Ex-atacante de Paysandu, Santos e Bahia mora em Belém e reclama da artilharia do Baixinho no Brasileirão 2005, a qual considera 'suspeita'
Um deles foi em 2005. Naquele ano, o Brasileiro da Série A foi marcado pelo equilíbrio. O campeão, os rebaixados e os classificados para a Taça Libertadores só foram decididos na última rodada. Outra briga acirrada foi pela artilharia da competição. Dois veteranos da bola brigaram até o último jogo para se tornar o goleador, título que ficou com Romário. Sobre esse assunto, no entanto, Robgol ainda mantém a “pulga atrás da orelha”. E classifica como “estranha” a vitória do Vasco na última rodada.
Robgol vive em Belém desde que se aposentou,
em 2007 (Foto: GLOBOESPORTE.COM)
– No último jogo do Campeonato Brasileiro, foram dois pênaltis para o Vasco. Ele converteu dois gols e me passou. Não posso falar que houve marmelada porque não sei, mas foi muito estranho. Durante o segundo turno, marcaram apenas um pênalti para o Paysandu. Nem falta perto da área eles (arbitragem) davam. Mas, de qualquer forma, foi um privilégio disputar uma artilharia com o Romário. Eu acredito que ele fez mais de dez gols de pênalti nesse campeonato – disparou Robgol.
Robson mostra, com orgulho, a camisa que
ganhou de Tevez (Foto:
ganhou de Tevez (Foto:
GLOBOESPORTE.COM)
– Jogávamos eu e o Rafael Moura no ataque, e não deu certo, éramos dois jogadores de área. Depois que ele entrou no time, quando se recuperou de uma lesão, fiz apenas um gol, contra o Fortaleza. Foi o único que o Rafael me deu. De resto, ficou nítido que ele sempre quis marcar o gol e levar a fama. E essa imaturidade em querer aparecer me prejudicou muito. Na carreira, todo jogador tem que ter paciência. No fim, ele pediu desculpas – comentou.
Vida boa em Salvador
Robson Nascimento ganhou a vida que pediu a Deus na Bahia. Em 2001, depois de uma passagem apagada pelo Botafogo, o jogador recebeu o convite de Evaristo de Macedo para defender o Tricolor de Aço. A negociação foi rápida, e dias depois o atacante desembarcaria em Salvador para disputar uma vaga no time titular com Nonato e Sergio Alves, dois goleadores natos. Mas o ex-jogador não se intimidou, e o trio acabou conquistando a torcida baiana com gols e títulos importantes para a equipe nordestina. Virou “xodó”.
– Um dia, o Evaristo (de Macedo) me ligou e fez o convite. Dias depois, o Paulo Maracajá, presidente do Bahia na época, me ligou e negociou com meu empresário. Fui campeão baiano no mesmo ano, bicampeão do Nordeste (em 2001 e 2002) e um dos artilheiros, quase empatado com o Nonato e Sergio Alves. Todo mundo fazia gol. Nossa parceria dava certo, apesar de todo mundo ser de área. Lembro que o Sergio fez 12, o Nonato, 11, e eu, dez gols. Nosso time dava trabalho. Pena que o Evaristo saiu.
Robgol logo virou ídolo da torcida do Paysandu
(Foto: Nelson Coelho/Agência O Globo)
– Vivia como eu sonhava em Salvador. Era ídolo da torcida, morava numa cobertura na praia, e minha vida era bancada pelo Bahia. Estava estabilizado. Só gastava dinheiro com roupa e fazendo minhas festas de solteiro, mas de forma controlada. Já o Nonato era mais danado. Depois dos jogos, ele chegava no hotel, mudava de roupa e ia para a noite. No outro dia, ele não ia ao treino, e o Candinho me perguntava se ele tinha saído, pois éramos companheiros. Mas, pela amizade que tínhamos, sempre negava. Até que o Candinho nos mudou de quarto.
Paysandu e Santos: marcantes
Robgol não emplacou no Santos de Robinho
e Diego (Foto: Maurício de Souza/Agência
e Diego (Foto: Maurício de Souza/Agência
Estado)
– Eu recebi a passagem para seguir para Belém, mas não estava com a mínima vontade de embarcar. Já conhecia a cidade, porque joguei a Copa dos Campeões e tinha ficado uma semana, mas não queria ir naquele momento. Então eu perdi o voo e liguei para o presidente (Artur Tourinho), que me chamou de louco e mandou eu esperar, que ele iria dar um jeito, como deu. No caminho, que passou por Recife e Fortaleza, em cada parada do avião, era um choro de saudade de tudo que estava deixando em Salvador.
Depois do estouro no Papão, o jogador foi para o Japão e ganhou ainda mais dinheiro. Ele recorda com saudosismo do país e da estrutura do Oita Trinita, mas conta outra curiosidade.
– A proposta era tão boa que me esqueci de perguntar a situação do time lá (a equipe estava entre os últimos colocados da Liga Japonesa). Se soubesse, nem tinha saído do Paysandu, até mesmo pela temporada, que não foi boa. Fiz alguns gols e depois fui para a reserva. Alguns clubes quiseram me contratar depois, mas não me liberaram. Fiquei por lá. Estava bem de qualquer jeito. Ganhava um caminhão de dinheiro e vivia num país maravilhoso. Pensei em ficar por lá a minha vida inteira.
– No Santos, a parceria com o Robinho e Diego foi legal demais. Os meninos me ajudavam da melhor forma. O grupo em si era muito legal. Nessa época tive um problema com a Luiza, minha filha que nasceu prematura. Nisso, treinava e ia para o Rio de Janeiro vê-la. Passei por uma seca de gols. Quando marquei, a alegria dos meninos era contagiante. E tinha o Leão, que também me entendia e dava todo o suporte para mim.
“Vestibular” no Inter
Quando chegou ao Internacional, em 1997, Robson teve que prestar vestibular. Pelo menos foi como a imprensa gaúcha intitulou a briga por duas vagas no ataque do Colorado, que era treinado por Celso Roth. Os concorrentes eram de peso: Washington, o Coração Valente, Alberto, ex-Santos, e Christian, que depois chegou a atuar com a camisa da Seleção.
– Cheguei ao Internacional machucado, com dificuldades. Lá, éramos eu, Washington, Alberto e o Christian. Joguei apenas uns quatro jogos e marquei um gol. A imprensa inventou esse negócio de vestibular, mas não existia briga. Era tudo saudável, e todos nós éramos amigos. Minha passagem pelo Colorado foi curta demais.
O jogador também não esquece o começo da carreira no Náutico, clube por onde também marcou muitos gols. Foram 11 anos no Timbu, títulos e alguns empréstimos.
– Comecei no Náutico, em 1987, onde fiquei por 11 anos. Fui emprestado algumas vezes, mas sempre voltava. Por ser um jogador da terra, não tinha muito prestígio e era mantido no banco. Mesmo assim, fui artilheiro do time no Campeonato Brasileiro. Fui para o Mirassol, do interior de São Paulo, joguei no Potiguar, no Mac, do Maranhão, onde fui campeão e artilheiro com 19 gols. Em 1996, retornei novamente ao Náutico, onde o Levi Gomes, técnico da época, me deu chance. Fui artilheiro do Campeonato Pernambucano. Tenho muito carinho pelo Náutico.
Robson foi deputado estadual no Pará, mas se
envolveu em um escândalo (Foto: Igor Mota)
envolveu em um escândalo (Foto: Igor Mota)
Desde que parou de jogar, em 2007, Robson vive em Belém. Chegou a ensaiar uma carreira politica, mas acabou se envolvendo num escândalo na Assembleia Legislativa do Pará, assunto que o jogador prefere não comentar – Robgol foi acusado de envolvimento num esquema de servidores fantasmas, e a polícia, juntamente com o Ministério Público do Estado, encontrou mais de R$ 300 mil em sua residência. Pai de dois filhos, Robgol segue solteiro e voltou a aproveitar a vida. Mora em um apartamento confortável num bairro nobre da capital e divide o tempo entre amigos e o projeto de se tornar agente de jogador de futebol.
– Depois que parei de jogar, fui cuidar das minhas coisas pessoais. Agora, estou com um projeto para empresariar jogador de futebol. Estou com algumas parcerias, tanto em Recife quanto em Curitiba. Faz algum tempo que venho pensando nesse projeto, mas só agora consegui colocar em prática. Vou abrir um escritório em Belém. Sobre minha vida como deputado (estadual), eu prefiro nem falar mais sobre isso. Foi uma experiência ruim, não quero mais repetir.
*Colaborou o repórter Pedro Cruz
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/pa/noticia/2014/01/lembra-dele-aposentado-robgol-abandona-politica-e-corneta-romario.html
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