terça-feira, 4 de outubro de 2016

Raio-X: 7 títulos, recorde e semelhança com Brasil são trunfo no mar da França



MUNDIAL DE SURFE



Medina pode igualar Andy Irons se for tricampeão em etapa decisiva na corrida pelo título. Briga pelo topo é acirrada, e retrospecto favorece 10 surfistas do Brazilian Storm




Por Rio de Janeiro



Header Surf Hossegor (Foto: Infoesporte)

O Brasil escreveu capítulos memoráveis de sua história na França. Foram sete vitórias e cinco vices em um dos mais poderosos beach breaks do mundo. Em 1991, Fábio Gouveia foi o primeiro a conquistar uma vitória no exterior, em Biarritz. Teco Padaratz venceu em 1994 a final épica contra um jovem Kelly Slater, de 22 anos e só um título mundial, em Hossegor. Ricardo Tatuí levou a seguinte, em Biarritz, Victor Ribas foi o melhor em Lacanau, 1995, e Neco Padaratz ergueu a taça em 2002 ao superar Andy Irons. Foram nove anos de jejum até Gabriel Medina dar um cartão de visitas com recorde na estreia entre os tops. Aos 17, em 2011, tornou-se o mais jovem campeão de uma etapa do Circuito dos Sonhos em Hossegor. O fenômeno de Maresias já havia vencido ali o King of Groms de 2009, aos 15, com duas notas 10 na final contra Caio Ibelli, em um evento recheado de promessas da nova geração. Medina ainda foi vice na elite em 2013 e voltou ao topo em 2015, após bater um robótico Bede Durbigde.

- O sucesso dos brasileiros na França é por causa da onda. É um beach break, parecido com o Brasil. Eu gosto de Hossegor, gosto da França. É um dos lugares mais divertidos de surfar no Tour, e a gente se sente bem. Apesar do frio, é um pouco parecido com o Brasil - disse Medina.

Gabriel Medina acerta belo aéreo nos segundos finais da decisão da etapa de Hossegor, França (Foto: Divulgação / WSL)
Gabriel Medina acerta belo aéreo nos segundos 
finais da decisão da etapa de Hossegor, na 
França. Fenômeno de Maresias já venceu 
diversas vezes nas ondas francesas: 2009, 
2011 e 2015 (Foto: Divulgação / WSL)


O retrospecto e a semelhança com o Brasil trazem a esperança de bons resultados para os 10 representantes do Brazilian Storm na nona de 11 etapas do Circuito Mundial (CT). A janela de Hossegor fica aberta entre os dias 4 e 15 de outubro. O Brasil esteve presente em quatro das últimas cinco decisões na França, com Medina (2011, 2013 e 2015) e Jadson André (2014).
Depois da etapa francesa, restam apenas duas paradas no Tour: Peniche, em Portugal, de 18 a 29 de outubro, e o Pipeline Masters, no Havaí, de 8 a 20 de dezembro.



CORRIDA PELO TÍTULO

Em segundo lugar do ranking, com 37.450 pontos, Gabriel retorna ao pico que o consagrou não só para defender o título, mas para lutar pela liderança na reta final da temporada (relembre acima a conquista do brasileiro em outubro do ano passado). O paulista de São Sebastião precisa de uma combinação de resultados para assumir a ponta. O líder John John Florence (41.650) é o único que depende apenas de si mesmo para se manter no topo: basta vencer, ser vice ou terminar em terceiro lugar. O havaiano venceu o evento em 2014, após derrotar o potiguar Jadson André na final. Embora tenham menos chances, o australiano Matt Wilkinson (36.500) e sul-africano Jordy Smith (35.200) também podem alcançar o posto de número um. O máximo que Wilko chegou na França foi em nono lugar (2014 e 2015), enquanto Jordy tem os terceiros lugares em 2011 e 2014 como melhores resultados. O título da etapa rende 10.000 pontos ao campeão. O segundo colocado recebe 8.000, e o terceiro, 6.500.

John John Florence e Jadson André, WCT Hossegor surfe (Foto: ASP / Kirstin)
John John Florence e Jadson André no pódio 
da etapa francesa em 2014. Havaiano é o 
único que depende apenas de si mesmo 
para se manter na liderança do ranking 
mundial (Foto: ASP / Kirstin)



O PICO

No departamento de Landes, na região da Nova Aquitânia, limitada a oeste pelo Oceano Atlântico e a sul pela Espanha, estão os famosos tubos de La Graviere, em Hossegor. Uma onda forte, com espaço para cavernas ou paredes manobráveis, que podem servir como rampas de decolagem para aéreos. Na língua occitana ou provençal, falada em pequena escala no sudoeste francês, assim como em vales alpinos da Itália e em parte dos Pirineus espanhóis, Hossegor significa "fossa profunda". O golfo de Capbreton, um desfiladeiro submarino de 300 quilômetros a apenas 250m da costa de Landes, faz com que um grande volume de água encontre uma abrupta mudança de profundidade, formando ondas maciças e poderosas. Os tubos não são perfeitos como os de Teahupoo ou Pipeline, mas são largos e trazem experiências inesquecíveis.

Hossegor surfe primeira fase (Foto: Divulgação/WSL)
Onda forte em Hossegor oferece espaço para 
tubos, manobras de borda e aéreos 
(Foto: Divulgação/WSL)



SEMELHANÇA COM O BRASIL

Vento deixa o mar mexido, e WSL adia início da etapa em Hossegor, na França, pelo segundo dia seguido (Foto: WSL / Poullenot)Visão aérea de Hossegor, na França, palco da nona de 11 etapas do Tour (Foto: WSL / Poullenot)


As ondas em Hossegor quebram em um beach break, sobre um fundo de areia, como na maioria das praias do Brasil - é possível encontrar point breaks (fundo de pedra) e reef breaks (fundo de recifes de corais) no país, porém, são ondas menos seguras e exigem experiência. A semelhança faz com que os surfistas do Brazilian Storm se sintam em casa no Velho Mundo. Foram sete títulos na França, o mesmo número de conquistas em terras tupiniquins pela elite do surfe mundial. Nesta semana, 10 brasileiros têm a chance de manter o bom retrospecto no local. Gabriel Medina poderá igualar a marca do havaiano Andy Irons, tricampeão do evento (2003, 2004 e 2005), se defender o seu título.



RECORDES

O recordista de vitórias em Hossegor é o australiano Mick Fanning, com quatro troféus: 2007, 2009, 2010 e 2013. O tricampeão mundial, que escapou ileso de um ataque de tubarão na final de J-Bay, na temporada passada, e ainda precisou lidar com a morte do irmão em plena disputa em Pipeline, em dezembro, optou por tirar um ano quase sabático em 2016. Tem disputado apenas algumas etapas, e confirmou a sua presença no sudoeste da França. Depois de Fanning, os maiores vencedores são o havaiano Andy Irons, três vezes campeão, seguido por Gabriel Medina, vencedor da etapa em 2011 e 2015. O paulista de São Sebastião é o mais jovem a vencer no local, aos 17, e Kelly Slater o mais velho, ao levar o título aos 40, em 2012.

kelly slater mick fanning hossegor (Foto: AFP)
Tricampeão nas ondas de Hossegor, com três 
títulos, Mick Fanning é o recordista de 
vitórias (Foto: AFP)



IRMÃOS EM UMA FINAL

O lugar apontado como um dos mais fascinantes beach breaks será sempre lembrado pelo ano de 2004. As ondas francesas ganharam a proporção e a perfeição comparadas às havaianas. Foi a primeira e única vez que dois irmãos se enfrentaram na final. Na ocasião, Andy Irons derrotou Bruce por 17.00 a 12.00 em um mar histórico, parecido com o que eles estavam acostumados no Havaí. No caminho rumo ao topo do pódio, Andy derrotou o também havaiano Sunny Garcia para garantir a vaga na decisão, enquanto Bruce despachou o mito Slater na outra semifinal.

Andy Irons (Foto: Billabong)
Em 2004, Andy Irons fez ao lado de Bruce a 
primeira e única final entre irmãos na elite 
do surfe (Foto: Billabong)



FALTA DE ONDAS FOI PBSTÁCULO

As etapas do Tour na França foram realizadas nos períodos de melhores condições do mar, de agosto a outubro. Em 1992, no balneário de Biarritz, e em 1998, na comuna de Lacanau, não houve vencedores devido à falta de ondas. Kelly Slater, Dave Macaulay, Barton Lynch, Derek Ho, Rob Bain, Richard Marsh, Luke Egan e Jeff Booth ficaram empatados em quinto lugar, em 1992, enquanto 16 surfistas dividiram a nona colocação em 1998: Slater, Derek Ho, Sunny Garcia, Shea Lopez, Michael Campbell, Todd Prestage, Nathan Webster, Kalani Robb, Shane Beschen, Daniel Wills, Matt Hoy, Pat O'Connell, Michael Barry, Damien Hardman, Rob Machado e Taj Burrow.

Kelly Slater surfe Hossegor (Foto: ASP Divulgação)
Kelly Slater em pôr do sol em Hossegor. Em 
1992 e 1998, etapa francesa sofreu com falta 
de ondas (Foto: ASP Divulgação)



CURIOSIDADES DO VELHO MUNDO

Info Troféus Surfe (Foto: Infoesporte)Info Troféus Surfe (Foto: Infoesporte)


Desde 1983, quando a França entrou para o calendário do surfe mundial, só ficou fora da elite no atípico ano de 2001, quando o ataque de 11 de setembro reduziu o circuito a cinco etapas. Os principais balneários às margens do Atlântico do país, Hossegor, Lacanau e Biarritz, receberam 55 eventos do Circuito Mundial (CT) até 2012, incluindo os móveis de 1999 e 2000, quando as fases finais migraram para Mundaka, na Espanha. Nos quatro primeiros anos, Lacanau foi palco de uma disputa por ano, e Hossegor e Biarritz foram incluídas em 1987. A França teve por uma década uma grande importância nas decisões do título, já que sediava três disputas anuais (1987 a 1996). A perna foi diminuída com a chegada de Espanha e Portugal, em 1997, e, a partir de 2002, as águas francesas passaram a sediar uma única disputa por temporada em Hossegor.



MAIORES CAMPEÕES NA EUROPA

surfe gabriel medina hossegor campeão (Foto: agência AP)Medina Airlines: Estreia na França, em 2011, teve vitória e recorde para Gabriel (Foto: agência AP)


A etapa francesa marca a abertura da perna europeia em 2016. Ao longo dos anos, o Circuito Mundial passou pelo Velho Mundo em países como França, Portugal, Reino Unido e Espanha. A Austrália tem o recorde de vitórias, com 38. O Brasil aparece em quarto, com 10, somando os títulos na França de Fabinho (1991), Teco (1994), Tatuí (1994), Ribas (1995), Neco (2002) e Medina (2011 e 2015) aos de Adriano de Souza em Mundaka (2009), na Espanha, e Peniche, em Portugal (2011), e de Filipe Toledo, no ano passado, nas ondas portuguesas.



CONQUISTAS DO BRASIL NA FRANÇA

Títulos:
1991 - Fábio Gouveia - Biarritz
1994 - Teco Padaratz - Hossegor
1994 - Ricardo Tatuí - Biarritz
1995 - Victor Ribas - Lacanau
2002 - Neco Padaratz - Hossegor
2011 - Gabriel Medina - Hossegor
2015 - Gabriel Medina - Hossegor

Vices:
1994 - Jojó de Olivença - Saint Leu (derrota para o havaiano Sunny Garcia)
1996 - Jojó de Olivença - Biarritz (derrota para o americano Kelly Slater)
2000 - Armando Daltro - Lacanau (derrota para o americano Rob Machado)
2013 - Gabriel Medina - Hossegor (derrota para o australiano Mick Fanning)
2014 - Jadson André - Hossegor (derrota para o havaiano John John Florence)

Etapa em Hossegor na França será decisiva na reta final da temporada de 2015 pelo Circuito Mundial (Foto: WSL / Poullenot/Aquashot)
Etapa da França é importante na corrida pelo 
título mundial em 2016; Medina está na briga 
(Foto: WSL/OPoullenot/Aquashot)




CONFIRA AS BATERIAS DA 1ª   FASE

1: Joel Parkinson (AUS) x Nat Young (EUA) x Matt Banting (AUS)
2: Kelly Slater (EUA) x Kanoa Igarashi (EUA) x Keanu Asing (HAV)
3: Jordy Smith (AFS) x Jadson André (BRA) x Kai Otton (AUS)
4: Matt Wilkinson (AUS) x Miguel Pupo (BRA) x Leonardo Fioravanti (ITA)
5: Gabriel Medina (BRA) x Dusty Payne (HAV) x Ryan Callinan (AUS)
6: John John Florence (HAV) x Conner Coffin (EUA) x  wildcard
7: Adrian Buchan (AUS) x Stuart Kennedy (AUS) x Jeremy Flores (FRA)
8: Italo Ferreira (BRA) x Wiggolly Dantas (BRA) x Alex Ribeiro (BRA)
9: Julian Wilson (AUS) x Caio Ibelli (BRA) x Alejo Muniz (BRA)
10: Kolohe Andino (EUA) x Sebastian Zietz (HAV) x Jack Freestone (AUS)
11: Filipe Toledo (BRA) x Josh Kerr (AUS) x Davey Cathels (AUS)
12: Adriano de Souza (BRA) x Michel Bourez (TAH) x Adam Melling (AUS)


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/radicais/surfe/mundial-de-surfe/noticia/2016/10/raio-x-7-titulos-recorde-e-semelhanca-com-brasil-sao-trunfo-no-mar-da-franca.html

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