segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mordida, bicampeã Sheilla desabafa: 'Nós fomos muito desrespeitadas'


Oposta diz que as críticas feitas durante a primeira fase desastrosa do Brasil nos Jogos irritaram e que o grupo sempre acreditou que poderia se superar

Por Danielle Rocha e Rodrigo Alves Direto de Londres

Sheilla vôlei brasil x eua (Foto: AP)Sheilla foi um dos destaques do Brasil nos Jogos (Foto: AP)

O ambiente não era dos mais tranquilos. Quando viu, Sheilla estava de volta no tempo. Em Pequim-2008, ela viveu dias de pressão por fazer parte de um time que carrega o estigma de "amarelão". A redenção veio com a medalha de ouro. Quatro anos depois, em Londres, as campeãs olímpicas tiveram que lidar com a desconfiança depois de uma primeira fase desastrosa, na qual correram o risco de ficar pelo caminho. Foi difícil ouvir as críticas, que considerou um desrespeito.

- Teve dancinha na comemoração para calar a boca de muita gente e outras também de alegria. Críticas existem, o problema é o desrespeito. E nós fomos muito desrespeitadas. Parece que o Brasil não aprende e isso é uma coisa que irrita. Toda jogadora que está na seleção é porque ama o que faz, quer representar o Brasil bem. Ninguém vem aqui para brincar. A gente acreditava - desabafou Sheilla, responsável por 15 pontos na decisão.

A equipe estava mordida e queria dar a resposta contra os Estados Unidos, adversário que nos últimos dois anos mostrou mais regularidade do que as brasileiras. Sheilla teve dificuldades de dormir na véspera da final. Acordou, do nada, no meio da madrugada com uma frase na cabeça: "Todo sonho para ser realizado precisa que alguém acredite". Entendeu que era uma mensagem e que precisava passá-la adiante.

- Lembro que naquela noite todo mundo sentou, rezou e foi dormir. Antes da reunião, eu pedi a palavra, precisava falar isso para elas. Os Estados Unidos nunca tinham ganhado nada importante, como um Mundial e uma final olímpica. Se conseguíssemos pressioná-las, daria para ganhar delas. Acho importante acreditar, ter fé o tempo inteiro. Falei no começo que esse ouro seria nosso, muitos duvidaram, mas a gente acreditou. O primeiro set foi afobado, as coisas não saíam. Mas colocamos tranquilidade, sabíamos que aquele momento seria nosso. Esse ouro é nosso e isso é o que importa.
Toda jogadora que está na seleção é porque ama o que faz, quer representar o Brasil bem. Ninguém vem aqui para brincar"
Sheilla

Sheilla lembra que a saída de Fabíola, Mari, Sassá, Camila Brait e Juciely foi muito difícil para as que ficaram. Por isso, fizeram questão de lembrar cada uma delas com seus nomes escritos nas camisas durante a cerimônia de premiação.

- Fabíola, você faz muita falta aqui, nossa guerreira, nossa oradora. Eu também recebi uma notícia há três dias que minha avó está quase recuperada de um câncer. E agora com esse ouro ela vai se recuperar.

Se vai ter fôlego para tentar o tricampeonato nos Jogos do Rio, em 2016, a oposta ainda não sabe. Vai deixar para pensar depois. Por enquanto, Sheilla só quer aproveitar a sensação de ser bicampeã e guardar na lembrança uma campanha marcada pela superação.

- É indescritível. Só quem está aqui sabe. Se tudo tivesse saído do jeito que eu esperava, a gente não tinha perdido um jogo. Mas fizemos história. Foi um milagre mesmo passar para a segunda fase. E aquele jogo contra a Rússia foi histórico. No último set do jogo de hoje contra os Estados Unidos nos divertimos muito. Vi o placar abrindo e comecei a pensar:  "A gente vai ganhar, a gente vai ganhar". Ganhamos.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/mordida-bicampea-sheilla-desabafa-nos-fomos-muito-desrespeitadas.html

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