segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Assumpção define relação entre Botafogo e empresa do pai: "É legal"

Presidente garante não se sentir constrangido pelo fato de a Romar Representações ganhar 5% dos contratos com a Viton 44 e encara pressão: "Não vou renunciar"


Por Rio de Janeiro

Maurício Assumpção presidente Botafogo (Foto: Satiro Sodré)Maurício Assumpção se diz tranquilo com relação entre Bota e empresa do pai (Foto: Satiro Sodré)

O presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, disse, à ESPN Brasil, não ver nenhuma restrição moral ao fato de a empresa do pai (Romar Representações LTDA) receber 5% dos contratos firmados pelo Alvinegro com a Viton 44, principal patrocinadora do clube. Além disso, afirmou que a relação do Glorioso com a Romar é totalmente legal.

Maurício narra que em 2010, seu irmão que era um dos sócios da Romar o procurou para saber se havia espaço disponível na camisa do Botafogo para a exibição de alguma marca. Salles relatou ao mandatário que um dos clientes - a Viton 44 - da Romar tinha interesse em patrocinar o clube. Depois de um entendimento da Viton 44 com o diretor executivo do Alvinegro, Sergio Landau, o presidente disse que a pendência para firmar o contrato era referente à questão moral por envolver família na negociação. Antes de tomar a decisão final, garante ter recebido uma proposta indecente de Marcelo Guimarães, ex-vice de marketing do Bota. Guimarães divulgou uma nota rebatendo o presidente (leia mais abaixo).


É legal, é possível fazer, o Estatuto não condena isso. Então a operação pode ser feita.  Nesse instante eu precisava definir como é que eu ia me sentir em relação a essas cobranças? E é como eu me sinto hoje: tranquilo. Eu saio do Botafogo da mesma forma que entrei: com uma casa de campo, com um apartamento que alugo, com o carro que tenho e com meu consultório odontológico"

Assumpção, com a consciência limpa
- Quando isso acabou, perguntei ao Sérgio (Landau) se o Jurídico (do Botafogo) tinha analisado o caso dentro do Estatuto. Aí vem a questão: é legal, é ou ilegal? É legal, é possível fazer, o Estatuto não condena isso. Então a operação pode ser feita. Resolvida a questão legal, resolvida a questão estatutária, a gente passa para a a seguinte questão: "Como é que eu presidente vou me sentir em relação a isso? Aí é: ou faz ou não faz. No meio disso tudo, eu ouvi, inclusive, coisas do tipo: "Arruma uma outra empresa e coloca no lugar da do teu pai". Eu falei: "Não, eu não tenho nada para esconder. Não vou arrumar empresa laranja para colocar nessa história". Como teve um ex-diretor do Botafogo, de nome Marcelo Guimarães, que entrou na minha sala e perguntou se eu não queria colocar a empresa dele como intermediadora da negociação. Eu disse para ele que era impossível fazer um negócio desse, porque todo mundo no clube sabia desde o início que o cliente tinha sido trazido pela empresa do meu pai e do meu irmão, e que eu não iria fazer isso em hipótese nenhuma. A questão era: fazer ou não fazer? E eu tomei a decisão de fazer. Aí eu sabia de todas as implicações, de toda a situação que envolvia isso, de todas as consequências que poderiam advir dessa situação e de todos os questionamentos que eu poderia sofrer. Nesse instante eu precisava definir como é que eu ia me sentir em relação a essas cobranças? E é como eu me sinto hoje: tranquilo. Eu saio do Botafogo da mesma forma que entrei: com uma casa de campo, com um apartamento que alugo, com o carro que tenho e com meu consultório odontológico - enumerou Maurício, que disse ter feito inicialmente um contrato não tão virtuoso financeiramente, mas que hoje, segundo ele, é um dos cinco ou seis mais valiosos do mercado nacional.

Já em relação à crise financeira do Botafogo, que deve salários (três meses), contrato de imagem (cinco meses) e FGTS aos jogadores, Maurício disse não saber do futuro do clube caso a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRFE) não seja aprovada. 



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- Não sei responder, essa situação é grave. Quando a gente tomou pancada do Engenhão, eu não fiquei me lamentando. Quando perdi títulos, não fiquei me lamentando. Quando perdi jogadores, não fiquei me lamentando. Eu acredito que a gente vai conseguir resolver essa situação, tenho fé não só em mim, mas nas pessoas que estão ao meu lado nesse momento que não se afastaram e continuam trabalhando muito para o Botafogo. Sei que a gente vai conseguir passar por esse tormento, eu tenho convicção disso. E se não passar? Se não passar é complicado, mas a minha fé de que vou passar é obviamente maior nesse momento. Em função das pessoas que estão comigo brigando para que a gente possa passar, em todos os níveis.

Assumpção também abordou as declarações de Emerson, que, no domingo, detonou a diretoria, tratando-a como incompetente. Não fez qualquer crítica a Sheik, considerou justas as reclamações do time, mas não concordou com as opiniões do jogador. Também descartou renunciar ao cargo de presidente.

- Não vou renunciar. Minha gestão acaba em novembro, quando temos eleições, e vou até as eleições. E pretendo, em janeiro do ano que vem, passar o mandato a quem ganhar as eleições. Independente de qualquer história que se conte, a responsabilidade é minha. Quando a gente vê um jogador como o Sheik dar a declaração que ele deu, dizendo que existe incompetência por parte da diretoria e de que aqui não é padaria e de que a gente não vive de sonho, eu não visto a carapuça de incompetente. Será que eu sou incompetente? Será que (é incompetente) uma diretoria que ganhou dois Campeonatos Cariocas, classificou o time para a Libertadores depois de 18 anos, fez o trabalho que fez na reestruturação das divisões base do clube que hoje é um trabalho de referência no Brasil. Não é dito por mim, dito pela própria imprensa e pelos valores que o Botafogo criou. Há quanto tempo não se vendia ou se fazia um jogador na base do Botafogo? Então, será que a gente é tão amador ou incompetente assim? Não. O problema é que o jogador tem todo o direito de reclamar o pagamento em dia, e eu tenho obrigação de fazer isso acontecer. Por que eu não estou fazendo? Esse ano, por exemplo, tive de penhora mais de R$ 16 milhões. Poderia ter usado esses R$ 16 milhões em pagamento de salário, não consegui. Mas é óbvio que o jogador não quer saber disso e nem tem.


Marcelo Guimarães rebate acusações

Marcelo Guimarães Botafogo (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)Marcelo Guimarães deixou o Botafogo em 2013 (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)

Ex-vice de marketing do Botafogo, Marcelo Guimarães negou ter oferecido sua empresa para intermediar a negociação entre a Viton 44 e o Glorioso.

Ainda, Guimarães, que é candidato à presidência do Botafogo, afirmou que Assumpção encontra-se no "fundo do poço". Confira a resposta, dada por meio de nota oficial, na íntegra:

"Seria um exagero dizer que fui surpreendido pelas declarações do presidente Maurício Assumpção, dizendo que eu teria oferecido minha pessoa jurídica para viabilizar negociações relativas à contratação pelo Botafogo de Futebol e Regatas do patrocínio do Guaraviton no uniforme do clube, coisas que obviamente nunca fiz. Do fundo do poço de onde se encontra esse senhor, não poderia esperar nada de muito diferente.

Para ser direto e não incorrer na tentação da ofensa, do desafio e da bravata, o que me igualaria ao senhor Mauricio Assumpção, tenho a dizer sobre essa afirmação mal intencionada:

1. Tenho profundo orgulho de toda minha trajetória no Botafogo. Trabalhei sempre norteado pelo mais profundo respeito ao clube e aos mais superiores princípios morais e éticos.

2. Para ser sincero, talvez tenha a lamentar um único fato. Que a força do meu trabalho, reconhecido pelo mercado, pela imprensa e pela torcida, somado a minha dedicação incansável, tenha involuntariamente ajudado a construir em favor do senhor Mauricio Assumpção, no passado que se distancia, uma imagem de bom gestor, mascarando seu profundo despreparo e incompetência para a missão, revelado no estado atual de sua administração.


3. Na verdade, depois de um início promissor, o Sr Maurício Assumpção, demitiu toda sua equipe de executivos e passou a aparelhar o clube, contratando seus amigos ou pessoas despreparadas como resultado de barganhas políticas, dando início a esse circo de horrores que virou o nosso clube, mal falado pela imprensa como nunca;

4. Essa afirmação desesperada do senhor Mauricio Assumpção, partida de pessoa sem a menor credibilidade, não resiste nem a uma avaliação superficial. Como alguém, contratado pelo clube, com dedicação exclusiva, ofereceria a sua própria pessoa jurídica para realizar qualquer transação espúria, como a de que fala a imprensa?

5. Cumpri meu trabalho como executivo remunerado e decidi, assim que me desliguei do clube, dedicar-me à oposição política equilibrada e firme ao atual ciclo político, dentre outras coisas, por ter desenvolvido meu trabalho de modo dedicado e limpo.

6. Só posso creditar as afirmações do senhor Mauricio Assumpção ao desespero diante do meu crescimento político, movido por traços que compõem sua personalidade frágil: a inveja, a raiva e o rancor.

Para finalizar quero antecipar que o meu trabalho político, sério e dedicado, não será interrompido por essa inverdade lançada pelo senhor Mauricio Assumpção. Na verdade, essa afirmação irresponsável e desprovida de qualquer consistência ou lógica, servirá de combustível para minha caminhada. Os únicos habilitados para travar nossa caminhada rumo a construção de um Botafogo profissional e correto, será a torcida e o sufrágio livre dos nos nossos associados".


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2014/08/assumpcao-define-relacao-entre-botafogo-e-empresa-do-pai-e-legal.html

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