas de imprensa, energia, tecnologia da
informação e segurança, entre outras, necessárias para a organização do
Mundial), calculados em aproximadamente R$ 30 milhões. O Inter espera
que a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Rio Grande do Sul ajudem
nas despesas.
Na próxima segunda-feira, o
secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, terá um encontro com o
vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill, e o prefeito da
capital, José Fortunati. Na terça, ele visita o Beira-Rio. O prazo para
entrega das estruturas temporárias é 22 de maio.
Do lado de fora do estádio, ainda há muita coisa
a ser feita (Foto: Marcelo Baltar)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/internacional/noticia/2014/02/beleza-impressiona-mas-acesso-e-ruim-e-beira-rio-tem-muito-fazer.html
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