Em papo descontraído, ‘Santo’ revela intimidade pós-aposentadoria, além de problema de saúde do irmão. Após despedida, promete ‘sumir’ da mídia
Ansioso pelo jogo e atento a cada detalhe, Marcos mostra certo nervosismo por ser o anfitrião de uma festa – que compara a um casamento. Durante o evento, um dos últimos de sua extensa agenda, ele aciona os assessores, quer saber se há muita fila, e se os torcedores que o esperam estão sendo bem tratados. No meio de tudo isso, copinhos e mais copinhos de café.
– Tomo café para caramba, sou meio viciado. Uma garrafa por dia é certeza que eu tomo. Mas aquele feito em casa. Café expresso não, porque dá dor de estômago – disse o ex-goleiro.
Marcos fará despedida nesta terça-feira (Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
– Estou com a mão preparada para dar autógrafos. E hoje acordei meio-dia, podemos varar a madrugada – avisou.
Confira a íntegra do papo abaixo:
Marcos marca as mãos
(Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
(Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
Marcos - Espera aí! Você errou o pênalti em mim, né? (durante brincadeira com jornalistas na semana passada)
Errei...
Eu sei que vocês queriam bater! Foi uma coisinha sem querer, mas ficou legal... Vou começar a fazer uns joguinhos no CT, você vai ter outra chance.
Perder um pênalti é sempre difícil...
Imagine perder num jogo que vale! Imagine eu depois daquele jogo com o Manchester United, vários dias sem dormir... Foram vários jogos assim, contra o Vitória, aquele 7 a 2, um jogo contra o Santo André pela Copa do Brasil, em que fomos eliminados... Você chega em casa e não dorme. E eu nunca conseguia dormir depois de qualquer jogo que começasse às 22h.
Nesta semana, você pôde retomar um pouco dessa rotina com treinos e algumas atividades. Como está se sentindo perto da despedida?
Estou meio cansado, preocupado e querendo que as coisas deem certo. Que o torcedor vá e goste, que não tenha problemas. Tem muita gente me ligando, querendo saber como ir ao jogo, estou torcendo para os jogadores chegarem logo, para o dia passar e eu poder relaxar. Acho que esse jogo é igual a um casamento. Tem aquelas preocupações com os convidados, se estão bem, se vão reclamar da comida...
Depois do apito final, você vai sumir mesmo?
Da mídia, sim! Para quem está enjoado de ver minha cara pode ficar tranquilo porque a partir de terça vou sumir dos jornais. Sou um ex-jogador, não tenho de ficar aparecendo muito, dando entrevista. Agora é só bater uma bolinha e está tranquilo.
Vai continuar jogando, então? Mas no gol ou no ataque?
Acho que no gol mesmo, no ataque não tem condição, não aguento correr porque o joelho dói demais. No ataque você breca, gira, corre de costas... No gol você fica paradinho. Vou continuar sendo goleiro. Por isso digo que você vai ter outra chance!
Obrigado.
E nem vai ter bandeirinha, não vai valer impedimento, nada. Vou facilitar.
Marcos autografa camisa de torcedora (Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
Graças a Deus tenho contratos com o Palmeiras, a Topper e a Suvinil, faço eventos para os três. Também estamos acertando com outras duas empresas, por causa da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Como eu fui campeão com a Seleção, me chamaram. Então, para 2013 e 2014 está tudo tranquilo. Quero ver em 2015! Vou ter de começar a me preocupar. Mas está tudo certo, deu para juntar muita coisa durante a carreira, hoje posso viver bem.
Em meio a tantos eventos, já deu para curtir o Marcos Vinícius? (filho recém-nascido e que completa um mês nesta segunda)
Deu sim. Inclusive, antes de vir para cá eu estava dando de mamar para ele. A mãe dele preparou e eu fiquei com ele, enquanto ela fazia um cafezinho para mim. É o primeiro filho que vai ter o pai em casa. O Lucca não teve esse pai presente, a Juju (Anna Júlia) mora comigo, mas também viajei muito nessa época. O Marcos Vinícius será o primeiro com pai mais presente durante o dia.
Você tomou um café antes de sair de casa, outro agora há pouco... Quantos você toma por dia?
Tomo café para caramba, sou meio viciado, uma garrafa por dia é certeza. Mas daquele feito em casa. Café expresso não dá, porque dá dor de estômago. Toda hora vou na cozinha, dou um golinho e saio. É costume de caipirão do interior, desde moleque faço isso. Só uma vez fui tomar dentro do campo e quase arrebentaram comigo (um jogo contra o The Strongest, da Bolívia, pela Libertadores de 2000). Mas sempre tomava no vestiário. Descendo para o intervalo, enquanto o técnico falava com os jogadores, a primeira coisa que eu fazia era passar direto e tomar um cafezinho. Enquanto isso, todo mundo bebia água.
Marcos não descansa na noite de autógrafos
(Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
(Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
Não! Lá a gente toma tudo (risos)! Principalmente nas férias de fim de ano... Se bem que nesse ano não deu, tive problemas particulares. Meu irmão teve uma embolia pulmonar, ficou na UTI, e eu nem pude vê-lo porque tive esse monte de eventos marcados. Não dava para desmarcar em cima da hora. Mas, depois do jogo, a primeira coisa que vou fazer é visitar o meu irmão. Graças a Deus ele melhorou. Depois que terminar a despedida, pego um avião e vou vê-lo.
Onde ele está morando?
Em Cuiabá. Agora ele está fortão lá, está tudo bem. Só não vai poder beber uma com a gente, vai ficar só no remédio. Mas pode deixar que tomo uma por ele.
Além do café, o que mais é indispensável para você nessa vida de aposentado?
Ah, a cervejinha, o “titular”... Titulares são aqueles joguinhos de futebol em que você só vai para beber cerveja. Eu mesmo jogo 15 minutos e já colo na churrasqueira. Na minha cidade, sempre reunimos o pessoal. Esse fim de ano é uma data pela qual sempre espero ansiosamente, é a chance de poder encontrar todo mundo.
Gostaria de ver algum de seus filhos jogando futebol?
Se eles tiverem a oportunidade, é legal, mas eu não tive a chance de conciliar futebol com estudos. Parei no segundo colegial (hoje segundo ano do ensino médio), depois disso comecei a jogar e não deu para continuar. Mas eu tive uma escola muito boa, consigo me comunicar bem, acho que isso é importante. Mesmo com o sucesso, é importante estudar para não fazer feio, não falar palavras erradas, besteiras...
Com tanta articulação no discurso, nunca pensou em ser comentarista?
Quem sabe? Até tive proposta no começo do ano, mas tenho um contrato de imagem com o Palmeiras. Como é que eu poderia ser comentarista se tenho rabo preso com o Palmeiras? Não dá para casar. Quem sabe se aparecer uma proposta mais para o futuro...
Falando em Palmeiras, como você projeta o trabalho, seu e do clube, no ano que vem?
Vamos ver se o clube se organiza mais. Estou no Palmeiras há 20 anos e... o processo é lento! Não dá para pensar só em Segunda Divisão, nosso time está na Taça Libertadores. O torcedor já sofreu muito, está na hora de rir um pouco também. Que tenhamos um time forte para todo mundo ficar feliz.
Para finalizar, ficamos sabendo que você está bem como garoto-propaganda. Apresente esse kit que você vai usar na sua despedida.
A caixa tem a descrição dos títulos, as luvas que vou usar no jogo, a camisa... Esse aqui não tem o ingresso. Acho que não, mas deveria ter. Tem também a chuteira. É assim que vende? Estou parecendo vendedor de loja?
É mais ou menos isso...
Não acredito que você não tem um kit desse! (fazendo voz de propaganda de TV) Na verdade, fico com um pouco de vergonha de fazer essas coisas. Agora, vou lá autografar esses kits... Para quem quiser, é claro.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/palmeiras/noticia/2012/12/cafe-filhos-corneta-cervejinha-e-propaganda-marcos-em-15-minutos.html
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