Em evento-teste neste sábado, com 10 mil torcedores, estádio tem pontos positivos e agrada torcedores. No entanto, comunicação e entorno preocupam
Entre
uma foto e outra, elogios. Com câmeras e celulares em mãos, os 10 mil
sócios do Inter, que ganharam o direito de acompanhar o primeiro jogo no
remodelado Beira-Rio fechado para obras há 447 dias, deliciaram-se novo
estádio: “Bah, que coisa linda!”, exclamou uma torcedora. “Está com
cheirinho de novo”, elogiou um jovem. “Muito melhor do que a Arena (do
Grêmio)”, compararam vários colorados, que pouco ligaram para o fato de o
local ainda não estar totalmente concluído.
Estádio Beira-Rio é apresentado aos torcedores
depois de obras para a Copa (Foto: Wesley
Santos/Agência PressDigital)
A
partida deste sábado, contra o Caxias, pelo Campeonato Gaúcho, ainda
não foi um evento-teste da Fifa. Mesmo assim, membros da entidade e do
Comitê Local Organizador (COL) da Copa estiveram no Beira-Rio como
convidados e observadores. Optaram, porém, por não avaliar publicamente.
Apenas 10 mil sócios e 250 torcedores do clube da serra gaúcha puderam
acompanhar a partida. O primeiro evento-teste oficial, com a capacidade
total do estádio, ocorre em 6 de abril, em amistoso contra o Peñarol. Na
véspera, o Beira-Rio terá uma festa de reabertura.
Confusão no acesso
Filas e algumas confusões marcam a entrada dos torcedores (Foto: Tomás Hammes)
Primeiro
estádio de clube pronto para a Copa do Mundo – os outros dois (Arena da
Baixada e Arena Corinthians) ainda estão em obras -, o Beira-Rio teve
uma peculiaridade em relação às demais aberturas das outras sete arenas
já concluídas para o Mundial: as cobranças dos torcedores foram menores,
uma vez que os colorados se sentiram em casa, um pouco donos daquele
espaço. Os inúmeros elogios e a festa com a vitória por 4 a 0 sobre o
Caxias, no entanto, não apagaram os vários problemas que precisam ser
ajustados há menos de quatro meses da Copa. O principal deles, o acesso
ao estádio.
Logo cedo, quando os portões foram
abertos, por volta das 17h30, duas horas antes de a bola rolar, os
sócios ingressavam com tranquilidade no estádio. No entanto, com a
proximidade do apito inicial, milhares de pessoas se aglomeraram do lado
de fora, uma vez que o acesso era lento.
Alguns torcedores decidiram
furar a fila, o que gerou muito confusão e reclamação. Com poucos
orientadores do lado de fora do Beira-Rio, o tumulto foi inevitável.
Faltava informação. O controle passou a ser menos rígido, muitos
entraram correndo no complexo, mas, apesar da irritação dos sócios, não
houve relatos de consequências mais graves.
Jovem orienta torcedor com deficiência visual (Foto: Marcelo Baltar)
A
falta de orientação do lado de fora contrastou com o grande número de
jovens orientadores dentro do estádio. Por todos os lados, era possível
observar funcionários solícitos a ajudar. Um deficiente visual, por
exemplo, foi escoltado a todo momento por uma jovem designada para
ajuda-lo. Uma senhora, em uma cadeira de rodas, também teve fácil acesso
ao Beira-Rio e ficou localizada na primeira fileira, próxima ao campo,
no local especial para deficientes.
O Inter,
inclusive, pareceu bastante preocupado em agradar seus torcedores.
Formulários foram distribuídos antes da partida para que os sócios
avaliassem vários quesitos do novo estádio.
Apesar de
o estádio ter recebido apenas 10 mil torcedores, as grandes filas nos
banheiros no intervalo da partida foram inevitáveis. No geral, no
entanto, os toaletes ficaram relativamente limpos durante o jogo, apesar
de alguns mictórios terem sido interditados ainda no primeiro tempo da
partida. No banheiro na área de imprensa, não havia luz.
Mictórios interditados (Foto: Marcelo Baltar)
As
lanchonetes, por outro lado, funcionaram quase que perfeitamente. Mesmo
no intervalo da partida, quando as filas eram bem maiores, os
torcedores não demoravam muito a conseguir comprar um lanche, devido ao
grande número de funcionários, que atendiam com agilidade. As
reclamações ficaram por conta dos preços salgados. A água, assim como
uma lata de refrigerante, custou R$ 5,00. O salgadinho foi vendido por
R$ 7,00, já a pipoca (doce ou salgada) por R$ 10,00.
Cambista age livremente
Mesmo não sendo sócio, Gaúcho conseguiu entrar no estádio (Foto: Marcelo Baltar)
A
reportagem do GloboEsporte.com também flagrou um cambista agindo em
frente ao Beira-Rio. De acordo com o homem, que se identificou como
Carlos, ele é integrante da torcida “Camisa 12”, e as entradas foram
cortesia disponibilizados à organizada pela diretoria do Inter. O
cambista pedia R$ 400 por bilhete.
Também teve
torcedor que, mesmo não sendo sócio, conseguiu entrar no Beira-Rio neste
sábado. O folclórico personagem “Gaúcho do Beira-Rio” chegou cedo ao
estádio sem ingresso. Mesmo não sendo associado, ele conseguiu entrar.
- Meu santo é forte. Me colocaram para dentro – disse o torcedor, visivelmente emocionado com o Beira-Rio.
Telefonia, internet e telão ficam devendo
Alguns
pontos certamente vão precisar de muita evolução para a Copa do Mundo. A
questão da comunicação é um deles. A internet 3G, quando funcionou, foi
muito lenta. O mesmo aconteceu com os sinais de telefone, inexistente
em vários pontos do estádio.
Os telões não funcionaram devidamente no
Beira-Rio (Foto: Marcelo Baltar)
Os
dois modernos telões de LED de 86m² também não funcionaram bem. Eles
não foram utilizados durante a partida. Já o sistema de som se mostrou
eficiente e potente.
Após a partida, o
vice-presidente do Inter, Marcelo Medeiros, reconheceu que muita coisa
ainda precisa ser aprimorada no estádio. No entanto, o dirigente afirmou
que o Beira-Rio já está pronto para receber outros jogos e reiterou o
pedido de liberação ao Ministério Público.
- Hoje foi
um evento-teste. Muitas coisas precisam ser aprimoradas. Tenho certeza
que a segurança do Beira-Rio é muito melhor do que em lugares que temos
competindo. Vocês de devem estar impactados com as mudanças Beira-Rio.
Esperamos que os órgãos públicos se sensibilizem e deixem a comunidade
colorada jogar na sua casa. E nós queremos jogar no Beira-Rio – disse
Marcelo Medeiros.
Entorno ainda é canteiro de obras
Outro
ponto preocupante é o entorno do estádio. O local, que passa por obras
para a Copa do Mundo, ainda aparenta estar longe de ser concluído.
Pistas interditadas, buracos nas ruas e materiais de construção, como
madeiras, estão espalhados pelas proximidades. Há também muita terra
que, em dia de chuva, pode transformar o local em um lamaçal.
O entorno do Beira-Rio ainda é um canteiro de
obras (Foto: Marcelo Baltar)
As
obras no entorno, inclusive, podem ocasionar consequências graves. Na
última sexta-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente colorado,
Giovanni Luigi, disse que existe o risco de o Beira-Rio ficar fora da
Copa, já que o clube não tem condições de arcar com os gastos das
estruturas temporárias (áreas de imprensa, energia, tecnologia da
informação e segurança, entre outras, necessárias para a organização do
Mundial), calculados em aproximadamente R$ 30 milhões. O Inter espera
que a prefeitura de Porto Alegre e o governo do Rio Grande do Sul ajudem
nas despesas.
Na próxima segunda-feira, o
secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, terá um encontro com o
vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill, e o prefeito da
capital, José Fortunati. Na terça, ele visita o Beira-Rio. O prazo para
entrega das estruturas temporárias é 22 de maio.
Do lado de fora do estádio, ainda há muita coisa
a ser feita (Foto: Marcelo Baltar)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/internacional/noticia/2014/02/beleza-impressiona-mas-acesso-e-ruim-e-beira-rio-tem-muito-fazer.html
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