segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Levir explica substituições e confirma fim da concentração nos jogos em BH

Técnico afirma que usou saída de Ronaldinho para dar início a um novo ciclo dentro do clube, e espera comprometimento após voto de confiança dado aos jogadores


Por Belo Horizonte


As mudanças propostas por Levir Culpi deram certo diante do Atlético-PR, já que a equipe venceu por 3 a 1, e pelo menos nos primeiros 45 minutos, propiciou o melhor jogo até aqui sob seu comando. A primeira mudança que o treinador fez foi a de acabar com a concentração dos jogadores nos jogos realizados em Belo Horizonte. Todos os relacionados já estavam na Cidade do Galo às 11h30 deste domingo. E as outras mudanças que deram certo foram no campo de jogo, já que mesmo diante das vaias e dos xingamentos sua equipe conseguiu dois gols quando o placar era de empate. (Veja os gols da vitória do Galo).

Sobre as mudanças no plano técnico, Levir explicou que quis dar mais mobilidade ao time com as saídas de Guilherme e Jô, para as entradas de Luan e Dátolo.

- Com a colocação do Dátolo tirei o ponto de referência porque o Jô não estava numa noite muito legal como costuma ter. Tirei o ponto de referência porque queria uma situação melhor no meio-campo, o Dátolo entrou bem, o Luan também entrou muito bem, com movimentação pelos lados e ficamos com dois laterais rápidos. O Guilherme não estava jogando mal, mas minha ideia era só aumentar a movimentação, e se tem um jogador como o Dátolo que é muito habilidoso, aumenta a rotação do time. O Guilherme saiu não é porque é ruim, não fez gol, não é por isso, só pela parte tática.

Sobre a outra mudança, praticamente uma inovação no futebol brasileiro, o técnico garantiu que ela vai continuar e explicou seu ponto de vista ao dar mais liberdade aos comandados, justamente após a saída de Ronaldinho Gaúcho.

- Eu já tinha pensado nisso, já usamos isso algumas vezes até, aí vieram as notícias da Seleção, da Copa, de que precisa fazer muita coisa, tem que estudar o que está sendo feito na Europa, renovar, então conversei com os jogadores. E como o Ronaldinho saiu eu queria também que fosse um divisor de águas, para começar um novo ciclo. E o nosso calendário é ridículo, passamos 15 dias na China, mais 15 na Argentina e já voltamos e viajamos para jogar no Recife. Os jogadores ficam muito pouco em casa, se tem um grupo consciente e que quer ser campeão, o mínimo que se pode exigir desse grupo é que se cuidem fisicamente. Conversei com os jogadores, falei se tem um técnico alcoólatra, um piloto de avião bêbado, por isso os atletas têm que se cuidar. E o que acontece é que temos o problema brasileiro de educação. Temos os atletas muito mal formados na base, mas mais questão de educação. Então, se eles entenderam uma situação dessa, por que a gente não pode fazer diferente? Um time que não precisa se concentrar e se entregar no jogo como foi hoje? O que eles correram fisicamente é um negócio elogiável. Acho que precisamos dar uma melhorada mais dentro de campo, mas fora está começando um ciclo, e tomara que não aconteça nada de desagradável.

Levir Culpi, técnico do Atlético-MG (Foto: Reprodução / Premiere)
Levir Culpi espera que seus comandados 
tenham consciência e se cuidem 
fisicamente (Foto: 
Reprodução / Premiere)


Veja outros trechos da entrevista do treinador:


Vaias, instabilidade e "início de Brasileiro"
Uma situação como hoje é difícil. Brincamos no vestiário que demos sorte, mas coloquei que demos azar. Era para estar quatro ou cinco no primeiro tempo. O time jogou redondinho, muito bem, melhor apresentação nossa no Independência comigo, pelo menos, e a bola não entrava. Acertamos duas na trave e com chances ótimas, tudo certinho. Aí vem o segundo tempo e a pressão emocional e psicológica. Quarta vez que estou aqui no Atlético e fui chamado de burro em todas. O Atlético é um time que vive bipolar, muita emoção, ou muita depressão, isso desestabiliza um pouco o time e isso aconteceu no segundo tempo. Mas mesmo assim fomos e vencemos. E nós praticamente entramos hoje na competição porque se vencermos o jogo de quarta-feira, assumimos a quinta colocação.


Reforços, Alex Díaz e Bolaños
A gente tem discutido o mercado e se houver a possibilidade de reforçar o time nós vamos fazer, pelo menos é a ideia de todo mundo. Mas prefiro não comentar os nomes antes de alguma solução. Essa semana vamos conversar, e estamos sempre conversando sobre essas possibilidades, mas nada que eu possa afirmar neste momento.


Pressão contra os jogadores
O fato de você fazer o time jogar com a torcida empurrando, jogando para cima, aconteceu no primeiro tempo e estava tudo ok. Eu também sou torcedor, na Seleção, por exemplo, às vezes, torço para algum jogador entrar ou sair, mexeu errado e devia ter entrado outro, a mesma coisa. Temos que ter tranquilidade para entender a reação do torcedor, mas acontece que pressão negativa não tem como ajudar. O jogador tem que ter muita personalidade e ter um caráter muito forte, e para ser sincero quero parabenizar os jogadores por isso. Acabamos criando uma situação difícil porque eles empataram a partida, a parte emocional e psicológica fica contra nós, ainda mais dentro de casa. Nós todos queremos ganhar do Atlético-PR, mas você está vaiando o time que quer ganhar, uma pressão meio irracional, mas posso entender, o cara está vendo o jogo de uma maneira. Não gosta de um jogador, não gosta de outro, mas isso é uma coisa que sobra para o técnico, ele tem que decidir, então assumo as responsabilidades pela escalação do time.


Futebol imprevisível
Por isso que é o esporte mais disputado no mundo, porque não tem exatamente uma lógica. Normalmente os melhores vencem, mas durante o jogo são dezenas e centenas de decisões que você não sabe exatamente o que vai acontecer. Colocamos duas bolas na trave, tivemos azar no primeiro tempo, e se saísse no intervalo com três ou quatro gols, a parte emocional seria diferente. Mas quem fez o gol foram eles, então a situação se inverte completamente, ainda mais com a torcida do Atlético que é passional, é coração. A gente tem que entender isso, melhorar, mas na verdade estamos devemos um pouco mais de regularidade.

Lateral esquerda

Émerson Conceição em lance do jogo Atlético-MG x Fluminense (Foto: Reprodução / Premiere)Emerson será mantido por Levir até que Botelho prove o contrário (Foto: Reprodução / Premiere)


O Dátolo é meia, jogou na meia hoje. Se jogou ali na Libertadores, parabéns para quem estava aqui, mas para mim não. Quem é lateral-esquerdo aqui é o Emerson e o Botelho, que nem hoje pôde participar porque é do Atlético-PR, mas vai lutar pela posição com o Emerson. E eventualmente na partida acontece alguma coisa, machuca, você está perdendo, quer atacar, aí posso pensar. Mas não sei quem falou para o Dátolo que ele era lateral-esquerdo, e ele não vai me convencer que joga na lateral, por isso só vai ser utilizado do meio para frente.


Fim da concentração e exemplo da Ucrânia
Já foi, acho que vai continuar. Há uma cobrança tão forte em cima dos atletas para os resultados e é preciso que eles se conscientizem. Eu concordo e passei para os jogadores uma entrevista do técnico do Shakthar, ele criticando muito pesado os jogadores brasileiros. Aí é que está, ele tem razão, somos muito mal-educados e cometemos muitos erros. Mas dentro das condições que temos posso dar uma abertura para eles com a cobrança. Não é admissível que um jogador, num momento como esse, por exemplo, encontrar o cara numa balada. Veja bem, e isso acontece no Brasil. A gente tem que educar as pessoas e acho que o entendimento é a melhor maneira. E partiu de mim essa decisão, tenho que melhorar em muitas coisas e no dia a dia vamos fazendo, sem medo de tomar decisões e espero que todos queiram entender.


Repetição do time
Esse é um ponto fundamental também, e quando repete o grupo, o Cruzeiro é o time que tem os melhores números, e tem uma base muito sólida também, coisa natural, o Marcelo está dois anos com eles, e nós não conseguimos entender isso. E dependendo de um jogo ou outro quer mexer em tudo. Então, a continuidade dá o entrosamento, importante manter o jogador mesmo que não esteja num bom momento.


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