Aos 31 anos, o ponteiro Bruno Zanuto já recebeu elogios do técnico Mauro Berruto e pode se tornar o primeiro atleta nascido no Brasil a vestir a camisa da seleção italiana
Quando
se naturalizou italiano em meados de 2013, o brasileiro Bruno Zanuto
tinha como único objetivo se tornar um jogador comunitário e abrir as
portas para sua carreira na Itália. O ponteiro de 31 anos e 2,00m, com
passagens por Cruzeiro,
Campinas, Florianópolis e Montes Claros, só não imaginava que suas
atuações em quadra com a camisa do Exprivia Molfetta, que enfrenta
o Città di Castello neste domingo, às 13h, em busca do quinto lugar na
série A do Italiano e, consequentemente, de uma vaga na Challenger Cup,
chamasse a atenção do técnico da seleção italiana masculina, Mauro
Berruto, ao ponto de o atacante nascido em São Paulo estar cotado para
defender a Azzurra na Liga Mundial de vôlei.
Aos
31 anos, o ponteiro paulista Bruno
Zanuto vive a expectativa de ser o
primeiro brasileiro convocado para
a seleção italiana de vôlei (Foto:
Arquivo Pessoal)
Se os rumores de que Bruno
pudesse se tornar o primeiro brasileiro a vestir a camisa da Itália já
eram grandes após os elogios do treinador italiano à
revista Comunità, em janeiro deste ano, as chances do atacante do
Exprivia Molfetta cresceram ainda mais quando ele chegou aos 232 pontos
na última rodada da fase de classificação da série A do Campeonato
Italiano e se tornou o maior pontuador da competição entre os ponteiros
italianos.
- Eu
o admiro tanto pelo equilíbrio que consegue dar em quadra do ponto de vista
técnico, e me refiro principalmente às suas qualidades na recepção e na
administração de bolas difíceis no ataque, quanto por um aspecto que nele me
agrada muitíssimo: a sua liderança, competitividade e modo de interpretar
partidas até mesmo do ponto de vista da personalidade - disse o
treinador da seleção italiana à época.
-
Foi a primeira temporada que joguei como italiano e coincidiu de o
(Cristian)
Savani, que era um dos ponteiros titulares e capitão da equipe, estar se
aposentando da seleção. Acho que tudo isso aumenta muito minhas chances
de ser convocado. Algumas seleções, como o Brasil, já soltaram uma
primeira lista, e acredito que isso aconteça aqui em poucas semanas. A
ansiedade é grande, mas é uma expectativa bacana. Principalmente porque a
estreia da
Itália na Liga Mundial será justamente contra o Brasil, em Santa
Catarina - destacou.
Em época de Copa do Mundo, é
normal que o atacante do Exprivia Molfetta ouça comparações com Diego
Costa, que preferiu defender a Espanha ao Brasil, e tantos outros
jogadores nessa mesma situação. No entanto, Bruno faz questão de deixar
claro que sua decisão nada teve a ver com preferência.
- Se
a convocação vier será muito bem-vinda para mim e
toda minha família, que tem muitos italianos por parte de pai e de mãe.
Quando optei em me naturalizar e defender a Itália, eu não estava
desistindo do Brasil. Até porque não vinha sendo aproveitado. Apenas
pensei na minha carreira e sabia que teria mais oportunidades a partir
do momento que deixasse de ser um jogador estrangeiro e passasse a jogar
como italiano. Fui convocado algumas vezes para a seleção brasileira B,
mas apenas treinei e participei de alguns amistosos - explicou o
atacante, que começou no Pinheiros e ganhou três Superligas - duas pelo
Minas e uma pelo Florianópolis - antes de deixar o Brasil para jogar na
Europa.
Antes
de ajudar o Exprivia Molfetta a
jogar a série A do Campeonato
Italiano,
Bruno Zanuto conquistou o
Sul-Americano e o Mundial infanto
juvenil de
2001 com a seleção
brasileira da categoria<b></b>
(Foto:
Arquivo Pessoal)
Mas a trajetória de Zanuto
com a camisa verde amarela não foi tão passageira assim. Antes de passar
pelo vôlei polonês e ajudar o Exprivia Molfetta a jogar a séria A do
Campeonato Italiano pela primeira vez, o ponteiro escreveu seu nome nas
seleções de base do Brasil ao conquistar o título sul-americano e
mundial
infanto-juvenil em 2001.
- Fiz quatro campeonatos
internacionais pela seleção brasileira e ganhei quatro
títulos individuais, como melhor jogador do Mundial do Egito. Mas era um
momento
que o Brasil contava com uma geração maravilhosa e que ganhava tudo.
Entendo que era complicado
mexer
num grupo fechado e vitorioso como aquele. Não só eu, mas o João Paulo
Bravo e o Raphael, que é um dos melhores levantadores da Itália e ganhou
tudo lá,
tiveram que esperar muito tempo para entrar na seleção. Mas não tenho
mágoa nenhuma,
só agradecimento por ter feito parte daquele momento do vôlei
brasileiro
de alguma maneira. Acho que isso abriu portas não só para mim, mas para
qualquer atleta brasileiro - destacou o atacante.
zanuto tem o apoio de seus ex-técnicos no brasil
Casado
com a paulista descendente de italianos Lizandra Zanuto e pai de Enzo,
de 10 anos, e Maria Clara, de 4, Bruno tem uma torcida muito maior do
que ele próprio imagina. Seu treinador em Florianópolis, o ex-craque da
seleção brasileira Renan Dal Zotto, não esconde o "estranho" desejo de
vê-lo do outra lado da rede brasileira.
-
Conheço muito bem o Bruno Zanuto. É um jogador completo e que todo time
gostaria de ter. Ele joga sempre com muita raça. Certamente fico na
torcida para que tudo de bom aconteça com ele - afirmou o gestor de marketing na Confederação
Brasileira de Voleibol e membro do conselho da Superliga.
Técnico de Zanuto no Campinas, última equipe que o
ponteiro atuou no Brasil, na temporada 2011/2012, Cacá Bizzochi engrossa o coro de Renan.
-
O Zanuto tem espírito guerreiro e é um bom atacante e sacador. Ele está
com tanta vontade de jogar pela seleção que, só por essa determinação,
ele já merece uma chance. Aí terá a oportunidade de mostrar se serve
para o que o Berruto pensa dentro da filosofia coletiva para o time da
Itália - ressaltou
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário