Povo lista prejuízo e pede volta do campeonato local, previsto para próximo dia 7
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Neste mês
de novembro, os torcedores puderam voltar a ver futebol no Cairo, mas longe do
Estádio Nacional, com 70 mil lugares. Por questões de segurança, as autoridades
locais não autorizam grandes concentrações de pessoas na capital. Com isso, o
estádio Arab Contractors, um dos menores do país com capacidade para 30 mil
espectadores, foi o palco dos dois jogos na cidade: 2 a 1 da seleção sobre Gana
e 2 a 0 do Al Ahly sobre o Orlando Pirates, da África do Sul, que deu o título
de campeão africano para o time egípcio após empate por 1 a 1 na partida de
ida.De acordo com Gamal Raif, jornalista da revista "October Magazine" e diretor da "Dream TV", houve pequenos conflitos fora dos estádios nas duas ocasiões: por torcedores não conseguirem entrar no duelo entre clubes e por uma manifestação política ter acontecido simultaneamente ao confronto das seleções. Ele responsabiliza as torcidas organizadas pelos problemas e revela que o Campeonato Egípcio, antes previsto para começar no próximo sábado, teve sua data adiada para o dia 7 de dezembro.
- Todos os times estão preparados para isso. Espero que vá bem porque o último campeonato, no ano passado, foi interrompido por causa de uma nova revolução (contra o então presidente Mohamed Morsi). As torcidas organizadas, formadas por jovens, tiveram problema o tempo todo com exército e polícia porque eles não gostam de ser controlados, de seguir regras. Por isso o governo parou com os eventos futebolísticos. E esses torcedores apoiaram a segunda revolução porque o governo anterior queria controlá-los para dar segurança. Mas eles não entendem isso.
Antes, a polícia não gostava de fazer a segurança dos jogos para não ter conflito com os torcedores. Agora o exército assumiu o controle. Todas as pessoas, da economia, da política, estão dando apoio para o campeonato voltar. Seria no dia 30, mas passou para o dia 7. No Egito, temos muitas pessoas trabalhando com esportes, especialmente o futebol. O turismo quebrou e agora tentamos consertar nossa imagem, mostrar que é seguro - afirmou Raif.
Torcedores do Al Ahly celebram veredicto no Cairo
(Foto: Agência AP)
Os problemas de segurança, que levaram os jogos a serem realizados com portões fechados ou longe da torcida - o Al Ahly, por exemplo, fez sua campanha a mais de 400km da capital, em El-Gouna, junto ao Mar Vermelho - acarretaram numa crise financeira do esporte. Sem exposição da marca, os patrocinadores abandonaram as equipes, e Al Ahly e Zamalek foram considerados os campeões dos seus grupos sem jogar a fase final. Segundo o jornalista, a situação foi pior para os clubes de menor investimento do país e causará um impacto tão logo o campeonato retornar.
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- Sem
campeonato não há dinheiro para os clubes. E os jogadores precisam receber,
isso causou um grande problema. Os patrocinadores pararam de investir nos times
e a economia do esporte caiu. Os pequenos clubes daqui têm bons jogadores e não
querem vender. Mas agora eles não tem dinheiro. Já os clubes grandes ainda
têm um estoque e pegam esses jogadores.O Egito disputou duas Copas do Mundo, ambas na Itália, quando acabou eliminado na primeira fase em 1934 e em 1990. Este ano, os torcedores se viram otimistas por voltar ao Mundial após a equipe vencer todos os jogos num grupo com Guiné, Moçambique e Zimbábue e somar o maior número de pontos da primeira fase. Porém, Raif disse que a goleada por 6 a 1 para Gana tirou todas as esperanças da população e lamentou pela atual geração egípcia não ter mais oportunidades de disputar o principal torneio de futebol do planeta.
- Nós sabíamos que não iríamos para a Copa do Mundo (após a goleada no jogo de ida para Gana). E nós estamos tristes porque jogadores como Aboutrika (35 anos), Mohamed Gedo (29 anos) e outras estrelas do Egito não terão mais tempo para jogar um Mundial, pois já estão com idade avançada. Acho que sempre tivemos má sorte nas eliminatórias - reclamou.
Torcida do Al Ahly pendurada no placar eletrônico
do estádio (Foto: Agência AP )
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