Eduardo Corassa, de 29 anos,
faz apenas duas refeições diárias com cerca de 4kg de frutas e legumes,
mas tem disposição para surfar, correr e lutar.
Por Igor Christ
Rio e Janeiro
Eduardo Corassa vive sem fogão, forno de microondas e panelas há sete anos. Na despensa da cozinha e na geladeira, legumes e frutas
tomam o espaço. O carioca de 29 anos abandonou todo tipo de alimento de
origem animal (leite, mel, queijo e ovos) e se tornou adepto do crudivorismo,
a prática de se viver de alimentos crus. O estudante de nutrição parou
de comer carne aos 22 anos, depois de ler artigos científicos e livros
sobre o veganismo (vegetarianismo radical). Problemas como sobrepeso, diabetes, alergias, hipertensão, fadiga crônica e lombalgia
desapareceram em pouco tempo. Segundo ele, graças ao novo estilo de
vida. Destaca também que se tornou uma pessoa mais ativa fisicamente,
praticando esportes como jiu-jítsu, tênis, corrida, surfe, musculação,
ciclismo e aprendendo dança de salão. (Confira no vídeo ao lado a dica de Eduardo para fazer uma vitamina de banana, com pó de açaí e tâmaras).
Eduardo antes e depois (Foto:Arquivo Pessoal )
- Eu sempre fui gordinho, fora de forma e não sabia que tinha de
praticar esportes e tampouco me ligava na questão de saúde. Ia sempre ao
médico com diferentes problemas. Com 18 anos, virei um jogador
cibernético profissional e engordei muito por conta da má alimentação
nas viagens que fiz para competir. Vivia de fast food,
fumava, bebia cerveja em excesso e cheguei a ter 25kg a mais do que
tenho hoje. Vi que precisava mudar e me exercitar. Entrei para a
academia, emagreci um pouco, mas não estava satisfeito. Comecei a
estudar muito sobre alimentação e percebi que a má formação do
organismo, baixa coordenação motora e até doenças frequentes eram
associadas ao processo de cozimento da comida. Fiquei maravilhado porque
nunca mais tive nada - explicou Eduardo, de 65kg e 1,73m.
Legumes, frutas, musculação e surfe: a
rotina do estudante Eduardo Corassa (Foto: Editoria de Arte)
No início do processo, o estudante relata que não sentiu dificuldades para se adaptar à nova dieta. Agora, Eduardo come apenas duas vezes ao dia,
consumindo em torno de 4kg de frutas (2kg no almoço) e legumes (2kg no
jantar). Na cozinha, o processador de alimentos é o seu maior aliado
para fazer as saladas. Nozes, castanhas, tomate, cenoura, alface,
couve-flor, brócolis, pimentão, banana, abacaxi, melancia, mamão, e até
uma jaca estão sempre à mão para as refeições do dia.
- É algo muito mais mental do que uma dificuldade fisiológica. Quando nos deparamos com uma mudança na dieta,
achamos que é algo muito difícil. Mas comer fruta, se bem escolhida ou
madura, é prazeroso para qualquer pessoa. O cerébro se adapta em mais ou
menos duas semanas para isso. Nunca tinha comido legume cru
e não tinha boa alimentação. Só havia comido salada aos 20 anos. Não
sinto falta de nada que comia. Como uma tigela inteira de salada e fico
satisfeito - frisou.
Quanto mais estudava, mas via que estava certo, pois me sentia cada
vez melhor em todos os sentidos. Não virei atleta, mas o desempenho
melhorou "
Eduardo Corassa
Ao virar um vegetariano, Eduardo conta que sofreu com a
resistência da família, de amigos e até do seu médico. Também passou
dificuldades para se adaptar à dieta ao sair parar
comer na rua. Além disso, vai a cada duas semanas a um centro de
distribuição de alimentos comprar 40kg de frutas e legumas para
armazenar em casa.
- Essa foi a parte mais difícil. Eu me senti estranho por estar comendo de forma diferente. Hoje, o veganismo
é muito mais disseminado. O meu pai falava que eu estava louco, o
médico dizia que eu iria morrer, minha mãe reclamava que eu ia passar
fome. Cancelei meu plano de saúde e meus amigos não acreditavam. Era
difícil se privar dos restaurantes e comecei a desenvolver o meu método.
Qualquer restaurante tem sucos, frutas e saladas. Mas também comia
antes de sair de casa para não passar fome. A longo prazo, quanto mais
estudava, mas via que estava certo, pois me sentia cada vez melhor. Não
virei atleta, mas o desempenho melhorou dentro da minha capacidade.
Pretendo chegar aos 120 anos - ressaltou o estudante, que já escreveu
cinco livros a respeito do "universo vegano".
Eduardo Corassa mostra os ingredientes do seu
jantar: legumes e mais legumes (Foto:
Igor Christ/EuAtleta)
Eduardo explica que ao adotar uma dieta baseada em
frutas e vegetais, os alimentos mais ricos em nutrientes, o corpo é
banhado em abundância pelos fitonutrientes, antioxidantes, vitaminas e
minerais, retardando o processo de envelhecimento. Especialista do EU ATLETA, a nutricionista Cristiane Perroni não é contra a dieta vegetariana,
mas não a incentiva para seus pacientes. Ela defende como ideal a
ingestão de todos os grupos de alimentos, de uma forma equilibrada.
- Alguns alimentos precisam ser cozidos para aumentar o seu potencial
nutricional, exemplo é o tomate, quando assado ou cozido tem maior teor
de licopeno. A dieta vegana é pobre em proteínas e também pode haver
carência de vitamina B12, que não pode ser obtida
através de alimentos de origem vegetal, apenas animal, e tem importante
atuação no sistema nervoso e cardiovascular, e principalmente zinco. A B12 vai ter que ser suplementada, diariamente, de 5 a 10mcg - explicou.
Por sua vez, Eduardo explica que não faz uso de qualquer tipo de suplementação.
- A pessoas que não são vegetarianas normalmente possuem mais vitamina B21 e assim uma taxa mais alta do que a de um vegano. Mas muitos onívaros ainda sofrem desse tipo de carência. Só que isso não prejudica a minha saúde - encerrou o estudante.
Seja o estilo de vida que você resolva adotar, o
importante é que a saúde precisa vir em sempre primeiro lugar. Então,
informe-se, procure um especialista e tome a decisão de forma
consciente.
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