Técnico afirma que usou saída de Ronaldinho para dar início a um novo ciclo dentro do clube, e espera comprometimento após voto de confiança dado aos jogadores
Sobre as mudanças no plano técnico, Levir explicou que quis dar mais mobilidade ao time com as saídas de Guilherme e Jô, para as entradas de Luan e Dátolo.
- Com a colocação do Dátolo tirei o ponto de referência porque o Jô não estava numa noite muito legal como costuma ter. Tirei o ponto de referência porque queria uma situação melhor no meio-campo, o Dátolo entrou bem, o Luan também entrou muito bem, com movimentação pelos lados e ficamos com dois laterais rápidos. O Guilherme não estava jogando mal, mas minha ideia era só aumentar a movimentação, e se tem um jogador como o Dátolo que é muito habilidoso, aumenta a rotação do time. O Guilherme saiu não é porque é ruim, não fez gol, não é por isso, só pela parte tática.
Sobre a outra mudança, praticamente uma inovação no futebol brasileiro, o técnico garantiu que ela vai continuar e explicou seu ponto de vista ao dar mais liberdade aos comandados, justamente após a saída de Ronaldinho Gaúcho.
- Eu já tinha pensado nisso, já usamos isso algumas vezes até, aí vieram as notícias da Seleção, da Copa, de que precisa fazer muita coisa, tem que estudar o que está sendo feito na Europa, renovar, então conversei com os jogadores. E como o Ronaldinho saiu eu queria também que fosse um divisor de águas, para começar um novo ciclo. E o nosso calendário é ridículo, passamos 15 dias na China, mais 15 na Argentina e já voltamos e viajamos para jogar no Recife. Os jogadores ficam muito pouco em casa, se tem um grupo consciente e que quer ser campeão, o mínimo que se pode exigir desse grupo é que se cuidem fisicamente. Conversei com os jogadores, falei se tem um técnico alcoólatra, um piloto de avião bêbado, por isso os atletas têm que se cuidar. E o que acontece é que temos o problema brasileiro de educação. Temos os atletas muito mal formados na base, mas mais questão de educação. Então, se eles entenderam uma situação dessa, por que a gente não pode fazer diferente? Um time que não precisa se concentrar e se entregar no jogo como foi hoje? O que eles correram fisicamente é um negócio elogiável. Acho que precisamos dar uma melhorada mais dentro de campo, mas fora está começando um ciclo, e tomara que não aconteça nada de desagradável.
Levir Culpi espera que seus comandados
tenham consciência e se cuidem
fisicamente (Foto:
Reprodução / Premiere)
Veja outros trechos da entrevista do treinador:
Vaias, instabilidade e "início de Brasileiro"
Uma situação como hoje é difícil. Brincamos no vestiário que demos sorte, mas coloquei que demos azar. Era para estar quatro ou cinco no primeiro tempo. O time jogou redondinho, muito bem, melhor apresentação nossa no Independência comigo, pelo menos, e a bola não entrava. Acertamos duas na trave e com chances ótimas, tudo certinho. Aí vem o segundo tempo e a pressão emocional e psicológica. Quarta vez que estou aqui no Atlético e fui chamado de burro em todas. O Atlético é um time que vive bipolar, muita emoção, ou muita depressão, isso desestabiliza um pouco o time e isso aconteceu no segundo tempo. Mas mesmo assim fomos e vencemos. E nós praticamente entramos hoje na competição porque se vencermos o jogo de quarta-feira, assumimos a quinta colocação.
Reforços, Alex
Díaz e Bolaños
A gente tem discutido
o mercado e se houver a possibilidade de reforçar o time nós vamos fazer, pelo
menos é a ideia de todo mundo. Mas prefiro não comentar os nomes antes de alguma
solução. Essa semana vamos conversar, e estamos sempre
conversando sobre essas possibilidades, mas nada que eu possa afirmar neste
momento.
Pressão contra os jogadores
O
fato de
você fazer o time jogar com a torcida empurrando, jogando para cima,
aconteceu no
primeiro tempo e estava tudo ok. Eu também sou torcedor, na Seleção, por
exemplo, às vezes, torço para algum jogador entrar ou sair, mexeu errado
e devia
ter entrado outro, a mesma coisa. Temos que
ter tranquilidade para entender a reação do torcedor, mas acontece que
pressão
negativa não tem como ajudar. O jogador tem que ter muita personalidade e
ter um caráter muito forte, e para ser sincero quero parabenizar os
jogadores por isso. Acabamos criando uma situação difícil porque eles
empataram
a partida, a parte emocional e psicológica fica contra nós, ainda mais
dentro de
casa. Nós todos queremos ganhar do Atlético-PR, mas você está vaiando o
time
que quer ganhar, uma pressão meio irracional, mas posso entender, o cara
está
vendo o jogo de uma maneira. Não gosta de um jogador, não gosta de
outro, mas
isso é uma coisa que sobra para o técnico, ele tem que decidir, então
assumo as responsabilidades pela escalação do time.
Futebol imprevisível
Por
isso que
é o esporte mais disputado no mundo, porque não tem exatamente uma
lógica.
Normalmente os melhores vencem, mas durante o jogo são dezenas e
centenas de
decisões que você não sabe exatamente o que vai acontecer. Colocamos
duas bolas na trave, tivemos azar no primeiro tempo, e se saísse no
intervalo com
três ou quatro gols, a parte emocional seria diferente. Mas quem fez o
gol
foram eles, então a situação se inverte completamente, ainda mais com a
torcida do
Atlético que é passional, é coração. A gente tem que entender
isso, melhorar, mas na verdade estamos devemos um pouco mais de
regularidade.
Lateral esquerda
Emerson será mantido por Levir até que Botelho prove o contrário (Foto: Reprodução / Premiere)
O
Dátolo é
meia, jogou na meia hoje. Se jogou ali na Libertadores, parabéns para
quem
estava aqui, mas para mim não. Quem é lateral-esquerdo aqui é o Emerson e
o
Botelho, que nem hoje pôde participar porque é do Atlético-PR, mas vai
lutar pela posição com o Emerson. E eventualmente na partida
acontece alguma coisa, machuca, você está perdendo, quer atacar, aí
posso pensar. Mas não sei quem falou para o Dátolo que ele era
lateral-esquerdo, e ele não vai me convencer que joga na lateral, por
isso só
vai ser utilizado do meio para frente.
Fim da
concentração e exemplo da Ucrânia
Já foi, acho
que vai continuar. Há uma cobrança tão forte em cima dos atletas
para os resultados e é preciso que eles se conscientizem. Eu concordo e
passei para os jogadores uma entrevista do técnico do Shakthar, ele criticando
muito pesado os jogadores brasileiros. Aí é que está, ele tem razão, somos
muito mal-educados e cometemos muitos erros. Mas dentro das condições que temos
posso dar uma abertura para eles com a cobrança. Não é admissível
que um jogador, num momento como esse, por exemplo, encontrar o cara numa balada. Veja bem, e isso
acontece no Brasil. A gente tem que educar as pessoas e acho que o entendimento
é a melhor maneira. E partiu de mim essa decisão, tenho que melhorar em muitas
coisas e no dia a dia vamos fazendo, sem medo de tomar decisões e espero que
todos queiram entender.
Repetição do time
Esse é um
ponto fundamental também, e quando repete o grupo, o Cruzeiro é o time que tem
os melhores números, e tem uma base muito sólida também, coisa natural, o
Marcelo está dois anos com eles, e nós não conseguimos entender isso. E
dependendo de um jogo ou outro quer mexer em tudo. Então, a continuidade dá o
entrosamento, importante manter o jogador mesmo que não esteja num bom
momento.
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